domingo, 22 de janeiro de 2012

Verde-Uva


   Gostei de ir à For Friends numa sexta-feira (sexta-feira 13, aliás), sei que voltarei mais vezes. Não estava superlotada, nem vazia. Tento entender por que fui, por que volto. Será tão pouco o que busco nesses lugares? Suprir uma carência, a necessidade de sexo e contato superficial com gente nova? Infelizmente, os desconhecidos da sauna quase nunca se permitem aprofundar algum tipo de relação que não a sexual e imediata, e isso só aprofunda o meu vazio. Não falo unicamente de uma possibilidade de envolvimento amoroso, mas de alguma coisa que vá além do corpo, de um instante de tesão. E constato que sou também apenas mais um "desconhecido da sauna", mais um homem disponível apenas para o sexo - feito de fraquezas, preconceitos, feridas mal cicatrizadas, culpa, covardia, egoismo, superficialidade e muita conversa mole. Que, como tantos outros, se ilude numa fantasiosa busca por um amor, um companheiro, que provavelmente nem teria espaço na minha vida. Com todos esse background e vestígios duma gripe recente, cheguei por volta das 17h.

   Demorou até que me aproximasse de alguém, mas já tinha visto pelo menos dois caras muito interessantes. O primeiro deles estava num sofá da primeira sala de vídeo da ala escura da casa. Mesmo no escuro, meu "detector de gringos" disparou. Tenho uma atração irracional por estrangeiros - meu antigo analista sugeriu uma vez que eu os procurava por serem quase sempre inacessíveis, de convivência improvável para além de uma transa. De onde eu estava, via o rapaz de perfil, sentado no sofá de vinil vermelho, com um rapazinho deitado em seu colo. A luz do telão realçava o desenho impressionante de seu perfil. Um homem grande, jovem, de pele clara, cabelos castanhos em corte militar, levemente úmidos e arrepiados. A relação entre seu nariz e o queixo era o que tornava seu perfil tão magnético e majestoso. Projetavam-se ambos para a frente e, em menor escala, para o alto; em harmonia rara de proporções desafiadoras. A luz azulada incidia por toda a ossatura de seu rosto de forma a corroborar com essa fascinante arquitetura facial. A grande beleza exerce sobre mim, ao menos num primeiro momento, duas forças antagônicas muito claras e simétricas: encanto e timidez. Ele pouco olhava para mim, mas já ali notei algum interesse de sua parte. Encontrei-o mais tarde num corredor, e me olhou com frieza. Segui-o ainda à sauna a vapor e foi igualmente distante. Passei a ignorá-lo.

   Saí dali. Sabia que o outro bonitão estava na sala ao lado e fui procurá-lo. Parecia tímido. Grandalhão, também jovem, loiro escuro, de barba, olhos verdes, corpo sólido, bronzeado - um tipo muito bonito e agradável. Havia mais uns 5 caras por perto. Sentei de frente pra ele, na bancada oposta. A distância e o vapor em meus olhos dificultavam a visão. Eu o olhava fixamente - sou bom fisionomista e em pouco tempo, pela silhueta, estava certo de que o encontrara. Ele me olhava também, com a cabeça inclinada. Vagou espaço ao seu lado e, ainda inseguro, fui. Esboçou um aceno com a cabeça, mas vieram sentar perto e ele levantou. Fomos nos apresentar no hall de entrada da sauna..

   -Tudo bem?

   -E aí! Como é seu nome?

   -Yuri e o seu?

   -John, prazer. Primeira vez que aqui?

   -Não, já conhecia. E você?

   -Primeira. Você é daqui mesmo?

   -Sou sim. Você é de onde?

   -Do Rio.

   -Passeando?

   -É. Escuta, como funciona aqui?

   -O que?

   -Não tem um lugar onde a gente possa ficar mais à vontade?

   -Tem... vem aqui.

   Eu pensei em levá-lo à salinha de leitura ali perto, mas ele queria um lugar ainda mais privativo. Entramos na sala do saco de pancadas. Toquei seu peito musculoso, em que distinguiam-se pelos e algumas sardas.

   -Quantos anos você tem? - perguntei.

   -28 e você?

   -38, faço em março.

   -É mesmo? Não parece ter 10 anos a mais que eu...

   Parecia preocupado com o ambiente:

   -Mas não tem um lugar mais tranquilo aqui, onde não passe gente? - ele tinha uma voz suave e grave, com pouco sotaque carioca. Educadíssimo, gentil em todas as atitudes, "moço de família".

   -Tem os quartos, quer rachar um? - eu não tinha ideia do preço de um quarto ali, mas achei que ele valia a pena.

   -Mas tem que pagar? Não tem um lugar assim, mais escuro?

   -Lá em cima tem umas cabines...

   -Cabines, como?

   -É tipo um banheiro - informei, meio sem jeito. Devia ser a primeira vez na vida que ele entrava numa sauna gay. Pensei que ele pudesse achar tudo muito "baixo" ou desconfortável.

   -Ah, então vamos lá! - disse vivamente.

   Subimos. Já na cabine, pendurei a toalha na porta. Ele estava sem saber por onde começar. Tirou a toalha também e me apalpou:

   -Porra, seu pau é grosso, cara!

   Tudo nele me dava a impressão de alguém numa nova experiencia, se desafiando - e isso me excita muito. Seu sorriso era lindo e doce; seu olhar, curioso:

   -Você curte o que? - quis saber.

   -Geralmente sou ativo, e você?

   -Só fui passivo uma vez na vida. Mas seu pau é muito grande.

   Meu pau não é nada descomunal. Sentou no vaso sanitário e me chupou com delicadeza, por um longo tempo. Eu tinha a impressão de que ele queria me fazer gozar, e a ideia de ejacular na sua barba era tentadora. Eu o ergui, nos beijamos e abaixei para chupá-lo também. Era um pau comum, em comprimento, forma, calibre. De seu púbis exalava um odor quase desagradável, porém muito sutil. Ele estava o tempo todo para gozar: segurava minha cabeça e pedia para esperar. Voltou a me chupar, sentado no vaso como antes. Lambeu meu saco e o períneo. Ia descendo em direção ao ânus e eu levantei a perna direita, apoiando o pé na parede do fundo da cabine (eu estava encostado na porta). Lambia com delicadeza mas boa pressão. Passou minha perna direita sobre sua cabeça e virou meu corpo, com a bunda pra ele. Abria minhas nádegas e lambia com intensidade. Sua barba macia fazia uma fricção gostosa na minha pele. Abri a bunda para ajudá-lo, e quando tirei as mãos, puxou-as para trás e as posicionou como antes. Estava concentrado:

   -Fica assim! Puta tesão, cara!

   Eu já pensava em fazer o mesmo com ele. Comecei pelo pau e quando ele ameaçou gozar, virei seu corpo de costas para mim. Era um corpo grande, forte. Naturalmente bonito, não do tipo "bombado". Tinha pêlos alourados pelas nádegas e mais concentrados no centro. A pele avermelhada, corada de sol, destacava a marca de sunga, branquinha, branquinha. A pele clara e macia da bunda ia ficando mais escura quanto se aproximava do ânus. Por trás, estava bastante limpo e sem odores estranhos. Quando eu enfiava a língua, ele puxava minha cabeça contra si e gemia. Me demorei bastante. Passei meu pau entre suas nádegas e perguntei:

   -Quer tentar?

   -Não rola, cara. Eu não aguento.

   -Tenho camisinha aqui, lubrifico, faço bem devagar, sem forçar. Se você pedir, eu paro.

   Ele virou-se, rindo.

   -Eu até queria, mas hoje não dá.

   Nos beijamos. Perguntei se ele queria gozar.

   -Quero.

   -Quer gozar na minha boca?

   -Você deixa? - perguntou fascinado.

   Abaixei para chupá-lo mais. Eu não sei direito por que fiz a proposta, não estava com vontade. Mas foi assim, rápido. Cuspi o esperma no vaso e ele riu. Não lembro como nos despedimos. Tomei um banho, escovei os dentes e desci.

   O gringo andava pra todo lado procurando alguém. Parecia fazer um esforço pra não olhar pra mim. Mas rondava, parecendo tentado a me cumprimentar e sem saber como. Quase sempre homens muito bonitos têm este comportamento babaca: fingem-se aéreos, desligados, querem ser bajulados, conquistados com esforço e mérito. Passava perto, às vezes parecia decidido a me abordar, vinha em minha direção, todo seu corpo dirigido a mim, mas desistia. Pode ser medo de levar um "não"? Pode - e eu tenho um semblante fechado, sério. Mas... para um homem lindo (e ele era lindo, inabalavelmente lindo), com todos os "sins" iminentes, disponíveis... parece mais capricho, uma convenção, um jogo preestabelecido e que não me interessa aprender. Tenho preguiça.

   Gosto de relações diretas: Tô a fim de você, então te olho diretamente pra que você perceba isso e se decida/ Não tô a fim de você, então evito te olhar e não correspondo aos seus olhares, pra que você se toque e me dê paz. Talvez por timidez e insegurança eu evite ao máximo esses jogos de sedução; ou talvez eu simplesmente não tenha imaginação, e perca por isso grandes emoções... Mas duvido. Decidi continuar na minha estratégia reservada. Claro que já tinha uma penca de homens atrás dele, mas quase nenhum que ele pudesse preferir a mim. Um deles era interessante até, corpão, bom tipo, mas não bonito de rosto. Tinha acabado de entrar na sauna e ficava nos rondando, afoito e indeciso entre mim e o gringo. Naturalmente mais propenso a ele, mas eu seria um step honesto. E quanto mais "distraído" da beleza do gringo eu forjava estar, mais simpático este se mostrava a mim. Talvez, sem perceber, eu estivesse fazendo o mesmo jogo besta que ele.

   Fui encontrá-lo na pequena sala de vídeo do andar superior iluminado, perto dos banheiros. Ele estava sentado de lado, quase de costas para a porta e me viu pelo canto do olho, notei. Tenho certeza de que esperava que eu me sentasse ali perto e eu estava prestes a ir. O outro cara, o que nos perseguia, se aproximou também e eu recuei. O gringo levantou um pouco irritado, mas ao passar por mim, fez um cumprimento inseguro, quase tímido, com um breve sorriso. Eu tremi na base! Os longos cílios de seus olhos verde-uva; a boca tensa e vermelha; os vestígios da barba recém raspada em seu queixo e maxilar quadrado; os dentes, seu porte, suas cores e texturas. Tanta beleza pros meus olhos, e visivelmente sem jeito por minha causa... Ou por causa do meu falso desdém... Entrou na sauna no fim do corredor e eu corri atrás. Já sem a menor possibilidade de manter qualquer dignidade e compostura, de chinelos e toalha na cintura, corri. Empurrei a porta e ele já vinha saindo. Nos olhamos nos olhos por um fração de segundos e eu, sem saber o que fazer, entrei. Ele também. Entrou de volta, atrás de mim - e por minha causa, pensei. Senti-me lisonjeado e aflito. Sentei na bancada azulejada de branco, e ele a um metro de mim, perto da porta. Havia mais gente ali dentro, na bancada oposta à nossa. Eu o olhava insistentemente e ele fixava os olhos no teto. Seria possível que fosse tímido assim? Nada em seus modos e postura o confirmava. Só com muita insistência veio a lançar olhares furtivos pro meu lado. Era hora de agir. Sentei ao seu lado. Ele não conseguia me encarar ainda, mas alisou desajeitadamente a minha coxa. Eu o toquei. Também bastante sem jeito. Não sabia como lidar com ele e bateu uma insegurança atroz. Minhas mãos no seu peito me pareceram as do garotinho que eu havia visto deitado ao seu colo e que me pareceram tão inexperientes. A posição dos nossos corpos, sentados lado a lado, contribuía para essa impressão de algo desconexo, atravancado. Seu rosto tão de perto, seus lábios ao alcance dos meus, parecia um sonho. Pensei que com a boca eu não decepcionaria. Nos beijamos. Era como beijar um príncipe encantado de conto de fadas. Acontece que eu morro de tesão em príncipe encantado. E eu já estava pendurado no pescoço cara, totalmente envolvido pelo beijo, quando subitamente empurrou meu peito, até com certa força, e voltou a encostar na parede e olhar pro teto, como se nada tivesse acontecido. Não sei descrever meu estado de confusão naquele momento. Não sabia pra onde olhar, o que fazer ou pensar. Rejeitado bruscamente, sem explicação. Levantei. Muito mais para evitar que ele se fosse antes de mim, que por vontade própria. Minha autoestima ficaria minimamente vingada. Mas ao notar que eu ia levantar, ergueu-se junto, num reflexo. Saí na frente e entrei embaixo do chuveiro bem na porta da sauna. Magoado, num estado de fragilização que me surpreendia. Era, afinal, um completo estranho. Ligou a ducha imediatamente ao lado da minha. Custei a encará-lo, mas notei a tatuagem na lateral da bunda: um pequeno cupido, muito bem desenhado. E notei ainda que seu pau estava completamente ereto, e que me olhava. Me apavorou a ideia de que meus olhos denunciassem meus sentimentos. Eu, uma autêntica besta, poderia facilmente chorar naquele momento. Esfriei a ducha completamente e enfiei a cabeça debaixo dela. Funcionou como eu esperava: dei uma sacudida, me recompuz. Só então pude encará-lo mais tranquilamente. Ele agia com perfeita naturalidade, me olhava e olhava muito para a parede também. Tinha um sorriso sutil nos lábios:

   -Do you speak english?

   -Yes... Where are you from?

   -U.S.A., Massachusetts.

   -Ok.

   -And you?

   -I live near here. What's your name?

   -Jason, and yours?

   -Yuri.

   Eu encostei na parede para observá-lo enquanto se enxugava, ainda abismado com sua incomum beleza, seu porte, uma espécie de "aura" terrivelmente sedutora. Com certeza minha cara era de paspalho:

   -What?! - intimou.

   -Man, you're incredibly handsome!

   -Thanks! you too - disse, num sorriso vaidoso.

   -Come here.

   -Where? - perguntou no caminho.

   Escolhi uma cabine do banheiro e a indiquei com a cabeça. Ele pareceu surpreso, como se fosse uma ideia super original:

   -This, I've never done before.

   Fechei a porta. Agora ele era meu. Por alguns momentos ao menos. Um pequeno vitrô trazia ainda para dentro da cabine um pouco de luz solar. Seu rosto, sob essa luz, faiscava encanto e saúde. Não perguntei sua idade, mas devia ter seus 26 anos apenas. Voz grave e sexy. Ali reparei que era só um pouco mais alto que eu (aparentava, por sua compleição física, ser muito mais). Ombros e costas largos; quadris estreitos; bundinha empinada, pequena; pernas longas e fortes; poucos pêlos - quase nenhum no tronco. Ainda me causavam forte impressão os traços do seu rosto, a pele de louça e sobretudo o queixo e o nariz. O queixo, de perfil, arredondava-se numa projeção admiravelmente masculina e atrevida; o nariz, elegantíssimo, alongado, de dorso levemente côncavo.  Como se resultasse da mistura de um galã de filme hollywoodiano e um retrato pintado em outros tempos. Segurei seu queixo de perfil para olhá-lo melhor. Parecia se divertir com o modo como eu o estudava milimetricamente. Me beijou a boca. Ele era muito masculino nas maneiras e eu queria saber o que ele toparia. Enquanto nos beijávamos, explorei sua bunda tranquilamente com as mãos. Gosto de beijos que começam intensos e depois podem-se alternar as dinâmicas. Para minha surpresa, ele me interrompeu outra vez. Agora com a explicação:

   -Less tongue!

   Realmente, eu adoro vasculhar a boca alheia com minha língua. Adoro! Muita gente gosta disso em meu beijo, mas ele se incomodou; me informou e eu me adaptei. Prático, very american. Era gostoso beijá-lo calmamente também. Seus olhos tinham um quê de frieza. Me contou que tinha vindo para o réveillon no Rio e, resumindo, pra galinhar "with you, guys".

   O pau era bem clarinho, rosado, mais pra fino, não muito grande também. Bonitinho, macio. Eu o chupei mas foi se tornando uma ação mecânica. Já percebia que o meu pau estava perdendo a ereção e eu não estava mais tão excitado - provavelmente por insegurança, pois ele não me deixava muito à vontade. Pedi que se virasse de costas. A bunda era tudo que se pode sonhar. Pequena, branca, lisa, macia, firme. O buraquinho era minúsculo, cor-de-rosa vivo, rodeado de parcos e finíssimos pêlos acastanhados. Se pudesse admirá-lo antes que ele se impacientasse, teria me detido por horas. Ao lambê-lo, retomei o estado de excitação inicial. Talvez por estar longe de seus olhos que me intimidavam. E a visão de seu corpo viril naquela posição vulnerável era perturbadora. Empurrava minha cabeça com a bunda, me fazendo encostar na parede. Arqueando o corpo, ele alcançou meu pau e me chupou enquanto eu continuava com o cuzinho na boca. Não sei quanto tempo durou esta ação, eu estava em êxtase, e só parei por não suportar a tensão das minhas coxas, quase em câimbras.

   -Let me fuck you?

   -No, not today.

   -Please, I've got a condon here.

   É, ninguém queria dar pra mim naquela sexta-feira 13....

   Nos beijamos e ele me chupou mais. Pude ver seu rosto cinematográfico engolir meu pau. Desde antes de nos aproximarmos, eu notei que ele olhava o relógio constantemente:

   -I've gotta leave soon...

   -When?

   -About 15 minutes.

   -Do you wanna cum? Cum in my mouth.

   -Do you want it?, ele parecia surpreso.

   A mesma velha história. Falta de imaginação minha. E desapego, visto que não era meu desejo consciente em nenhum dos dois casos. Talvez por perceber que nenhuma das duas transas terminaria em penetração, eu quis coroar ambas com um final "memorável". Voltei a chupá-lo e inseri um dedo em seu ânus. Ele se masturbava, dizendo algumas frases levemente vulgares, que chegaram a me deixar um pouco encabulado. Pus dois dedos dentro dele e fazia movimentos contínuos e lentos. Ele suava, tinha o rosto avermelhado. Gozou. Tinha a consistência de um gel fluido, meio pegajoso. Além da boca, atingiu meu rosto e o peito. Fiquei enjoado e cuspi. Ele riu comentando o quanto eu estava lambuzado. Percebi que sentia uma certa aversão pelo próprio sêmen e partiu friamente, deixando apenas um tapinha seco no meu ombro. Sequei-me com papel e depois pedi ao atendente uma nova escova de dentes e outro envelope de creme dental.

   Sentei para descansar um pouco, devia ser por volta das 19h. O enjoo passou completamente, visto que pedi uma torta de frango na lanchonete. Um cara passou por mim, em direção ao lado escuro da casa. Já o tinha visto apenas de perfil e me pareceu bonitão e algo familiar: moreno, aproximadamente 40 anos, corpo de nadador - alto, longilíneo, de costas largas, bem definido, sem pêlos. Escovei os dentes de novo e subi atrás dele, sem pensar muito. O andar escuro estava completamente apagado nessa noite. Parei diante do vídeo, encostado na parede. Em dois minutos ele estava ao meu lado. Realmente era um homem atraente, pode-se dizer bonito: rosto largo, queixo bem feito, sobrancelhas grossas. Foi um momento estranho aquele primeiro em que nos olhamos sob a luz vaporosa do televisor. Persistia a ideia de já tê-lo visto antes, mas não era o que me importava agora. Houve uma troca real e funda em nossos olhares. Eu não o olhava ou me deixava olhar simplesmente - era outro lance. Havia calma, embora me sentisse atraído. Como se meu olhar fosse tão fundo que o ultrapassasse. Era algo como olhar num espelho que refletisse, não minha aparência física, mas a vida como um todo, e o mundo e a humanidade - com toda a sua contradição, miséria e beleza. Mas era um momento sereno, um troço pequeno que percebi (ou que teria criado?) e em que me permiti embarcar. Nos tocamos com suavidade e, a despeito da transcendência de segundos antes, não deixei de ponderar sobre seu hálito, apenas aceitável. Houve o beijo e ele me convidou pra irmos para um quarto. Chama-se Felipe. No caminho, comentei como ele me parecia familiar, e ele disse sentir a mesma coisa.

   No quarto, nossa interação foi bastante intensa. Estava muito abafado lá dentro, até que eu encontrasse o ventilador. Nos excitamos de todas as formas possíveis, exceto penetração. Pedi que ele se virasse na cama e o lambi com muito tesão. Tem uma bunda fantástica, pequena, muito máscula. Perguntei:

   -Você gosta de dar?

   -Hum... não. Mas estava quase reconsiderando essa possibilidade. A sua língua é uma loucura!

   -Quer tentar?

   Não houve acordo. Ainda pedi que ele ficasse de quatro na cama (precisava ver aquela bunda de quatro), brincamos bastante, mas não rolou. Gozamos nos masturbando, eu por cima dele, sentado sobre suas coxas. Ele gozou primeiro e depois eu - na sua barriga, no peito, na cama. Eu custo a gozar mas quando vem, é pra valer. Deitamos lado a lado na cama estreita. Conversamos por mais de uma hora. Falamos do quarto, descobri que é barato pra alugar, cobrado por hora de utilização. Eu estava com dor de cabeça, provavelmente resquício da gripe. Reafirmei que o conhecia, mas não lembrava de onde e ele disse que já tínhamos nos visto ali mesmo.

    -Será possível que eu não lembre de você daqui?

   Ele tem 41 anos, paulistano. Abandonou há seis meses a antiga profissão, bastante tradicional e estressante, por um emprego numa importante e problemática instituição cultural da cidade. Me pareceu muito boa pessoa, simpático, calmo, delicado. É bonito mas, apesar de nosso sexo ter sido ótimo, não tem um sex appeal muito evidente. Ele tinha um jantar marcado (pelo que entendi, com um cara). Tomamos banho juntos e ele foi se vestir. Pediu o número do meu celular e, não sei porque, pensou que eu tinha de sair da sauna junto com ele. Não saí. Disse que ia esperar a dor de cabeça melhorar. Ainda tinha fôlego pra mais sexo. Fui olhar a sauna, tinha ficado fechado no quarto por muito tempo. Só um cara interessante: alto, cabeça raspada, rosto muito bonito, olhos bem azuis, argola na orelha, corpão sarado, todo tatuado. Fiquei bem curioso mas ele partiu logo em seguida. Eu tinha uma viagem e saí logo também. Na noite seguinte, o Felipe me mandou uma mensagem no celular pra que eu ficasse com seu numero e avisasse quando estivesse de volta a SP. Me deu um estalo de que ele poderia ser um dos caras que encontrei no dia descrito no primeiro post do blog, um que tinha olhar carente e mau hálito. Nunca mais nos falamos.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Palco de Boate


   Apesar de haver na cidade uma nova sauna de aparente bom nível que ainda não conheço - Splash 720 -, voltei à For Friends na última quarta. Me pergunto por que a FF não abre 24h? E por que fazerem uma sauna 24h tão fora de mão, nas proximidades da The Week?

   Tempo de ferias: achei que estaria um cemitério, mas até que estava bem movimentado. Ninguém absolutamente lindo, mas eu estava cheio de tesão. No dia anterior havia me masturbado 5 vezes - precisava de sexo com urgência.

   Entrei por volta das 15h. Enquanto tirava minha roupa, um garoto veio mexer no armário do lado do meu. Já o tinha visto ali outras vezes - pele clara corada de sol, rosto bonito, olhos verdes, estatura mediana, magrinho. Dois senões: uma barriguinha proeminente e excesso de pelos no tórax (ele não deve sequer imaginar como ficaria melhor se estivessem aparados, mas é apenas a minha opinião). E ainda um outro senão: coxinha elevado à enésima potência - parecia o tipo mais certinho, careta e bobo de homem. O armário dele era bem próximo do meu, só que no alto. Eu estava sentado num banco ajeitando minhas coisas. Ele veio olhar o celular e seus pé invadiram meu campo de visão. Bem tratados e belos; bastante masculinos, apesar de delicados. Ele me olhava de soslaio. Barba bem feita, cabelos penteados para trás. Suas feições elegantes me remetem aos anos 50. Subiu as escadas; eu também. Estou com medo dos últimos degraus, tem algum problema no madeiramento, recoberto por borracha.

   Fui ao banheiro, depois escovei os dentes e tomei um banho. Enquanto me banhava, o garoto passou algumas vezes por ali, me olhando. Uma ereção exibicionista me deixou um pouco encabulado. O ambiente parecia bastante tranquilo naquela tarde. Sequei-me e fui à sala de vídeo daquele mesmo andar. Deitei no sofá e fiquei assistindo sozinho a uma cena de orgia, com alguns atores muito gostosos. Vez ou outra entrava alguém na sala - um senhor veio inclusive sentar no mesmo sofá em que eu estava. Ignorei-os até que aquele primeiro rapaz viesse. Não custou a vir e sentar ao meu lado. Nem a estarmos nos masturbando, esparramados no sofá. Nem a nos beijarmos. O nome dele é Alberto, me encarava com olhar doce e bondoso. Seu beijo era uma delícia e usava um perfume delicioso. O rosto, visto de perto, era ainda mais bonito. Não era feminino, mas desprovido de vigor, virilidade ou apelo sexual. Estava quase arrependido. Felizmente foi breve:

   -Eu tenho voo marcado pra hoje.

   -Vai pra onde?

   -Natal.

   -Você é de lá?

   -Não, daqui mesmo. Ferias.

   -Legal.

 -Não tenho mais tempo. Queria tanto ficar mais com você. Muito mesmo.

 -Eu também queria... Que pena... Mas boa viagem!

   Eu já estava bem mais interessado num cara que estava parado na porta, olhando fixamente pro meu pau. Tipo de estrangeiro, cabelos curtos de um loiro avermelhado, sem um pelo no corpo de boas formas, com um interessante grafismo negro tatuado no braço direito. Rosto atraente: olhos azuis muito claros, sobrancelhas bem desenhadas nariz pequeno, de traço reto, seco, lábios delicados cor de rosa pálido, queixo quadrado com uma grande buraco encavado no centro, coberto de curtíssimos pelos avermelhados. Sua clareza - de pele, olhos e cabelos - imprimiria uma ideia de suavidade excessiva, e o tornaria apagado não tivesse traços bonitos, corpo másculo e a tatuagem. Tinha um olhar esperto, expressivo. E desapareceu! Quando dei por mim já não estava mais na porta. Resolvi dar uma caminhada pela sauna. Tinha alguns caras interessantes, mas o gringo tatuado era quem mais me chamava a atenção. Fui encontrá-lo na parte mais escura da casa, no sofá da outra sala de vídeo. Passei por ele, nos olhamos. Subi ao primeiro andar, certo de que ele viria atrás. Não veio. Fiquei desapontado - nesse tipo de situação, tendo a me julgar irresistível. Quando se está disponível dessa forma, num lugar repleto de homens nus sedentos por sexo e atenção, à vista e ao alcance de todos, e o próprio corpo e sexo parecem ser tudo o que se tem a oferecer, a tendencia natural é precisar sentir-se irresistível.

   Desci e agora ele estava sozinho na sala, ainda sentado. Parei perto e bastou um olhar para estarmos lado a lado no sofá. A luz do telão desenhava sua pele em movimentos ligeiros e quebrados. Abri minha toalha e ele me chupou. Eu imaginava se era mesmo estrangeiro e que língua falaria. Sua pele toda deslizava acetinada, suave, fresca, mas o beijo era canhestro. Não posso compreender como um homem daquele tamanho pode supor que beijar seja estatelar a boca e estirar a língua. Esse era seu beijo: boca aberta e língua em riste. Tentei manobrar seu beijo, adequá-lo ao meu. Juro que cogitei a ideia de explicar como se beija. Pretensão minha? Ele merecia aprender. Seus parceiros futuros mereciam. Iam-se aglomerando homens a nossa volta; mantinham uma certa distância, felizmente. A maioria ficava atrás duma grade, menos de dois metros atrás do sofá onde estávamos. Não me sinto à vontade fazendo sexo em público. Melhor dizendo: não me sinto particularmente excitado com essa situação. Me incomoda, mas, caso não haja tanta proximidade e gente não autorizada pegando em mim, não impossibilita. Ficamos ali uns 20 minutos, nos beijamos muito (apesar dos pesares), fizemos sexo oral - uma pegação nervosa! O pau dele era muito bonito, grande, uncut; as bolas grandes num saco macio, de pele fina e solta. Todo ele muito branco. Ergui suas pernas e lambi a bunda. Ao contrário do que fazia com a boca, deixava o buraquinho absolutamente apertado o tempo todo. Fiquei em pé diante do sofá e ele me chupou de novo. Senti-me um pouco intimidado de estar ali, como num palco de boate num show de sexo explícito, com uma platéia até que bem numerosa - devia haver entre dez a quinze caras formando um semi círculo atrás do sofá. Acredito que o gringo nem tinha ideia dessa platéia. Eu estava encabulado mas excitado também. Ou ingenuamente orgulhoso do interesse que nossa transa e nossos corpos despertavam.

   Eu já não tinha certeza se o cara era estrangeiro, e não havíamos trocado palavra alguma até agora!

   -Vamos lá pra cima?, convidei.

   Não entendi sua resposta, mas ele começou a calçar o chinelo. Subi, ali para a parte escura mesmo, e ele me seguiu. Dirigi-me à última sala, vazia, que tem uma cama oculta por uma parede.

   -Qual seu nome?

   -Sorry, I can't speak Portuguese... - balbuciou, sem jeito.

   -I asked what's your name...

   -Alex, and yours?

   -Yuri. Where are you from?

   -Russia.

   -Nice... come here.

   (Traduzindo a ideia do diálogo, descobri que ele se chama Alex e é Russo)

   Nos beijamos em pé. Em poucos minutos já havia muita gente a nossa volta, provavelmente parte do mesmo grupo que nos assistia no piso inferior. Eu não estava com vontade de levá-lo ao banheiro, queria tê-lo ali, na cama. Estendi minha toalha nela e sem que combinássemos, ele ficou do jeito que eu imaginei: de quatro. É uma cama estreita, de uns 50 cm de largura, encostada na parede. Ele estava atravessado na cama, com o corpo apoiado na parede. O sol iluminava suficientemente a saleta, duma luz calma, acinzentada, filtrada pela janela veneziana de alumínio. Posso dizer que foi emocionante vê-lo nessa posição. Ele continuava contraindo o ânus mas minha língua soube encontrar várias brechas para entrar, e forçou algumas vezes também. Ele se continha para não gritar quando isso acontecia, deixando escapar um gemido longo e grosso. Sentia sua pele arrepiar-se. Mantinha o pau empurrado para trás, na minha direção, e minha boca sempre voltava a ele. Abria seu cuzinho com os dedos e sorvia a maciez do esfíncter rosado. Lá pelas tantas, no exato momento em que abocanhei a cabeça do seu pau, recebi um jato de porra na boca. Fiquei surpreso e decepcionado, sonhava em comer aquela bunda tão apetitosa. Deixei que acabasse de gozar na minha boca. Pensei em engolir, minha boca estava cheia, e tinha um gosto bom, consistência fluida. Resolvi cuspir no chão. Ele levantou, me beijou:

   -Do you wanna cum?

   -Not here...

   -Not here!, ele sorriu, Ok, thanks, it was great!

   Com "not here" eu quis dizer que queria gozar, sim. E com ele; mas não ali, com os bisbilhoteiros em volta. Assim nos separamos. Fui tomar um banho e escovar os dentes de novo. Dei um tempo perto da entrada, queria ver quem chegava. De interessante só um jovem magrinho, de barba. Não era bonito, mas um tipo simpático. Investi algumas vezes e fui solenemente ignorado. Subi outra vez ao escuro. Tinha um cara bonito sentado num sofá, sendo chupado por outro cara. Sei que o conheço, mas não lembro quem é. Figura longilínea, de ombros largos, cabelos castanhos claros, rosto bonito. Mal dava atenção ao cara que o chupava, mas olhou pra mim sorrindo. Voltei ali mais tarde e ele estava só, no mesmo lugar. Passei por ele e entrei na última sala, a mesma em que estive com o russo. Quando voltei, o vi inclinado no sofá, me procurando. Passei direto. Ele veio atrás e sentou num sofá da outra sala, ainda me olhando. Sentei ao lado dele, que prontamente veio me chupar. Novamente houve aglomeração na sala.

   Desta vez porém, alguém veio mais perto, do meu lado, e me encarava. Já o tinha visto antes também. É um coroa, não sei calcular sua idade: muito forte, provavelmente por uso de anabolizantes, mas de aparência distinta. Corpo largo e muito bonito. Tatuagens no braço e do lado do tronco. Rosto bem conservado e agradável, transparecia dignidade. O rapaz que me chupava, parou, ficou sentado, talvez avaliando quem estava na sala. O coroa entreabriu a toalha e exibiu seu pau, masturbando-se em pé, a um palmo de mim. Eu puxei o rapaz, oferecendo os dois paus. Ele não titubeou. Daquele ângulo, eu não conseguia vê-lo em ação. Um tempo mais e voltou a chupar meu pau apenas. Masturbei o coroa: pau avantajado, glande graúda, vermelha, como uma ameixa. O rapaz voltou a chupar os dois ao mesmo tempo. Era uma boa sensação, me desliguei da turba em volta. Alcancei as duas bundas, cada uma numa das mãos. Quando tateei os dois buraquinhos, o coroa desviou minha mão. Concentrei-me na bundinha do rapaz. Ele parecia limpo, mas eu estava receoso ainda. Fui chegando com o corpo pro seu lado, meu dedo já penetrava seu ânus. Mais de perto, pude ter certeza de que ele estava bastante limpo. Eu estava com o rosto próximo da sua bunda, mordiscando sua lombar, meu polegar seco inserido desconfortavelmente em seu ânus, e ele e o coroa dividiam-se chupando meu pau. Eu tentava massagear sua próstata, mas não sei direito como reconhecê-la. De repente levantou-se num salto e começou a ejacular desesperadamente. Os jatos saíam longos e fartos. O coroa levantou-se e saiu. O rapaz sentou do meu lado, com aparência cansada, relaxando, olhos fechados, cabeça no meu ombro:

   -Cara, que tesão! Não aguentei.

   Geralmente eu custo muito a gozar e isso pode ser um transtorno quando se faz sexo com homens - quase sempre rapidinhos. Talvez uma mulher pudesse se valer dessa minha capacidade. Talvez uma mulher soubesse valorizar muitas coisas que passam despercebidas para a maioria dos homens. Talvez não; provavelmente eu nunca venha a descobrir.

   Mais um banho. Eu não sabia se me masturbava sozinho e ia embora pra casa. Atravessava um corredor quando ouvi por trás de mim uma voz familiar:

   -Ai, como eu estou magro!

   Era o Roger, um velho amigo de saunas. Já ficamos algumas vezes. Várias vezes. Ele era muito bonitão, embarangou, agora voltou a emagrecer e malhar, e está bem de novo. Mais velho, mas bem. É muito gente boa, mas meio pegajoso. Acha que eu tenho que conversar horas com ele, que eu tenho que ficar com ele, que eu tenho que dar pra ele. Ele é estritamente ativo e sequer chupa sem camisinha. Ainda é fumante e tem um pau grande que eu jamais suportaria. Enfim, não rola. Conversamos rapidamente, ele queria informações sobre quem estava na sauna que eu já havia testado. Voltou a comentar que eu emagreci, parecia querer elogios.

   -É, dei uma enxugada nos últimos meses. Você também!

   -E estou ficando mais forte, ó!, fez uma pose de halterofilista.

   Rimos. Estávamos no corredor de entrada da sauna. Ele foi fumar lá no fundo e um dos atendentes da sauna veio falar comigo, esbaforido:

   -O senhor fala inglês?

   -Sim.

   -Logo vi. Pode ajudar aqui?

   -O que é?

   -A gente não entende o que o cliente quer...

   Era o Alex, já vestido para ir embora. Ergueu os braços para os céus, rindo aliviado, quando me viu. Tinha um cartão do hotel em que estava hospedado e queria apenas um táxi que o levasse até lá. A recepcionista estava ali no meio do vestiário, pensava que o cartão (escrito em português, diga-se) era dum ponto de táxi muito distante que ele queria chamar. Eu me senti ridículo, seminu, com uma toalha na cintura, falando com 3 pessoas vestidas (dentre elas, uma senhora). Enquanto ela providenciava o táxi, conversamos mais um pouco. Tem 30 anos, vinha de Londres e seu destino era o Rio, para o Réveillon, onde seus amigos o aguardavam. Seu voo tinha conexão em SP e ele teve de dormir uma noite aqui. Partiria naquela noite pra o Rio. Falou sobre a dificuldade de encontrar quem se comunicasse em inglês no Brasil e imaginava que no Rio fosse ainda pior. Eu disse que pela quantidade de turistas que visitam a cidade, provavelmente seria mais fácil, mas não sei como funciona na realidade. Tem um inglês perfeito, com um bonito e discreto sotaque. Perguntou sobre a The Week, pediu dicas para uma noite de sexta feira que passariam em SP na próxima semana. Disse que gostou de me encontrar naquela tarde:

   -You're horny, disse acarinhando meu rosto.

   Eu estava pensando na possibilidade de ele me convidar a ir pro hotel com ele, ainda sonhava em foder aquela bundinha. Chegou o táxi e ele se foi.

   Entrei na sauna seca. Só o coroa tatuado estava lá dentro, sentado de frente para a porta. Entrei e fiquei ali, ao seu lado. Bastou nos olharmos para ambos termos os paus duros. Nos beijamos e, subindo um degrau na bancada de madeira em que ele sentava, ofereci meu pau pra ele chupar. Aquela sauna é muito quente, em poucos minutos estou derretendo.

   -Vamos subir?, ele sugeriu.

   -Vamos. Mas antes, vem aqui.

   Tomamos uma ducha fresca juntos, ele me virou para a parede e me encoxou suavemente. Fiquei encabulado mais uma vez.

   Subimos e entramos numa cabine do banheiro. Geralmente evito caras mais velhos que eu, sempre preferi mais novos ou da minha idade. No claro, ele era ainda mais atraente. E muito carinhoso. Estava com um hálito meio estranho, mas aceitável. Nos beijamos bastante, ele me chupou de novo. Eu quis chupá-lo também. Era um pau bonito, bom de chupar. Em poucos minutos, dois ou três, ele parou, com ar suspenso, sorrindo, não sem alguma raiva de si próprio:

   -Vou gozar.

   Me deu um banho de porra morna. Escorria pelo meu tronco, gotejou nos meus pés. Ainda voltei a chupa-lo. Achei que tivesse terminado, mas ele me levantou e abraçou:

   -Que pena... Me desculpe. Estava tão gostoso.

   Nos beijamos muito ainda, ficamos bastante tempo ali.

   -Quantos anos você tem?, perguntou.

   -37 e você?

   -Muitos. Você parece ser bem mais jovem.

   -Mas muitos, quantos?

   -Muitos.

   -Não vai falar?, eu ri, quase indignado.

   -Não gosto.

   -E seu nome?

   -João.

   Contou que era português, mas morava em SP há bastante tempo - o suficiente para perder quase totalmente o sotaque. Funcionário público estadual. Talvez aposentado, presumi.

   -Como você mantém a forma?, perguntou passando as mãos na minha bunda.

   -Academia. Meu trabalho também ajuda um pouco. E você?

   -Academia também.

   -MUUUITA academia, né?

   Ele riu. Eu estava curioso pra saber sua idade, mas respeitei sua vaidade. Seu corpo me impressionava:

   -Gosto muito dos teus braços, destas veias grossas.

   -E eu gosto de te abraçar.

   Ele era um querido. Ambos fizemos sexo oral novamente, ele retomou a ereção. Pedi que ele se virasse de costas pra mim e ele se recusou.

   -Não gosto.

   -Só quero te olhar!

   -Não gosto!

   Que véio difícil!

   -Vamos tomar um banho?, ele disse.

   Acabou assim, cada um pro seu lado. Tinha chegado um carinha que parecia atraente: físico bonito, magro, definido, inteiro tatuado, cheio de piercings e alargadores: fetiches pra todos os gostos. Ficou no bar conversando com um gordinho a tarde toda. Também vi um cara que pareceu muito bonito à primeira vista, mas depois vi que não era. Ele me seguia por onde eu fosse. E vi ainda, sentado numa mesa, conversando com um japonês (bonitinho também), um carinha adorável. Ele falava espanhol e o sotaque parecia argentino. Falava pelos cotovelos, aliás, e com muita ênfase, dessas pessoas que têm um enorme prazer em falar. Bem baixinho, corpo apenas OK, cara de menino, avermelhado de sol, com uma barbinha bem curta e enormes olhos claros com longos cílios. Era um rosto lindo e cativante. Sentei perto e não conseguia desgrudar os olhos dele, que não me viu sequer, tão ansiosamente conversava. Estava sentado do outro lado da sala o João, comendo um lanche - me olhava fixamente mas não entendi o que queria. Apenas o cumprimentei com um aceno de cabeça.

   -Com licença?

   Sentou do meu lado o cara que pensei que fosse bonito mas não era. Tem o tipo de homem de que gosto: claro, cabelos castanhos, boa altura etc. Mas não é bonito. Principalmente pelo corpo meio fora de forma e o queixo um pouco exagerado. No entanto, é simpático e um tipo de homem fino. Conversamos um pouco. Chama Rodolfo. Eu precisava gozar pra ir embora, não esperaria o papo do argentino com o japonês terminar. Ele perguntou por quê eu olhava tanto para aqueles dois. Não respondi. Comentei que a noite estava esfriando, ele concordou. A janela do jardim estava aberta e entrava um vento frio. O chamei pra subirmos.

   Entramos numa cabine. Foi um início meio frio, não fazia muito sentido para mim. Talvez nem pra ele. Mas tocá-lo era muito reconfortante.

   -Nossa, que cabelo macio você tem!

    Realmente, parecia seda pura. Cabelos lisos, finos, castanhos, abundantes. Foram o cabelo e a pele macia que me despertaram o tesão. E sua forma de se entregar. Ele me lambia inteiro com intensidade, volúpia. Sua boca percorria meu corpo, morna, voraz. Pela nuca, axilas, peito, umbigo, virilha. Me chupou gostoso e lambeu minha bunda. Segurou meu pé direito e lambeu cada dedo, depois enfiou todos os dedos na boca. Ia passando a língua entre meus dedos. É uma sensação muito estranha, estranhamente excitante. Uma boca é um ambiente muito diverso do que estamos acostumados a sentir com nossos pés. Tinha um namorado que me fazia isso e me deixava louco - foi exatamente a mesma sensação. Ele tinha mamilos bastante incomuns: vermelhos, as auréolas pequenas e os bicos grandes, do tamanho de um grão de milho, ou até maiores. Só de olha-los, via-se o quanto eram sensíveis. Quando os lambia ele perdia o controle. O virei de costas e passei meu pau entre as nádegas. Botei no lugar e fui entrando, lentamente, sem proteção. Quando vi que rolava, tirei e pus a camisinha. Depois de um tempo dentro, ele começou a sentir dor, pediu pra esperar. Esperamos, olhos nos olhos. Voltei a foder com força, eu queria gozar dentro, mas ele não suportou tempo suficiente. Tirou e eu me masturbei até gozar. Ejaculei no azulejo branco; ele parecia fascinado, espiando de perto meu pau, sorrindo com olhar infantil. Perguntei se ele queria gozar também:

   -Agora não. Valeu.

   Eram 20h. Fui embora sem querer saber se a conversa do argentino havia enfim cessado.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Napa Prateada


   Ir à sauna tem me contrariado. Há épocas em que fico assim e passo a evitá-la. É quase sempre uma relação ambígua: por um lado o desejo por sexo fácil e descompromissado, a fuga da eterna sucessão de frustrações a que se resume a vida, tempo livre, energia sexual contida, vontade de conhecer alguém interessante; pelo outro lado, uma sensação de vazio e tristeza, de impessoalidade, de não existir como indivíduo complexo para ninguém, de não ter afetos. Porque um belo corpo é inegavelmente um deleite, e vário belos corpos disponíveis podem representar deleites multiplicados, mas também o perigo da repetição sem sentido, da massificação do prazer, da deserotização dos sentidos. Estou começando a me sentir envolvido por um cara: uma relação absolutamente platônica (mais uma). A gente se vê quase todo dia, mas até hoje só trocamos algumas palavras banais... (sim, sou desses). Apesar disso, ou até por isso, estive na FF na última quarta feira, dia 14/12/2011.

   Tinha vários garotos interessantes de tarde, mas cismei com um deles: aproximadamente 1,87m, forte (pode-se dizer até que um pouco acima do peso), pele clara, sem pêlos, cabelo escuro, rosto bonitinho, jeito de garoto bem criado. Nos esbarramos algumas vezes e eu não conseguia perceber se ele, sempre muito reservado, estava interessado. Tomamos banho lado a lado e fiquei de pau duro (era uma bundinha irresistível), mas agimos com naturalidade. Depois, quando subi ao lado escuro da casa, o reencontrei recostado na grade de segurança que acompanha o vão da escada. Parei perto, de frente para a escada, no arco de uma porta. Eu tentava perceber se podia me aproximar, quando um senhor, que minutos antes já tinha tentado me agarrar e levado um empurrão, meteu a mão no meu pau. Saí andando depressa e senti que forcei bastante seu braço, preso ao batente da porta. Apesar da raiva do momento, felizmente não o machuquei. Esta é uma das coisas que me deixam mal: alguém pra quem eu nunca olhei (e nunca olharia), com quem nunca falei ou esbocei um único sorriso de interesse, que já tinha sido rejeitado, se chega com tamanha folga, tocando meu corpo. Quem não têm educação, confunde tudo, pensa que só por estarmos num ambiente mais liberal, tudo é bagunça e todo mundo é de todo mundo. Mais triste ainda quando é um senhor, certamente com mais de sessenta anos. Fico terrificado com pessoas que passam uma vida sem conseguir compreender as mais básicas regras de convivência. Vi o garoto entrar numa das salas, a esta altura ainda iluminadas pela luz do sol que vazava pelas janelas. Encostou numa parede e pôs-se a observar alguns caras que se pegavam por ali. Gente que me pareceu horrorosa, aliás.

   Eu não me sentia seguro para chegar perto. Parei na porta dessa sala, de olho nele, esperando um sinal. Ele me olhava sem expressão alguma. Outro cara segurou meu pau. Esse não era de se jogar fora, mas também um tipo insistente, que me repugna. Saí dali. O garoto também saiu. Fomos nos encontrar na sala dos fundos. A aproximação foi rápida. O nome dele é Bruno. Enquanto nos beijávamos, esse último cara que veio me tocar, parado do nosso lado, a um palmo de distancia, me incomodava. Convidei o carinha para vir comigo à primeira sala, que estava vazia. Sentamos num dos sofás e continuamos nos beijando. Ele me chupou ali mesmo. Alguns minutos depois já estava cheio de caras à nossa volta. Um deles foi chupar o Bruno. Ele deixou, olhou pra mim e sorriu, como se pedisse uma permissão. Consenti num sorriso e nos beijamos. O cara que já nos seguia desde a outra sala veio me chupar também. Logo eram três se revesando nos nossos paus. Eu me sentia todo babado. O de cabeça raspada que estava me chupando agora fez menção de sentar no meu pau, sem camisinha. Eu queria sair dali:

   -Vamos tomar um banho?

   Descemos para a parte clara, tomamos banho juntos de novo. Agora que eu estava acompanhado, um outro carinha que eu tinha tentado aproximação antes, mostrava interesse. Claro, é sempre assim. Chamei o Bruno pra subir comigo para as cabines iluminadas do banheiro. Ele voltou a me chupar, eu o chupei também. O pau dele era grosso, bonito, torto para baixo. Pediu que eu parasse um pouco, estava quase gozando. O virei de costas. Ele é grande mas a bunda é estreita, redondinha, muito masculina. E carnuda. Afastei as nádegas e o buraquinho era a coisa mais linda! Pedi que ele colocasse um dos pés sobre o vaso sanitário. Ele inclinou o corpo para a frente e ainda usou as mãos para abrir a bunda - o buraquinho rosado de bandeja pra mim! Eu me esbaldei, de boca, língua, meu rosto todo. Ele gemia alto e grosso quando eu ia fundo com a língua. Puxava minha cabeça contra ele e me deixava sem ar.

   -Me fode agora, pediu com voz rouca.

   Peguei a camisinha que eu tinha deixado sobre a mureta. Estava difícil de abrir.

   -Abre pra mim.

   Ele se esforçou. Mesmo usando os dentes várias vezes, não conseguia abrir. Começamos a rir da situação.   Peguei o envelope de volta e finalmente consegui arrancar a camisinha de dentro. Botei no meu pau, também com dificuldade - parecia justa demais - ele me ajudou a vestir. Minha ereção já estava a 75%.  Tentamos a penetração por um tempo, mas ele sentia dor, e eu já estava desconcentrado. Tirou minha camisinha e voltou a me chupar.

   -Quer gozar agora?

   -Você não consegue dar?, perguntei, decepcionado.

   Pensou um instante.

   -Não.

   Sua resposta e a pausa anterior me soaram mais como "Você que não conseguiu me comer..." E eu queria tanto. 

 Gozou se masturbando enquanto me chupava. Eu não gozei. Estávamos mortos de calor, transpirando muito.

   -Preciso de outro banho, sugeri.

   -Eu quero um banho gelado!

   Foi na frente, que eu precisava mijar. Quando cheguei no chuveiro, ele estava aos saltos, muito grandalhão e desengonçado, embaixo do chuveiro gelado. Não pude conter o riso. Ele me jogou água gelada e eu também acabei tomando um banho frio muito energizante.

   Depois do banho, desceu ao armário para buscar uma toalha seca e fiquei sentado ali fora. Voltou, foi tomar outro banho pra trocar de toalha, disse que tinha impressão de que aqueles caras tinham babado nela toda. Realmente. Enojado com a recordação, tive de trocar de toalha e tomar outro banho também. Conversamos ainda um pouco, ele mora ali na Vila Mariana, é médico, tem 28 anos. Precisava ir embora. Trocamos telefones e vamos tentar nos encontrar outra vez. Ou não.

   Precisava gozar ainda. Todos os garotos engraçadinhos tinham ido embora, e eu só via agora caras bem mais velhos e os feios. Fiquei perto da entrada, assistindo novela, esperando chegar alguém interessante. Sei que nesses casos, quando só tem bagaço, quem chegar, eu pego. Exceto por uma pequena margem de erro. Custou, e quem entrou não era lá essas coisas. Moreno, aparentava uns 44 anos, aproximadamente 1,85m. Corpo bom, de formas bonitas, costas largas. Tórax excessivamente peludo. O rosto não era feio, mas não tinha nada que me chamasse atenção. Parecia ter cabelos meio ralos, mas não lembro com certeza. Passou direto por mim, andou pra lá, andou pra cá, foi comer um lanche no bar. Passei por ele, me cumprimentou. Ainda tinha bastante gente na sauna. Dei uma geral e não tinha outra opção mesmo. Quando eu ia saindo do lado escuro, nos cruzamos, ele vinha entrando. Passou por mim, e desta vez nada indiferente. Dei meia volta:

   -E ai!

   -Tudo bom? Prazer, Daniel - disse estendendo a mão.

   -Yuri.

   Toquei seu peito. Deu a impressão de alguém que tomava bomba e parou, quando a musculatura mantém a forma mas fica mole, murcha. Eu sabia que ele tinha acabado de comer e fiquei com receio de tentar um beijo. Visto de perto o achei bem mais interessante, gostosão, simpático, voz bonita. Contou que era do Rio de Janeiro, em São Paulo a trabalho. Chamei para um canto vazio e escuro, onde dependuramos nossas toalhas e nos beijamos. Felizmente tinha escovado os dentes e foi muito agradável o beijo. Só a barba que era muito cerrada, áspera. Estava todo limpo, cheiroso. Ninguém passava por ali naquela hora. Agachei e prestei-lhe um boquete, ainda tímido.

   -Vamos lá pra cima, pro claro?, convidei.

   -Quer pegar um quarto?

   -Eu estou sem grana, mas se você quiser...

   -Pode deixar.

   Foi à recepção e voltou com a chave do quarto. Eu nunca tinha entrado num quarto da For Friends. É pequeno, deve ter uns 6 metro quadrados, paredes pretas. No centro, uma cama estreita com colchão revestido de um tipo de napa prateada, ao seu lado um criado mudo com abajur e uma cadeira. Toalhas, preservativos, lubrificantes.

   Deitou-se sobre mim e nos beijamos demoradamente.

   -Sua boca é muito gostosa!

   Passei para cima, queria chupar mais. Depois botei meu pau na cara dele, que resistiu um pouco, mas me chupou também. E bem gostoso. Ergui suas pernas e lambi a bunda, enquanto nos olhávamos nos olhos. Perguntei se ele queria me dar.

   -Hoje não, não vai rolar.

   Ele era meio afoito e às vezes até bruto, mas percebia e se desculpava. Fizemos um 69 tradicional e depois cada um metendo a língua na bunda do outro, simultaneamente. Foi muito excitante, mas no dia seguinte estava com torcicolo. Além de ter ficado com o colo e a maçã esquerda do rosto "lixados" pela sua barba, além de um chupão roxo no abdome. Parecia que tinha levado uma surra.

   -Quantos anos você tem?, perguntou.

   -37 e você?

   Adorei sua cara de espanto.

   -Puta, eu estou acabado mesmo, cara! Tenho 31 e achei que você fosse bem mais novo que eu.

   Eu achava que ele tivesse uns 44, bem conservados. Não consegui esconder minha surpresa:

   -Sério?!

   Conversamos um pouco ainda. Me masturbou e chupou até me fazer gozar. Eu estava me excitando desde de tarde, sem gozar, e a porra espirrou longe, até meu rosto. Ele gozou também, sobre mim. O sêmen quente se espalhou pela pele da minha barriga.

   Agora eu só queria deitar um pouco, relaxar. Ele deitou do meu lado e foi logo dizendo:

    -É tarde, não posso ficar deitado muito tempo.

  -Que horas são? - perguntei, talvez sem conseguir esconder muito bem minha mágoa boboca. É que eu acho de uma deselegância abominável esse comportamento. Tá certo que pra mim tinha sido uma boa transa, eu estava ainda viajando nas minhas sensações, e talvez pra ele tenha sido uma outra coisa, vai saber. Mas não poder dar uns minutos, algum carinho, é muito autocentrismo. É tipo: gozei, tchau. Acho feio, pobre. E não se deve sentir magoado com gente assim. 

   -Que horas são?

   -Umas nove e meia.

   Levantei e peguei a toalha:

   -Vou nessa também.

   Tomamos banho juntos, calados. Terminei antes:

   -Vou descendo. Falou. Valeu...

   Dei um beijo no rosto, por trás, quase na nuca, e desci. Tentei me vestir rápido, mas ainda deu tempo de ele descer e começar a se vestir. Clima estranho. Sem saber o que dizer, saí calado.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Gosta de Pau Preto?


   Depois de muito procurar algo que valesse a pena, eu estava sentado numa espreguiçadeira,  enfastiado com o tão famoso "domingo na sauna". Não é um dia que eu costume me abalar a esse tipo de programa, mas realmente o que tinha de homem bonito na 269 aos domingos era de fazer cair o queixo. Pelo menos nesse dia específico, a For Friends tava bem meia-boca. Sentei perto da jacuzzi, de olho num carinha que conversava com um grupo lá dentro. Esperava ele sair pra avalia-lo melhor. Do nada surgiu um cara e parou na minha frente, em pose exibicionista com as mãos nos quadris. Realmente era um belo homem: bem mais alto que eu, corpo forte, moreno de olhos verdes, barba por fazer, cabelos molhados, jogados para trás. Ficou ali na minha frente por um minuto e entrou na sauna. Não tive vontade de ir atrás. Mais tarde o vi tomando banho no andar de cima. O coroa que tomava banho do lado dele puxou conversa. Não ouvi direito, mas ficou claro que fez um grande elogio. Ele riu e perguntou se já podia "ficar metido".

   -Não, isso não pode.

   Ele era bonito pelado, pau grande, bunda gostosa, pés bonitos. E o sorriso era encantador. Ficou embevecido com o elogio. Mais tarde nos encontramos na sauna seca, que estava lotada. Nos olhamos de perto. Só pelo modo dele parar, já se via que era um "pavão". Mas não era só isso, tinha alguma coisa que me chamava atenção e eu não entendia. Saí e voltei um pouco depois a essa mesma sauna. Ele estava na área dos chuveiros ali fora e entrou também, logo depois de mim. Tinha pouca gente agora. Encostei na parede de madeira do fundo, oposta à porta, e ele parou no meio da sala, na minha frente mas não muito perto. Breve cumprimento. Depois começou um movimento incerto de aproximação: ia até a porta e voltava, cada vez mais perto de mim. Eu me perguntava: se o cara é tão bonito e parece tão cheio de si, por que isso tudo? Será que minha cara é tão fechada assim? Por fim, sentou-se ao meu lado, no terceiro degrau da bancada de madeira. Entreabriu a toalha, deixando o sexo quase à mostra. Parecia um pouco nervoso, evitando me olhar. Talvez minha leitura das suas atitudes seja apenas baseada na minha própria insegurança, e, no fim, não entendi nada do que realmente se passava com ele. Mas de qualquer forma, ter pensado que ele estava inseguro, me deixou mais confiante. Eu o olhava de perto, descaradamente. E meu pau ficou duro. Ele olhou pra mim e sorrimos em cumplicidade. Alisei suas pernas úmidas. Rocei meu rosto no seu e nos beijamos. Enfiei a mão entre suas pernas e segurei o pau e as bolas.

   -Como é seu nome? - sussurrei.

   -Paulo, e o seu?

   Ele entendeu errado meu nome (meu nome verdadeiro) e rimos do que ele tinha entendido, um apelido meio ridículo.

   -Quantos anos você tem?

   -Quantos anos? (pausa) Muitos!

   -Ah, vá! Quantos?

   Relutou mas respondeu:

   -44

   -Caralho!

   Era absurdo. Eu nunca poderia imaginar que ele tivesse mais de 35, achei que fosse mais novo que eu.

   -Vamos sair daqui, estou derretendo.

   Tomamos uma ducha para refrescar. Durante o banho me contou que mora no ABC e é artista plástico. Paramos na entrada dessa ala para mais uns beijos. Ele insinuou que eu beijasse seu mamilo e disse depois:

   -Já vi que voce gosta de um peito duro, né?

   -Gosto...

   -E de que mais?

   -Gosto de tudo duro. Você não?

   -Eu também, tudo duro.

   Pelo que entendi, ele tentava descobrir se eu era passivo ou ativo. Acho simplista demais esse tipo de approach. Entendi ainda que ele obviamente queria dar pra mim. Mal peguei na sua bunda e logo me chamou pra subir. Ia na frente na escada caracol e eu ia brincando de beliscar-lhe a bunda. Ele ria alto.

   Entramos na cabine e ele me chupou. Não muito bem. Virou de costas pra mim, oferecendo-se. Passei meu pau naquela bunda bonita, agachei pra lamber. Um buraquinho bem gostoso, mas quando minha língua entrava mais, eu sentia uma aspereza ou rugosidade no esfíncter, que me deixou meio de sobressalto - pensei que pudesse ser uma verruga ou coisa assim. O virei de frente pra mim, chupei o pau dele. Eu estava bem excitado por ele ser muito bonito, mas sentia um clima estranho. E ele nunca ficava de pau completamente duro. Continuamos ali, nos pegando, até ficar bem claro pra mim que ele não estava curtindo. Será que a minha frase tosca sobre "gostar de tudo duro" o tinha deixado encanado?!

   -Voce quer parar?

   -Não!

   Disse que não, mas 5 minutos depois me convidou pra tomarmos um refrigerante no bar. Descemos. No caminho ele caçoava dos coroas que andavam na nossa frente. Achei grosseiro. Sentei na mesinha do bar e ele foi ao balcão. Voltou logo:

   -Está demorando pra atenderem. Espera aí que vou ver meu celular e já volto.

   Eu já sabia que não voltaria, mas sou educado... Fiquei ainda alguns minutos na mesa e fui deitar na espreguiçadeira da piscina. Ele voltou depois, me procurou rapidamente no bar. Eu estava semi-oculto por um vaso. Vi que passou para a ala escura, provavelmente tão aliviado quanto eu do "desencontro".

   Tinha mais uns caras interessantes, era de tarde ainda. Um deles eu já conhecia, sempre achei gostoso, mas não me dá bola. Tá ficando horroroso de rosto e as pernas são esquisitas - tortas e meio finas. Mas eu pegava ainda - ô, se pegava! O outro era bem bonito, de corpo e de rosto, mas antipaticíssimo, com um semblante pesado, negativo. Mais de noite o vi novamente na Bela Paulista, tão sozinho quanto na sauna, e com a mesma cara de otário.

   E tinha outro rapaz. Não é o tipo de cara que me atrai geralmente. Aliás, esse foi um dia de revelações para mim sobre homens que me atraem e homens com quem o sexo funciona. Ele tem um tipo interessante: jovem, moreno, de barba, baixinho (geralmente gosto de caras da minha altura ou mais altos), corpo bem bonitinho, definido; mas não é um homem exatamente bonito. E seu comportamento era esquisito, dava impressão de estar interessado, mas nunca olhava diretamente pra mim. Nem pra ninguém. Não parecia tímido, não parecia chato. Era intrigante. O encontrei várias vezes, em vários pontos da sauna, sempre da mesma forma: eu parava perto e esperava algum sinal para avançar. E nada vinha. Ele parecia querer se comunicar por telepatia. Parecia sempre atento em mim, mas é difícil chegar em alguém que não te olha diretamente. Mais tarde eu subi ao escuro, ele tinha passado a maior parte do tempo por ali. Parei perto e resolvi testar sua resistência. Estávamos a dois palmos de distância um do outro, perto da escada, ambos encostados na mesma  coluna. Apesar da pouca luz, eu o olhava nos olhos, e isso me excitou. Ele olhava em minha direção, mas nunca diretamente. Virou o corpo de frente para a coluna, e quase nos tocamos. Já estávamos ambos de pau duro. E ele simplesmente não tinha atitude alguma, parecia um menino abobalhado. A essa altura, eu já estava certo de que ele queria, era só pegar. Não sei se eu tentei ser bonzinho e dar a ele uma chance de tomar uma atitude, ou se, por maldade, me diverti um pouco com a situação. Parecia aflito e arruinado com a própria insegurança. Eu sempre acho que as pessoas são inseguras, mas serão mesmo? Ou era só um capricho? Ou um jogo e ele queria ser "pego de jeito"? Ficamos nesse lenga-lenga por uns 10min. Decidi que se eu me afastasse e ele viesse atrás, eu o abordaria de alguma forma. Fui até a última sala, ele veio também e encostou numa parede. Foi rápido o bote. Em segundos estávamos unidos. E houve aquele encaixe de corpos que funciona magicamente. Ele cheirava minha pele milímetro a milímetro, concentrado. E me lambia com delicadeza. Como de praxe, fomos pro banheiro iluminado.

   Escolhi uma das cabines com luz azulada. Foi muito bom poder olhar pra ele no claro. Foi tudo muito gostoso. Ele não tinha resquício do abobado por quem o tomei, nem de timidez ou insegurança. Era educado, gentil, sabia o que fazia! Chupou meu pau muito bem, enquanto me lançava um dos olhares mais impressionantes, dos quais jamais me esquecerei. Era lindo chupando o meu pau. Retribuí. Ele era pequeno mas o pau era do tamanho do meu, e bonito, gostoso de chupar. Conversamos um pouco: seu nome é Jonas, 30 anos, recifense, mora ali perto do Ibirapuera com um amigo e trabalha para uma grande grife francesa. Segunda vez na sauna. Gemeu quando enfiei minha língua na sua bundinha. Ele é todo cheiroso e macio. Coloquei a camisinha e tentei a penetração mas estava difícil. Só a saliva parecia insuficiente como lubrificante.

   -Acho que preciso de gel, seria mais gostoso. Voce me espera?

   -Claro! Pega lá.

   Eu só tinha aquela camisinha e enquanto ele desceu, pensei que perder a ereção agora, seria péssimo: eu teria de descer em busca de outra camisinha e talvez a transa fosse pro vinagre. Voltou com o gel e eu ainda estava durão, louco de tesão e ainda com a camisinha. Foi ótimo, tudo funcionou lindamente, ele era delicioso. Gozei e ainda mantive meu pau dentro dele e duro até que ele gozasse. Apesar de caras grandes serem mais atraentes pra mim, acho que funciona muito melhor comer um cara menor que eu. Pode parecer ridículo e boçal, mas a verdade é que me sinto muito mais dono da situação. E no sexo preciso me sentir assim, no comando. Lembro de várias situações semelhantes com caras mais baixos e muito excitantes, e lembro de vários caras grandes com quem me senti um pouco desprivilegiado ou numa situação desconfortável de subjugado. Claro que tem muitas outras coisas envolvidas, e que vários caras altos e grandes eu comi com furor e sensação de domínio, e outros menores que me deixaram acanhado. Mas quero prestar mais atenção a isso daqui pra frente. Homem é bicho besta. Estatura não quer dizer NADA. Acho cafonérrimo que essas construções sociais e conceitos vazios nos dominem. Mas dominam.

   Ele disse que precisava tomar um banho e ir pra casa rápido. As 3 duchas do andar superior estavam ocupadas e eu sugeri que fossemos pra baixo.

   -Nem sei onde tem chuveiro lá embaixo.

   -Eu te mostro.

   Tinham largado algumas necessaires por ali, e eu descolei um sachê de xampu pra gente tomar banho. Ele acabou o banho rápido, falou alguma coisa que não entendi sobre a toalha dele e foi embora se trocar, sem se despedir. Achei tão estranho, sem sentido. Fiquei quase chocado, mas a gente se acostuma a relevar a esquisitice humana. Dei mais uma geral rápida pela sauna toda e resolvi ir embora. Quando estava chegando na região dos armários, encontrei com ele, já vestido, me procurando pra se despedir. Achei muito fofo.

   -Vai ficar por ai ainda? - perguntou

     -Vou indo, me espera e a gente sai junto?

   -Aham.

   Meu armário tinha o sugestivo número 24. Do lado dele um cara se despia. Posso dizer que é EXATAMENTE o tipo de cara que me deixa louco. Dos pés à cabeça, eu olhava e não acreditava que já tinha dito ao Jonas que ia embora. Era gringo o cara, mas não identifiquei a língua. Aliás, não identifiquei porque ele só falava por sinais com o atendente, que tinha dado um chinelo pequeno para ele. Ou seria mudo? Eu me vestia e ele se despia, nos olhávamos e o Jonas nos olhava de longe. O gringo me sorriu e eu quase fui dizer que tinha desistido de ir embora. Seria um papelão, não seria? Que se fodesse, eu deveria ter ficado. Talvez até o Jonas não estivesse realmente me procurando, só pensando em ficar mais um pouco por causa do gringo maravilhoso e inventou essa desculpa. Não podia acreditar em cada peça que me forçava a vestir. Nem em cada parte de corpo que o gringo despia. Caralho, que moleque lindo! E parecia ser simpático também, um pouco tímido. Gosto de homem tímido. Já tinha mais uns caras em volta dele, claro, e o Jonas parecia impaciente. Ou talvez vivenciando a mesma tortura que eu. Era encarar os fatos:

     Perdeu, Yuri, se manda!

   Pagamos nossas contas e saímos. Ele ia tomar um táxi na esquina. Fomos conversando. Não tinha nenhum carro no ponto e ficamos esperando algum livre passar. Me senti feliz de estar com ele ali naquela esquina ensolarada, debaixo duma árvore.

   -Voce é muito bonitinho, sabia?

   -Voce que é um gostoso, todo branquinho - disse alisando meu braço.

   -Gosta de branquinho?

   -Gosto. E você?

   -Gosto também.

   -Eu sou moreno. Gosta de pau preto?

  -Adoro! Rimos. Apareceu um táxi livre, nos despedimos e perguntei como o encontrava no Facebook. Eu o adicionei no mesmo dia e mandei uma mensagem, dizendo que tinha gostado muito de conhecê-lo. Ele me aceitou só dois dias depois. O resto é silêncio.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Panturrilhas Poderosas


   E eu estava realmente ansioso para voltar à sauna nos últimos dias e sem conseguir tempo para isso (saudade da 269, que funcionava 24h!). Depois duma noite mal dormida, sentia-me fisicamente cansado, um pouco tenso - não exatamente excitado. Desci na estação Ana Rosa, parei no meio do caminho e me perguntei se era isso mesmo o que eu estava querendo: sexo anônimo? Não soube responder - que eu nunca sei. Mas fui. Tinha tempo e fui. Ia ver um show ali perto da For Friends às 21 h, resolvi chegar cedo, por volta das 15h15min.

   Logo de cara reparei, feliz, num cara que eu já conhecia da 269, um comissário alemão. Tínhamos ficado e conversado rapidamente, lembrava que ele voava eventualmente para SP e passava 2 ou 3 noites por aqui.  Fazia tempo isso, alguns anos, e com certeza ele não lembraria de mim. Às vezes vejo perfis dele numa dessas redes sociais, porém nunca mais havíamos nos falado. Um pouco mais gordo agora do que eu me lembrava do nosso primeiro encontro, mas continuava uma gostosura: cabelos castanhos claros, muito lisos e finos, de comprimento médio; pele clara, olhos verdes escuros, lábios carnudos de um vermelho vivo; calculo que 1,70 m de altura; fortinho, bunda fan-tás-ti-ca. Desta vez ele estava com o peito e a barriga sem depilar. O rosto é suave e tem alguma coisa de infantil. Não sei dizer o quê, talvez a expressão incomumente franca. Eu lembrava da nossa transa ter sido boa.  Reconheci logo que o vi passar, simpático - me abriu um largo sorriso e entrou na sauna úmida. Contive o impulso de correr atrás dele, provavelmente por insegurança.

   Tinha bastante gente na sauna para uma quarta-feira. Quase nada que me chamasse a atenção a essa hora. Dei uma rodada e avistei alguns outros conhecidos. Dentre eles, lá em cima, perto da sala de vídeo, um cara de barba com quem já tinha ficado recentemente. Agora sei que ele chama Flávio. Estatura mediana, aparenta mais de 40 anos (soube depois que tem 37, a minha idade), algumas tatuagens mal calculadas, pés esquisitos, mas dá pra dizer que tem um rosto muito bonito. Desta vez o achei menos em forma. Reparei que tinha cortado os cabelos também. Nos cumprimentamos com breves acenos e semi-sorrisos. Desci e entrei na sauna em busca do alemão. Para mim, tínhamos alguma pendência a resolver. A sauna úmida do térreo é grande, tem duas salas. No meio da segunda sala, consegui reconhece-lo numa cena confusa. Sentados nas bancadas azulejadas que circundam o ambiente, quatro ou cinco homens assistiam, imersos na nuvem esbranquiçada e sufocante do vapor, ao encontro de três caras: também sentado numa das bancadas, o maior deles, já senhor, de aparência extremamente desagradável, com bochechas e olhos caídos, muito alto, gordo e peludo, com um corte nos cabelos grisalhos que fazia lembrar uma ovelha. Na outra ponta, um moreno magrinho, feioso também, mas com corpo razoável e um pau enorme. Entre eles, o alemãozinho. Beijava a boca do moreno e oferecia a bunda ao velho, que a massageava com uma das mãos, enquanto se masturbava com a outra. Passei por eles e sentei próximo. Apresar de tudo, meu pau ficou rijo. O velho me encarava, oferecendo seu pau cor de tijolo. Eu não queria olhar pra ele, mas a feiura, quando muito grande, atrai o olhar involuntariamente. O alemão deu um preservativo pro moreno, virou de costas pra ele e começou a engolir o pau do velho. Assombrado, tive de sair dali correndo. Fui tomar sol no jardinzinho que serve como área para fumantes. Uma meia hora depois, os três ainda estavam se pegando, no chuveiro, e depois novamente na sauna. Sinto uma espécie de decepção quando vejo um cara que me atrai pegar gente feia. Como se alguém me devesse explicação sobre quem meu padrão estético caretinha rejeita.

   O cara de barba me seguia, com passos ou olhares. Fui pro escuro, sentei na sala de vídeo lá de baixo, no fundo, mais iluminada que as outras por conta da grande tela. Ele veio atrás, passou por mim e subiu ao andar superior. Voltou em minutos e sentou no mesmo sofá que eu, um pouco afastado. Nos olhávamos. Tirei o pau, já duro, por uma fresta da toalha e ele veio pro meu lado. Beijo gostoso, suave. Me chamou pra ir com ele. Nesse momento o alemão passa por nós e sobe para o escuro. Quase fui atrás dele, mas seria muito grosseiro. Ê, vida dura... O barbudo ia na frente, como se estivesse sozinho. Parece que essa é a regra na sauna: ou você anda na frente ou atrás do cara com quem você está, nunca do seu lado. Quando chegamos à nossa cabine do banheiro do primeiro andar, a mesma que usamos da outra vez, ele se mostrou mais delicado que no nosso primeiro encontro. Notei também que não usava mais a aliança dourada. Agachou pra chupar meu pau. Não o senti ansioso pra me comer como da outra vez. Ainda assim, virou meu corpo e lambeu minha bunda, desta vez com pressão agradável. Eu o levantei e virei de costas pra mim. Fiquei encochando o cara e percebi que ele estava à vontade. Pus meu pau ali e, como ele continuava tranquilo, forcei um pouco. Fui entrando, deslizando milímetros. Senti que estava decidido a dar pra mim, vesti a camisinha que havia posto sobre a mureta do banheiro, lubrifiquei com saliva e voltei a meter. Ele pediu pra parar um pouco, pra ir com calma, mas até que não foi difícil. E depois que se acostumou, fodi com força. Geralmente tenho dificuldade pra gozar na penetração, mas rolou até o fim.

   -Dois a dois. Da próxima vez eu desempato - disse, provavelmente se referindo aos nossos dois encontros. Mas não entendi a conta: da primeira vez ninguém comeu, ninguém deu. Dessa vez eu o comi. Não seria 1X0? Por que 2X2? Eu não entendi mesmo... Talvez fosse sobre outra coisa qualquer que fosse evidente apenas para ele.

   Tirei a camisinha, joguei no lixo e ele se limpou.

   -Vamos tomar uma ducha, sugeri.

   -Com voce, eu namoraria - disse, meditativo.

   Esse cara tem essa mania de me lançar essas frases de efeito. Fiquei sem saber o que responder. Sorri simplesmente. Conversamos mais um pouco durante o banho. Parece ser um cara legal.

   Acabado o banho, me passou seu contato do MSN e nos separamos. Quando desci, tinha um ator famoso na sauna. Um  ator de alto nível, aliás. Nunca o achei atraente, mas também nunca suspeitei que ele tivesse um corpo tão gostoso. Não sou muito de ver TV e sempre o tive como um homem pequeno, magricelo. Já o tinha visto no teatro, muitos anos atrás, e realmente estes anos fizeram muito bem a ele. Parecia impaciente, andava pra lá e pra cá, medindo todo mundo de forma ostensiva.

    Fui atrás do alemão, que continuava dando sopa lá em cima, no escuro. A aproximação foi simples e rápida. Como sempre, em poucos minutos fomos juntos para o banheiro claro do andar superior lá da frente. Ele é todo gostosinho, supersimpático, olhar doce, sorriso adorável. A bunda parece um sonho, mas poucos minutos depois da penetração, eu falhei. Tinha gozado fazia pouco tempo e acho que estava um pouco tenso. Ficamos ainda um tempão ali, trocando carinhos. Ele foi muito fofo, nos beijamos muito e conversamos um pouco. Bem pouco, que ele não é de muito papo, nem eu. Tentamos a penetração mais uma vez, mas não ia rolar, logo eu perdia a ereção. De qualquer forma foi agradável, ele tem uma das peles mais macias em que já toquei e disfarçava tão bem que nem parecia estar decepcionado com a minha brochada. Tão bem que nem eu fiquei chateado. Não lembro direito, mas acho que o nome dele é Frederick.

   Ainda tive mais um encontro nessa noite. Lá pelas tantas apareceu um cara bem interessante, um tipo nada comum nesses lugares. Alto, corpo magro mas musculoso, moreno, com alguns pelos, barba curtinha bem escura, jeito de moleque, másculo. Me lembrou o gostosinho do Bento Ribeiro da MTV. Logo que o vi, me interessei; ele também. Nos cruzamos algumas vezes até que eu recuperasse o fôlego. Ficamos sentados na mesma sala durante um tempo, a uma distância de uns 7 metros. Cumprimentou o ator e o Flávio, conversaram um pouco. Eu o observava, curioso. Mais tarde eu vinha saindo da parte escura, pela milésima vez, onde não encontrei nada que prestasse, e nos cruzamos, bem na saída; eu saindo, ele entrando. Passamos um pelo outro, nos olhando, ambos nos viramos para trás. Dei meia volta, fui atrás dele. Subimos pro andar superior, ele na frente, eu atrás. Entrou numa das salas e encostou na parede. Parei na sua frente e nos beijamos. Tentamos usar o banheiro daquela área mesmo, mas estava com um cheiro bem desagradável.

   Corta. Já estamos no banheiro iluminado, limpinho e espaçoso. Já estamos sem nossas toalhas e nos pegamos furiosamente. Ele gostava de uma pegada mais pesada. Não parecia passivo, mas logo vi que ia rolar. Seu corpo era muito bonito, definido, pernas musculosas, panturrilhas poderosas, redondas. Um cara muito charmoso, desencanadão. E beijava bem. O pau não era grande, mas bonito, a cabecinha era uma perfeição, parecia até de plástico, de tão lisinha. A gente se chupou bastante e depois pus a camisinha e fodi gostoso. Delirava quando eu usava força, quando o mordia. E adorou quando segurei firme sua cintura. Agarrou minhas mãos e ficou rebolando no meu pau de uma forma muito máscula e excitante. Gozei de novo, dentro dele. Tomamos um banho e descemos para conversar perto do jardim. Chama Heitor, tem 40 anos e aparenta bem menos. O jeito desencanado escondia um rapaz bastante vaidoso, que adora falar de si. Ainda assim, simpático. Conversamos bastante, temos interesses em comum. É artista, professor na USP, empresário. Casado com um cara, moram numa chácara fora de São Paulo. De que é casado, eu já havia suspeitado pela conversa, comprovei depois pelo Facebook. Conversamos por mais de uma hora, e rimos bastante. Apareceu um cara muito bonitão, passava por nós, de olho em mim, sedutor. Eu já estava pensando em dispensar o Heitor, mas não tinha como. Fui ver as horas, eu tinha compromisso naquela noite ainda, e ele também.

   -Quase oito já! Daqui a pouco tenho de ir, vou ver um show aqui perto.

   -De quem?

   -Tânia Maria. Cantora e pianista brasileira que mora na França há muitos anos.

   -Sei, da turma do jazz... - disse com certa ironia.

   -É! Um grande talento...

   -Dá tempo de dar mais uma subidinha com voce, hein!?

   Eu não estava mais animado, talvez por já estar de olho no outro carinha que chegou, mas concordei. Fomos ao armário dele pegar outra camisinha e ali meu pau já estava durão, saltando da toalha e me deixando sem graça perante os funcionários da casa. Subimos e foi ótimo outra vez. Sem fazer nada, ele me excitava. Gozei com loucura. Estávamos nos recompondo quando encostei a perna na lixeira e senti umidade. Tinha uma camisinha pendurada na boca da lixeira, cheia de porra, e encostou em mim.  

   -Que nojo, preciso lavar isto rápido.

   Ele ria, sádico.

   Corri para a ducha, saía pouca água mas consegui me lavar. Quando ele chegou, já não saia mais água dos chuveiros. Havia gente reclamando com um funcionário que tentava explicar. Eu não entendo lhufas de hidráulica, portanto nem sei reproduzir suas desculpas.  O Heitor ficou puto e foi tentar tomar banho lá embaixo - também em vão. Resolveu ir embora. Despediu-se friamente:

   -Foi um prazerzão.

   -Um prazer duplo. Mútuo, tentei melhorar.

   Mesmo tendo acabado de gozar, fui correndo procurar o bonitão que tantas vezes havia passado olhando e sorrindo pra mim enquanto eu conversava com o Heitor. Eu ainda tinha uma meia hora disponível e dava pelo menos pra falar com ele, quiçá dar uns beijos.

   Mal comecei a andar, ouvi uma voz atrás de mim:

   -E aí rapaz.

   Ouvi baixinho, repetidas vezes, até me voltar. Era o próprio. Fui até ele e nos cumprimentamos. Era bonito realmente: alto, forte, pele clara sem pêlos, cabelos escuros, sorriso e nariz lindos. Marcelo. Ou melhor: Marrrcéaalu.

   -Carioca? - perguntei.

   -Tão rápido?!

   -Sou bom nisso.

   Disse estar na cidade apenas aquele dia, para uma conferência, se não me engano.

   Em poucos minutos se despediu.

   -Vou dar uma volta ae.

   Então tá, né... Não sei o que o decepcionou tanto. Dei mais um beijinho no comissário alemão, que ainda estava lá em cima, na batalha, e fui-me embora, que o show ia começar.