domingo, 1 de janeiro de 2012

Palco de Boate


   Apesar de haver na cidade uma nova sauna de aparente bom nível que ainda não conheço - Splash 720 -, voltei à For Friends na última quarta. Me pergunto por que a FF não abre 24h? E por que fazerem uma sauna 24h tão fora de mão, nas proximidades da The Week?

   Tempo de ferias: achei que estaria um cemitério, mas até que estava bem movimentado. Ninguém absolutamente lindo, mas eu estava cheio de tesão. No dia anterior havia me masturbado 5 vezes - precisava de sexo com urgência.

   Entrei por volta das 15h. Enquanto tirava minha roupa, um garoto veio mexer no armário do lado do meu. Já o tinha visto ali outras vezes - pele clara corada de sol, rosto bonito, olhos verdes, estatura mediana, magrinho. Dois senões: uma barriguinha proeminente e excesso de pelos no tórax (ele não deve sequer imaginar como ficaria melhor se estivessem aparados, mas é apenas a minha opinião). E ainda um outro senão: coxinha elevado à enésima potência - parecia o tipo mais certinho, careta e bobo de homem. O armário dele era bem próximo do meu, só que no alto. Eu estava sentado num banco ajeitando minhas coisas. Ele veio olhar o celular e seus pé invadiram meu campo de visão. Bem tratados e belos; bastante masculinos, apesar de delicados. Ele me olhava de soslaio. Barba bem feita, cabelos penteados para trás. Suas feições elegantes me remetem aos anos 50. Subiu as escadas; eu também. Estou com medo dos últimos degraus, tem algum problema no madeiramento, recoberto por borracha.

   Fui ao banheiro, depois escovei os dentes e tomei um banho. Enquanto me banhava, o garoto passou algumas vezes por ali, me olhando. Uma ereção exibicionista me deixou um pouco encabulado. O ambiente parecia bastante tranquilo naquela tarde. Sequei-me e fui à sala de vídeo daquele mesmo andar. Deitei no sofá e fiquei assistindo sozinho a uma cena de orgia, com alguns atores muito gostosos. Vez ou outra entrava alguém na sala - um senhor veio inclusive sentar no mesmo sofá em que eu estava. Ignorei-os até que aquele primeiro rapaz viesse. Não custou a vir e sentar ao meu lado. Nem a estarmos nos masturbando, esparramados no sofá. Nem a nos beijarmos. O nome dele é Alberto, me encarava com olhar doce e bondoso. Seu beijo era uma delícia e usava um perfume delicioso. O rosto, visto de perto, era ainda mais bonito. Não era feminino, mas desprovido de vigor, virilidade ou apelo sexual. Estava quase arrependido. Felizmente foi breve:

   -Eu tenho voo marcado pra hoje.

   -Vai pra onde?

   -Natal.

   -Você é de lá?

   -Não, daqui mesmo. Ferias.

   -Legal.

 -Não tenho mais tempo. Queria tanto ficar mais com você. Muito mesmo.

 -Eu também queria... Que pena... Mas boa viagem!

   Eu já estava bem mais interessado num cara que estava parado na porta, olhando fixamente pro meu pau. Tipo de estrangeiro, cabelos curtos de um loiro avermelhado, sem um pelo no corpo de boas formas, com um interessante grafismo negro tatuado no braço direito. Rosto atraente: olhos azuis muito claros, sobrancelhas bem desenhadas nariz pequeno, de traço reto, seco, lábios delicados cor de rosa pálido, queixo quadrado com uma grande buraco encavado no centro, coberto de curtíssimos pelos avermelhados. Sua clareza - de pele, olhos e cabelos - imprimiria uma ideia de suavidade excessiva, e o tornaria apagado não tivesse traços bonitos, corpo másculo e a tatuagem. Tinha um olhar esperto, expressivo. E desapareceu! Quando dei por mim já não estava mais na porta. Resolvi dar uma caminhada pela sauna. Tinha alguns caras interessantes, mas o gringo tatuado era quem mais me chamava a atenção. Fui encontrá-lo na parte mais escura da casa, no sofá da outra sala de vídeo. Passei por ele, nos olhamos. Subi ao primeiro andar, certo de que ele viria atrás. Não veio. Fiquei desapontado - nesse tipo de situação, tendo a me julgar irresistível. Quando se está disponível dessa forma, num lugar repleto de homens nus sedentos por sexo e atenção, à vista e ao alcance de todos, e o próprio corpo e sexo parecem ser tudo o que se tem a oferecer, a tendencia natural é precisar sentir-se irresistível.

   Desci e agora ele estava sozinho na sala, ainda sentado. Parei perto e bastou um olhar para estarmos lado a lado no sofá. A luz do telão desenhava sua pele em movimentos ligeiros e quebrados. Abri minha toalha e ele me chupou. Eu imaginava se era mesmo estrangeiro e que língua falaria. Sua pele toda deslizava acetinada, suave, fresca, mas o beijo era canhestro. Não posso compreender como um homem daquele tamanho pode supor que beijar seja estatelar a boca e estirar a língua. Esse era seu beijo: boca aberta e língua em riste. Tentei manobrar seu beijo, adequá-lo ao meu. Juro que cogitei a ideia de explicar como se beija. Pretensão minha? Ele merecia aprender. Seus parceiros futuros mereciam. Iam-se aglomerando homens a nossa volta; mantinham uma certa distância, felizmente. A maioria ficava atrás duma grade, menos de dois metros atrás do sofá onde estávamos. Não me sinto à vontade fazendo sexo em público. Melhor dizendo: não me sinto particularmente excitado com essa situação. Me incomoda, mas, caso não haja tanta proximidade e gente não autorizada pegando em mim, não impossibilita. Ficamos ali uns 20 minutos, nos beijamos muito (apesar dos pesares), fizemos sexo oral - uma pegação nervosa! O pau dele era muito bonito, grande, uncut; as bolas grandes num saco macio, de pele fina e solta. Todo ele muito branco. Ergui suas pernas e lambi a bunda. Ao contrário do que fazia com a boca, deixava o buraquinho absolutamente apertado o tempo todo. Fiquei em pé diante do sofá e ele me chupou de novo. Senti-me um pouco intimidado de estar ali, como num palco de boate num show de sexo explícito, com uma platéia até que bem numerosa - devia haver entre dez a quinze caras formando um semi círculo atrás do sofá. Acredito que o gringo nem tinha ideia dessa platéia. Eu estava encabulado mas excitado também. Ou ingenuamente orgulhoso do interesse que nossa transa e nossos corpos despertavam.

   Eu já não tinha certeza se o cara era estrangeiro, e não havíamos trocado palavra alguma até agora!

   -Vamos lá pra cima?, convidei.

   Não entendi sua resposta, mas ele começou a calçar o chinelo. Subi, ali para a parte escura mesmo, e ele me seguiu. Dirigi-me à última sala, vazia, que tem uma cama oculta por uma parede.

   -Qual seu nome?

   -Sorry, I can't speak Portuguese... - balbuciou, sem jeito.

   -I asked what's your name...

   -Alex, and yours?

   -Yuri. Where are you from?

   -Russia.

   -Nice... come here.

   (Traduzindo a ideia do diálogo, descobri que ele se chama Alex e é Russo)

   Nos beijamos em pé. Em poucos minutos já havia muita gente a nossa volta, provavelmente parte do mesmo grupo que nos assistia no piso inferior. Eu não estava com vontade de levá-lo ao banheiro, queria tê-lo ali, na cama. Estendi minha toalha nela e sem que combinássemos, ele ficou do jeito que eu imaginei: de quatro. É uma cama estreita, de uns 50 cm de largura, encostada na parede. Ele estava atravessado na cama, com o corpo apoiado na parede. O sol iluminava suficientemente a saleta, duma luz calma, acinzentada, filtrada pela janela veneziana de alumínio. Posso dizer que foi emocionante vê-lo nessa posição. Ele continuava contraindo o ânus mas minha língua soube encontrar várias brechas para entrar, e forçou algumas vezes também. Ele se continha para não gritar quando isso acontecia, deixando escapar um gemido longo e grosso. Sentia sua pele arrepiar-se. Mantinha o pau empurrado para trás, na minha direção, e minha boca sempre voltava a ele. Abria seu cuzinho com os dedos e sorvia a maciez do esfíncter rosado. Lá pelas tantas, no exato momento em que abocanhei a cabeça do seu pau, recebi um jato de porra na boca. Fiquei surpreso e decepcionado, sonhava em comer aquela bunda tão apetitosa. Deixei que acabasse de gozar na minha boca. Pensei em engolir, minha boca estava cheia, e tinha um gosto bom, consistência fluida. Resolvi cuspir no chão. Ele levantou, me beijou:

   -Do you wanna cum?

   -Not here...

   -Not here!, ele sorriu, Ok, thanks, it was great!

   Com "not here" eu quis dizer que queria gozar, sim. E com ele; mas não ali, com os bisbilhoteiros em volta. Assim nos separamos. Fui tomar um banho e escovar os dentes de novo. Dei um tempo perto da entrada, queria ver quem chegava. De interessante só um jovem magrinho, de barba. Não era bonito, mas um tipo simpático. Investi algumas vezes e fui solenemente ignorado. Subi outra vez ao escuro. Tinha um cara bonito sentado num sofá, sendo chupado por outro cara. Sei que o conheço, mas não lembro quem é. Figura longilínea, de ombros largos, cabelos castanhos claros, rosto bonito. Mal dava atenção ao cara que o chupava, mas olhou pra mim sorrindo. Voltei ali mais tarde e ele estava só, no mesmo lugar. Passei por ele e entrei na última sala, a mesma em que estive com o russo. Quando voltei, o vi inclinado no sofá, me procurando. Passei direto. Ele veio atrás e sentou num sofá da outra sala, ainda me olhando. Sentei ao lado dele, que prontamente veio me chupar. Novamente houve aglomeração na sala.

   Desta vez porém, alguém veio mais perto, do meu lado, e me encarava. Já o tinha visto antes também. É um coroa, não sei calcular sua idade: muito forte, provavelmente por uso de anabolizantes, mas de aparência distinta. Corpo largo e muito bonito. Tatuagens no braço e do lado do tronco. Rosto bem conservado e agradável, transparecia dignidade. O rapaz que me chupava, parou, ficou sentado, talvez avaliando quem estava na sala. O coroa entreabriu a toalha e exibiu seu pau, masturbando-se em pé, a um palmo de mim. Eu puxei o rapaz, oferecendo os dois paus. Ele não titubeou. Daquele ângulo, eu não conseguia vê-lo em ação. Um tempo mais e voltou a chupar meu pau apenas. Masturbei o coroa: pau avantajado, glande graúda, vermelha, como uma ameixa. O rapaz voltou a chupar os dois ao mesmo tempo. Era uma boa sensação, me desliguei da turba em volta. Alcancei as duas bundas, cada uma numa das mãos. Quando tateei os dois buraquinhos, o coroa desviou minha mão. Concentrei-me na bundinha do rapaz. Ele parecia limpo, mas eu estava receoso ainda. Fui chegando com o corpo pro seu lado, meu dedo já penetrava seu ânus. Mais de perto, pude ter certeza de que ele estava bastante limpo. Eu estava com o rosto próximo da sua bunda, mordiscando sua lombar, meu polegar seco inserido desconfortavelmente em seu ânus, e ele e o coroa dividiam-se chupando meu pau. Eu tentava massagear sua próstata, mas não sei direito como reconhecê-la. De repente levantou-se num salto e começou a ejacular desesperadamente. Os jatos saíam longos e fartos. O coroa levantou-se e saiu. O rapaz sentou do meu lado, com aparência cansada, relaxando, olhos fechados, cabeça no meu ombro:

   -Cara, que tesão! Não aguentei.

   Geralmente eu custo muito a gozar e isso pode ser um transtorno quando se faz sexo com homens - quase sempre rapidinhos. Talvez uma mulher pudesse se valer dessa minha capacidade. Talvez uma mulher soubesse valorizar muitas coisas que passam despercebidas para a maioria dos homens. Talvez não; provavelmente eu nunca venha a descobrir.

   Mais um banho. Eu não sabia se me masturbava sozinho e ia embora pra casa. Atravessava um corredor quando ouvi por trás de mim uma voz familiar:

   -Ai, como eu estou magro!

   Era o Roger, um velho amigo de saunas. Já ficamos algumas vezes. Várias vezes. Ele era muito bonitão, embarangou, agora voltou a emagrecer e malhar, e está bem de novo. Mais velho, mas bem. É muito gente boa, mas meio pegajoso. Acha que eu tenho que conversar horas com ele, que eu tenho que ficar com ele, que eu tenho que dar pra ele. Ele é estritamente ativo e sequer chupa sem camisinha. Ainda é fumante e tem um pau grande que eu jamais suportaria. Enfim, não rola. Conversamos rapidamente, ele queria informações sobre quem estava na sauna que eu já havia testado. Voltou a comentar que eu emagreci, parecia querer elogios.

   -É, dei uma enxugada nos últimos meses. Você também!

   -E estou ficando mais forte, ó!, fez uma pose de halterofilista.

   Rimos. Estávamos no corredor de entrada da sauna. Ele foi fumar lá no fundo e um dos atendentes da sauna veio falar comigo, esbaforido:

   -O senhor fala inglês?

   -Sim.

   -Logo vi. Pode ajudar aqui?

   -O que é?

   -A gente não entende o que o cliente quer...

   Era o Alex, já vestido para ir embora. Ergueu os braços para os céus, rindo aliviado, quando me viu. Tinha um cartão do hotel em que estava hospedado e queria apenas um táxi que o levasse até lá. A recepcionista estava ali no meio do vestiário, pensava que o cartão (escrito em português, diga-se) era dum ponto de táxi muito distante que ele queria chamar. Eu me senti ridículo, seminu, com uma toalha na cintura, falando com 3 pessoas vestidas (dentre elas, uma senhora). Enquanto ela providenciava o táxi, conversamos mais um pouco. Tem 30 anos, vinha de Londres e seu destino era o Rio, para o Réveillon, onde seus amigos o aguardavam. Seu voo tinha conexão em SP e ele teve de dormir uma noite aqui. Partiria naquela noite pra o Rio. Falou sobre a dificuldade de encontrar quem se comunicasse em inglês no Brasil e imaginava que no Rio fosse ainda pior. Eu disse que pela quantidade de turistas que visitam a cidade, provavelmente seria mais fácil, mas não sei como funciona na realidade. Tem um inglês perfeito, com um bonito e discreto sotaque. Perguntou sobre a The Week, pediu dicas para uma noite de sexta feira que passariam em SP na próxima semana. Disse que gostou de me encontrar naquela tarde:

   -You're horny, disse acarinhando meu rosto.

   Eu estava pensando na possibilidade de ele me convidar a ir pro hotel com ele, ainda sonhava em foder aquela bundinha. Chegou o táxi e ele se foi.

   Entrei na sauna seca. Só o coroa tatuado estava lá dentro, sentado de frente para a porta. Entrei e fiquei ali, ao seu lado. Bastou nos olharmos para ambos termos os paus duros. Nos beijamos e, subindo um degrau na bancada de madeira em que ele sentava, ofereci meu pau pra ele chupar. Aquela sauna é muito quente, em poucos minutos estou derretendo.

   -Vamos subir?, ele sugeriu.

   -Vamos. Mas antes, vem aqui.

   Tomamos uma ducha fresca juntos, ele me virou para a parede e me encoxou suavemente. Fiquei encabulado mais uma vez.

   Subimos e entramos numa cabine do banheiro. Geralmente evito caras mais velhos que eu, sempre preferi mais novos ou da minha idade. No claro, ele era ainda mais atraente. E muito carinhoso. Estava com um hálito meio estranho, mas aceitável. Nos beijamos bastante, ele me chupou de novo. Eu quis chupá-lo também. Era um pau bonito, bom de chupar. Em poucos minutos, dois ou três, ele parou, com ar suspenso, sorrindo, não sem alguma raiva de si próprio:

   -Vou gozar.

   Me deu um banho de porra morna. Escorria pelo meu tronco, gotejou nos meus pés. Ainda voltei a chupa-lo. Achei que tivesse terminado, mas ele me levantou e abraçou:

   -Que pena... Me desculpe. Estava tão gostoso.

   Nos beijamos muito ainda, ficamos bastante tempo ali.

   -Quantos anos você tem?, perguntou.

   -37 e você?

   -Muitos. Você parece ser bem mais jovem.

   -Mas muitos, quantos?

   -Muitos.

   -Não vai falar?, eu ri, quase indignado.

   -Não gosto.

   -E seu nome?

   -João.

   Contou que era português, mas morava em SP há bastante tempo - o suficiente para perder quase totalmente o sotaque. Funcionário público estadual. Talvez aposentado, presumi.

   -Como você mantém a forma?, perguntou passando as mãos na minha bunda.

   -Academia. Meu trabalho também ajuda um pouco. E você?

   -Academia também.

   -MUUUITA academia, né?

   Ele riu. Eu estava curioso pra saber sua idade, mas respeitei sua vaidade. Seu corpo me impressionava:

   -Gosto muito dos teus braços, destas veias grossas.

   -E eu gosto de te abraçar.

   Ele era um querido. Ambos fizemos sexo oral novamente, ele retomou a ereção. Pedi que ele se virasse de costas pra mim e ele se recusou.

   -Não gosto.

   -Só quero te olhar!

   -Não gosto!

   Que véio difícil!

   -Vamos tomar um banho?, ele disse.

   Acabou assim, cada um pro seu lado. Tinha chegado um carinha que parecia atraente: físico bonito, magro, definido, inteiro tatuado, cheio de piercings e alargadores: fetiches pra todos os gostos. Ficou no bar conversando com um gordinho a tarde toda. Também vi um cara que pareceu muito bonito à primeira vista, mas depois vi que não era. Ele me seguia por onde eu fosse. E vi ainda, sentado numa mesa, conversando com um japonês (bonitinho também), um carinha adorável. Ele falava espanhol e o sotaque parecia argentino. Falava pelos cotovelos, aliás, e com muita ênfase, dessas pessoas que têm um enorme prazer em falar. Bem baixinho, corpo apenas OK, cara de menino, avermelhado de sol, com uma barbinha bem curta e enormes olhos claros com longos cílios. Era um rosto lindo e cativante. Sentei perto e não conseguia desgrudar os olhos dele, que não me viu sequer, tão ansiosamente conversava. Estava sentado do outro lado da sala o João, comendo um lanche - me olhava fixamente mas não entendi o que queria. Apenas o cumprimentei com um aceno de cabeça.

   -Com licença?

   Sentou do meu lado o cara que pensei que fosse bonito mas não era. Tem o tipo de homem de que gosto: claro, cabelos castanhos, boa altura etc. Mas não é bonito. Principalmente pelo corpo meio fora de forma e o queixo um pouco exagerado. No entanto, é simpático e um tipo de homem fino. Conversamos um pouco. Chama Rodolfo. Eu precisava gozar pra ir embora, não esperaria o papo do argentino com o japonês terminar. Ele perguntou por quê eu olhava tanto para aqueles dois. Não respondi. Comentei que a noite estava esfriando, ele concordou. A janela do jardim estava aberta e entrava um vento frio. O chamei pra subirmos.

   Entramos numa cabine. Foi um início meio frio, não fazia muito sentido para mim. Talvez nem pra ele. Mas tocá-lo era muito reconfortante.

   -Nossa, que cabelo macio você tem!

    Realmente, parecia seda pura. Cabelos lisos, finos, castanhos, abundantes. Foram o cabelo e a pele macia que me despertaram o tesão. E sua forma de se entregar. Ele me lambia inteiro com intensidade, volúpia. Sua boca percorria meu corpo, morna, voraz. Pela nuca, axilas, peito, umbigo, virilha. Me chupou gostoso e lambeu minha bunda. Segurou meu pé direito e lambeu cada dedo, depois enfiou todos os dedos na boca. Ia passando a língua entre meus dedos. É uma sensação muito estranha, estranhamente excitante. Uma boca é um ambiente muito diverso do que estamos acostumados a sentir com nossos pés. Tinha um namorado que me fazia isso e me deixava louco - foi exatamente a mesma sensação. Ele tinha mamilos bastante incomuns: vermelhos, as auréolas pequenas e os bicos grandes, do tamanho de um grão de milho, ou até maiores. Só de olha-los, via-se o quanto eram sensíveis. Quando os lambia ele perdia o controle. O virei de costas e passei meu pau entre as nádegas. Botei no lugar e fui entrando, lentamente, sem proteção. Quando vi que rolava, tirei e pus a camisinha. Depois de um tempo dentro, ele começou a sentir dor, pediu pra esperar. Esperamos, olhos nos olhos. Voltei a foder com força, eu queria gozar dentro, mas ele não suportou tempo suficiente. Tirou e eu me masturbei até gozar. Ejaculei no azulejo branco; ele parecia fascinado, espiando de perto meu pau, sorrindo com olhar infantil. Perguntei se ele queria gozar também:

   -Agora não. Valeu.

   Eram 20h. Fui embora sem querer saber se a conversa do argentino havia enfim cessado.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Napa Prateada


   Ir à sauna tem me contrariado. Há épocas em que fico assim e passo a evitá-la. É quase sempre uma relação ambígua: por um lado o desejo por sexo fácil e descompromissado, a fuga da eterna sucessão de frustrações a que se resume a vida, tempo livre, energia sexual contida, vontade de conhecer alguém interessante; pelo outro lado, uma sensação de vazio e tristeza, de impessoalidade, de não existir como indivíduo complexo para ninguém, de não ter afetos. Porque um belo corpo é inegavelmente um deleite, e vário belos corpos disponíveis podem representar deleites multiplicados, mas também o perigo da repetição sem sentido, da massificação do prazer, da deserotização dos sentidos. Estou começando a me sentir envolvido por um cara: uma relação absolutamente platônica (mais uma). A gente se vê quase todo dia, mas até hoje só trocamos algumas palavras banais... (sim, sou desses). Apesar disso, ou até por isso, estive na FF na última quarta feira, dia 14/12/2011.

   Tinha vários garotos interessantes de tarde, mas cismei com um deles: aproximadamente 1,87m, forte (pode-se dizer até que um pouco acima do peso), pele clara, sem pêlos, cabelo escuro, rosto bonitinho, jeito de garoto bem criado. Nos esbarramos algumas vezes e eu não conseguia perceber se ele, sempre muito reservado, estava interessado. Tomamos banho lado a lado e fiquei de pau duro (era uma bundinha irresistível), mas agimos com naturalidade. Depois, quando subi ao lado escuro da casa, o reencontrei recostado na grade de segurança que acompanha o vão da escada. Parei perto, de frente para a escada, no arco de uma porta. Eu tentava perceber se podia me aproximar, quando um senhor, que minutos antes já tinha tentado me agarrar e levado um empurrão, meteu a mão no meu pau. Saí andando depressa e senti que forcei bastante seu braço, preso ao batente da porta. Apesar da raiva do momento, felizmente não o machuquei. Esta é uma das coisas que me deixam mal: alguém pra quem eu nunca olhei (e nunca olharia), com quem nunca falei ou esbocei um único sorriso de interesse, que já tinha sido rejeitado, se chega com tamanha folga, tocando meu corpo. Quem não têm educação, confunde tudo, pensa que só por estarmos num ambiente mais liberal, tudo é bagunça e todo mundo é de todo mundo. Mais triste ainda quando é um senhor, certamente com mais de sessenta anos. Fico terrificado com pessoas que passam uma vida sem conseguir compreender as mais básicas regras de convivência. Vi o garoto entrar numa das salas, a esta altura ainda iluminadas pela luz do sol que vazava pelas janelas. Encostou numa parede e pôs-se a observar alguns caras que se pegavam por ali. Gente que me pareceu horrorosa, aliás.

   Eu não me sentia seguro para chegar perto. Parei na porta dessa sala, de olho nele, esperando um sinal. Ele me olhava sem expressão alguma. Outro cara segurou meu pau. Esse não era de se jogar fora, mas também um tipo insistente, que me repugna. Saí dali. O garoto também saiu. Fomos nos encontrar na sala dos fundos. A aproximação foi rápida. O nome dele é Bruno. Enquanto nos beijávamos, esse último cara que veio me tocar, parado do nosso lado, a um palmo de distancia, me incomodava. Convidei o carinha para vir comigo à primeira sala, que estava vazia. Sentamos num dos sofás e continuamos nos beijando. Ele me chupou ali mesmo. Alguns minutos depois já estava cheio de caras à nossa volta. Um deles foi chupar o Bruno. Ele deixou, olhou pra mim e sorriu, como se pedisse uma permissão. Consenti num sorriso e nos beijamos. O cara que já nos seguia desde a outra sala veio me chupar também. Logo eram três se revesando nos nossos paus. Eu me sentia todo babado. O de cabeça raspada que estava me chupando agora fez menção de sentar no meu pau, sem camisinha. Eu queria sair dali:

   -Vamos tomar um banho?

   Descemos para a parte clara, tomamos banho juntos de novo. Agora que eu estava acompanhado, um outro carinha que eu tinha tentado aproximação antes, mostrava interesse. Claro, é sempre assim. Chamei o Bruno pra subir comigo para as cabines iluminadas do banheiro. Ele voltou a me chupar, eu o chupei também. O pau dele era grosso, bonito, torto para baixo. Pediu que eu parasse um pouco, estava quase gozando. O virei de costas. Ele é grande mas a bunda é estreita, redondinha, muito masculina. E carnuda. Afastei as nádegas e o buraquinho era a coisa mais linda! Pedi que ele colocasse um dos pés sobre o vaso sanitário. Ele inclinou o corpo para a frente e ainda usou as mãos para abrir a bunda - o buraquinho rosado de bandeja pra mim! Eu me esbaldei, de boca, língua, meu rosto todo. Ele gemia alto e grosso quando eu ia fundo com a língua. Puxava minha cabeça contra ele e me deixava sem ar.

   -Me fode agora, pediu com voz rouca.

   Peguei a camisinha que eu tinha deixado sobre a mureta. Estava difícil de abrir.

   -Abre pra mim.

   Ele se esforçou. Mesmo usando os dentes várias vezes, não conseguia abrir. Começamos a rir da situação.   Peguei o envelope de volta e finalmente consegui arrancar a camisinha de dentro. Botei no meu pau, também com dificuldade - parecia justa demais - ele me ajudou a vestir. Minha ereção já estava a 75%.  Tentamos a penetração por um tempo, mas ele sentia dor, e eu já estava desconcentrado. Tirou minha camisinha e voltou a me chupar.

   -Quer gozar agora?

   -Você não consegue dar?, perguntei, decepcionado.

   Pensou um instante.

   -Não.

   Sua resposta e a pausa anterior me soaram mais como "Você que não conseguiu me comer..." E eu queria tanto. 

 Gozou se masturbando enquanto me chupava. Eu não gozei. Estávamos mortos de calor, transpirando muito.

   -Preciso de outro banho, sugeri.

   -Eu quero um banho gelado!

   Foi na frente, que eu precisava mijar. Quando cheguei no chuveiro, ele estava aos saltos, muito grandalhão e desengonçado, embaixo do chuveiro gelado. Não pude conter o riso. Ele me jogou água gelada e eu também acabei tomando um banho frio muito energizante.

   Depois do banho, desceu ao armário para buscar uma toalha seca e fiquei sentado ali fora. Voltou, foi tomar outro banho pra trocar de toalha, disse que tinha impressão de que aqueles caras tinham babado nela toda. Realmente. Enojado com a recordação, tive de trocar de toalha e tomar outro banho também. Conversamos ainda um pouco, ele mora ali na Vila Mariana, é médico, tem 28 anos. Precisava ir embora. Trocamos telefones e vamos tentar nos encontrar outra vez. Ou não.

   Precisava gozar ainda. Todos os garotos engraçadinhos tinham ido embora, e eu só via agora caras bem mais velhos e os feios. Fiquei perto da entrada, assistindo novela, esperando chegar alguém interessante. Sei que nesses casos, quando só tem bagaço, quem chegar, eu pego. Exceto por uma pequena margem de erro. Custou, e quem entrou não era lá essas coisas. Moreno, aparentava uns 44 anos, aproximadamente 1,85m. Corpo bom, de formas bonitas, costas largas. Tórax excessivamente peludo. O rosto não era feio, mas não tinha nada que me chamasse atenção. Parecia ter cabelos meio ralos, mas não lembro com certeza. Passou direto por mim, andou pra lá, andou pra cá, foi comer um lanche no bar. Passei por ele, me cumprimentou. Ainda tinha bastante gente na sauna. Dei uma geral e não tinha outra opção mesmo. Quando eu ia saindo do lado escuro, nos cruzamos, ele vinha entrando. Passou por mim, e desta vez nada indiferente. Dei meia volta:

   -E ai!

   -Tudo bom? Prazer, Daniel - disse estendendo a mão.

   -Yuri.

   Toquei seu peito. Deu a impressão de alguém que tomava bomba e parou, quando a musculatura mantém a forma mas fica mole, murcha. Eu sabia que ele tinha acabado de comer e fiquei com receio de tentar um beijo. Visto de perto o achei bem mais interessante, gostosão, simpático, voz bonita. Contou que era do Rio de Janeiro, em São Paulo a trabalho. Chamei para um canto vazio e escuro, onde dependuramos nossas toalhas e nos beijamos. Felizmente tinha escovado os dentes e foi muito agradável o beijo. Só a barba que era muito cerrada, áspera. Estava todo limpo, cheiroso. Ninguém passava por ali naquela hora. Agachei e prestei-lhe um boquete, ainda tímido.

   -Vamos lá pra cima, pro claro?, convidei.

   -Quer pegar um quarto?

   -Eu estou sem grana, mas se você quiser...

   -Pode deixar.

   Foi à recepção e voltou com a chave do quarto. Eu nunca tinha entrado num quarto da For Friends. É pequeno, deve ter uns 6 metro quadrados, paredes pretas. No centro, uma cama estreita com colchão revestido de um tipo de napa prateada, ao seu lado um criado mudo com abajur e uma cadeira. Toalhas, preservativos, lubrificantes.

   Deitou-se sobre mim e nos beijamos demoradamente.

   -Sua boca é muito gostosa!

   Passei para cima, queria chupar mais. Depois botei meu pau na cara dele, que resistiu um pouco, mas me chupou também. E bem gostoso. Ergui suas pernas e lambi a bunda, enquanto nos olhávamos nos olhos. Perguntei se ele queria me dar.

   -Hoje não, não vai rolar.

   Ele era meio afoito e às vezes até bruto, mas percebia e se desculpava. Fizemos um 69 tradicional e depois cada um metendo a língua na bunda do outro, simultaneamente. Foi muito excitante, mas no dia seguinte estava com torcicolo. Além de ter ficado com o colo e a maçã esquerda do rosto "lixados" pela sua barba, além de um chupão roxo no abdome. Parecia que tinha levado uma surra.

   -Quantos anos você tem?, perguntou.

   -37 e você?

   Adorei sua cara de espanto.

   -Puta, eu estou acabado mesmo, cara! Tenho 31 e achei que você fosse bem mais novo que eu.

   Eu achava que ele tivesse uns 44, bem conservados. Não consegui esconder minha surpresa:

   -Sério?!

   Conversamos um pouco ainda. Me masturbou e chupou até me fazer gozar. Eu estava me excitando desde de tarde, sem gozar, e a porra espirrou longe, até meu rosto. Ele gozou também, sobre mim. O sêmen quente se espalhou pela pele da minha barriga.

   Agora eu só queria deitar um pouco, relaxar. Ele deitou do meu lado e foi logo dizendo:

    -É tarde, não posso ficar deitado muito tempo.

  -Que horas são? - perguntei, talvez sem conseguir esconder muito bem minha mágoa boboca. É que eu acho de uma deselegância abominável esse comportamento. Tá certo que pra mim tinha sido uma boa transa, eu estava ainda viajando nas minhas sensações, e talvez pra ele tenha sido uma outra coisa, vai saber. Mas não poder dar uns minutos, algum carinho, é muito autocentrismo. É tipo: gozei, tchau. Acho feio, pobre. E não se deve sentir magoado com gente assim. 

   -Que horas são?

   -Umas nove e meia.

   Levantei e peguei a toalha:

   -Vou nessa também.

   Tomamos banho juntos, calados. Terminei antes:

   -Vou descendo. Falou. Valeu...

   Dei um beijo no rosto, por trás, quase na nuca, e desci. Tentei me vestir rápido, mas ainda deu tempo de ele descer e começar a se vestir. Clima estranho. Sem saber o que dizer, saí calado.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Gosta de Pau Preto?


   Depois de muito procurar algo que valesse a pena, eu estava sentado numa espreguiçadeira,  enfastiado com o tão famoso "domingo na sauna". Não é um dia que eu costume me abalar a esse tipo de programa, mas realmente o que tinha de homem bonito na 269 aos domingos era de fazer cair o queixo. Pelo menos nesse dia específico, a For Friends tava bem meia-boca. Sentei perto da jacuzzi, de olho num carinha que conversava com um grupo lá dentro. Esperava ele sair pra avalia-lo melhor. Do nada surgiu um cara e parou na minha frente, em pose exibicionista com as mãos nos quadris. Realmente era um belo homem: bem mais alto que eu, corpo forte, moreno de olhos verdes, barba por fazer, cabelos molhados, jogados para trás. Ficou ali na minha frente por um minuto e entrou na sauna. Não tive vontade de ir atrás. Mais tarde o vi tomando banho no andar de cima. O coroa que tomava banho do lado dele puxou conversa. Não ouvi direito, mas ficou claro que fez um grande elogio. Ele riu e perguntou se já podia "ficar metido".

   -Não, isso não pode.

   Ele era bonito pelado, pau grande, bunda gostosa, pés bonitos. E o sorriso era encantador. Ficou embevecido com o elogio. Mais tarde nos encontramos na sauna seca, que estava lotada. Nos olhamos de perto. Só pelo modo dele parar, já se via que era um "pavão". Mas não era só isso, tinha alguma coisa que me chamava atenção e eu não entendia. Saí e voltei um pouco depois a essa mesma sauna. Ele estava na área dos chuveiros ali fora e entrou também, logo depois de mim. Tinha pouca gente agora. Encostei na parede de madeira do fundo, oposta à porta, e ele parou no meio da sala, na minha frente mas não muito perto. Breve cumprimento. Depois começou um movimento incerto de aproximação: ia até a porta e voltava, cada vez mais perto de mim. Eu me perguntava: se o cara é tão bonito e parece tão cheio de si, por que isso tudo? Será que minha cara é tão fechada assim? Por fim, sentou-se ao meu lado, no terceiro degrau da bancada de madeira. Entreabriu a toalha, deixando o sexo quase à mostra. Parecia um pouco nervoso, evitando me olhar. Talvez minha leitura das suas atitudes seja apenas baseada na minha própria insegurança, e, no fim, não entendi nada do que realmente se passava com ele. Mas de qualquer forma, ter pensado que ele estava inseguro, me deixou mais confiante. Eu o olhava de perto, descaradamente. E meu pau ficou duro. Ele olhou pra mim e sorrimos em cumplicidade. Alisei suas pernas úmidas. Rocei meu rosto no seu e nos beijamos. Enfiei a mão entre suas pernas e segurei o pau e as bolas.

   -Como é seu nome? - sussurrei.

   -Paulo, e o seu?

   Ele entendeu errado meu nome (meu nome verdadeiro) e rimos do que ele tinha entendido, um apelido meio ridículo.

   -Quantos anos você tem?

   -Quantos anos? (pausa) Muitos!

   -Ah, vá! Quantos?

   Relutou mas respondeu:

   -44

   -Caralho!

   Era absurdo. Eu nunca poderia imaginar que ele tivesse mais de 35, achei que fosse mais novo que eu.

   -Vamos sair daqui, estou derretendo.

   Tomamos uma ducha para refrescar. Durante o banho me contou que mora no ABC e é artista plástico. Paramos na entrada dessa ala para mais uns beijos. Ele insinuou que eu beijasse seu mamilo e disse depois:

   -Já vi que voce gosta de um peito duro, né?

   -Gosto...

   -E de que mais?

   -Gosto de tudo duro. Você não?

   -Eu também, tudo duro.

   Pelo que entendi, ele tentava descobrir se eu era passivo ou ativo. Acho simplista demais esse tipo de approach. Entendi ainda que ele obviamente queria dar pra mim. Mal peguei na sua bunda e logo me chamou pra subir. Ia na frente na escada caracol e eu ia brincando de beliscar-lhe a bunda. Ele ria alto.

   Entramos na cabine e ele me chupou. Não muito bem. Virou de costas pra mim, oferecendo-se. Passei meu pau naquela bunda bonita, agachei pra lamber. Um buraquinho bem gostoso, mas quando minha língua entrava mais, eu sentia uma aspereza ou rugosidade no esfíncter, que me deixou meio de sobressalto - pensei que pudesse ser uma verruga ou coisa assim. O virei de frente pra mim, chupei o pau dele. Eu estava bem excitado por ele ser muito bonito, mas sentia um clima estranho. E ele nunca ficava de pau completamente duro. Continuamos ali, nos pegando, até ficar bem claro pra mim que ele não estava curtindo. Será que a minha frase tosca sobre "gostar de tudo duro" o tinha deixado encanado?!

   -Voce quer parar?

   -Não!

   Disse que não, mas 5 minutos depois me convidou pra tomarmos um refrigerante no bar. Descemos. No caminho ele caçoava dos coroas que andavam na nossa frente. Achei grosseiro. Sentei na mesinha do bar e ele foi ao balcão. Voltou logo:

   -Está demorando pra atenderem. Espera aí que vou ver meu celular e já volto.

   Eu já sabia que não voltaria, mas sou educado... Fiquei ainda alguns minutos na mesa e fui deitar na espreguiçadeira da piscina. Ele voltou depois, me procurou rapidamente no bar. Eu estava semi-oculto por um vaso. Vi que passou para a ala escura, provavelmente tão aliviado quanto eu do "desencontro".

   Tinha mais uns caras interessantes, era de tarde ainda. Um deles eu já conhecia, sempre achei gostoso, mas não me dá bola. Tá ficando horroroso de rosto e as pernas são esquisitas - tortas e meio finas. Mas eu pegava ainda - ô, se pegava! O outro era bem bonito, de corpo e de rosto, mas antipaticíssimo, com um semblante pesado, negativo. Mais de noite o vi novamente na Bela Paulista, tão sozinho quanto na sauna, e com a mesma cara de otário.

   E tinha outro rapaz. Não é o tipo de cara que me atrai geralmente. Aliás, esse foi um dia de revelações para mim sobre homens que me atraem e homens com quem o sexo funciona. Ele tem um tipo interessante: jovem, moreno, de barba, baixinho (geralmente gosto de caras da minha altura ou mais altos), corpo bem bonitinho, definido; mas não é um homem exatamente bonito. E seu comportamento era esquisito, dava impressão de estar interessado, mas nunca olhava diretamente pra mim. Nem pra ninguém. Não parecia tímido, não parecia chato. Era intrigante. O encontrei várias vezes, em vários pontos da sauna, sempre da mesma forma: eu parava perto e esperava algum sinal para avançar. E nada vinha. Ele parecia querer se comunicar por telepatia. Parecia sempre atento em mim, mas é difícil chegar em alguém que não te olha diretamente. Mais tarde eu subi ao escuro, ele tinha passado a maior parte do tempo por ali. Parei perto e resolvi testar sua resistência. Estávamos a dois palmos de distância um do outro, perto da escada, ambos encostados na mesma  coluna. Apesar da pouca luz, eu o olhava nos olhos, e isso me excitou. Ele olhava em minha direção, mas nunca diretamente. Virou o corpo de frente para a coluna, e quase nos tocamos. Já estávamos ambos de pau duro. E ele simplesmente não tinha atitude alguma, parecia um menino abobalhado. A essa altura, eu já estava certo de que ele queria, era só pegar. Não sei se eu tentei ser bonzinho e dar a ele uma chance de tomar uma atitude, ou se, por maldade, me diverti um pouco com a situação. Parecia aflito e arruinado com a própria insegurança. Eu sempre acho que as pessoas são inseguras, mas serão mesmo? Ou era só um capricho? Ou um jogo e ele queria ser "pego de jeito"? Ficamos nesse lenga-lenga por uns 10min. Decidi que se eu me afastasse e ele viesse atrás, eu o abordaria de alguma forma. Fui até a última sala, ele veio também e encostou numa parede. Foi rápido o bote. Em segundos estávamos unidos. E houve aquele encaixe de corpos que funciona magicamente. Ele cheirava minha pele milímetro a milímetro, concentrado. E me lambia com delicadeza. Como de praxe, fomos pro banheiro iluminado.

   Escolhi uma das cabines com luz azulada. Foi muito bom poder olhar pra ele no claro. Foi tudo muito gostoso. Ele não tinha resquício do abobado por quem o tomei, nem de timidez ou insegurança. Era educado, gentil, sabia o que fazia! Chupou meu pau muito bem, enquanto me lançava um dos olhares mais impressionantes, dos quais jamais me esquecerei. Era lindo chupando o meu pau. Retribuí. Ele era pequeno mas o pau era do tamanho do meu, e bonito, gostoso de chupar. Conversamos um pouco: seu nome é Jonas, 30 anos, recifense, mora ali perto do Ibirapuera com um amigo e trabalha para uma grande grife francesa. Segunda vez na sauna. Gemeu quando enfiei minha língua na sua bundinha. Ele é todo cheiroso e macio. Coloquei a camisinha e tentei a penetração mas estava difícil. Só a saliva parecia insuficiente como lubrificante.

   -Acho que preciso de gel, seria mais gostoso. Voce me espera?

   -Claro! Pega lá.

   Eu só tinha aquela camisinha e enquanto ele desceu, pensei que perder a ereção agora, seria péssimo: eu teria de descer em busca de outra camisinha e talvez a transa fosse pro vinagre. Voltou com o gel e eu ainda estava durão, louco de tesão e ainda com a camisinha. Foi ótimo, tudo funcionou lindamente, ele era delicioso. Gozei e ainda mantive meu pau dentro dele e duro até que ele gozasse. Apesar de caras grandes serem mais atraentes pra mim, acho que funciona muito melhor comer um cara menor que eu. Pode parecer ridículo e boçal, mas a verdade é que me sinto muito mais dono da situação. E no sexo preciso me sentir assim, no comando. Lembro de várias situações semelhantes com caras mais baixos e muito excitantes, e lembro de vários caras grandes com quem me senti um pouco desprivilegiado ou numa situação desconfortável de subjugado. Claro que tem muitas outras coisas envolvidas, e que vários caras altos e grandes eu comi com furor e sensação de domínio, e outros menores que me deixaram acanhado. Mas quero prestar mais atenção a isso daqui pra frente. Homem é bicho besta. Estatura não quer dizer NADA. Acho cafonérrimo que essas construções sociais e conceitos vazios nos dominem. Mas dominam.

   Ele disse que precisava tomar um banho e ir pra casa rápido. As 3 duchas do andar superior estavam ocupadas e eu sugeri que fossemos pra baixo.

   -Nem sei onde tem chuveiro lá embaixo.

   -Eu te mostro.

   Tinham largado algumas necessaires por ali, e eu descolei um sachê de xampu pra gente tomar banho. Ele acabou o banho rápido, falou alguma coisa que não entendi sobre a toalha dele e foi embora se trocar, sem se despedir. Achei tão estranho, sem sentido. Fiquei quase chocado, mas a gente se acostuma a relevar a esquisitice humana. Dei mais uma geral rápida pela sauna toda e resolvi ir embora. Quando estava chegando na região dos armários, encontrei com ele, já vestido, me procurando pra se despedir. Achei muito fofo.

   -Vai ficar por ai ainda? - perguntou

     -Vou indo, me espera e a gente sai junto?

   -Aham.

   Meu armário tinha o sugestivo número 24. Do lado dele um cara se despia. Posso dizer que é EXATAMENTE o tipo de cara que me deixa louco. Dos pés à cabeça, eu olhava e não acreditava que já tinha dito ao Jonas que ia embora. Era gringo o cara, mas não identifiquei a língua. Aliás, não identifiquei porque ele só falava por sinais com o atendente, que tinha dado um chinelo pequeno para ele. Ou seria mudo? Eu me vestia e ele se despia, nos olhávamos e o Jonas nos olhava de longe. O gringo me sorriu e eu quase fui dizer que tinha desistido de ir embora. Seria um papelão, não seria? Que se fodesse, eu deveria ter ficado. Talvez até o Jonas não estivesse realmente me procurando, só pensando em ficar mais um pouco por causa do gringo maravilhoso e inventou essa desculpa. Não podia acreditar em cada peça que me forçava a vestir. Nem em cada parte de corpo que o gringo despia. Caralho, que moleque lindo! E parecia ser simpático também, um pouco tímido. Gosto de homem tímido. Já tinha mais uns caras em volta dele, claro, e o Jonas parecia impaciente. Ou talvez vivenciando a mesma tortura que eu. Era encarar os fatos:

     Perdeu, Yuri, se manda!

   Pagamos nossas contas e saímos. Ele ia tomar um táxi na esquina. Fomos conversando. Não tinha nenhum carro no ponto e ficamos esperando algum livre passar. Me senti feliz de estar com ele ali naquela esquina ensolarada, debaixo duma árvore.

   -Voce é muito bonitinho, sabia?

   -Voce que é um gostoso, todo branquinho - disse alisando meu braço.

   -Gosta de branquinho?

   -Gosto. E você?

   -Gosto também.

   -Eu sou moreno. Gosta de pau preto?

  -Adoro! Rimos. Apareceu um táxi livre, nos despedimos e perguntei como o encontrava no Facebook. Eu o adicionei no mesmo dia e mandei uma mensagem, dizendo que tinha gostado muito de conhecê-lo. Ele me aceitou só dois dias depois. O resto é silêncio.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Panturrilhas Poderosas


   E eu estava realmente ansioso para voltar à sauna nos últimos dias e sem conseguir tempo para isso (saudade da 269, que funcionava 24h!). Depois duma noite mal dormida, sentia-me fisicamente cansado, um pouco tenso - não exatamente excitado. Desci na estação Ana Rosa, parei no meio do caminho e me perguntei se era isso mesmo o que eu estava querendo: sexo anônimo? Não soube responder - que eu nunca sei. Mas fui. Tinha tempo e fui. Ia ver um show ali perto da For Friends às 21 h, resolvi chegar cedo, por volta das 15h15min.

   Logo de cara reparei, feliz, num cara que eu já conhecia da 269, um comissário alemão. Tínhamos ficado e conversado rapidamente, lembrava que ele voava eventualmente para SP e passava 2 ou 3 noites por aqui.  Fazia tempo isso, alguns anos, e com certeza ele não lembraria de mim. Às vezes vejo perfis dele numa dessas redes sociais, porém nunca mais havíamos nos falado. Um pouco mais gordo agora do que eu me lembrava do nosso primeiro encontro, mas continuava uma gostosura: cabelos castanhos claros, muito lisos e finos, de comprimento médio; pele clara, olhos verdes escuros, lábios carnudos de um vermelho vivo; calculo que 1,70 m de altura; fortinho, bunda fan-tás-ti-ca. Desta vez ele estava com o peito e a barriga sem depilar. O rosto é suave e tem alguma coisa de infantil. Não sei dizer o quê, talvez a expressão incomumente franca. Eu lembrava da nossa transa ter sido boa.  Reconheci logo que o vi passar, simpático - me abriu um largo sorriso e entrou na sauna úmida. Contive o impulso de correr atrás dele, provavelmente por insegurança.

   Tinha bastante gente na sauna para uma quarta-feira. Quase nada que me chamasse a atenção a essa hora. Dei uma rodada e avistei alguns outros conhecidos. Dentre eles, lá em cima, perto da sala de vídeo, um cara de barba com quem já tinha ficado recentemente. Agora sei que ele chama Flávio. Estatura mediana, aparenta mais de 40 anos (soube depois que tem 37, a minha idade), algumas tatuagens mal calculadas, pés esquisitos, mas dá pra dizer que tem um rosto muito bonito. Desta vez o achei menos em forma. Reparei que tinha cortado os cabelos também. Nos cumprimentamos com breves acenos e semi-sorrisos. Desci e entrei na sauna em busca do alemão. Para mim, tínhamos alguma pendência a resolver. A sauna úmida do térreo é grande, tem duas salas. No meio da segunda sala, consegui reconhece-lo numa cena confusa. Sentados nas bancadas azulejadas que circundam o ambiente, quatro ou cinco homens assistiam, imersos na nuvem esbranquiçada e sufocante do vapor, ao encontro de três caras: também sentado numa das bancadas, o maior deles, já senhor, de aparência extremamente desagradável, com bochechas e olhos caídos, muito alto, gordo e peludo, com um corte nos cabelos grisalhos que fazia lembrar uma ovelha. Na outra ponta, um moreno magrinho, feioso também, mas com corpo razoável e um pau enorme. Entre eles, o alemãozinho. Beijava a boca do moreno e oferecia a bunda ao velho, que a massageava com uma das mãos, enquanto se masturbava com a outra. Passei por eles e sentei próximo. Apresar de tudo, meu pau ficou rijo. O velho me encarava, oferecendo seu pau cor de tijolo. Eu não queria olhar pra ele, mas a feiura, quando muito grande, atrai o olhar involuntariamente. O alemão deu um preservativo pro moreno, virou de costas pra ele e começou a engolir o pau do velho. Assombrado, tive de sair dali correndo. Fui tomar sol no jardinzinho que serve como área para fumantes. Uma meia hora depois, os três ainda estavam se pegando, no chuveiro, e depois novamente na sauna. Sinto uma espécie de decepção quando vejo um cara que me atrai pegar gente feia. Como se alguém me devesse explicação sobre quem meu padrão estético caretinha rejeita.

   O cara de barba me seguia, com passos ou olhares. Fui pro escuro, sentei na sala de vídeo lá de baixo, no fundo, mais iluminada que as outras por conta da grande tela. Ele veio atrás, passou por mim e subiu ao andar superior. Voltou em minutos e sentou no mesmo sofá que eu, um pouco afastado. Nos olhávamos. Tirei o pau, já duro, por uma fresta da toalha e ele veio pro meu lado. Beijo gostoso, suave. Me chamou pra ir com ele. Nesse momento o alemão passa por nós e sobe para o escuro. Quase fui atrás dele, mas seria muito grosseiro. Ê, vida dura... O barbudo ia na frente, como se estivesse sozinho. Parece que essa é a regra na sauna: ou você anda na frente ou atrás do cara com quem você está, nunca do seu lado. Quando chegamos à nossa cabine do banheiro do primeiro andar, a mesma que usamos da outra vez, ele se mostrou mais delicado que no nosso primeiro encontro. Notei também que não usava mais a aliança dourada. Agachou pra chupar meu pau. Não o senti ansioso pra me comer como da outra vez. Ainda assim, virou meu corpo e lambeu minha bunda, desta vez com pressão agradável. Eu o levantei e virei de costas pra mim. Fiquei encochando o cara e percebi que ele estava à vontade. Pus meu pau ali e, como ele continuava tranquilo, forcei um pouco. Fui entrando, deslizando milímetros. Senti que estava decidido a dar pra mim, vesti a camisinha que havia posto sobre a mureta do banheiro, lubrifiquei com saliva e voltei a meter. Ele pediu pra parar um pouco, pra ir com calma, mas até que não foi difícil. E depois que se acostumou, fodi com força. Geralmente tenho dificuldade pra gozar na penetração, mas rolou até o fim.

   -Dois a dois. Da próxima vez eu desempato - disse, provavelmente se referindo aos nossos dois encontros. Mas não entendi a conta: da primeira vez ninguém comeu, ninguém deu. Dessa vez eu o comi. Não seria 1X0? Por que 2X2? Eu não entendi mesmo... Talvez fosse sobre outra coisa qualquer que fosse evidente apenas para ele.

   Tirei a camisinha, joguei no lixo e ele se limpou.

   -Vamos tomar uma ducha, sugeri.

   -Com voce, eu namoraria - disse, meditativo.

   Esse cara tem essa mania de me lançar essas frases de efeito. Fiquei sem saber o que responder. Sorri simplesmente. Conversamos mais um pouco durante o banho. Parece ser um cara legal.

   Acabado o banho, me passou seu contato do MSN e nos separamos. Quando desci, tinha um ator famoso na sauna. Um  ator de alto nível, aliás. Nunca o achei atraente, mas também nunca suspeitei que ele tivesse um corpo tão gostoso. Não sou muito de ver TV e sempre o tive como um homem pequeno, magricelo. Já o tinha visto no teatro, muitos anos atrás, e realmente estes anos fizeram muito bem a ele. Parecia impaciente, andava pra lá e pra cá, medindo todo mundo de forma ostensiva.

    Fui atrás do alemão, que continuava dando sopa lá em cima, no escuro. A aproximação foi simples e rápida. Como sempre, em poucos minutos fomos juntos para o banheiro claro do andar superior lá da frente. Ele é todo gostosinho, supersimpático, olhar doce, sorriso adorável. A bunda parece um sonho, mas poucos minutos depois da penetração, eu falhei. Tinha gozado fazia pouco tempo e acho que estava um pouco tenso. Ficamos ainda um tempão ali, trocando carinhos. Ele foi muito fofo, nos beijamos muito e conversamos um pouco. Bem pouco, que ele não é de muito papo, nem eu. Tentamos a penetração mais uma vez, mas não ia rolar, logo eu perdia a ereção. De qualquer forma foi agradável, ele tem uma das peles mais macias em que já toquei e disfarçava tão bem que nem parecia estar decepcionado com a minha brochada. Tão bem que nem eu fiquei chateado. Não lembro direito, mas acho que o nome dele é Frederick.

   Ainda tive mais um encontro nessa noite. Lá pelas tantas apareceu um cara bem interessante, um tipo nada comum nesses lugares. Alto, corpo magro mas musculoso, moreno, com alguns pelos, barba curtinha bem escura, jeito de moleque, másculo. Me lembrou o gostosinho do Bento Ribeiro da MTV. Logo que o vi, me interessei; ele também. Nos cruzamos algumas vezes até que eu recuperasse o fôlego. Ficamos sentados na mesma sala durante um tempo, a uma distância de uns 7 metros. Cumprimentou o ator e o Flávio, conversaram um pouco. Eu o observava, curioso. Mais tarde eu vinha saindo da parte escura, pela milésima vez, onde não encontrei nada que prestasse, e nos cruzamos, bem na saída; eu saindo, ele entrando. Passamos um pelo outro, nos olhando, ambos nos viramos para trás. Dei meia volta, fui atrás dele. Subimos pro andar superior, ele na frente, eu atrás. Entrou numa das salas e encostou na parede. Parei na sua frente e nos beijamos. Tentamos usar o banheiro daquela área mesmo, mas estava com um cheiro bem desagradável.

   Corta. Já estamos no banheiro iluminado, limpinho e espaçoso. Já estamos sem nossas toalhas e nos pegamos furiosamente. Ele gostava de uma pegada mais pesada. Não parecia passivo, mas logo vi que ia rolar. Seu corpo era muito bonito, definido, pernas musculosas, panturrilhas poderosas, redondas. Um cara muito charmoso, desencanadão. E beijava bem. O pau não era grande, mas bonito, a cabecinha era uma perfeição, parecia até de plástico, de tão lisinha. A gente se chupou bastante e depois pus a camisinha e fodi gostoso. Delirava quando eu usava força, quando o mordia. E adorou quando segurei firme sua cintura. Agarrou minhas mãos e ficou rebolando no meu pau de uma forma muito máscula e excitante. Gozei de novo, dentro dele. Tomamos um banho e descemos para conversar perto do jardim. Chama Heitor, tem 40 anos e aparenta bem menos. O jeito desencanado escondia um rapaz bastante vaidoso, que adora falar de si. Ainda assim, simpático. Conversamos bastante, temos interesses em comum. É artista, professor na USP, empresário. Casado com um cara, moram numa chácara fora de São Paulo. De que é casado, eu já havia suspeitado pela conversa, comprovei depois pelo Facebook. Conversamos por mais de uma hora, e rimos bastante. Apareceu um cara muito bonitão, passava por nós, de olho em mim, sedutor. Eu já estava pensando em dispensar o Heitor, mas não tinha como. Fui ver as horas, eu tinha compromisso naquela noite ainda, e ele também.

   -Quase oito já! Daqui a pouco tenho de ir, vou ver um show aqui perto.

   -De quem?

   -Tânia Maria. Cantora e pianista brasileira que mora na França há muitos anos.

   -Sei, da turma do jazz... - disse com certa ironia.

   -É! Um grande talento...

   -Dá tempo de dar mais uma subidinha com voce, hein!?

   Eu não estava mais animado, talvez por já estar de olho no outro carinha que chegou, mas concordei. Fomos ao armário dele pegar outra camisinha e ali meu pau já estava durão, saltando da toalha e me deixando sem graça perante os funcionários da casa. Subimos e foi ótimo outra vez. Sem fazer nada, ele me excitava. Gozei com loucura. Estávamos nos recompondo quando encostei a perna na lixeira e senti umidade. Tinha uma camisinha pendurada na boca da lixeira, cheia de porra, e encostou em mim.  

   -Que nojo, preciso lavar isto rápido.

   Ele ria, sádico.

   Corri para a ducha, saía pouca água mas consegui me lavar. Quando ele chegou, já não saia mais água dos chuveiros. Havia gente reclamando com um funcionário que tentava explicar. Eu não entendo lhufas de hidráulica, portanto nem sei reproduzir suas desculpas.  O Heitor ficou puto e foi tentar tomar banho lá embaixo - também em vão. Resolveu ir embora. Despediu-se friamente:

   -Foi um prazerzão.

   -Um prazer duplo. Mútuo, tentei melhorar.

   Mesmo tendo acabado de gozar, fui correndo procurar o bonitão que tantas vezes havia passado olhando e sorrindo pra mim enquanto eu conversava com o Heitor. Eu ainda tinha uma meia hora disponível e dava pelo menos pra falar com ele, quiçá dar uns beijos.

   Mal comecei a andar, ouvi uma voz atrás de mim:

   -E aí rapaz.

   Ouvi baixinho, repetidas vezes, até me voltar. Era o próprio. Fui até ele e nos cumprimentamos. Era bonito realmente: alto, forte, pele clara sem pêlos, cabelos escuros, sorriso e nariz lindos. Marcelo. Ou melhor: Marrrcéaalu.

   -Carioca? - perguntei.

   -Tão rápido?!

   -Sou bom nisso.

   Disse estar na cidade apenas aquele dia, para uma conferência, se não me engano.

   Em poucos minutos se despediu.

   -Vou dar uma volta ae.

   Então tá, né... Não sei o que o decepcionou tanto. Dei mais um beijinho no comissário alemão, que ainda estava lá em cima, na batalha, e fui-me embora, que o show ia começar.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Tesão no Joelho


   Passei o dia todo pensando em ir à sauna mas só consegui chegar depois das oito da noite. A sauna fecha às 23:00h e eu estava certo de que seria uma ótima noite. O otimismo arma ciladas. Logo no vestiário um senhor alto de cabelo grisalho cacheado, com uma barrigona peluda, pernas finas e cara de pato, se engraçou pro meu lado. Foi como uma punhalada pro meu coraçãozinho esperançoso. Não tinha quase ninguém. Se muito, 25 homens; destes, 22 repulsivos. Perambulei pela sauna, antes mesmo de tomar banho, e nada que abrandasse minha inquietação. Um rechonchudo jovem japonês me seguia onde eu fosse, em seus passos e olhares feminis. Pensei em me mandar.

   Fui olhar a parte escura. Até a TV estava desligada nessa noite e só a mangueira luminosa da escada trazia uma mínima iluminação para o ambiente. O que se conseguia ver não era nada animador. Desci correndo, fui escovar os dentes e tomar um banho pra pensar melhor. O Japonês veio junto e ligou a ducha ao lado da minha. Ele me secava tão insistentemente e ostentava a própria bunda com tamanha desfaçatez que demorei a perceber um carinha que estava tomando banho na última ducha. Primeiro o vi de costas e fiquei apreensivo esperando que se virasse. Bem baixinho, mas o corpo era bonito, bem equilibrado, com quadris estreitos, nemhuma gordurinha fora do lugar, costas largas, pernas bem feitas. Quando virou, parecia muito mal humorado, cenho franzido. Mas era um tesãozinho. Tinha alguns pelos curtos no peito musculoso e um pouco de gordura na região do umbigo. Uma barriguinha muito discreta e que me pareceu tremendamente sexy, masculina. Não olhava pra mim nunca, concentrado no seu banho. Terminei o meu e fui me secar na sauna seca. O japonês já estava lá, sentadinho, pernas curtas cruzadas, balançando o pé gorducho em ritmo acelerado. Tinha também outro cara sentado perto, que me pareceu familiar. Era até um tipo interessante, mas eu não conseguia lembrar quem era. Só tinha a certeza de que era furada. Fechei a porta e parei bem na entrada, de pé. É um cara bem alto, de cabeça raspada. Olhando melhor, era meio acabadão. Ele e o japonês me olhavam. O careca abriu a toalha, o japonês o imitou e começou a se masturbar de um jeito tão esquisito que mais parecia estar retirando uma dúzia de alfinetes espetados no pau. Fui lembrando aos poucos do careca. Encontro com ele em vários lugares e sempre é muito insistente, chato, forçado.

   Fui andar mais um pouco. O baixinho emburrado lia jornal numa mesinha no corredor, continuava sério, e tentava me ignorar a todo custo, parecia até hostil. Eu já estava desanimado quando vi de relance um cara saindo do banho e que parecia atraente. Era chamativo de onde eu o vi, mas pra ter certeza de que valia a pena, tive de chegar mais perto. Lembrei imediatamente de um  conhecido: amigo lindo do meu irmão, mas uma figura detestável. Este era alto, acredito que em torno de 35, 40 anos, tinha traços bonitos, embora um pouco enjoativos. Soube depois que chama Mauro, é gaúcho, de passagem pela cidade. Pele excessivamente escurecida pelo sol e/ou bronzeamento artificial, musculatura típica de quem toma bomba, inteiro depilado, cabelo curtinho totalmente descolorido, expressão botulinizada: uma "beleza" artificial, produzida. Ponho beleza entre aspas não porque ele não fosse belo, mas porque seria muito mais se não fizesse tudo isso. Ele me olhou com interesse também, era só esperar a oportunidade. Mais tarde eu entrei na salinha do saco de pancadas e ele vinha saindo. Passou por mim no estreito corredor, nos olhamos e em poucos segundos ele voltou para o interior da sala e parou perto de mim. Visto bem de perto, era um cara interessante, sem dúvida. Seu peito, duas bolas douradas e macias. Nariz arrebitado, boca bonita, mas... É terrível escrever isto, mas eu senti um cheiro muito desagradável. Tinha passado perto do Rio Pinheiros naquela tarde. Sempre me impressiona o cheiro do Pinheiros. Pra quem não conhece, é um rio importantíssimo na cidade de São Paulo que há décadas recebe poluentes de todo tipo. O cheiro é insuportável, parece uma mistura de excrementos com thinner. Eu até teria uma definição mais precisa, mas fiquemos com esta, menos grotesca. Pois não sei se o cheiro ainda estava na minha cabeça, mas a verdade é que senti o mesmo cheiro, idêntico. Tinha fortes suspeitas de que vinha do bonitão. Fiquei atônito. O que fazer? O cara bem acima da média dando mole pra mim, numa sauna minguada, só com gente feia, perto do horário de fechar... como dispensar?! Em contrapartida, como lidar com a situação? Confirmei que era sua bonita boca que exalava o mau cheiro. Estávamos perto da porta e entrou um outro cara. Aproveitei a deixa e saí, abandonei o barco.

   Dei mais uma volta pela sauna toda, que desespero! Só gente horrorosa: raquíticos esquisitos, gordos sem expressão, tiozões relaxados, ninguém que me despertasse um mínimo interesse sexual. O careca que eu já conhecia de vista tinha uma cara de doido quando me olhava. Não tenho nada contra cara de doido, em alguns caras cai bem. Nele, definitivamente, não.

   -E aí, beleza?

   -Tudo bom? - saí de fininho.

   Subi de novo pro andar claro, tudo vazio. Sentei sozinho na sala de vídeo e tentei me concentrar numa cena S&M. Sempre me parece meio ridículo, meio patético: um barbudo vestido de couro dava choque no pinto de outro barbudo semi-vestido de couro. Caras&bocas.

   O gostosão gaúcho estava na porta, pegando no pau e olhando pra mim - vi com o canto dos olhos. Como continuei olhando o vídeo, ele saiu. Voltou depois e bastou olhar em sua direção pra vir sentar do meu lado. Sentou bem junto e tirou o pau duro pra fora. De boca fechada ele era um gostoso. Nos tocamos. Pau macio, todo depilado. Saco grande, pele fininha, bolas graúdas. Eu estava com vontade de chupar seu pau, mas só de entreabrir a boca pra sorrir, o cheiro reapareceu. Senti com o dedo uma bolinha na ponta do pau dele. Fiquei ainda mais encanado, mas continuei punhetando o gauchão. Olhava-me a um palmo de distancia, como se quisesse me beijar. Brinquei com as bolas e deslizei o dedo pro cuzinho. Apareceu outro cara e sentou do meu lado. Feioso, desengonçado, cara de bobo. Levantei. Quando desci, o baixinho enfezado passou por mim e me olhou diferente, parecia interessado agora. Sentei e esperei um pouco. Em alguns minutos ele voltou, já acompanhado pelo gaúcho. Olhava pra mim, como se me chamasse. Subiram juntos, o baixinho me olhava a cada volta na escada caracol. Fui atrás. Eles já tinham se enfiado numa cabine do banheiro, as duas toalhas penduradas na porta. Ficaram lá bastante tempo, uns 45 minutos. Eu tentava imaginar como o baixinho, que dava pra ver só de olhar pra ele que resplandecia limpeza, como ele aguentava aquele cheiro por esse tempo todo. Fiquei muito irritado. Naqueles 45 minutos eu rodei a sauna, marchando de raiva por só ter homem feio naquela noite. Um moço magricelo chegou perto, passou a mão no meu peito. Pensei que se ele me chupasse, não seria má ideia. Mas não dava pra encarar. Tenho péssima impressão de segurar num corpo magrinho, fininho.

     -Ó, vou dar um rolê.

     -Beleza.

   Felizmente o careca já tinha ido embora. O japonês também. Dois caras interessantes apenas naquela noite. Os dois trancados num banheiro e eu ali, sozinho. Se fosse calcular melhor, um tinha um hálito insuportável e àquela hora ninguém mais chegaria ali, já ia fechar. Se depois dessa canseira o baixinho ficasse satisfeito e fosse embora, eu tava fodido. No mau sentido.

   Sentei numa mesinha e fiquei lendo jornal. Mesinha estratégica, de cara pra escada caracol por onde eles provavelmente desceriam. Primeiro veio o fortão gaúcho que fiz questão de ignorar. Demorou um pouco e o baixinho desceu também. Desceu escorrendo água do banho recente, e me lançou um olhar cheio de intenção. Dirigiu-se à área dos armários, lá na frente, e gelei pensando que pudesse estar indo embora também! Mas voltou, passou por mim, me encarando e entrou na salinha do saco de pancadas. Não era hora para orgulhos e brios. Abandonei os jornais desarrumados em cima da mesa e entrei logo em seguida. Ele estava parado no meio da saleta, me esperando. Ai, que imenso alívio saber que ele tinha o halito intacto mesmo depois de ficar quase uma hora beijando aquele boeiro. E que beijo bom! E que mãos!  Ele me segurava e era como se cem mãos me massageassem. Um toque que parecia intencional, consciente, talvez alguma técnica de massagem. Ele estava encharcado de água fresca e eu o lambia todo. Entrou um coroa barbudo e parou do nosso lado. Fomos lá pra cima, pro banheiro. Ele me chupou, nos beijamos muito. Eu o chupei também e lambi sua bunda. Minha língua entrava no cuzinho dele, macio, molhado, quente, doce. Agarrava meus cabelos e puxava minha cabeça contra a bundinha musculosa. Nunca perdia o contato com sua boca, que parecia me querer tragar. Excitava-se   enfiando a boca nas minhas axilas, abocanhava-as e depois ia afastando a boca, até que os ultimos pelos escapassem de entre seus lábios. Olhava pra mim, me convidando. Fui lamber minha própria axila junto dele. Me virou de costas e lambeu minha bunda também. Ele era safado, mas nunca vulgar, ou forçado - era guiado apenas pelos próprios instintos e desejo, e isso me excita. Seu olhar profundo e honesto, o toque seguro e carinhoso me deixavam muito à vontade. Perguntou se eu queria que ele pegasse camisinha e gel no armário. Eu disse que estava com a camisinha ali, mas ele achou que precisaria do gel. Saiu e deixou a porta do banheiro aberta. Sensação estranha de estar ali, sem roupa e de pau duro sem qualquer proteção. Resolvi sair um pouco e circular pela casa, aproveitando que não tinha mais ninguém naquele andar inteiro. Encostei na porta da sala de vídeo. Quando ele voltou, sugeri que fizéssemos ali mesmo, no sofá. Ele topou nas hora. Pus a camisinha e ele arcou o corpo sobre o braço do sofá, ficando com a bunda bem alta. Eu comi o cara ali, no meio da sala. Lá pelas tantas um cara que eu não tinha visto antes chegou perto e ficou do nosso lado, querendo entrar na dança. Eu, que já tinha perdido um pouco a sensibilidade no pau, perdi o tesão e parei, constrangido. O cara percebeu e saiu. Deitei no sofá e pedi pra ele deitar em cima de mim. Foi antes ao banheiro e pediu pra eu olhar suas coisas que estavam em cima de um banquinho (toalha, gel, camisinha). Voltou e retomamos os carinhos. Ele por cima de mim, me beijava inteiro. Ergueu minhas pernas e lambeu minha bunda. Massageou meus pés e depois o joelho esquerdo. Senti o que nunca imaginaria sentir na vida: tesão no joelho! Uma sensação totalmente nova pra mim, e muito intensa.

   -Quer dar pra mim?

   Eu ri.

   -Só estou perguntando, não se sinta pressionado - voz bonita, segura, reconfortante. Sotaque carregado.

   -Carioca?

   -Sou do interior do Rio, mas moro em Copacabana.

   Eu o olhava e me sentia à vontade. O pau dele era pequeno, não seria um grande esforço.

   -Voce tem mais camisinha aí?

   Ele pegou no banquinho, colocou e se lubrificou.

   -Vai com calma, tá? Não sei se vai rolar...

   Foi assim, com calma, e gostoso. Uns cinco minutos. Até que passou alguém e eu me contraí.

   -Está doendo?

   -Tá meio incômodo agora.

   Ele tirou. Nos beijamos mais, na mesma posição, eu deitado e ele por cima. Me masturbei passando o pau naquela bundinha. Gozei, na minha barriga. Ele também se masturbou e gozou em mim, quase juntos.

   -Se fodeu, ficou todo sujo.

   -Isso não é sujeira.

   -Quero ver voce limpar esses pelos agora.

   -Vamos tomar um banho?

   Saímos nus, despreocupadamente, com a tolha na mão. Peguei sabonete liquido na pia e fui para a ducha me lavar. Ele veio também e conversamos mais. Médico, 33 anos, chama Davi. Estava em SP para o feriado de 15 de novembro. Me contou que o fortão era Gaúcho e que entramos os três quase juntos na sauna. Descemos e ficamos conversando bastante, sobre medicina, a doença que ele estuda (de nome complicadíssimo que não guardei), filmes, teatro, a programação dele em SP nos dias subsequentes. Estava na minha hora e ele quis ir embora junto. Fomos conversando ainda até o metrô, pedi seu telefone e ficamos meio conversados de irmos à festa Gambiarra antes do feriado, na The Week. Mais tarde trocamos algumas mensagens mas não consegui revê-lo antes do retorno. Uma pena.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A História Não Se Lembra Dos Fracos


   Mais um feriado e decidi ir à For Friends, sonhando com uma tarde tão divertida como em 12/10/2011, também uma quarta feira. Cheguei por volta das 17:00h, tarde ensolarada de muito vento, rua deserta, típica de feriado. Um rapaz alto vinha na calçada oposta, a da sauna. Eu atravessei a rua para entrar, ele me viu, abaixou a cabeça e passou reto. Quando percebeu que eu entrei na sauna, voltou e entrou também. Já tive esse tipo de paranoia, todo mundo já teve. Fiquei com peninha dele... e uma pontinha de raiva. O recepcionista habitual não estava. Em seu lugar, uma mulher.

   Enquanto me despia, um cara parou perto; um olho na TV, outro em mim. Enquanto tomava meu banho ele estava lá também, me encarando. Era gostoso, corpo ótimo, mas não gostei muito do jeito dele, não interessou. A casa estava bem animada, com muita gente feia e o público tradicional da casa, de senhores. De bonitos mesmo, só lembro de ter visto cinco, e devem ter passado pela casa uns duzentos caras enquanto estive lá. Mas claro que não estou contabilizando os não bonitos, porém satisfatórios (o que seria do mundo sem estes?!).

   O primeiro bonitão que chegou era aquele tipo cheio de não-me-toques. Tenho quase certeza de que ele não ficou com ninguém. Grandão, olho azul, cara bonita. Sei que conheço, mas não lembro de onde. Sou ótimo fisionomista mas às vezes não consigo fazer a conexão da fisionomia com um lugar ou fato. Até faço, mas demoro, chego a demorar meses pra saber quem é. O cara chegou e entrou direto no banho, que durou uns quarenta minutos, sem exagero. Corpo bom, um pouco acima do peso. Ficou sentado na sala principal por bastante tempo e mais tarde vendo vídeo pornô na sala escura, em pé, totalmente isolado. Ele me olhava bastante. Leva um tremendo jeito de babaca, mas fisicamente me atrai. Acho que não tenho mais paciência pra ficar paparicando por muito tempo um indeciso só por ser bonitinho.

   Resolvi esperar... quem sabe depois das 18:00h? Realmente melhorou um pouco, mas continuava bem fraquinho de caras bonitos. Tinha um, de beleza vulgar, cabeça raspada (gosto), tatuado (dependendo do cara, gosto - como no caso) e um puta corpão (quem não gosta?). Eu é que não o agradei, pelo visto... Mais tarde o vi entrar num banheiro com um coroa bem alto, pele queimada como um pimentão e feio pra caralho. Acho válido... Vamos apelar também?!

   Lá no escuro (onde, desde que comecei a escrever isto, percebi que tenho muito mais facilidade pra me aproximar dos caras) tive dois encontros rápidos e não exatamente memoráveis. O primeiro foi um garoto. Devia ser bem novo, mas muito alto, um corpo que voce via que não exige nenhum grande esforço pra ser bonito. E era. Pés lindos, mãos lindas, cabelo lindo, pele linda. Mas o carinha não era lindo. O rosto tinha alguma proporção errada que danava com tudo. Todos os traços bons, mas não funcionavam muito bem em conjunto. Não era lindo, mas parecia ser gente boa, meninão. E o combo (altura-corpo-jeito-cara-pau) era bem interessante. Sim, eu já o tinha visto tomar banho e ele tinha um pau hipnotizante.

   Subi para o escurinho (horário de verão, ainda bem claro) e ele estava lá, ficou rodeando e parou próximo de mim. Nos olhamos por um tempo e ficou claro para ambos que estávamos a fim. Por que a maioria dos caras fica, como antigas donzelas, esperando sempre que eu tome a iniciativa? É difícil tomar um toco pra todo mundo, imagino. E sei que, pra quem não me conhece, tenho a cara séria, fechada. Mas mesmo quando estão dois homens seminus, numa sauna gay, olhos nos olhos, há um metro de distância um do outro no confortável escurinho, ambos em estado de visível ereção (propositalmente denunciada e estimulada pelo movimento de suas respectivas mãos)... tudo isso parece insuficiente para que a grande maioria ouse se aproximar. Se não é receio, é capricho. Sei que tem uns travados que querem apenas isso: ficar se estimulando há uma distância segura, sem toque, sem troca de fluidos. Mas é minoria absoluta. Eu tinha um professor que sempre dizia: "A História não se lembra dos fracos": dei dois passos e sentei no sofá diante do qual ele estava parado, minha perna roçava a  dele. Sentou do meu lado imediatamente e nos beijamos. Estava todo cheiroso e tinha um toque delicado, o beijo suave, quase inocente. Em oposição a essa delicadeza e à carinha de menino, aquele pauzão. Duro era bem maior do que eu imaginava; macio e tão grosso que minha mão não fechava em seu redor. Quis chupá-lo ali mesmo. Pele levemente adocicada. Queria ver tudo melhor, no claro, e o chamei pra descer comigo. Meu objetivo era alcançar o banheiro iluminado mas parei ali embaixo pra não esfriar a coisa toda. Encostei numa grade e nos beijamos. Ele parecia excitado, pau duro, mas acho que nos estendemos demais ali, eu estava começando a ficar entediado. De repente ele bateu meu corpo contra a grade, não com muita força. Eu não entendi. A grade vibrava e meu corpo também, uma sensação estranha, como quando uma bateria de escola de samba se aproxima. Ele não tinha muita expressão facial e eu não saquei a proposta (se é que havia alguma). Do nada despediu-se com um tapinha no meu peito e um olhar enigmático. Simples assim. Seria tão divertido ter um vídeo da nossa própria cara nesses momentos!

   Teve um outro cara com quem fiquei rapidamente ali no escuro, fazendo hora até que alguém realmente interessante aparecesse. Era um coroa bem conservado, alto, bronzeado, um pouco calvo atrás, grisalho, corpo forte, peitos bem desenvolvidos, com alguns pelos. O rosto até era interessante, mas de perfil faltava-lhe queixo - o que é uma grande falta num homem. Não é o tipo que geralmente me atrai. Nos cruzamos várias vezes e ele tentava chamar minha atenção com olhares e esbarrões. Até que o deixei chegar lá no escuro. Mas era ativo também, e sem negociação. Trocamos sexo oral, nos beijamos. Era um cara muito carinhoso, ficou me elogiando o tempo todo. Foi simpático mas uma hora tive de sair. Aproveitei que a sala onde estávamos começou a encher de gente e disse que ia dar uma volta. É meio constrangedor sair assim. Provavelmente foi o mesmo que o garoto pintudo havia feito comigo.

   Fui andar mais um pouco e tive uma surpresa boa quando passei pelo vestiário: despia-se um dos caras com quem fiquei no último feriado. No outro dia nós ficamos rapidamente no escuro, depois de longa e muda negociação. Ele não estava, então, muito bem asseado mas encarei bravamente. Um garoto lindo e cheio de atitude. Desta vez pareceu-me ainda mais bonito e fiquei torcendo pra ele tomar um banhinho... Mas passou direto pelos chuveiros e foi pro escuro. Fui atrás, já mais seguro que no primeiro encontro: olhou pra mim mais que dois segundos, já cheguei perto. Ótimo constatar que estava com cheiro de banho. Custou muito a escurecer naquele dia, já devia ser perto das 20:00h e tinha luz ainda entrando pelas venezianas. Parou perto da porta, no mesmo lugar em que "empacou" da outra vez. Mal cheguei perto, nos atracamos com volúpia. Aturdido, eu segurava seu rosto entre as mãos: puta que o pariu, que coisa linda! Arrastei pro outro canto e sentamos num sofazinho. Dependendo de como a luz batia em seu rosto, era inacreditável de se olhar: O desenho da boca, a forma como nasce a barba, como o cabelo se ajeita, como me olha nos olhos sem um traço de inibição. O sorriso é bonito mas um pouco antipático. Ele é um pouco antipático. Senti, depois, conversando um pouco, que essa antipatia pode ser uma forma de defesa. Gosto de me enganar, então estamos combinados que era defesa. Ele pegava no meu pau com vontade, mas não chupava. Usava uma corrente fininha no pescoço, com um pingente (depois, no claro, vi que era uma estrela de Davi). Não sei porque eu punha a corrente e o pingente na boca enquanto o beijava, e menos ainda sei o por quê disso me dar tamanho tesão. Pegava na minha bunda e tentava enfiar o dedo, de forma meio grosseira. Ou eu que não gosto. Pra ser sincero, prefiro até um pau que um dedo. Acho incômodo demais.

   -Quero comer esse cuzão delicioso, sussurrou.

   Fiquei chocado! Como assim "cuzão delicioso"??? Sem noção pra caralho, hein?! Falei que não gostava de dar, e ele disse que também não. Mas continuamos ali. O nome e dele é Luiz. Descemos, eu na frente, ele atrás. É um percurso longo até o banheiro, talvez uns 70 metros. Detesto gente andando comigo que vai na frente ou fica pra trás. Eu diminuía o passo pra ele me alcançar, ele também diminuía; se parava pra ele vir pro meu lado, ele parava também e esperava, olhando pra mim. Não entendi, mas continuei liderando a caminhada. Chegando perto do banheiro, entrei na ducha sem avisar, e ele passou reto. Em poucos minutos fui encontrá-lo olhando num espelho. Beijei a sua nuca, escolhi uma cabine. Agora prefiro esse banheiro com cabines maiores e luz azulada. Foi um prazer estar com ele ali, poder olhar toda sua delícia no claro. A única coisa que me desagradou foi que ele tinha a sola dos pés ásperas. Eu adoro pés bonitos, ele tem pés lindos, mas essa textura é bem desagradável. Não me chupava e isso me incomoda, me deixa inseguro. Era o tempo todo querendo minha bunda. Consenti que ficasse com o pau ali. Ele estava certo de que ia me comer, e eu incerto como sempre. Seu pau é grandinho mas não é grosso. Pedi pra vê-lo de costas e ele se negou.

   -Como assim?!, Perguntei indignado e rindo da sua insegurança besta. Repetiu que não, simplesmente não ia me deixar sequer ver sua bundinha.

   -Que porra é essa? Deixa de bobagem, pô...

   Só depois de muita insistência ele virou. Todo lindo, bundinha pequena, redondinha, poucos pelos clarinhos, cintura estreita, costas largas. Ele é magro mas todo gostosinho, músculos no ponto e ótimas proporções. Agachei e mordi a bundinha, fui mordendo a lombar e subi até a nuca. Passei meu pau no rego e ele se virou. Voltou a brincar com o pau na minha bunda e eu dei uma camisinha pra ele. Acho que nem estava pensando em tentar, foi mais por segurança. Ele a vestiu, lubrificou com saliva e foi pondo devagar. Rolou. Já disse aqui que é muito raro, tipo uma vez por ano acontece. Este ano foi o segundo e acho que não dá tempo do terceiro. Não foi difícil, mas quando ele punha até o fim, era muito incômodo, doía, pedia pra esperar. Só lá pro final da transa que me acostumei.

   -Vou gozar...

   -Vem, goza...

   Pedi pra ele esperar, queria gozar com ele dentro. Já que é tão raro, vamos aproveitar até o fim que o pior já passou! Ficamos nos olhando de um jeito estranho depois, falei alguma coisa pra descontrair, mas ele parecia numa espécie de transe, calado, esquisito. Tomamos nossos banhos separados.

   Vi um cara que eu já conhecia, um loiro que tem um corpo fabuloso, Bruno, dono de um restaurante na Consolação. Outro conhecido também tinha chegado, homem belíssimo que estava sempre na 269, mas que nunca notou a minha existência. Este estava bastante envelhecido (fazia uns 3 anos que não o via), mas continuava muito bonito. Fiquei sentado na sala principal, a do jardim, vendo o movimento, e o Luiz voltou e sentou numa mesinha próxima:

   -E aí, sr. Yuri.

   Sorri. Acho que eu ficava com cara de bobo toda vez que ele se aproximava, tamanha a impressão que me causa sua figura. Perguntei sua idade e ele mostrou dois dedos com a mão esquerda e três com a direita.

   -Como?!

   Ele cruzou as mãos e então li "23"

   Ele perguntou a minha, 37.

   -Nossa, não parece nunca!, exagerou.

   Olhava de um modo estranho, algo entre curioso, desconfiado e insinuante. E eu não conseguia desgrudar os olhos dele.

   Levantei e me dirigi para uma sala mais íntima ao lado de onde estávamos e o chamei. Ele demorou um pouco e veio sentar do meu lado no sofá de couro branco. Veio com um ar de má vontade. Conversamos sobre a sauna (ele vai em média duas vezes por semana, e em quase todos os feriados - já é conhecido pelos funcionários pelo nome), lembramos da 269, baladas que frequentamos, onde moramos, trabalhamos etc. Comentei do nosso encontro no último feriado e ele pareceu sinceramente surpreso ao dizer que não lembrava de nada. Comentamos sobre o movimento e eu disse que tinha visto dois caras bonitos entrar.

   Gosto de pegar, fazer carinho. Passava a mão nos seus cabelos e ele parecia incomodado.

   -Não gosta que desarrume o cabelo?

   -Não! - respondeu como se fosse a pergunta mais imbecil do mundo.

   -Não dá pra você ficar feio, você é ma-ra-vi-lho-so!

   -Eu não acho.

   -Ah, vá! E olha que sou chato pra caralho.

   -Devia ter avisado antes... Eu ficava longe.

   Quis ir pro escuro comigo, "fazer a cega", disse, brincando de tatear. Eu fui. Iria pra onde ele quisesse. Já estava completamente escuro lá em cima e muito cheio. Embrenhou-se numa das salas entre homens invisíveis. Tentei ir junto, mas a sensação de contato com corpos úmidos e ansiosos que não posso identificar é absolutamente insuportável para mim. Me deu uma raiva dele! Lembro até agora de seu vulto desaparecendo no escuro. Andei um pouco por onde tinha um pouco de luz e voltei para procurá-lo. Nos encontramos e conversamos um pouco. Queria que eu me enfiasse lá com ele. Enganchei dois dedos na toalha presa na sua cintura e fui a reboque. Em um minuto ele encostou com outro cara numa parede e me afastei. Fiquei incomodado. Talvez ele esperasse que eu fosse ficar com eles, mas eu o queria só pra mim. Sou desses, possessivo com desconhecidos.

   Desci. Na ala mais escura da casa tem duas pequenas celas, uma do lado da outra (eram dois lavabos antigamente). Não têm porta, só duas cortinas de correntes plásticas pretas. Notei uma movimentação atraente na cela da esquerda e entrei na da direita, que estava vazia. São celas realmente pequenas, de aproximadamente 1 m², separadas apenas por uma espaçada grade de ferro. É escuro mas na cela direita tem uma abertura circular bem no alto, que joga, principalmente para a cela esquerda, uma luz lilás, oblíqua e difusa. Esta luz atravessava a grade e a imprimia num corpo. Um homem muito alto - aquele cara lindo que eu costumava ver na 269 e que parecia muito mais velho agora - de pé, sua toalha pendurada num canto da grade que nos separava e um garoto ajoelhado o chupava. Este outro eu já tinha visto, e não era de todo mau. Pela expressão, via-se que o grandão estava muito excitado e que o moleque estava mandando muito bem. Perceberam minha presença, claro, mas em nenhum momento olharam para mim. Fiquei ali, na minha, sem querer atrapalhar e absorto naquele quadro, tão perto, a dois palmos de distância. Não sei calcular a idade desse cara, mas ele tem um corpo de atleta, bem trabalhado, aproximadamente 1,90 m, sempre bronzeado, cabelo bem curto, grisalho. Rosto muito interessante, de traços duros e certos como os dos personagens de quadrinhos de antigamente; um homem que até transparece uma elegância natural. Nunca tinha visto o pau dele e era bonito, grande, com a base mais grossa e uma certa inclinação para cima. Respiração ofegante de ambos. Sentia-se em volta deles uma grande energia concentrada, que beirava o desespero. Pensei em abaixar pra olhar o cara chupando de perto mas fiquei com medo de ser inconveniente e cortar o clima entre eles. Também dava uma vontade quase irresistível de estender a mão pela grade e tocá-lo.

   Quando dei por mim, já tinha mais alguém na minha cela. Já havíamos nos esbarrado e ele tinha passado a mão em mim quando nos esbarramos numa escadaria. Corpo bonito mas o rosto não me atraía muito. Alisei seu peito, o abdome: era um homem relativamente pequeno mas tinha músculos saltados, arredondados, sob fina camada de pele, com pelos bonitos, bem posicionados. Pegou no meu pau e me masturbou, sem muita habilidade.

   O coroa do lado estava para gozar e preocupado se o garoto aceitaria que ele gozasse na boca. Abaixou e conversou com ele, que continuava chupando sem parar. Vieram as contrações, todo seu corpo tenso, suando. Gozou e o garoto engoliu tudo. E continuou chupando até ele próprio gozar. O grandalhão o ergueu delicadamente e partiram juntos.

   Quando retornei ao claro dei de cara com o Luiz, recostado no corredor. Conversamos um pouco. Eu já estava me preparando pra ir embora.

   -Vai embora direto ou vai comer alguma coisa antes? - perguntou.

   -Vou embora... você vai comer onde?

   -Na Bela Paulista, onde viado come.

   -Ah não, não vou até lá agora.

   -hum...

   Beijei sua boca acintosa, vermelha, quente. Entramos aos beijos na saleta do saco de pancada. Ele estendeu sua toalha numa espécie de maca de massagista que tem lá, e sentou-se completamente nu. Eu ficava deslumbrado com sua imagem - e ainda agora, escrevendo, meu pau fica duro só de lembrar. Enfiava minha língua na sua garganta, deslizava minhas mãos pelo seu corpo todo e voltava a me afastar um pouco para admira-lo. Deitou na maca e olhava pra mim, intimando. Pus meu pau do lado do rosto dele, que não tinha me chupado ainda nenhuma vez. Segurou e olhou meu pau com atenção, expressão séria. Eu estava para explodir. Passei meu pau pelo seu rosto todo, contornando seus traços com a cabecinha. Deslizou o indicador pela ponta do meu pau e verificou o óbvio - estava melado. Fez carinha de nojo. Eu caí na risada:

   -Nossa, que moleque chato!

   Finalmente me chupou. Chupou! Foi uma realização! Também subi na maca, em posição de 69. Logo entraram na sala dois caras, dois gordos, e foram para o outro canto, oposto ao nosso. Fiquei intimidado e levantei. O Luiz se sentou e ficou olhando fixamente pros dois, numa dessas expressões indecifráveis:

   -Deixa eu te comer de novo?, falava comigo sem me olhar.

   -Nem fodendo!

   -Quero te comer assim, ó..., indicou os gordos.

   Eles estavam transando mesmo, um de quatro e o outro atrás, como se estivessem sozinhos, em casa. O moleque continuava com aquela expressão indefinida.

   -Deixa eu comer esse cuzão delicioso de novo!, ordenou.

   -Não, caralho!

   Eu disse que tinha de ir embora. Ele mudou o humor completamente.

   -Você é feio! - disse com muxoxo.

   Saímos da sala, ele de costas, sem me olhar. Parou num canto de frente pra um espelho grande. Fui até ele, o abracei pelas costas e me despedi com um beijo no rosto.

   -Vai continuar ai?

   -Lógico.

   -Está animado, hein!

   -Sempre.

   Estava bem vazia a sauna já. Sentia-me contagiado por ele na saída. Queria que tivesse vindo comigo, ou ter pedido um telefone, e-mail, algum contato. "A História não se lembra dos fracos."