terça-feira, 20 de março de 2012

Três Bocas, Seis Mãos


   Eu já estava no dark da For Friends, nem tão dark assim às 16h. Reparei que o único cara interessante àquela hora na casa estava por ali, tentando se fazer notar e me atrair para a salinha do fundo. Minutos antes, tínhamos nos sentado frente a frente, sozinhos na sala de vídeo próxima aos banheiros. Ele se masturbava, sacudia o pau pro meu lado, sem jamais estabelecer contato visual. Agora, na penumbra, parecia bem mais mais à vontade e o segui à sala a que se dirigia. Há uma cama turca enterrada atrás duma parede, banhada da luz leve e duma pequena veneziana de alumínio. Sentamos lado a lado, os corpos colados.

   -E aí..., balbuciou.

   Seu rosto me parecia outro agora, repulsivo, uma cara de pinguço que me fez pensar em abandoná-lo. Mas era um corpo tão extraordinário que esperei mais um pouco (podia ser - e era - uma distorção da pouca luz do ambiente). Depois soube que seu nome é Diego (não perguntei sua idade, mas certamente pouco mais de vinte anos), moreno claro, aproximadamente 1,80m, corpo depilado de perfeito equilíbrio, musculoso na medida certa: costas largas, quadris estreitos, bunda redondinha, máscula. Um corpo sólido, feito de músculos arredondados sob a pele fina. Tatuagens interessantes, sobretudo uma grande no quadril esquerdo, com listras horizontais (talvez um recorte de uma bandeira - não me atentei ao motivo em si). Cheirava bem, suave, adocicado como leite fervido. Transbordava juventude e masculinidade.

   Toquei seu peito, os pequenos mamilos castanhos eriçados. Abriu uma fresta na toalha e masturbava o pau flácido, que me pareceu, por alguns instantes, tão insignificante. Cheguei a pensar que fosse um outro cara, mas em segundos inflou-se, e agora me surpreendia por ser bem maior e mais bonito do que tinha me parecido antes, na sala de vídeo. Masturbava-se empurrando o pau para baixo, apontando para os próprios joelhos. As veias corriam grossas por seus braços viris, chegando ao dorso das mãos. Bonitas mãos de dedos largos e movimentos instigantes; acarinhavam, protegida pela pele clara e elástica do prepúcio, a glande avermelhada e lustrosa. Os pelos púbicos cortados rente, faziam um sombreado de desenho atordoante. Segurei firme. Ele verificou que não tinha ninguém se aproximando e, só então, segurou o meu também. Eu me sentia hipnotizado, precisava dele, do corpo, do pau. Nos beijamos e ele forçou minha cabeça pra baixo. Nada menos cortês! Apareceu gente pra espiar e ele saiu.

   Quando desci, reparei em dois outros caras: um mais aloirado, alto, rosto muito bonito, cheinho de corpo mas bem gostoso; o outro era garoto, estatura mediana, magro mas com tudo no lugar certinho; uma cara linda também. O primeiro me ignorou até que eu enjoasse de segui-lo. Andava com um celular, apesar de ser proibido dentro de qualquer estabelecimento desse tipo. Já garotinho fazia a linha sonso: como se não soubesse onde estava, nem porque - como se estivesse ali por acaso. Entrou na sauna do andar superior e fui atrás. Sentou ao lado de um gorducho e eu ao seu lado. Mas o vapor saía bem de onde encostei a perna e não suportei ficar ali por muito tempo, estava me queimando. Da outra vez em que o encontrei na sauna, sentei bem ao seu lado e ele fingia que não me via, olhava pro teto, brincando com o próprio pau. Quando toquei seu peito, fingiu um susto. Assim fica puxado! Mas achei que valia a pena encarar toda essa dissimulação. O chamei pro banheiro e ele veio. Era muito bonito, lembra muito um dos professores da minha academia. Chama Victor, 26 anos (aparenta 20). O pau era fino e não muito grande, na bunda tinha gosto de lubrificante. Não beijava e não queria conversar - quase não fazia nada, comportamento que só confirmava a impressão inicial que tive, seu jeitinho de menino mimado, metidinho, autocentrado. Um intrometido sem noção pendurou-se na cabine contígua para nos espiar. Apareceu sua cabeça lá em cima e eu pedi que nos deixasse em paz. Claro que isso cortou o clima. Clima que poderia ter se estabelecido, supostamente - porque não havia quase nada.

   -Vou tomar uma ducha.

   Depois disso, Victor me cumprimentava efusivamente toda vez em que nos cruzassemos. Logo foi embora.  Voltei ao dark e o moreno Diego estava na mesma sala em que estivemos juntos, agora com o loiro bonito do celular. Este estava de quatro na cama e o Diego por trás, de pé, batia na sua bunda com o pau e a palma da mão. Quando apareci, ele parou tudo e ficou olhando pra mim. Eu não sabia se o incomodava, ou se ele queria que me juntasse a eles. Nos olhavamos nos olhos, mas a pouca luz me impedia de discernir sua expressão. Seu corpo me impressionava muito ainda. O loiro continuava impassível, esperava com a bunda redonda pra cima. Entrou atrás de mim um velho esquisito, bem bagaceiro, e foi pra perto deles. O Diego simplesmente abandonou o cara naquela posição e se mandou com sua toalha na mão. Eu desci também e fui para a sauna seca. Estava vazia. Mal sentei no tablado, o Diego entrou e sentou bem perto de mim, um degrau acima. Masturbava-se e tocou meu rosto com delicadeza. Talvez tenha entendido que forçando não ia rolar. Senti na boca seu pau macio. Lembro que tentei levantar suas pernas pra lamber o cuzinho dele, mas não deixou. Ali, sob uma luz bem mais clara, era bonito seu rosto de garoto. Tudo nele me despertava desejo. Levantou-se e foi até a porta verificar se tinha alguém do lado de fora. Voltou, abaixou e me chupou.

   -Cara, vamos subir pro banheiro? - sugeri.

   -Vamos lá.

   Eu sabia que ele não ia me dar, tão pouco eu pensava em dar pra ele, mas ali no reservado, deixou que eu lambesse sua bunda todinha, e me chupou o pau com propriedade. Seu beijo era delicioso.

   Eu estava agachado:

   -Assim eu gozo...

   -Quer gozar?

   -Vem aqui - disse, me erguendo - Olha pra mim, que eu já to gozando.

   Olhei pro seu pau, esperando a ejaculação, mas ele puxou meu queixo, queria que eu olhasse sua expressão:

   -Olha pra mim, to gozando.

   Não vi nada de especial em sua face, mas achei lindo aquilo de ele querer compartilhar o seu prazer, seu gozo. E ele gozou bastante.

   Fui pegar um sabonete pra tomar outro banho e percebi que o cara do armário ao lado do meu tinha um comportamento estranho. Cheguei a voltar pra verificar se tinha trancado a fechadura. Passando pelo banheiro da piscina, outro cara me interessou. Rosto conhecido, não lembrava de onde. Bem alto (1,96m), magro, ombros e costas largos, loiro escuro, rosto marcante, muito bonito. Voltando ao dark, o encontrei. Ele estava sozinho numa das salas e eu parei no batente da porta. Fez que ia passar lentamente, olhando pra mim. Parou ali, no outro batente, colado a mim, o largo peitoral me enchia os olhos. Nos tocamos e houve o beijo. Bom pra caralho. Ele me chamou pro banheiro. No caminho, lembrei que já havíamos ficado, ali mesmo na FF, alguns meses atrás. Nosso primeiro encontro tinha sido muito bom. Pelo menos até a penetração, quando houve um "acidente". Digamos que ele não tinha feito o "dever de casa", não tinha se preparado pra ser penetrado. Eu não lido nada bem com esse tipo de situação. Mas claro que devia ter sido realmente um acidente e isso não se repetiria. Ou não?

   Além de ser um homem muito bonito e charmoso, tem um pau fantástico e gosta de sacanagem. Seu nome é Fernando, 43 anos, chef de cozinha e professor universitário. Trocamos sexo oral e eu quis meter. Eu estava ansioso. Estávamos em pé e ele é muito mais alto que eu. A posição em que ficava pra que eu pudesse come-lo, forçava seus quadríceps e ele tinha de levantar algumas vezes para descansar. Só relaxei depois que ele gozou. Perguntei se podia continuar até gozar e ele assentiu. Relaxado, agora eu podia curtir aqueles momentos e minha excitação só crescia. Massageava suas costas largas e musculosas, a cintura, a nuca. Puxava sua cabeça pro lado e beijava sua boca. Pude, então, desfrutar inteiramente da sua companhia, da sua beleza. E gozei loucamente. Precavido, tirei a camisinha e joguei sem olhar, sem respirar... fomos tomar um banho.

   Já era noite e apareceu um cara muito bonito na sauna. Jovem, boa altura, corpo inacreditavelmente perfeito, uma argola na orelha, cara bonitinha. Não me deu bola. Deitei numa espreguiçadeira da piscina e notei outro cara que passava por ali muitas vezes. Não exatamente bonito, um pouco fora de forma, um visual um pouco "desarrumado" demais, mas ainda assim me atraiu muito. Loiro, olhos bem verdes, usava óculos, estatura mediana, barba por fazer, pelos no tórax. Másculo, sério, quase carrancudo. Entrou na sala do saco de pancadas e eu fui lá. Andei em sua direção sem qualquer constrangimento e ao alcança-lo nos tocamos com simplicidade. Cheirava bem, hálito irrepreensível, pele macia. Há um tipo de maca de massagem nessa sala e eu me sentei nela. Ele me fez um dos melhores boquetes que já recebi na vida. Demorou-se, curtia meu cacete, fazia com tanto prazer que me senti lisonjeado.

   Um cara que me persegue todas as vezes que vou à sauna, parou perto, bem ao nosso lado, e alisou o peito do cara que me chupava. Olhava pra mim e eu o evitava. Saiu em seguida. O Fernando fez a mesma coisa, parou no mesmo lugar e pôs o pauzão pra fora. Eu o masturbei. Ele sugeriu que fôssemos os três para um quarto. Enquanto o Fernando pedia a chave na recepção, nós subimos. O carinha de óculos chama Alexandre, tem um sotaque que eu não distingui de onde e parecia um pouco tímido inicialmente. Nos beijamos no hall de distribuição dos quartos. Confessei que preferia ficar só com ele.

   Três homens nus num quarto estranho
   Três paus duros
   Três corpos úmidos e tensos
   Três bocas, seis mãos
   Três almas solitárias unidas por um desejo

   O clássico beijo triplo. Claro que o Alexandre era a novidade ali, e quem recebia a maior parte das nossas atenções. Fernando ajoelhou e chupou nosso paus. Reparei que o Alexandre tinha um pau bem grande e até mais grosso que o do Fernando. Era fascinante ver nossos paus juntos, engolidos por um homem tão bonito. A luz do quarto era bacana, criava um clima agradável e íntimo. Fernando ora engolia ambos os paus, ora chupava cada um isoladamente, com visível volúpia. Era delicado o beijo entre mim e o Alexandre, suave. Depois foi minha vez de chupar os dois ao mesmo tempo. Sentei na cama. Essa é um prática que me excita muito em fantasia ou num filme erótico, mas nas poucas vezes que me aconteceu realizar, não tinha curtido de verdade. Desta vez foi uma delícia! Os dois paus combinavam, eram lindos, grandes, cheirosos. Seus donos também eram atraentes, o clima era muito sedutor. Me dava tesão sentir o gosto de cada um, esfrega-los um no outro, abocanhar as duas cabeçonas ao mesmo tempo. Posso dizer que foi a realização de uma fantasia. E me refestelei. Subi na cama, em pé, e ofereci meu pau pra que eles chupassem juntos. Não sei dizer o que era melhor: a sensação de duas bocas me engolindo ou a visão de dois homens disputando meu pau. Eles se beijavam e chupavam meu pau com tesão e carinho.

   Deitei na cama. Simultaneamente, Fernando me beijava a boca e o Alexandre me chupava. Percebi que ele não chupou o Fernando nenhuma vez. Eles estavam muito excitados, e eu também. Agora o Alexandre estava comendo o Fernando que me beijava. Quis ver a penetração por trás: ângulo de filme pornô. É uma loucura olhar tão de perto e ao vivo um pau gigante dentro duma bunda, todos os sentidos se aguçam diante dum ato tão íntimo e pouco presenciado. Você ouve a fricção dos corpos, sente o calor, a textura das peles.

   -Safado, foi olhar por trás ele comendo meu cu!

   -É bonito, vocês são lindos...

   -Quero vocês dois dentro de mim agora, topa?

   -Deita lá, disse Alexandre.

   Eu deitei, pus a camisinha, lubrificante e o Alexandre continuava ordenando com surpreendente vigor:

   -Senta no pau dele.

   O Fernando sentou, virado de frente pra mim, deixando a bunda exposta pro Alexandre meter. Ficou muuuito apertado! Eram dois paus grossos dentro do cara, um deles, exageradamente grosso. O meu pau escapou depois de algum tempo e o Alexandre continuou fodendo, em cima de mim. Fernando urrava. Pararam tudo de repente:

   -Opa... deu um problema aqui (pausa) Ih, merda!

   As duas camisinhas foram removidas e jogadas longe. Eu continuei deitado como um imbecil, tentando disfarçar minha náusea. Não lido nada bem com essa situação. 

   A despeito do incidente, o Alexandre estava excitado ainda e achou que eu ia dar pra ele.

   -Ah, eu não curto, cara. E seu pau é muito grande. Você não gosta de dar?

   -Muito pouco.

   Ergueu minhas pernas e pôs o pau na minha bunda. Ficou tentando ,mas era impossível. Eu estava disposto a continuar na brincadeira, sabendo que nada aconteceria. Ele me olhava nos olhos bem de perto, com expressão séria (tinha tirado os óculos). Tentou meter e uma dor aguda e terrível me tomou.

    -Calma ae, cara!

   Afastei-o pelo abdome. Os três em suspense esperávamos a dor acalmar. Fernando assistia a tudo de perto, ajoelhado no chão ao lado da cama.
 
   -Põe a camisinha então, pedi.

   Ele pôs e o Fernando nos lubrificou. Chegou a entrar alguns milímetros, mas doía demais. Finalmente compreendeu que não ia rolar e gozou se masturbando com um dedo dentro de mim. Gozei também. Eu só pensava em tomar um banho e ir pra casa.

   -Tesão você comendo ele - disse Fernando com sorriso de garoto diante de um brinquedo novo.

   Descemos e nos trocamos. Fernando saiu primeiro, sem se despedir. Eu terminei de me vestir, peguei minhas coisas e dei um beijo na cabeça do Alexandre que, sentado num banco, calçava seus tênis. Na recepção minha conta estava R$80,00 mais cara. Alguém usou o número da minha chave para encher a cara de vodca no bar. Certeza de que foi o cara que estava rondando meu armário. O Alexandre me deu uma força pra convencer o cara da recepção de que não tinha sido eu. Ele ligou pro bar, deu um esporro no atendente e confiou na minha palavra com muita educação. Esperei um pouco o Alexandre acertar sua conta, mas estava demorando, e me despedi com uma piscada de olho. Garoava.

quinta-feira, 1 de março de 2012

"Cosas Feas"


   Eram 17h30min duma sexta-feira e havia caído uma chuva muito forte pouco antes de eu entrar na For Friends. Garoava ainda. O dia, de intenso calor e sol, terminava com o céu cor de chumbo e uma atmosfera esquisitíssima. Eu vinha cansado, carregando a bagagem para uma viagem de fim de semana e precisava relaxar. Não era animadora a primeira impressão que tive da frequência da sauna naquela noite, apesar de contar com aproximadamente cem homens.

   Felizmente essa impressão desfez-se em poucos minutos, quando passou por mim um garoto muito bonito. Era baixo, moreno, pêlos no peito, sem excesso de músculos, rosto lindo, barba por fazer, cabelo curto com uma franja de lado; um visual ao mesmo tempo masculino e suave. Passou por mim, reparou no meu interesse e desceu. Desci atrás mas ele parecia se esquivar. Esperei. Reafirmei meu interesse com olhares até ter certeza de que ele tinha entendido. Imaginei que estivesse entrando naquela hora também e queria ter uma ideia melhor das suas outras opções.

   É estranho como se identifica um estrangeiro instantaneamente. Pelo tipo físico, ele podia ser facilmente confundido com um brasileiro, mas sempre tem algo que mostra, ainda que inconscientemente, quem vem de outras terras. Mesmo num ambiente em que todos estão "vestidos" apenas com a mesma indefectível toalha branca. É o olhar, o andar; sutilezas assim. Infelizmente não tenho consciência alguma delas, não sei adjetiva-las e diferenciar objetivamente o andar brasileiro, o olhar estrangeiro; mas quase sempre acerto.

   Agora ele estava na saleta de vídeo do andar superior, perto dos banheiros. Então me sentei a sua frente. Na tela, a cena era altamente excitante, com três atores bem bonitões e realmente entregues. O rapaz parecia titubeante, olhava pra mim sem saber se devia ou como se aproximar. É apavorante pensar em quanto o ser humano tem um comportamento linear, repetitivo e padronizado: sempre que se está nessa situação, basta tirar o pau pra fora que o cara vem imediatamente sentar do seu lado.

   Tive de me acostumar (e demorou um tanto) com o seu hálito de jejum prolongado, mas de resto estava todo cheiroso e limpo. Chama Javier, espanhol, 26 anos, engenheiro, trabalhando em Itaipu há 5 meses. Muito simpático e charmoso, nosso contato foi muito agradável. Ficamos ali no sofá por mais de uma hora, nus, nos pegando sem preocupação com quem passava ou sentava ao nosso lado para olhar de perto e tentar interagir. O único que foi mais ousado sentou por trás de nós e ficou alisando a minha bunda. Percebi o quanto o Javier tinha se excitado com aquilo, e, apesar de me sentir um pouco aflito inicialmente, deixei rolar. Eu estava por cima do Javier, que abria minha bunda e o cara apalpava. Era um homem absolutamente comum, sem nenhum atrativo, mas não era feio. No começo, seu dedo no meu ânus incomodava, mesmo que ele não o tenha forçado para dentro (sensação que eu detesto quase sempre), mas quando ele puxava meu pau pra trás e me masturbava, era muito excitante, eu ficava a ponto de gozar. A cada vez que voltava ao ânus, vinha mais ansioso, usando cada vez mais os dedos. Nas vezes em que tentou de fato introduzir um dedo, eu o impedi, puxando sua mão. Ele sacou que podia continuar, mas só ali por fora. Eu também entendi que ele havia entendido, e relaxei. Tinha a sensação de que ele estava com três dedos, simulando um pênis que me roçava o ânus. Minha vontade era de que ele me lambesse a bunda. Seus três dedos não eram invasivos e depois de um tempo a sensação era extraordinária - acho que eu poderia gozar sem estímulo genital - e cheguei a desejar que ele fosse mais além. Alguns homens entraram na sala e foram se enfileirando na parede de frente pro sofá em que estávamos - o que cortou o clima, obviamente. O cara saiu e quando os outros vieram mais perto, chamei o Javier pro banheiro. Mas o clima já havia se perdido quase completamente entre nós. Fazia um calor terrível ali dentro e quase não aconteceu nada. O chamei pra uma ducha. Eu gostava da sua companhia mas queria dar uma volta, e ele não desgrudava. Ficamos ali no corredor do banheiro, nos beijando e conversando mais um pouco.

   Meu amigo Roger, que sempre encontro nas saunas da vida, passou por nós e me cumprimentou brevemente. E apareceu um carinha. Digo, "o" carinha. Desses em que eu ponho os olhos e fico perdido. Pele bem clara e com poucos pelos, 1,80m, corpo bem desenvolvido, farto, ombros largos. Tinha até um pouco de gordura em alguns pontos, o que o tornava ainda mais tentador. Rosto sério e delicado, de expressivos olhos escuros, queixo másculo, cabelos de comprimento médio. De perfil, o nariz era um pouco maior que a média, de dorso muito reto. Tinha um jeitinho petulante e parou na nossa frente, encostado na parede oposta. Mesmo eu estando acompanhado, não conseguia desgrudar os olhos dele. O Javier percebeu e olhou pra tás:

   -É lindo, não?, perguntou.

   Eu respondi com uma torção de boca, que queria dizer: "Porra, se é!!"

   O carinha entrou numa cabine do banheiro com um careca musculoso e saiu em menos de três minutos. Eu queria ir atrás dele, não sabia como sair dali. O Javier agora parecia estranho, eu não entendia o que ele queria. Não sabia se ele queria se livrar de mim ou se tinha percebido que eu queria me livrar dele.

   -Quer dar uma volta? - perguntei.

   -Você quer?

   -Vamos... Vou olhar meu celular lá no armário.

   -Mas você não vai querer ficar mais comigo?

   -Vamos, depois...

   (Ele falava em espanhol, ou "portunhol" mas não sei transcrever as falas por não dominar o idioma)

   Eu estava quase arrependido da proposta, ele parecia desapontado. Nos separamos assim. Por outro lado, foi um alívio, eu só pensava em procurar o outro carinha que tinha aparecido. Vi que ele entrou na sauna lá de baixo e fui atrás. Encontrei-o sentado na segunda sala. Joguei minha toalha na bancada e fui me refrescar na ducha, bem ao seu lado. Tinha pouca gente ali dentro. Sentei próximo dele sobre minha toalha e nos olhamos. Meu pau ficou duro e ele reparou. Sorriu e sentei mais perto, bem ao seu lado. Ele segurou meu pau e tirou o dele pra fora, pela fresta da toalha. Era pequeno e não estava ereto. Eu beijava sua nuca e alisava seu peito, a barriga. Minha ansiedade era crescente, e me sentia inseguro, sem saber como lidar com ele ainda. Pensei em beijar sua boca. Foi quando ele levantou e saiu, com um tapinha seco em minha coxa.

   Não é agradável a sensação de ser desprezado assim. Alguns minutos depois, passei pelo bar e ele estava bebendo alguma coisa numa mesinha próxima do corredor. Olhou pra mim com um sorriso cúmplice. Fui apenas educado, passei por ele e cumprimentei. "Caralho, que homem bonito!", pensei ainda. Nos cruzamos algumas vezes, ele me olhava sempre com o mesmo sorriso, cujo significado eu desconhecia. Mais tarde ele estava sentado numa poltrona da grande sala de vídeo, com uma lata na mão, chupando o canudinho. Eu estava apenas de passagem e nem quis retribuir seus olhares e o mesmo sorriso enigmático (agora com um canudo entre os lábios). Depois disso ele virou o rosto pra mim todas as vezes em que nos encontramos. Sentei pra conversar com o Roger na sala principal. O belo veio sentar na outra mesa, e falávamos sobre ele. O Roger tinha visto a gente se pegando na sauna e contei como terminou. Todo cara que eu acho gato, ele faz questão de apontar milhões de defeitos, muitas vezes inventados. Dizia deste que era afeminadíssimo e nem tão bonito quanto eu afirmava. Que eu o achava lindo apenas por ele ter me desprezado. Referia-se a ele como "o seu muso". Depois mudou de tática, começou a dizer que eu estava abatido, que tinha emagrecido, que devia ser por isso que levei o toco. Não faltou o momento "recordar é viver": ficou lembrando das vezes em que ficamos, que foi muito bom, e blablablá, blablablá. Perguntou do Javier e chegou a sugerir que ficássemos com ele.

   Fui circular e reencontrei o Javier, conversamos mais um pouco.

   -O que esteve fazendo por aí?, perguntou.

   -Nada... nada mesmo. E você?

   -Cosas feas.

   Eu ri do jeito dele. Beijei seus lábios e ele me olhou como quem dissesse: "Agora perdeu, mané". Não disse isso, nem nada parecido, mas sua respiração e olhar tinham essa intenção. Estava esquisito o clima entre nós, o que era uma pena. Culpa minha, da minha instabilidade, da minha imensa dificuldade de estabelecer mínimos laços. Divido a culpa com aquele demoniozinho delicioso que apareceu e me enfeitiçou. Perguntei se tinha perfil no Facebook. Me disse seu nome completo, de sobrenome pomposo, contou como era sua foto do perfil, diante de um mapa da América do Sul. Entrou na sauna.

   Apareceu um outro garoto interessante, altão, rosto bem bonito, cabelos cacheados. Me desprezou solenemente: perseguia o mesmo bonitão que me tinha virado a cabeça. Este já estava vestido e circulava pela área dos armários. O garoto alto ia atrás, feito bobo, de pau duro (imenso) sob a toalha. O outro se fazia de desentendido, mas continuava por ali, ensebando, fingindo que secava os cabelos, que procurava alguma coisa... nunca entendi muito esse tipo de personalidade - ou de desvio de personalidade. Quem tem atrativos (físicos ou quaisquer outros) e se vale deles, não para desfrutar da companhia dos atraídos, mas para mantê-los a distância, numa posição diminuída, suplicante, apreensiva.  Não há beleza que não se apequene diante desse tipo de manipulação doente.

   Eu não tinha gozado nenhuma vez e me recusei à derrota de me masturbar sozinho no banheiro antes de ir embora. O Javier estava parado perto do vestiário, parecia desanimado olhando a televisão. Fui conversar com ele mais um pouco. Ele tem um nariz absolutamente perfeito, me lembrou muito o do modelo Bernardo Velasco. De rosto, ele parece muito com esse modelo. Apertei a ponta do seu nariz, disse o quanto o achava lindo e nos beijamos mais uma vez. Ele me convidou pra ir à The Society com ele naquela noite, mas eu ia viajar. Perguntei de novo seu nome completo pra adicioná-lo no Facebook e ele achou absurdo que eu tivesse esquecido. Não sei por que, já que depois não aceitou minha solicitação de amizade, nem respondeu à mensagem bobinha que eu lhe havia deixado.

   Esperei que ele se fosse e saí também. Irritado por não ter gozado e por ter desperdiçado o espanholzinho. Na rodoviária, enquanto esperava a hora do meu ônibus, percebi uma movimentação estranha no banheiro. Minha hipocrisia burguesa sempre achou muito inadequado fazer pegação em banheiro público, como um desesperado. E era exatamente assim que eu me sentia. E tinha um japonês, um mestiço, bem bonito: corpão bombado, dourado de sol, rosto interessante, e ainda tinha um pau grande. Levantou a camiseta justa pra mostrar seu abdome - realmente irrepreensível. Eu quase gozei no mictório. Ele saiu. Ficou sentado na porta do banheiro uns 10 minutos, com a mochila nas costas. Eu o olhava de longe. Voltou ao banheiro e eu também - lado a lado no mictório novamente. Saquei bem a arquitetura do banheiro e o jeitão aéreo do homem que fazia a "limpeza" do local. Convidei (com olhar profundo e uma guinada de cabeça) o japa pra entrar numa cabine do banheiro comigo, lá nos fundos. Praticamente só tinha viado ali, ninguém com criança... estava tranquilo. Ele veio atrás. Entrei numa cabine, fechei a tampa do vaso, pendurei minha bagagem num gancho e deixei a porta entreaberta. O japa parecia muito nervoso, passava pra lá e pra cá, sem coragem de entrar. Um caipira se ofereceu pra entrar no lugar dele e o espantei com um chacoalhar de mão. Finalmente o japonês veio! Assustado, sussurrando que não tinha tempo, que seu ônibus estava para partir. Eu arriei suas calças. O pau apontava pro teto, macio, moreno. Passou o pau no meu rosto e o chupei. Ele se vestiu rápido, riso tenso, dizia que não podia perder a passagem. Segurou no meu pau, estourando sob a calça, com um olhar malicioso, safado. Piscou um olho e virou-se pra sair. O puxei pelo cós do jeans justo e antes que ele saísse, dei um apertão na bunda
   Foi rápido e um tanto frustrado esse encontro, mas posso dizer que me excitou mais que muitas idas à sauna. Pela tensão e adrenalina na veia, mas é claro que é impraticável ter esse tipo de encontro mais vezes. Só fui gozar no banheiro da casa da minha tia - mais para aliviar a dor no saco, que por tesão - mas lembrei muito do japonês bonitão nessa hora. Retornando a São Paulo, passei no banheiro da rodoviária, claro. E foi uma grande decepção, claro.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"Sexo Anal no Primeiro Encontro!"


    Nesta abafada tarde de terça-feira, tive um encontro adiado por muitos anos. Um encontro com um homem, um belo jovem. Não, não foi um encontro sexual. Um estranho que de certa forma já era íntimo meu, com quem me comuniquei a distância por quase uma década. Foram anos de apoio, aprendizado, amizade divertida, curiosidade mórbida, confidências abismais. Seguiram-se idealizações (infalivelmente vãs), manipulação mútua, desencanto. E o véu do ciúme pairou frente aos meus olhos. Restou uma profunda mágoa, mal disfarçada em insistentes alfinetadas. Todos os componentes de uma paixão; tão comezinha quanto epicamente devastadora. Paixão esta que passei a negar, justamente com a desculpa da distância física: nunca tínhamos estado frente a frente, portanto não sabíamos realmente quem éramos - como me apaixonar por quem não conheço, nunca vi? Posso me apaixonar pela ideia que formo de alguém, por sua voz, suas fotos, suas palavras, sua historia de vida? E, por outro lado, alguém pode afirmar sem leviandade que conhece uma pessoa completamente só porque se relacionam de perto? Quantas surpresas guarda uma pobre alma...

   Nos últimos anos nosso contato foi-se tornando cada vez mais esparso (confesso que quase exclusivamente por birra minha), ainda que sua presença sempre estivesse de alguma forma acorrentada a mim, como tudo o que fica mal resolvido. Ele tem vindo a São Paulo frequentemente e me procurou algumas vezes, sempre de maneira incerta, escorregadia. Tinha de ser só agora, tantos anos depois. Fui encontrá-lo num shopping da zona oeste, perto de onde estava hospedado. Ele, que estava perto, chegou meia hora atrasado. Fiquei muito surpreso com o quanto foi tranquilo e fluido nosso papo depois de um longo hiato. Amadurecemos. Mesmo eu, doze anos mais velho que ele. O que não nos impediu de termos fingido cumplicidade e confiança durante cinco horas. Almoçamos, lembramos de velhos casos, daqueles dois que éramos há quase uma década, diversos mas ainda contidos nos de hoje. Ambos confusos e sem rumo, sempre.

   Muito ficou por dizer. A dureza da realidade é cortante e comove. Nada pode ser mais extraordinário que estar de frente para um ser humano, e aberto para compreende-lo em suas falhas, temores e vaidades: tudo que lhe escapa e conseguimos garimpar. O tempo purifica o olhar. Como é bela e doce a juventude. Como é egoísta e piegas o jovem.

   Quando fui embora, pedi que o taxista desviasse do caminho e saltei na For Friends às 20h15min. Era tarde (a sauna fecha as 23h) e ainda estava bombando (para uma terça feira comum). Minha meta era simplória: dar uma rapidinha e voltar pra casa. Logo que entrei, dois caras me chamaram a atenção. Conversavam em espanhol debaixo do chuveiro. O coroa não era exatamente bonito, mas muito interessante, corpo gostoso, pauzão. O outro era bem novo e uma graça: branquinho, cabelo escuro de comprimento médio, bigode e cavanhaque curtos, corpinho tentador, olhar esperto. Fiquei por ali, vendo os dois terminarem o banho. Estava claro que tinham acabado de transar. O coroa se despediu com um beijo nos lábios e saiu primeiro. Passou por mim de cabeça baixa. Um homem gordo parou do meu lado para admirar o garoto. Ele saiu nu, se enxugava caminhando lentamente. Cada nádega fazia um movimento independente, quicante, a cada passo que ele dava: elevava-se tensa e redonda, depois desabava macia, mal o pé deixasse o chão, e voltava a subir, como uma onda. Passou sem me olhar também. Desci e, ao passar pro lado escuro da casa, vi, pelo espelho ao lado da porta, que ele vinha atrás de mim e me media de alto a baixo com evidente interesse. Fui direto pro fundo, a ultima sala de vídeo antes da escadaria. O sofá estava fora do lugar, tinham-no arrastado pra trás, pro lado oposto ao telão. Sentei e ele veio pro meu lado. Sorriu pra mim, cumprimentando. Cheguei mais perto. Eu ainda não sabia qual dos dois era o estrangeiro, pra mim ambos tinham cara de argentino. Mas era o outro, o coroa. O moleque chama Ricardo, 26 anos, mineiro residente em SP há 3 anos.

   -Você entrou agora? - perguntou.

   -Faz pouco.

   -Ah, tá... Não tinha te visto ainda. 

   Sorria e me beijou. O encaixe entre bocas, quando funciona, é determinante pra tudo mais funcionar, e este era um dos mais perfeitos que já experimentei. Tantas sutilezas envolvidas num ato como o beijo: o tamanho da boca, a viscosidade e quantidade da saliva, os odores e movimentos, a disposição dos dentes e a textura da língua, a legitimidade do desejo, a forma como mãos e braços nos envolvem e a própria energia da pessoa. Tudo vem num mesmo bloco sensorial, e todos nós sabemos exatamente porque um beijo funciona ou não. Nesse menino tudo era tão gostoso! Mas, pra variar, um velho barrigudo começou a passar a mão na minha cabeça, por trás do sofá.

   -Vamos sair daqui, por favor.

   -Vem cá.

   Me levou pra um lugar mais vazio, mas ainda aberto.

   -Ah, vamos pro banheiro?

   -Tá, vamos sim. É lá em cima?

   Ele nunca tinha usado aquelas cabines com a luz azulada. Aliás, acho que nessa noite nem tinha luz azul alguma, não lembro. Tudo que ele fazia de bom no beijo, não se reproduzia no sexo oral. Uma pena. E quando eu o chupava, não tinha uma ereção muito consistente, apesar do desejo que expressava com aparente sinceridade. Pensando melhor agora, ele provavelmente tinha acabado de transar com o coroa, devia ter gozado com ele havia alguns minutos. Mas nada disso importava, porque o beijo era sensacional e ele era um docinho. Minha excitação era extrema:

   -Que puta corpo que você tem, cara!

   -Ah, sei! Eu, né?!.

   -Sério, meu! É exatamente o tipo de corpo que me deixa maluco! Curte dar?

   -Até curto... mas hoje não. E tu?

   -Quase nunca.

   -É... também quem tem um pau destes, tem que usar, né?

   Eu o virei e enfiei a cara naquela bundinha arrebitada, a que bonitos pelos castanhos conferiam muita masculinidade. Acho muito atraente quando o rosto e corpo são meio contrastantes assim, carinha de garoto e corpo masculino, com músculos bem desenvolvidos, pelos. O cuzinho era tão gostoso quanto a boca, macio de lamber, me absorvia, quase me beijava. Meti a língua nele, que se contorcia com o rosto contra os azulejos da parede. Pôs um pé sobre o vaso sanitário para me facilitar o acesso.

   -Pô, agora me deu vontade, também quero - disse quando eu terminei. Me virou de costas:

   -Caralho, como você é gostoso!

   Às vezes me sinto meio inibido nesse posição. Me lambeu com apetite e foi muito gostoso, ali sua boca funcionava tão bem quanto no beijo. Voltamos a nos beijar, eu o pegava com energia. E ele estava na mesma sintonia. Foi por isso que estranhei quando disse que ia "dar uma volta". Pra mim foi uma interrupção abrupta demais. Mas ele continuou me beijando e elogiando sem parar:

   -Se você tem mesmo 38 anos, continue assim!

   Eu correspondia aos seus beijos, mas aquela historia de "dar uma volta" ficou chata e eu não sabia como prosseguir:

   -Bom, você vai querer parar mesmo?

   -Vamos dar uma parada, né?

   Continuava me beijando. Eu peguei minha toalha - estava irritado, frustrado e confuso.

   -Bom, então vamos lá.

   Depois disso, o vi entrando na sauna com um senhor. Horroroso, diga-se (e não por despeito).

   Ainda tinha o coroa que falava espanhol; e nada mais, só gente feia. Ele fazia questão de não me olhar na cara toda vez que passava do meu lado mas, assim como não tinha mais ninguém pra mim, pensei que não tivesse pra ele também. Sentei pra ler um pouco. Adoro as chamadas de capa da Men's Health, que resolvem a vida de 99% do homens por módicos 10 reais:

"Perca a Pança a Jato!"
"Ombros Largos em 1 Mês!"
"Dicas Quentes Para Faturar seu Primeiro Milhão!"
"Turbine seu Guarda Roupa Gastando Pouco"
"Sexo Anal no Primeiro Encontro!" (porrãn, algum privilégio pros gays...)

   O coroa passava por mim, tinha um corpo bem gostoso, rosto charmoso. Parecia estar mancando um pouco pra andar. Entrou no banheiro com outro coroa, este bem forte, tatuado. Não era meu tipo, mas eu tinha me apressado em pensar que eu fosse sua única alternativa. Saíram logo. A probabilidade de alguém que valesse a pena entrar na sauna agora, quase 21h, era mínima e realmente não se cumpriu. Tinha dois garotinhos que até são bem bonitinhos, ambos magrinhos e de cabeça raspada, estão sempre lá e me dando mole. São um pouco tímidos, mas às vezes assoviam pra mim e morrem de rir. O problema é que têm uma pegada muito "menininha", que não me atrai geralmente. Fui dar mais uma geral no escuro e o coroa já estava lá, assistindo vídeo de pé. Parei perto dele, insinuante. Tentei ser insinuante ao menos... Meu pau ficou duro e ele percebeu. Me olhou e saiu da sala. Saiu olhando pra mim, virando pescoço pra trás. O que é isso? Não sei... Não pode ser timidez. Deve ser inabilidade social. Não sei que porra impede a maioria dos caras de demonstrar interesse com clareza, mesmo no ambiente mais propício e descompromissado do mundo. A sauna gay é isso ou não? É, sim! Só tem homem, só tem viado, todos estão ali pra transar e ponto.

   Na volta ele estava sentado num sofá que tem no corredor, de pernas abertas, e me olhava. Passei reto - "Em Roma, faça como os romanos". Meu pau estava duro ainda. Ele veio atrás. Entramos numa sala em silêncio, mas tinha gente. Subi a escada caracol e a cada volta, o via se aproximar. Fui direto para a sala de vídeo, rezando para que estivesse vazia. Zero almas naquele andar inteirinho. Sentei no sofá, pus meu pau pra fora. Era questão de segundos, eu sabia. Ele veio como quem nada queria, olhava pro monitor fixamente. Quando desviou os olhos pra mim e me viu naquele estado, veio sentar do meu lado. Parecia um pouco tímido. Nos beijamos. Era um beijo estranho. Sua boca, sua dentição, eram normais de se ver, mas no beijo, pelo menos com relação à minha boca, eram muito estranhos. Parecia que sua arcada superior era estreita ou que ele era dentuço, tinha alguma coisa erradíssima ali. Dava essa sensação tátil no beijo, mas visualmente não tinha nada demais - super esquisito. Mas era cheiroso, macio. Entrou mais gente na sala e ele me chamou pro banheiro.

   O nome dele é Hector e, pelo sotaque, é argentino (como não falo quase nada de espanhol e não estava exatamente interessado em papo, evitei conversar e nem perguntei de onde era). Engraçado que lembro pouco do que aconteceu no banheiro até que eu finalmente o comesse. Ele era bastante másculo, e até eu cheguei a pensar que isso poderia ser sinal de que era só ativo. O pau dele era enorme, bem maior que o meu, e bonito, não circuncidado, do jeito que eu gosto; mas não o chupei, não tive vontade. Ele me chupou, e não lembro da sensação, se foi bom ou não. Tinha uma marca de sunga bem forte, o corpo bronzeado (era meio loiro e tinha olhos verdes) e a bunda bem branca e lisinha, o buraquinho cor de rosa. Eu sou doido por marca de sunga. Lambi muito sua bunda macia. Tinha um pouco de gosto de lubrificante, de preservativo. Fiquei muito excitado, como não ficava havia muito tempo. Mordia a pele branca da bunda, deixando marcas de um vermelho vivo. Eu estava pronto pra ir adiante quando me pediu com sotaque:

   -Camisinha.

   Estava difícil de colocar, parecia muito justa e não chegou a desenrolar até à base. Foi uma foda intensa, quase brutal. Eu sentia cada milimetro do seu esfincter, que ele dilatava e contraía, pressionando meu pau. O orgasmo foi simultâneo e muito forte. Eu urrava, sem a menor preocupação (e sou tímido geralmente pra esse tipo de demonstração, sobretudo em lugar público). Ao fim, estava como em transe e foi ele quem tirou meu pau de dentro, arrancou a camisinha e jogou fora. Agradeceu em português, sorrindo docemente:

   -Obrigado.

   É bonitinho isso, agradecer uma transa boa. Geralmente os gringos agradecem, já reparei. Faz sentido entre desconhecidos, mas eu não saberia agradecer alguém por ter transado comigo. Não é arrogância. Talvez falta de costume.

   Nunca fico tão pouco tempo na sauna. Em menos de duas horas fiz tudo o que tinha de fazer e saí dali me sentindo leve, reenergizado. Meu amiguinho da net mandou um SMS exatamente no instante em que pus meus pés na rua, queria saber se eu tinha chegado bem em casa...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Verde-Uva


   Gostei de ir à For Friends numa sexta-feira (sexta-feira 13, aliás), sei que voltarei mais vezes. Não estava superlotada, nem vazia. Tento entender por que fui, por que volto. Será tão pouco o que busco nesses lugares? Suprir uma carência, a necessidade de sexo e contato superficial com gente nova? Infelizmente, os desconhecidos da sauna quase nunca se permitem aprofundar algum tipo de relação que não a sexual e imediata, e isso só aprofunda o meu vazio. Não falo unicamente de uma possibilidade de envolvimento amoroso, mas de alguma coisa que vá além do corpo, de um instante de tesão. E constato que sou também apenas mais um "desconhecido da sauna", mais um homem disponível apenas para o sexo - feito de fraquezas, preconceitos, feridas mal cicatrizadas, culpa, covardia, egoismo, superficialidade e muita conversa mole. Que, como tantos outros, se ilude numa fantasiosa busca por um amor, um companheiro, que provavelmente nem teria espaço na minha vida. Com todos esse background e vestígios duma gripe recente, cheguei por volta das 17h.

   Demorou até que me aproximasse de alguém, mas já tinha visto pelo menos dois caras muito interessantes. O primeiro deles estava num sofá da primeira sala de vídeo da ala escura da casa. Mesmo no escuro, meu "detector de gringos" disparou. Tenho uma atração irracional por estrangeiros - meu antigo analista sugeriu uma vez que eu os procurava por serem quase sempre inacessíveis, de convivência improvável para além de uma transa. De onde eu estava, via o rapaz de perfil, sentado no sofá de vinil vermelho, com um rapazinho deitado em seu colo. A luz do telão realçava o desenho impressionante de seu perfil. Um homem grande, jovem, de pele clara, cabelos castanhos em corte militar, levemente úmidos e arrepiados. A relação entre seu nariz e o queixo era o que tornava seu perfil tão magnético e majestoso. Projetavam-se ambos para a frente e, em menor escala, para o alto; em harmonia rara de proporções desafiadoras. A luz azulada incidia por toda a ossatura de seu rosto de forma a corroborar com essa fascinante arquitetura facial. A grande beleza exerce sobre mim, ao menos num primeiro momento, duas forças antagônicas muito claras e simétricas: encanto e timidez. Ele pouco olhava para mim, mas já ali notei algum interesse de sua parte. Encontrei-o mais tarde num corredor, e me olhou com frieza. Segui-o ainda à sauna a vapor e foi igualmente distante. Passei a ignorá-lo.

   Saí dali. Sabia que o outro bonitão estava na sala ao lado e fui procurá-lo. Parecia tímido. Grandalhão, também jovem, loiro escuro, de barba, olhos verdes, corpo sólido, bronzeado - um tipo muito bonito e agradável. Havia mais uns 5 caras por perto. Sentei de frente pra ele, na bancada oposta. A distância e o vapor em meus olhos dificultavam a visão. Eu o olhava fixamente - sou bom fisionomista e em pouco tempo, pela silhueta, estava certo de que o encontrara. Ele me olhava também, com a cabeça inclinada. Vagou espaço ao seu lado e, ainda inseguro, fui. Esboçou um aceno com a cabeça, mas vieram sentar perto e ele levantou. Fomos nos apresentar no hall de entrada da sauna..

   -Tudo bem?

   -E aí! Como é seu nome?

   -Yuri e o seu?

   -John, prazer. Primeira vez que aqui?

   -Não, já conhecia. E você?

   -Primeira. Você é daqui mesmo?

   -Sou sim. Você é de onde?

   -Do Rio.

   -Passeando?

   -É. Escuta, como funciona aqui?

   -O que?

   -Não tem um lugar onde a gente possa ficar mais à vontade?

   -Tem... vem aqui.

   Eu pensei em levá-lo à salinha de leitura ali perto, mas ele queria um lugar ainda mais privativo. Entramos na sala do saco de pancadas. Toquei seu peito musculoso, em que distinguiam-se pelos e algumas sardas.

   -Quantos anos você tem? - perguntei.

   -28 e você?

   -38, faço em março.

   -É mesmo? Não parece ter 10 anos a mais que eu...

   Parecia preocupado com o ambiente:

   -Mas não tem um lugar mais tranquilo aqui, onde não passe gente? - ele tinha uma voz suave e grave, com pouco sotaque carioca. Educadíssimo, gentil em todas as atitudes, "moço de família".

   -Tem os quartos, quer rachar um? - eu não tinha ideia do preço de um quarto ali, mas achei que ele valia a pena.

   -Mas tem que pagar? Não tem um lugar assim, mais escuro?

   -Lá em cima tem umas cabines...

   -Cabines, como?

   -É tipo um banheiro - informei, meio sem jeito. Devia ser a primeira vez na vida que ele entrava numa sauna gay. Pensei que ele pudesse achar tudo muito "baixo" ou desconfortável.

   -Ah, então vamos lá! - disse vivamente.

   Subimos. Já na cabine, pendurei a toalha na porta. Ele estava sem saber por onde começar. Tirou a toalha também e me apalpou:

   -Porra, seu pau é grosso, cara!

   Tudo nele me dava a impressão de alguém numa nova experiencia, se desafiando - e isso me excita muito. Seu sorriso era lindo e doce; seu olhar, curioso:

   -Você curte o que? - quis saber.

   -Geralmente sou ativo, e você?

   -Só fui passivo uma vez na vida. Mas seu pau é muito grande.

   Meu pau não é nada descomunal. Sentou no vaso sanitário e me chupou com delicadeza, por um longo tempo. Eu tinha a impressão de que ele queria me fazer gozar, e a ideia de ejacular na sua barba era tentadora. Eu o ergui, nos beijamos e abaixei para chupá-lo também. Era um pau comum, em comprimento, forma, calibre. De seu púbis exalava um odor quase desagradável, porém muito sutil. Ele estava o tempo todo para gozar: segurava minha cabeça e pedia para esperar. Voltou a me chupar, sentado no vaso como antes. Lambeu meu saco e o períneo. Ia descendo em direção ao ânus e eu levantei a perna direita, apoiando o pé na parede do fundo da cabine (eu estava encostado na porta). Lambia com delicadeza mas boa pressão. Passou minha perna direita sobre sua cabeça e virou meu corpo, com a bunda pra ele. Abria minhas nádegas e lambia com intensidade. Sua barba macia fazia uma fricção gostosa na minha pele. Abri a bunda para ajudá-lo, e quando tirei as mãos, puxou-as para trás e as posicionou como antes. Estava concentrado:

   -Fica assim! Puta tesão, cara!

   Eu já pensava em fazer o mesmo com ele. Comecei pelo pau e quando ele ameaçou gozar, virei seu corpo de costas para mim. Era um corpo grande, forte. Naturalmente bonito, não do tipo "bombado". Tinha pêlos alourados pelas nádegas e mais concentrados no centro. A pele avermelhada, corada de sol, destacava a marca de sunga, branquinha, branquinha. A pele clara e macia da bunda ia ficando mais escura quanto se aproximava do ânus. Por trás, estava bastante limpo e sem odores estranhos. Quando eu enfiava a língua, ele puxava minha cabeça contra si e gemia. Me demorei bastante. Passei meu pau entre suas nádegas e perguntei:

   -Quer tentar?

   -Não rola, cara. Eu não aguento.

   -Tenho camisinha aqui, lubrifico, faço bem devagar, sem forçar. Se você pedir, eu paro.

   Ele virou-se, rindo.

   -Eu até queria, mas hoje não dá.

   Nos beijamos. Perguntei se ele queria gozar.

   -Quero.

   -Quer gozar na minha boca?

   -Você deixa? - perguntou fascinado.

   Abaixei para chupá-lo mais. Eu não sei direito por que fiz a proposta, não estava com vontade. Mas foi assim, rápido. Cuspi o esperma no vaso e ele riu. Não lembro como nos despedimos. Tomei um banho, escovei os dentes e desci.

   O gringo andava pra todo lado procurando alguém. Parecia fazer um esforço pra não olhar pra mim. Mas rondava, parecendo tentado a me cumprimentar e sem saber como. Quase sempre homens muito bonitos têm este comportamento babaca: fingem-se aéreos, desligados, querem ser bajulados, conquistados com esforço e mérito. Passava perto, às vezes parecia decidido a me abordar, vinha em minha direção, todo seu corpo dirigido a mim, mas desistia. Pode ser medo de levar um "não"? Pode - e eu tenho um semblante fechado, sério. Mas... para um homem lindo (e ele era lindo, inabalavelmente lindo), com todos os "sins" iminentes, disponíveis... parece mais capricho, uma convenção, um jogo preestabelecido e que não me interessa aprender. Tenho preguiça.

   Gosto de relações diretas: Tô a fim de você, então te olho diretamente pra que você perceba isso e se decida/ Não tô a fim de você, então evito te olhar e não correspondo aos seus olhares, pra que você se toque e me dê paz. Talvez por timidez e insegurança eu evite ao máximo esses jogos de sedução; ou talvez eu simplesmente não tenha imaginação, e perca por isso grandes emoções... Mas duvido. Decidi continuar na minha estratégia reservada. Claro que já tinha uma penca de homens atrás dele, mas quase nenhum que ele pudesse preferir a mim. Um deles era interessante até, corpão, bom tipo, mas não bonito de rosto. Tinha acabado de entrar na sauna e ficava nos rondando, afoito e indeciso entre mim e o gringo. Naturalmente mais propenso a ele, mas eu seria um step honesto. E quanto mais "distraído" da beleza do gringo eu forjava estar, mais simpático este se mostrava a mim. Talvez, sem perceber, eu estivesse fazendo o mesmo jogo besta que ele.

   Fui encontrá-lo na pequena sala de vídeo do andar superior iluminado, perto dos banheiros. Ele estava sentado de lado, quase de costas para a porta e me viu pelo canto do olho, notei. Tenho certeza de que esperava que eu me sentasse ali perto e eu estava prestes a ir. O outro cara, o que nos perseguia, se aproximou também e eu recuei. O gringo levantou um pouco irritado, mas ao passar por mim, fez um cumprimento inseguro, quase tímido, com um breve sorriso. Eu tremi na base! Os longos cílios de seus olhos verde-uva; a boca tensa e vermelha; os vestígios da barba recém raspada em seu queixo e maxilar quadrado; os dentes, seu porte, suas cores e texturas. Tanta beleza pros meus olhos, e visivelmente sem jeito por minha causa... Ou por causa do meu falso desdém... Entrou na sauna no fim do corredor e eu corri atrás. Já sem a menor possibilidade de manter qualquer dignidade e compostura, de chinelos e toalha na cintura, corri. Empurrei a porta e ele já vinha saindo. Nos olhamos nos olhos por um fração de segundos e eu, sem saber o que fazer, entrei. Ele também. Entrou de volta, atrás de mim - e por minha causa, pensei. Senti-me lisonjeado e aflito. Sentei na bancada azulejada de branco, e ele a um metro de mim, perto da porta. Havia mais gente ali dentro, na bancada oposta à nossa. Eu o olhava insistentemente e ele fixava os olhos no teto. Seria possível que fosse tímido assim? Nada em seus modos e postura o confirmava. Só com muita insistência veio a lançar olhares furtivos pro meu lado. Era hora de agir. Sentei ao seu lado. Ele não conseguia me encarar ainda, mas alisou desajeitadamente a minha coxa. Eu o toquei. Também bastante sem jeito. Não sabia como lidar com ele e bateu uma insegurança atroz. Minhas mãos no seu peito me pareceram as do garotinho que eu havia visto deitado ao seu colo e que me pareceram tão inexperientes. A posição dos nossos corpos, sentados lado a lado, contribuía para essa impressão de algo desconexo, atravancado. Seu rosto tão de perto, seus lábios ao alcance dos meus, parecia um sonho. Pensei que com a boca eu não decepcionaria. Nos beijamos. Era como beijar um príncipe encantado de conto de fadas. Acontece que eu morro de tesão em príncipe encantado. E eu já estava pendurado no pescoço cara, totalmente envolvido pelo beijo, quando subitamente empurrou meu peito, até com certa força, e voltou a encostar na parede e olhar pro teto, como se nada tivesse acontecido. Não sei descrever meu estado de confusão naquele momento. Não sabia pra onde olhar, o que fazer ou pensar. Rejeitado bruscamente, sem explicação. Levantei. Muito mais para evitar que ele se fosse antes de mim, que por vontade própria. Minha autoestima ficaria minimamente vingada. Mas ao notar que eu ia levantar, ergueu-se junto, num reflexo. Saí na frente e entrei embaixo do chuveiro bem na porta da sauna. Magoado, num estado de fragilização que me surpreendia. Era, afinal, um completo estranho. Ligou a ducha imediatamente ao lado da minha. Custei a encará-lo, mas notei a tatuagem na lateral da bunda: um pequeno cupido, muito bem desenhado. E notei ainda que seu pau estava completamente ereto, e que me olhava. Me apavorou a ideia de que meus olhos denunciassem meus sentimentos. Eu, uma autêntica besta, poderia facilmente chorar naquele momento. Esfriei a ducha completamente e enfiei a cabeça debaixo dela. Funcionou como eu esperava: dei uma sacudida, me recompuz. Só então pude encará-lo mais tranquilamente. Ele agia com perfeita naturalidade, me olhava e olhava muito para a parede também. Tinha um sorriso sutil nos lábios:

   -Do you speak english?

   -Yes... Where are you from?

   -U.S.A., Massachusetts.

   -Ok.

   -And you?

   -I live near here. What's your name?

   -Jason, and yours?

   -Yuri.

   Eu encostei na parede para observá-lo enquanto se enxugava, ainda abismado com sua incomum beleza, seu porte, uma espécie de "aura" terrivelmente sedutora. Com certeza minha cara era de paspalho:

   -What?! - intimou.

   -Man, you're incredibly handsome!

   -Thanks! you too - disse, num sorriso vaidoso.

   -Come here.

   -Where? - perguntou no caminho.

   Escolhi uma cabine do banheiro e a indiquei com a cabeça. Ele pareceu surpreso, como se fosse uma ideia super original:

   -This, I've never done before.

   Fechei a porta. Agora ele era meu. Por alguns momentos ao menos. Um pequeno vitrô trazia ainda para dentro da cabine um pouco de luz solar. Seu rosto, sob essa luz, faiscava encanto e saúde. Não perguntei sua idade, mas devia ter seus 26 anos apenas. Voz grave e sexy. Ali reparei que era só um pouco mais alto que eu (aparentava, por sua compleição física, ser muito mais). Ombros e costas largos; quadris estreitos; bundinha empinada, pequena; pernas longas e fortes; poucos pêlos - quase nenhum no tronco. Ainda me causavam forte impressão os traços do seu rosto, a pele de louça e sobretudo o queixo e o nariz. O queixo, de perfil, arredondava-se numa projeção admiravelmente masculina e atrevida; o nariz, elegantíssimo, alongado, de dorso levemente côncavo.  Como se resultasse da mistura de um galã de filme hollywoodiano e um retrato pintado em outros tempos. Segurei seu queixo de perfil para olhá-lo melhor. Parecia se divertir com o modo como eu o estudava milimetricamente. Me beijou a boca. Ele era muito masculino nas maneiras e eu queria saber o que ele toparia. Enquanto nos beijávamos, explorei sua bunda tranquilamente com as mãos. Gosto de beijos que começam intensos e depois podem-se alternar as dinâmicas. Para minha surpresa, ele me interrompeu outra vez. Agora com a explicação:

   -Less tongue!

   Realmente, eu adoro vasculhar a boca alheia com minha língua. Adoro! Muita gente gosta disso em meu beijo, mas ele se incomodou; me informou e eu me adaptei. Prático, very american. Era gostoso beijá-lo calmamente também. Seus olhos tinham um quê de frieza. Me contou que tinha vindo para o réveillon no Rio e, resumindo, pra galinhar "with you, guys".

   O pau era bem clarinho, rosado, mais pra fino, não muito grande também. Bonitinho, macio. Eu o chupei mas foi se tornando uma ação mecânica. Já percebia que o meu pau estava perdendo a ereção e eu não estava mais tão excitado - provavelmente por insegurança, pois ele não me deixava muito à vontade. Pedi que se virasse de costas. A bunda era tudo que se pode sonhar. Pequena, branca, lisa, macia, firme. O buraquinho era minúsculo, cor-de-rosa vivo, rodeado de parcos e finíssimos pêlos acastanhados. Se pudesse admirá-lo antes que ele se impacientasse, teria me detido por horas. Ao lambê-lo, retomei o estado de excitação inicial. Talvez por estar longe de seus olhos que me intimidavam. E a visão de seu corpo viril naquela posição vulnerável era perturbadora. Empurrava minha cabeça com a bunda, me fazendo encostar na parede. Arqueando o corpo, ele alcançou meu pau e me chupou enquanto eu continuava com o cuzinho na boca. Não sei quanto tempo durou esta ação, eu estava em êxtase, e só parei por não suportar a tensão das minhas coxas, quase em câimbras.

   -Let me fuck you?

   -No, not today.

   -Please, I've got a condon here.

   É, ninguém queria dar pra mim naquela sexta-feira 13....

   Nos beijamos e ele me chupou mais. Pude ver seu rosto cinematográfico engolir meu pau. Desde antes de nos aproximarmos, eu notei que ele olhava o relógio constantemente:

   -I've gotta leave soon...

   -When?

   -About 15 minutes.

   -Do you wanna cum? Cum in my mouth.

   -Do you want it?, ele parecia surpreso.

   A mesma velha história. Falta de imaginação minha. E desapego, visto que não era meu desejo consciente em nenhum dos dois casos. Talvez por perceber que nenhuma das duas transas terminaria em penetração, eu quis coroar ambas com um final "memorável". Voltei a chupá-lo e inseri um dedo em seu ânus. Ele se masturbava, dizendo algumas frases levemente vulgares, que chegaram a me deixar um pouco encabulado. Pus dois dedos dentro dele e fazia movimentos contínuos e lentos. Ele suava, tinha o rosto avermelhado. Gozou. Tinha a consistência de um gel fluido, meio pegajoso. Além da boca, atingiu meu rosto e o peito. Fiquei enjoado e cuspi. Ele riu comentando o quanto eu estava lambuzado. Percebi que sentia uma certa aversão pelo próprio sêmen e partiu friamente, deixando apenas um tapinha seco no meu ombro. Sequei-me com papel e depois pedi ao atendente uma nova escova de dentes e outro envelope de creme dental.

   Sentei para descansar um pouco, devia ser por volta das 19h. O enjoo passou completamente, visto que pedi uma torta de frango na lanchonete. Um cara passou por mim, em direção ao lado escuro da casa. Já o tinha visto apenas de perfil e me pareceu bonitão e algo familiar: moreno, aproximadamente 40 anos, corpo de nadador - alto, longilíneo, de costas largas, bem definido, sem pêlos. Escovei os dentes de novo e subi atrás dele, sem pensar muito. O andar escuro estava completamente apagado nessa noite. Parei diante do vídeo, encostado na parede. Em dois minutos ele estava ao meu lado. Realmente era um homem atraente, pode-se dizer bonito: rosto largo, queixo bem feito, sobrancelhas grossas. Foi um momento estranho aquele primeiro em que nos olhamos sob a luz vaporosa do televisor. Persistia a ideia de já tê-lo visto antes, mas não era o que me importava agora. Houve uma troca real e funda em nossos olhares. Eu não o olhava ou me deixava olhar simplesmente - era outro lance. Havia calma, embora me sentisse atraído. Como se meu olhar fosse tão fundo que o ultrapassasse. Era algo como olhar num espelho que refletisse, não minha aparência física, mas a vida como um todo, e o mundo e a humanidade - com toda a sua contradição, miséria e beleza. Mas era um momento sereno, um troço pequeno que percebi (ou que teria criado?) e em que me permiti embarcar. Nos tocamos com suavidade e, a despeito da transcendência de segundos antes, não deixei de ponderar sobre seu hálito, apenas aceitável. Houve o beijo e ele me convidou pra irmos para um quarto. Chama-se Felipe. No caminho, comentei como ele me parecia familiar, e ele disse sentir a mesma coisa.

   No quarto, nossa interação foi bastante intensa. Estava muito abafado lá dentro, até que eu encontrasse o ventilador. Nos excitamos de todas as formas possíveis, exceto penetração. Pedi que ele se virasse na cama e o lambi com muito tesão. Tem uma bunda fantástica, pequena, muito máscula. Perguntei:

   -Você gosta de dar?

   -Hum... não. Mas estava quase reconsiderando essa possibilidade. A sua língua é uma loucura!

   -Quer tentar?

   Não houve acordo. Ainda pedi que ele ficasse de quatro na cama (precisava ver aquela bunda de quatro), brincamos bastante, mas não rolou. Gozamos nos masturbando, eu por cima dele, sentado sobre suas coxas. Ele gozou primeiro e depois eu - na sua barriga, no peito, na cama. Eu custo a gozar mas quando vem, é pra valer. Deitamos lado a lado na cama estreita. Conversamos por mais de uma hora. Falamos do quarto, descobri que é barato pra alugar, cobrado por hora de utilização. Eu estava com dor de cabeça, provavelmente resquício da gripe. Reafirmei que o conhecia, mas não lembrava de onde e ele disse que já tínhamos nos visto ali mesmo.

    -Será possível que eu não lembre de você daqui?

   Ele tem 41 anos, paulistano. Abandonou há seis meses a antiga profissão, bastante tradicional e estressante, por um emprego numa importante e problemática instituição cultural da cidade. Me pareceu muito boa pessoa, simpático, calmo, delicado. É bonito mas, apesar de nosso sexo ter sido ótimo, não tem um sex appeal muito evidente. Ele tinha um jantar marcado (pelo que entendi, com um cara). Tomamos banho juntos e ele foi se vestir. Pediu o número do meu celular e, não sei porque, pensou que eu tinha de sair da sauna junto com ele. Não saí. Disse que ia esperar a dor de cabeça melhorar. Ainda tinha fôlego pra mais sexo. Fui olhar a sauna, tinha ficado fechado no quarto por muito tempo. Só um cara interessante: alto, cabeça raspada, rosto muito bonito, olhos bem azuis, argola na orelha, corpão sarado, todo tatuado. Fiquei bem curioso mas ele partiu logo em seguida. Eu tinha uma viagem e saí logo também. Na noite seguinte, o Felipe me mandou uma mensagem no celular pra que eu ficasse com seu numero e avisasse quando estivesse de volta a SP. Me deu um estalo de que ele poderia ser um dos caras que encontrei no dia descrito no primeiro post do blog, um que tinha olhar carente e mau hálito. Nunca mais nos falamos.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Palco de Boate


   Apesar de haver na cidade uma nova sauna de aparente bom nível que ainda não conheço - Splash 720 -, voltei à For Friends na última quarta. Me pergunto por que a FF não abre 24h? E por que fazerem uma sauna 24h tão fora de mão, nas proximidades da The Week?

   Tempo de ferias: achei que estaria um cemitério, mas até que estava bem movimentado. Ninguém absolutamente lindo, mas eu estava cheio de tesão. No dia anterior havia me masturbado 5 vezes - precisava de sexo com urgência.

   Entrei por volta das 15h. Enquanto tirava minha roupa, um garoto veio mexer no armário do lado do meu. Já o tinha visto ali outras vezes - pele clara corada de sol, rosto bonito, olhos verdes, estatura mediana, magrinho. Dois senões: uma barriguinha proeminente e excesso de pelos no tórax (ele não deve sequer imaginar como ficaria melhor se estivessem aparados, mas é apenas a minha opinião). E ainda um outro senão: coxinha elevado à enésima potência - parecia o tipo mais certinho, careta e bobo de homem. O armário dele era bem próximo do meu, só que no alto. Eu estava sentado num banco ajeitando minhas coisas. Ele veio olhar o celular e seus pé invadiram meu campo de visão. Bem tratados e belos; bastante masculinos, apesar de delicados. Ele me olhava de soslaio. Barba bem feita, cabelos penteados para trás. Suas feições elegantes me remetem aos anos 50. Subiu as escadas; eu também. Estou com medo dos últimos degraus, tem algum problema no madeiramento, recoberto por borracha.

   Fui ao banheiro, depois escovei os dentes e tomei um banho. Enquanto me banhava, o garoto passou algumas vezes por ali, me olhando. Uma ereção exibicionista me deixou um pouco encabulado. O ambiente parecia bastante tranquilo naquela tarde. Sequei-me e fui à sala de vídeo daquele mesmo andar. Deitei no sofá e fiquei assistindo sozinho a uma cena de orgia, com alguns atores muito gostosos. Vez ou outra entrava alguém na sala - um senhor veio inclusive sentar no mesmo sofá em que eu estava. Ignorei-os até que aquele primeiro rapaz viesse. Não custou a vir e sentar ao meu lado. Nem a estarmos nos masturbando, esparramados no sofá. Nem a nos beijarmos. O nome dele é Alberto, me encarava com olhar doce e bondoso. Seu beijo era uma delícia e usava um perfume delicioso. O rosto, visto de perto, era ainda mais bonito. Não era feminino, mas desprovido de vigor, virilidade ou apelo sexual. Estava quase arrependido. Felizmente foi breve:

   -Eu tenho voo marcado pra hoje.

   -Vai pra onde?

   -Natal.

   -Você é de lá?

   -Não, daqui mesmo. Ferias.

   -Legal.

 -Não tenho mais tempo. Queria tanto ficar mais com você. Muito mesmo.

 -Eu também queria... Que pena... Mas boa viagem!

   Eu já estava bem mais interessado num cara que estava parado na porta, olhando fixamente pro meu pau. Tipo de estrangeiro, cabelos curtos de um loiro avermelhado, sem um pelo no corpo de boas formas, com um interessante grafismo negro tatuado no braço direito. Rosto atraente: olhos azuis muito claros, sobrancelhas bem desenhadas nariz pequeno, de traço reto, seco, lábios delicados cor de rosa pálido, queixo quadrado com uma grande buraco encavado no centro, coberto de curtíssimos pelos avermelhados. Sua clareza - de pele, olhos e cabelos - imprimiria uma ideia de suavidade excessiva, e o tornaria apagado não tivesse traços bonitos, corpo másculo e a tatuagem. Tinha um olhar esperto, expressivo. E desapareceu! Quando dei por mim já não estava mais na porta. Resolvi dar uma caminhada pela sauna. Tinha alguns caras interessantes, mas o gringo tatuado era quem mais me chamava a atenção. Fui encontrá-lo na parte mais escura da casa, no sofá da outra sala de vídeo. Passei por ele, nos olhamos. Subi ao primeiro andar, certo de que ele viria atrás. Não veio. Fiquei desapontado - nesse tipo de situação, tendo a me julgar irresistível. Quando se está disponível dessa forma, num lugar repleto de homens nus sedentos por sexo e atenção, à vista e ao alcance de todos, e o próprio corpo e sexo parecem ser tudo o que se tem a oferecer, a tendencia natural é precisar sentir-se irresistível.

   Desci e agora ele estava sozinho na sala, ainda sentado. Parei perto e bastou um olhar para estarmos lado a lado no sofá. A luz do telão desenhava sua pele em movimentos ligeiros e quebrados. Abri minha toalha e ele me chupou. Eu imaginava se era mesmo estrangeiro e que língua falaria. Sua pele toda deslizava acetinada, suave, fresca, mas o beijo era canhestro. Não posso compreender como um homem daquele tamanho pode supor que beijar seja estatelar a boca e estirar a língua. Esse era seu beijo: boca aberta e língua em riste. Tentei manobrar seu beijo, adequá-lo ao meu. Juro que cogitei a ideia de explicar como se beija. Pretensão minha? Ele merecia aprender. Seus parceiros futuros mereciam. Iam-se aglomerando homens a nossa volta; mantinham uma certa distância, felizmente. A maioria ficava atrás duma grade, menos de dois metros atrás do sofá onde estávamos. Não me sinto à vontade fazendo sexo em público. Melhor dizendo: não me sinto particularmente excitado com essa situação. Me incomoda, mas, caso não haja tanta proximidade e gente não autorizada pegando em mim, não impossibilita. Ficamos ali uns 20 minutos, nos beijamos muito (apesar dos pesares), fizemos sexo oral - uma pegação nervosa! O pau dele era muito bonito, grande, uncut; as bolas grandes num saco macio, de pele fina e solta. Todo ele muito branco. Ergui suas pernas e lambi a bunda. Ao contrário do que fazia com a boca, deixava o buraquinho absolutamente apertado o tempo todo. Fiquei em pé diante do sofá e ele me chupou de novo. Senti-me um pouco intimidado de estar ali, como num palco de boate num show de sexo explícito, com uma platéia até que bem numerosa - devia haver entre dez a quinze caras formando um semi círculo atrás do sofá. Acredito que o gringo nem tinha ideia dessa platéia. Eu estava encabulado mas excitado também. Ou ingenuamente orgulhoso do interesse que nossa transa e nossos corpos despertavam.

   Eu já não tinha certeza se o cara era estrangeiro, e não havíamos trocado palavra alguma até agora!

   -Vamos lá pra cima?, convidei.

   Não entendi sua resposta, mas ele começou a calçar o chinelo. Subi, ali para a parte escura mesmo, e ele me seguiu. Dirigi-me à última sala, vazia, que tem uma cama oculta por uma parede.

   -Qual seu nome?

   -Sorry, I can't speak Portuguese... - balbuciou, sem jeito.

   -I asked what's your name...

   -Alex, and yours?

   -Yuri. Where are you from?

   -Russia.

   -Nice... come here.

   (Traduzindo a ideia do diálogo, descobri que ele se chama Alex e é Russo)

   Nos beijamos em pé. Em poucos minutos já havia muita gente a nossa volta, provavelmente parte do mesmo grupo que nos assistia no piso inferior. Eu não estava com vontade de levá-lo ao banheiro, queria tê-lo ali, na cama. Estendi minha toalha nela e sem que combinássemos, ele ficou do jeito que eu imaginei: de quatro. É uma cama estreita, de uns 50 cm de largura, encostada na parede. Ele estava atravessado na cama, com o corpo apoiado na parede. O sol iluminava suficientemente a saleta, duma luz calma, acinzentada, filtrada pela janela veneziana de alumínio. Posso dizer que foi emocionante vê-lo nessa posição. Ele continuava contraindo o ânus mas minha língua soube encontrar várias brechas para entrar, e forçou algumas vezes também. Ele se continha para não gritar quando isso acontecia, deixando escapar um gemido longo e grosso. Sentia sua pele arrepiar-se. Mantinha o pau empurrado para trás, na minha direção, e minha boca sempre voltava a ele. Abria seu cuzinho com os dedos e sorvia a maciez do esfíncter rosado. Lá pelas tantas, no exato momento em que abocanhei a cabeça do seu pau, recebi um jato de porra na boca. Fiquei surpreso e decepcionado, sonhava em comer aquela bunda tão apetitosa. Deixei que acabasse de gozar na minha boca. Pensei em engolir, minha boca estava cheia, e tinha um gosto bom, consistência fluida. Resolvi cuspir no chão. Ele levantou, me beijou:

   -Do you wanna cum?

   -Not here...

   -Not here!, ele sorriu, Ok, thanks, it was great!

   Com "not here" eu quis dizer que queria gozar, sim. E com ele; mas não ali, com os bisbilhoteiros em volta. Assim nos separamos. Fui tomar um banho e escovar os dentes de novo. Dei um tempo perto da entrada, queria ver quem chegava. De interessante só um jovem magrinho, de barba. Não era bonito, mas um tipo simpático. Investi algumas vezes e fui solenemente ignorado. Subi outra vez ao escuro. Tinha um cara bonito sentado num sofá, sendo chupado por outro cara. Sei que o conheço, mas não lembro quem é. Figura longilínea, de ombros largos, cabelos castanhos claros, rosto bonito. Mal dava atenção ao cara que o chupava, mas olhou pra mim sorrindo. Voltei ali mais tarde e ele estava só, no mesmo lugar. Passei por ele e entrei na última sala, a mesma em que estive com o russo. Quando voltei, o vi inclinado no sofá, me procurando. Passei direto. Ele veio atrás e sentou num sofá da outra sala, ainda me olhando. Sentei ao lado dele, que prontamente veio me chupar. Novamente houve aglomeração na sala.

   Desta vez porém, alguém veio mais perto, do meu lado, e me encarava. Já o tinha visto antes também. É um coroa, não sei calcular sua idade: muito forte, provavelmente por uso de anabolizantes, mas de aparência distinta. Corpo largo e muito bonito. Tatuagens no braço e do lado do tronco. Rosto bem conservado e agradável, transparecia dignidade. O rapaz que me chupava, parou, ficou sentado, talvez avaliando quem estava na sala. O coroa entreabriu a toalha e exibiu seu pau, masturbando-se em pé, a um palmo de mim. Eu puxei o rapaz, oferecendo os dois paus. Ele não titubeou. Daquele ângulo, eu não conseguia vê-lo em ação. Um tempo mais e voltou a chupar meu pau apenas. Masturbei o coroa: pau avantajado, glande graúda, vermelha, como uma ameixa. O rapaz voltou a chupar os dois ao mesmo tempo. Era uma boa sensação, me desliguei da turba em volta. Alcancei as duas bundas, cada uma numa das mãos. Quando tateei os dois buraquinhos, o coroa desviou minha mão. Concentrei-me na bundinha do rapaz. Ele parecia limpo, mas eu estava receoso ainda. Fui chegando com o corpo pro seu lado, meu dedo já penetrava seu ânus. Mais de perto, pude ter certeza de que ele estava bastante limpo. Eu estava com o rosto próximo da sua bunda, mordiscando sua lombar, meu polegar seco inserido desconfortavelmente em seu ânus, e ele e o coroa dividiam-se chupando meu pau. Eu tentava massagear sua próstata, mas não sei direito como reconhecê-la. De repente levantou-se num salto e começou a ejacular desesperadamente. Os jatos saíam longos e fartos. O coroa levantou-se e saiu. O rapaz sentou do meu lado, com aparência cansada, relaxando, olhos fechados, cabeça no meu ombro:

   -Cara, que tesão! Não aguentei.

   Geralmente eu custo muito a gozar e isso pode ser um transtorno quando se faz sexo com homens - quase sempre rapidinhos. Talvez uma mulher pudesse se valer dessa minha capacidade. Talvez uma mulher soubesse valorizar muitas coisas que passam despercebidas para a maioria dos homens. Talvez não; provavelmente eu nunca venha a descobrir.

   Mais um banho. Eu não sabia se me masturbava sozinho e ia embora pra casa. Atravessava um corredor quando ouvi por trás de mim uma voz familiar:

   -Ai, como eu estou magro!

   Era o Roger, um velho amigo de saunas. Já ficamos algumas vezes. Várias vezes. Ele era muito bonitão, embarangou, agora voltou a emagrecer e malhar, e está bem de novo. Mais velho, mas bem. É muito gente boa, mas meio pegajoso. Acha que eu tenho que conversar horas com ele, que eu tenho que ficar com ele, que eu tenho que dar pra ele. Ele é estritamente ativo e sequer chupa sem camisinha. Ainda é fumante e tem um pau grande que eu jamais suportaria. Enfim, não rola. Conversamos rapidamente, ele queria informações sobre quem estava na sauna que eu já havia testado. Voltou a comentar que eu emagreci, parecia querer elogios.

   -É, dei uma enxugada nos últimos meses. Você também!

   -E estou ficando mais forte, ó!, fez uma pose de halterofilista.

   Rimos. Estávamos no corredor de entrada da sauna. Ele foi fumar lá no fundo e um dos atendentes da sauna veio falar comigo, esbaforido:

   -O senhor fala inglês?

   -Sim.

   -Logo vi. Pode ajudar aqui?

   -O que é?

   -A gente não entende o que o cliente quer...

   Era o Alex, já vestido para ir embora. Ergueu os braços para os céus, rindo aliviado, quando me viu. Tinha um cartão do hotel em que estava hospedado e queria apenas um táxi que o levasse até lá. A recepcionista estava ali no meio do vestiário, pensava que o cartão (escrito em português, diga-se) era dum ponto de táxi muito distante que ele queria chamar. Eu me senti ridículo, seminu, com uma toalha na cintura, falando com 3 pessoas vestidas (dentre elas, uma senhora). Enquanto ela providenciava o táxi, conversamos mais um pouco. Tem 30 anos, vinha de Londres e seu destino era o Rio, para o Réveillon, onde seus amigos o aguardavam. Seu voo tinha conexão em SP e ele teve de dormir uma noite aqui. Partiria naquela noite pra o Rio. Falou sobre a dificuldade de encontrar quem se comunicasse em inglês no Brasil e imaginava que no Rio fosse ainda pior. Eu disse que pela quantidade de turistas que visitam a cidade, provavelmente seria mais fácil, mas não sei como funciona na realidade. Tem um inglês perfeito, com um bonito e discreto sotaque. Perguntou sobre a The Week, pediu dicas para uma noite de sexta feira que passariam em SP na próxima semana. Disse que gostou de me encontrar naquela tarde:

   -You're horny, disse acarinhando meu rosto.

   Eu estava pensando na possibilidade de ele me convidar a ir pro hotel com ele, ainda sonhava em foder aquela bundinha. Chegou o táxi e ele se foi.

   Entrei na sauna seca. Só o coroa tatuado estava lá dentro, sentado de frente para a porta. Entrei e fiquei ali, ao seu lado. Bastou nos olharmos para ambos termos os paus duros. Nos beijamos e, subindo um degrau na bancada de madeira em que ele sentava, ofereci meu pau pra ele chupar. Aquela sauna é muito quente, em poucos minutos estou derretendo.

   -Vamos subir?, ele sugeriu.

   -Vamos. Mas antes, vem aqui.

   Tomamos uma ducha fresca juntos, ele me virou para a parede e me encoxou suavemente. Fiquei encabulado mais uma vez.

   Subimos e entramos numa cabine do banheiro. Geralmente evito caras mais velhos que eu, sempre preferi mais novos ou da minha idade. No claro, ele era ainda mais atraente. E muito carinhoso. Estava com um hálito meio estranho, mas aceitável. Nos beijamos bastante, ele me chupou de novo. Eu quis chupá-lo também. Era um pau bonito, bom de chupar. Em poucos minutos, dois ou três, ele parou, com ar suspenso, sorrindo, não sem alguma raiva de si próprio:

   -Vou gozar.

   Me deu um banho de porra morna. Escorria pelo meu tronco, gotejou nos meus pés. Ainda voltei a chupa-lo. Achei que tivesse terminado, mas ele me levantou e abraçou:

   -Que pena... Me desculpe. Estava tão gostoso.

   Nos beijamos muito ainda, ficamos bastante tempo ali.

   -Quantos anos você tem?, perguntou.

   -37 e você?

   -Muitos. Você parece ser bem mais jovem.

   -Mas muitos, quantos?

   -Muitos.

   -Não vai falar?, eu ri, quase indignado.

   -Não gosto.

   -E seu nome?

   -João.

   Contou que era português, mas morava em SP há bastante tempo - o suficiente para perder quase totalmente o sotaque. Funcionário público estadual. Talvez aposentado, presumi.

   -Como você mantém a forma?, perguntou passando as mãos na minha bunda.

   -Academia. Meu trabalho também ajuda um pouco. E você?

   -Academia também.

   -MUUUITA academia, né?

   Ele riu. Eu estava curioso pra saber sua idade, mas respeitei sua vaidade. Seu corpo me impressionava:

   -Gosto muito dos teus braços, destas veias grossas.

   -E eu gosto de te abraçar.

   Ele era um querido. Ambos fizemos sexo oral novamente, ele retomou a ereção. Pedi que ele se virasse de costas pra mim e ele se recusou.

   -Não gosto.

   -Só quero te olhar!

   -Não gosto!

   Que véio difícil!

   -Vamos tomar um banho?, ele disse.

   Acabou assim, cada um pro seu lado. Tinha chegado um carinha que parecia atraente: físico bonito, magro, definido, inteiro tatuado, cheio de piercings e alargadores: fetiches pra todos os gostos. Ficou no bar conversando com um gordinho a tarde toda. Também vi um cara que pareceu muito bonito à primeira vista, mas depois vi que não era. Ele me seguia por onde eu fosse. E vi ainda, sentado numa mesa, conversando com um japonês (bonitinho também), um carinha adorável. Ele falava espanhol e o sotaque parecia argentino. Falava pelos cotovelos, aliás, e com muita ênfase, dessas pessoas que têm um enorme prazer em falar. Bem baixinho, corpo apenas OK, cara de menino, avermelhado de sol, com uma barbinha bem curta e enormes olhos claros com longos cílios. Era um rosto lindo e cativante. Sentei perto e não conseguia desgrudar os olhos dele, que não me viu sequer, tão ansiosamente conversava. Estava sentado do outro lado da sala o João, comendo um lanche - me olhava fixamente mas não entendi o que queria. Apenas o cumprimentei com um aceno de cabeça.

   -Com licença?

   Sentou do meu lado o cara que pensei que fosse bonito mas não era. Tem o tipo de homem de que gosto: claro, cabelos castanhos, boa altura etc. Mas não é bonito. Principalmente pelo corpo meio fora de forma e o queixo um pouco exagerado. No entanto, é simpático e um tipo de homem fino. Conversamos um pouco. Chama Rodolfo. Eu precisava gozar pra ir embora, não esperaria o papo do argentino com o japonês terminar. Ele perguntou por quê eu olhava tanto para aqueles dois. Não respondi. Comentei que a noite estava esfriando, ele concordou. A janela do jardim estava aberta e entrava um vento frio. O chamei pra subirmos.

   Entramos numa cabine. Foi um início meio frio, não fazia muito sentido para mim. Talvez nem pra ele. Mas tocá-lo era muito reconfortante.

   -Nossa, que cabelo macio você tem!

    Realmente, parecia seda pura. Cabelos lisos, finos, castanhos, abundantes. Foram o cabelo e a pele macia que me despertaram o tesão. E sua forma de se entregar. Ele me lambia inteiro com intensidade, volúpia. Sua boca percorria meu corpo, morna, voraz. Pela nuca, axilas, peito, umbigo, virilha. Me chupou gostoso e lambeu minha bunda. Segurou meu pé direito e lambeu cada dedo, depois enfiou todos os dedos na boca. Ia passando a língua entre meus dedos. É uma sensação muito estranha, estranhamente excitante. Uma boca é um ambiente muito diverso do que estamos acostumados a sentir com nossos pés. Tinha um namorado que me fazia isso e me deixava louco - foi exatamente a mesma sensação. Ele tinha mamilos bastante incomuns: vermelhos, as auréolas pequenas e os bicos grandes, do tamanho de um grão de milho, ou até maiores. Só de olha-los, via-se o quanto eram sensíveis. Quando os lambia ele perdia o controle. O virei de costas e passei meu pau entre as nádegas. Botei no lugar e fui entrando, lentamente, sem proteção. Quando vi que rolava, tirei e pus a camisinha. Depois de um tempo dentro, ele começou a sentir dor, pediu pra esperar. Esperamos, olhos nos olhos. Voltei a foder com força, eu queria gozar dentro, mas ele não suportou tempo suficiente. Tirou e eu me masturbei até gozar. Ejaculei no azulejo branco; ele parecia fascinado, espiando de perto meu pau, sorrindo com olhar infantil. Perguntei se ele queria gozar também:

   -Agora não. Valeu.

   Eram 20h. Fui embora sem querer saber se a conversa do argentino havia enfim cessado.