domingo, 17 de junho de 2012

"As Piriguetes"


   Uma segunda-feira gélida e chuvosa em Higienópolis. Ainda eram 16h quando liguei ao Chilli Pepper Single Hotel para sondar sobre a frequência naquela tarde e informaram que havia 5 homens na casa. Duas semanas antes, a essa hora, não havia vivalma (exceto eu e os pedreiros) e mais tarde tinha ficado bem divertido... resolvi arriscar - também por ter acontecido a parada gay na véspera. Cheguei às 16h40 e já tinha bastante gente. Melhor, tinha muitos homens bonitos - parecia a boa e velha 269 renascida. A própria casa estava funcionando um pouco melhor. O aquecimento por exemplo. Já os chuveiros, jacuzzi e piscina... frios. Os chuveiros até esquentam, mas até que se consiga regular a temperatura, já acabou o banho. Logo que cheguei, tomei banho ao lado de um carinha muito bonitinho. Só tomamos banho juntos - apesar de ambos termos ficado de pau duro. Depois soube que o nome dele é Beto.

   Quando subi à sauna seca, sentei de frente pra um rapaz bonitão. Um homem grande, loiro, de pele muito branca, e olhos verdes. Corpo bonito, rosto idem. Daquele tipo de homem em quem se percebe a educação na postura, no modo de falar, andar, sentar, em como cruza as pernas ou apóia os pés no chão, até na respiração. Eu reparo. Assim com reparei que ele, por baixo de toda a educação, me olhava com muito interesse.

   Eu também fiquei interessado, mas quando vejo muito homem junto, perco o foco e o bom senso, e caio na velha cilada armada pela vaidade: estou sempre à caça "do melhor", "do mais bonito", "do mais disputado". Comportamento pueril e perverso, típico de viciado, para quem não há satisfação possível. Nessa noite eu fiquei por seis horas ali dentro e ficaria muitas mais. O loiro veio atrás de mim. Eu tinha acabado de chegar,  e ainda estava assimilando o tanto de gostosos presentes. Encostei numa parede justamente para olhar pra um cara que parou a poucos metros e me encarava. Era um corpo extraordinário, de capa de revista, também encostado na parede oposta. Me parecia uma visão: alto, bronzeado, atlético, abdome definido, peitoral inchado, estourando. O corpo molhado reluzia naquele corredor. Toda a sua postura e atitude eram bastante arrogantes. O elegante loiro me havia seguido e parou com o corpo quase colado ao meu, insinuante. Mas eu não desgrudava os olhos do outro. Por absoluta idiotice, era neste que eu considerava "certo" investir. Claro que não fiquei indiferente ao loiro, que, além de distinto, era um homem muito bonito. E estava ali, absolutamente entregue. Na  minha menor deixa, veio me beijar. Sabia beijar, era cheiroso, atraente - mas não exatamente sexy. Pelo menos não à primeira vista. E eu o beijava ainda de olho no outro cara, que parecia hipnotizado pelo nosso beijo e algumas vezes fez menção de se aproximar. Mas quem se baseia exageradamente na própria atratividade física, teme ser esnobado. O loiro percebeu a situação. Eu queria  muito que o moreno se juntasse a nós. Chegou a ensaiar uns passos em nossa direção quando viu que o loiro me puxava para uma cabine, mas não veio.

   Nos fechamos na cabine escura e vazia. Claro que eles querem alugar os quartos, portanto não há cuidado algum com as cabines. Não há iluminação, lugar onde sentar, onde guardar suas coisas, sequer um gancho para pendurar as toalhas. Mas pelo que vi, os quartos comuns também deixam a desejar: são cubículos onde mal cabe a cama. O espaço que resta é só para ter como abrir a porta. E mais nada. Ah, sim: tem luz. Pra que chamar de hotel? O "quarto" não tem banheiro, não tem armário, você não pode deixar seus pertences lá e sair à cidade. São centenas de quartos e, pensando que tinha apenas uns 10 alugados naquela noite, me parece um desperdício de espaço. Mas voltemos à cabinezinha. Foi bom, viu? O moço era um gostoso. Chama André, 31 anos, paranaense, mora no Maranhão, onde leciona direito. A transa começou com muito carinho, mas depois que eu meti, ele perdeu a compostura e a coisa ficou quentíssima. Gostava que eu fosse um pouco rude com ele. Às vezes gosto desse papel. Fodi bastante mas não consegui gozar. Ele gozou. Senti nitidamente suas convulsões quase estrangularem o meu pau. Ainda nos beijamos e o chupei outra vez, já flácido e úmido de sêmen fresco.

   Fomos tomar banho juntos mas seu chuveiro não esquentava e ele foi procurar no outro banheiro. Aquele grandalhão moreno parou em frente ao meu chuveiro. Era um puta homem, de virar a cabeça de qualquer um. Reconheci o corpo, a tatuagem, mas o rosto me surpreendeu visto de perto e na claridade do banheiro: bonito pra caralho, parecia um modelo internacional! Me olhava de alto a baixo e deu uma discreta guinada de cabeça, indicando para onde eu deveria ir. Caminhava lentamente sem olhar para trás, dirigindo-se ao escuro. Encostou na parede e eu já estava ali, ao seu lado, ao seu dispor. Era bem essa a sua postura, como se dispusesse de mim, como se me fizesse um favor. Pegou no meu pau, me beijou a boca. Mas nada estava acontecendo entre nós; ele me parecia frio, distante, ensimesmado. Não pude deixar de escapar um patético "Nossa!" quando segurei seu pau.

   -Que?

   -Não, seu pau... como é grosso, né?

   Já estava fadado ao fracasso nosso encontro. Mas aquele pau não deveria ser desprezado. Ao menos para incluir no meu curriculum vitae. O arrastei para outro canto. Agora funciona uma sala de vídeo, bem esquisita, diga-se. É uma sala relativamente grande, mas tem apenas duas ou três poltronas (daquelas reaproveitadas da 269). Ao invés de um telão, são seis ou oito telas agrupadas que exibem o mesmo filme simultaneamente. Não sei como funcionará quando passarem algo que preste naquilo, mas com um filme feio, cheio homem sem graça e luz estourada, estava uma merda. Puxei o grandalhão para uma saleta  à qual só se tem acesso por essa sala de vídeo. Da outra vez que estive lá, era uma sala azulejada de branco, que tinha me parecido uma cozinha. Agora é só uma dark room.

   -Puta cheiro de mijo! - eu disse

   É uma sala esquisita, ainda não entendi bem a planta. Estava com um cheiro forte de urina, como banheiro de boteco de beira de estrada. Realmente eu odeio gente porca. E olha que meu nariz estava super entupido. O melhor era resolver aquilo logo. O cara me encurralou na parede, me beijava e pegava na minha bunda. Fui deslizando minha boca pelo seu corpo e, com muita dificuldade, chupei o cara. Só tinha visto um pau tão grosso uma vez na vida. É desconfortável na boca. Imaginei se ele quisesse me comer. Como era um cara esquisitão, poderia ser uma péssima experiencia. Rodeei seu corpo e fui lamber a bunda. Ele me ergueu e disse que ia dar uma volta. Mesmo sendo uma loucura de bonito, não fez falta.

   Desci à sauna a vapor. Agora, a piscina foi inaugurada. É um espaço bonito, mas piscina gelada naquele frio... quem se habilita? Na sauna, sentadinho no fundo, o garoto bonito que tomou banho ao meu lado quando cheguei. Mais pra magro, mas o corpo é bem gostosinho, harmonioso. Boa altura, pele bronzeadíssima, com uma marca bem definida de sunga, a bundinha bem branca e carnuda. O rosto é lindo, de garoto. Já o tinha visto também na sauna seca, onde conversava com o amigo que veio com ele de Curitiba. Pelo sotaque, pensei que fosse mineiro. Falava de umas festas no Copacabana Palace que ele imagina seletíssima e  que pretende conhecer. Ali, na sauna a vapor, se reacomodou quando sentei perto. Tinha modos bastante másculos e até um pouco sisudos. Ajeitava a toalha para mostrar um pouco o corpo, mas não olhava para mim. Olhava tudo, menos pra mim. E só estávamos nós dois ali dentro (nem considero o tiozão gordo que boiava na jacuzzi iluminada). Apesar disso, era claro que queria que eu me aproximasse. Mas quanta inabilidade... O que fazer? Chegar "chegando", na xinxa? Não me sentia confiante pra isso. Botei o pau meio pra fora e fiquei brincando. Ele fez o mesmo, mas continuava olhando para o ar. Levantei, de pau bem duro (deixei que ele notasse) e fui sentar pra longe da jacuzzi, num nicho perto de um dos chuveiros, um cantinho mais reservado. Ele veio atrás e aí me senti em casa. Fui sentar ao seu lado e nos tocamos finalmente. Seu rosto é um amor: cheio, quadrado, nariz arrebitado, sorriso doce, olhos verdes interrogativos. Beto tem 28 anos. Mostrou-se bem disposto, animado. O pau era pequeno, a pele áspera, dava impressão de arrepio. Nos lambemos e chupamos, nos beijamos e foi só. Na verdade, ele tentou me comer e sem camisinha. Paramos por ali.

   Eu estava animado e cada vez apareciam mais caras diferentes e interessantes. Saindo do banho, ao passar pelo corredor, um cara me deu bola. Moreno, relativamente baixo, belo corpo, barba por fazer, rosto bonito, sexy. Eu ia passando e voltei. Ele também, e parou encostado na porta de um dos quartos. Ramon, se não me engano é nordestino, não lembro de onde, mas mora faz tempo em SP. Estuda radiologia, 33 anos. Era irresistível tocar seus peitos. Imensos, obviamente inchados pelo uso de anabolizantes, e apetitosos. Me encheu de perguntas e eu o beijei. Docemente.

   -Geralmente detesto cheiro de cigarro, mas este cheiro seu, está me matando de tesão.

   -Estou fedendo muito? - perguntou, rindo - É que acabei de fumar.

   De fato era um cheiro muito envolvente. Suave, eu sentia apenas o tabaco adocicado, um aroma extremamente masculino, que me fez lembrar de alguns homens que conheci pela vida. Tentamos uma das cabines, mas estávamos ambos insatisfeitos, principalmente com a falta de luz. Fomos para o banheiro.

   -Não acredito que você tem 38 anos... Você tá bem, hein!

   -Você que é um gostoso.

   -Gostoso é o seu pau. O meu não vai subir, que eu cheirei.

   -Cheirou?

   -Pó - riu.

   -Sei... quero que você me chupe, pedi.

   Ele chupou gostoso. Eu já sentia uma dor no abdome, precisava ejacular. Pus a camisinha e meti naquela bundinha. Demoro pra gozar geralmente, e isso me atrapalha. Ele cansou e tirou meu pau de dentro.

   -Você tomou Viagra? - perguntou.

   -Porque?

   -Seu pau não amolece!

   -Vai amolecer com um gostoso como você? Mas... tá, eu tomei mesmo.

   -Seu safado. Que sorriso lindo que você tem.

   -Você também. Você é todo bonito.

   Ficamos nessa rasgação de seda e não passou disso. Ele não conseguia fazer levantar o pau e eu não conseguia gozar - dois fracassados. Nos separamos, desci ao bar. O barman dessa noite era ainda mais gostoso que o da primeira. Lembrava um pouco o Tuca Andrada, porém bem mais jovem, bem mais magro, bem mais bonito. Alto, cabelo moicano, cavanhaque, charmoso, gestual sexy. Eu teria trocado qualquer cliente da sauna por ele. Teria trocado qualquer habitante de SP por ele naquela noite. O Beto também teria. Ficou boa parte da noite azarando o rapaz, que se portou com muito profissionalismo. Foi simpático, mas manteve a distância do cliente. Sobre o Beto, percebi que ele mais gosta de falar, só o via conversando, com vários caras diferentes. Quando estava subindo a escada outra vez, cruzei no meio dela com um funcionário da sauna, ex funcionário da 269, com quem eu transei algumas vezes. Pela forma como me olhou quando nos cruzamos, tive certeza de que ele se lembra de mim tão bem quanto eu dele. Continua gostosinho. Passei por ele e me voltei sorrindo. Ele é um puta safado, pegava quartos da sauna e se enfiava lá dentro comigo. Nem tenho certeza se ele é funcionário ou sócio. Lá em cima, passando pela região das cabines, vi uma que estava aberta, e dentro dela, um rapaz completamente nu, esperava. É escuro por ali, mas no corredorzinho tem luz, e reconheci o cara. É bonito, corpo lindo, forte, tatuado. Rosto interessante, bastante incomum, cabelos castanhos na altura dos ombros, levemente ondulados e um tanto armados. Um cara esquivo, de semblante fechado. Agora parecia tão desprotegido, olhando para o teto, sozinho. E nu. Fui chegando lentamente, ele me notou. Quando cheguei à porta da cabine, moveu-se para o fundo, para me dar espaço pra entrar. Fechei a porta e agora eram só o tato e o olfato nossas únicas possibilidades. Ele pouco se movia. Um corpo firme, bom de segurar, de apertar. E um cacete gigante. Eu o tocava e ele quase não respondia a nenhum estímulo. Apenas, às vezes, virava o rosto para beijar minha boca. Apalpei a bunda musculosa e percebi que ele estava lubrificado. Quando tentei afastá-lo da parede, para que virasse o corpo para mim, pegou sua toalha e saiu da cabine. Foi tão brusca a quebra de ação que me desestabilizou. Peguei minha toalha também e saí, como se nada houvesse acontecido. Ele estava parado no corredor iluminado. A impressão que dava, pelo modo como parava e me olhava, era de que tinha repensado e queria voltar. Mas cadê paciência? Pouco depois, no chuveiro, ele veio encostar o cacetão em mim, fazendo-se de descuidado. Talvez eu não tenha entendido que desde o início ele queria algo sim, mas com platéia. Preferi ignorar.

   Passei na sauna seca (ela tem duas saídas, funciona como um corredor, que liga o banheiro do primeiro andar à ala das cabines) e vi um garoto loiro sentado. Lindo, jovem. Depois cruzei com ele várias vezes nos corredores. Não conseguia perceber se ele me olhava com interesse ou por algum outro motivo. Mexia com alguns caras com bastante desenvoltura. Alto, ombros largos, cabelos bem claros com corte militar. Um molecote, mas cada vez que passava por ele, me sentia hipnotizado. Até que... olhou com mais firmeza, e voltou. Eu já o esperava. Esperava seu abraço, seu corpo molhado, seu beijo. Não houve papo algum: foi exemplarmente direto. O beijo que envolve; e se envolve. Logo segurou meu pau e eu já estava arfante de pensar em comer aquela bunda. Assim que alguém parou por ali para prestar atenção em nós, agachou e tirou meu pau pra fora. Percebi que ele gostava de se exibir naquela situação. Um coroa alto, de óculos, pôs o pau pra fora e ele chupou jundo do meu. O coroa queria me tocar e eu não me sentia à vontade. Não me atraia e eu queria o moleque só pra mim. Sem cortar o clima com o garoto, consegui afastar o coroa e os demais em nossa volta. Pus o menino de costas e lambi sua bunda, ali mesmo no corredor. É muito difícil de se ver uma bunda como aquela. Nem lembro de já ter visto outra igual. Uma bunda de estátua, mármore precisamente polido. O arrastei para uma cabine. Ali as cabines dão acesso para o labirinto, por uma abertura larga. Felizmente ninguém veio nos perturbar enquanto eu o fodia. Virei seu rosto para trás, seu beijo era delicioso.

   -Eu nunca vi uma bunda como a sua, que coisa linda...

   Ele gozou. Eu precisava gozar, era urgente. E nada! Mas que cuzinho delicioso, e que tesão eu sentia desprender-se do garoto. Manuel é o seu nome. E foi praticamente a única informação que trocamos: nossos nomes. Depois de ter gozado, ele veio me chupar, queria me fazer gozar. Custou, eu já ia ficando preocupado. Estava sempre no quase. Quase, quase, mas não concluía. Felizmente consegui. Ele conseguiu. Foi um gozo longo, farto, inteiro engolido pelo Manuel. Tomamos banho juntos, em silêncio. Eu queria continuar com ele, mas tornou-se um mal estar. Algumas vezes, quando o encontrei depois disso, tentei sorrir, esbocei um carinho, um olhar cúmplice. Não o sentia aberto para uma outra aproximação.

   Quem voltou foi o Ramon, e acompanhado. Já tinha reparado no Cássio, moço bonito, todo lisinho, clarinho, macio, corpo perfeito e cara de moleque. Eles se beijavam no corredor dos quartos e o Cássio interrompia pra falar de mim, me apontava, cochichavam, até que se aproximaram. Tinha um clima divertido entre eles.

   -Este é o meu amiguinho Cássio. Como é seu nome mesmo?

   -Yuri.

   -Yuri! Ele gostou de você. Não é bonito o Cássio?

   -Lindo, uma graça.

   -Pára! Assim eu fico mais deprimido. Se eu fosse lindo mesmo, não estaria na sauna.

   -O Cássio precisa dar pra alguém.

   -Estamos aí...

   -Ah não, vai! Não oferece no meu lugar! Você é bonito, mas não é assim também. O Ramon tá viajando.

   -Ele tá desiludido, Yuri. Veio ontem aqui, conheceu um cara...

   -Eu me envolvi emocionalmente.

   -Oh, tadinho.

   Os dois estavam meio drogados. Mexiam com todos os caras bonitões que apareciam. Um deles chamava Gustavo. Um corpo muito chamativo, uma tatuagem linda, gostosíssimo. Demos boas risadas. O Ramon fez o Cássio me mostrar a bundinha, que era linda. Ele tem 22 anos, baiano de Salvador. Mora em SP faz tempo, mas ainda tem um pouco de sotaque. Depois passaram o foco pro meu pau.

   -Olha isto, te disse que ele tem picão.

   -Olha, ele tem mesmo.

   -Eu te disse, eu dei pra ele já.

   Pegaram no meu pau, me beijaram, tudo no meio dum corredor, mas senti que não iria adiante. Resolvi descer, quase decidido a ir embora. No alto da escada, estava parado um dos caras com quem eles tinham mexido. Corpaço, um tipo bem interessante. Desci e olhei pra cima, ele também tinha virado e me olhava. Voltei e o abordei com rara cara-de-pau. Silvio, 30 anos, também baiano (de Vitória da Conquista), morando no Rio. Estava parado ali fazia tempo, observando, um pouco chocado com o esquema da casa.

   -É estranho isto aqui.

   -Estranho como?

   -Não sei... tudo. No nordeste é diferente um lugar como este.

   -Mas no Rio é igual, não é?

  -É. Deve ser, nunca fui. Namorei muitos anos, agora que estou solteiro.

   -E o que você estranha aqui?

   -Tudo. A arquitetura. No nordeste são casa luxuosas, elegantes. Aqui é tudo tão...

   -Frio?

   -Não sei.

   -Que perfume você está usando? Tem cheiro de pitangas...

   Ele parecia um pouco blasé, sempre encostado. Eu o beijava quando "as piriguetes" Ramon e Cássio interromperam. Mais um pouco e estavam comparando meu pau com o do Silvio (favoravelmente a ele, um pau delicioso). Os dois tanto fizeram que logo tinha uma roda em torno. Ramon convenceu o Cássio a dar pra mim e ele queria ali, no topo da escada. A mureta é baixa e tem um fosso altíssimo, fiquei com medo. Morro de medo de altura. Lembrei do judeu que morreu numa queda na 269. Cássio tirou a toalha, pus a camisinha e tentei meter, mas ele não deixava. Outro cara tentou também e eu fiquei nervoso com a irresponsabilidade dos caras diante daquele abismo. Eu tentava conter os corpos do Silvio e do Cássio com meu braço. Eles não paravam de fazer piada e rir, mexendo com todo mundo que aparecia. Uns caras nada a ver se aproximaram, um deles veio chupar meu pau. Silvio, Ramon e Cássio me deixaram ali, com os estranhos. Pouco depois, voltou apenas o Ramon, dizendo que um tal Gustavo tinha me achado lindo e queria me conhecer. Chamou o cara e ele ficou tímido, negou, disse que queria só conversar. Já estava na minha hora e o chamei para vir comigo. Me enfiei com ele num banheiro e tirei a toalha. Ele ficou chocado:

   -Não cara, só quero conversar. Você não deveria ser assim, ficar com esses meninos malucos. Você é um cara bonito, educado, tem que saber se valorizar.

   As piriguetes bateram na porta e foram entrando. Fingiram recato, disseram que não queriam incomodar. Gustavo disse que entrassem, que eu estava "me achando" demais, querendo seduzi-lo e ele estava se sentindo humilhado. Os dois saíram e conversei mais um pouco com o Gustavo. Parecia um bom menino e muito gostoso. Mas eu não teria tempo para tanta enrolação. Na saída, as piriguetes estavam no banheiro com o Sílvio. Este tentava mijar.

   -Quer que eu segure pra você? - perguntei.

   -Daí que eu não consigo mesmo!

   Dei um beijo na boca de cada um dos três e fui embora. Na próxima segunda, eu volto.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Na Maior Sem-Cerimônia


   Finalmente consegui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Tive a visita a um cliente desmarcada de última hora e cheguei em torno das 17h duma quinta feira fria. Já havia estado lá (dei com a cara na porta), por isso o encontrei facilmente, mas da primeira vez havia rodado várias vezes o Largo do Arouche inteiro até encontrar o número 610. Nem parece fazer parte do Largo, fica bem embaixo do Minhocão, a alguns metros do metrô Santa Cecília. Logo na recepção, via-se que a obra ainda não estava terminada. Entra-se num pequeno recinto e através de um vidro preto, o atendente entrega um envelope plástico (providencial para guardar preservativos), amarrado a um cordão de silicone, contendo uma plaquinha com código de barra. Optei pelo armário (locker) e esse código de barra é que abre e fecha a porta. Acredito que os quartos funcionem da mesma forma. É um vestiário imenso, com centenas de portas. Não vi o código de barra, não entendi como abrir o meu armário e fui procurar alguém para me ajudar. Achei o bar. O barman é um negócio! Gatão mesmo. Pelo menos o que atendia naquela tarde (a casa funciona 24h). Tinha outro funcionário ao seu lado, e era óbvio que era este quem deveria me ajudar, mas perguntei ao barman como abrir o armário. Vi pedreiros andando pra todo lado, barulho de obra. Tirei a roupa e logo me dei conta de que era o único cliente naquela imensidão.

   Ainda é difícil analisar o empreendimento como um todo, pois está inacabado e nada está funcionando 100%. Por exemplo, não há uma mísera sala de vídeo (próximo ao vestiário tem uma telinha passando pornô, num lugar em que ninguém nunca vai parar para assistir - e provavelmente todos os quartos sejam equipados com uma), tem um andar inteiro fechado, não tem piscina ainda. Pelo que pude entender, uma das saunas também está inacabada. No térreo, além da área com os armários e o bar, tem um amplo banheiro e uma imensa sauna a vapor. Os chuveiros são melhores que os da 269, acionados com o pé do usuário num botão de borracha que fica no chão, mas a regulagem de temperatura deixa muito a desejar. As torneiras funcionam da mesma forma, acionadas com o pé. Quase tudo é preto e vermelho fogo, como na 269. A sauna a vapor é labiríntica, inteira revestida de pastilhas de vidro azul. Tem uma jacuzzi transparente e iluminada que dá um efeito surpreendente - infelizmente estava gelada. Quando cheguei, esta sauna estava insuportavelmente aquecida e empoçada. Na frente da jacuzzi, ao longo do ralo, formava uma poça gelada muito desagradável. São bonitas as janelinhas redondas (tipo de navio) que ligam a sauna ao bar e corredores. O contraste da iluminação azulada do interior da sauna, com a externa, predominantemente vermelha, é interessante. O bar também é bacaninha, especialmente a estante formada de módulos enviesados revestidos com um tecido que parece lurex.

   No andar superior, muitos, muitos quartos. Um labirinto semelhante ao da 269, outro banheiro parecido com o do térreo, e a sauna seca. Acho que este é o único ambiente que estava muito bem resolvido para o meu gosto. O projeto é bonito, a forma como foi feito o revestimento de madeira e a iluminação embutida. Não gosto de sauna muito quente, e a temperatura estava bem amena (mais para um ambiente com aquecedor que uma sauna propriamente). Ao seu lado, algumas cabines, muitas faltando portas, e todas ABSOLUTAMENTE escuras. Nada pior que pegar um boy bonitão e ficar com ele no escuro, sem conseguir vislumbrar um milímetro sequer do seu corpinho. Tem um ambiente muito bem iluminado e azulejado de branco, parece uma futura cozinha. Perto da escada, três poltronas remanescentes da 269, ESFARRAPADAS, dava aflição de sentar. O som da casa é bacana, muitas vezes excessivamente alto e com longas pausas entre as faixas, mas o repertório Rocker é bem mais interessante do que o que se ouve em casa gays por aí.

   Éramos eu (de toalha e chinelo) e os pedreiros (vestidos, claro). E só, mais ninguém. Nenhum dos pedreiros me pareceu interessante, e todos pareciam muito bem instruídos em não olhar para os clientes. Era um tanto constrangedor e fiquei zanzando para me familiarizar com a "geografia" do lugar. Fiquei até com medo de andar por ali sozinho: é muito grande, muito escuro, muito novo, sem uso, sem vida ainda. Mas dá pra imaginar o que vai ser daquilo em alguns meses. Um sucesso inevitável e importante para aquela parte da cidade. Salivo só de pensar em quando os meninos do Mackenzie e da FAAP o descobrirem. Deitei na sauna seca e quase adormeci. Por volta das 18h, todos os operários se mandaram e começou a chegar gente. Não tardou a ficar bem mais animado.

   E um dos primeiros caras que pintaram era uma gracinha. Mesmo no escuro, fiquei feliz de vê-lo chegar. No breu daquele corredor (logo depois de ter dado uma topada animal num degrau triangular e muito mal localizado) o vi aparecer. Seu andar e silhueta já denunciavam exatamente de quem se tratava. Não é uma beleza clássica, de perfeição de linhas e traços. Mas era o que muito cara lindo não consegue ser: GATO. Bem alto, robusto, um pouco fora de forma, barba por fazer, cabelo castanho claro, liso, de comprimento médio, repartido ao meio, olhos verdes. Garotão, desses que encantam pela simplicidade de caráter, como uma elaboração do que é o ser masculino - ou do que deveria ser. Venho pensando bastante nisso: o que é masculino em essência, o que faz alguns homens terem essa aura de masculinidade que atrai, enternece. Talvez essa noção seja muito subjetiva, pois não falo de "macheza", de estereótipos. A mim não encanta um homem mal cuidado, falando alto, cuspindo e arrotando. Nem uma sexualidade agressiva, ou violência de qualquer espécie. Pra mim tem muito mais a ver com autenticidade, respeito, gentileza... sobriedade, leveza, despreocupação... Não seriam essas características facilmente atribuídas a uma mulher também? Não sei! Mas o garoto tinha esse "não sei o quê" de sobra. Um belo exemplo de homem jovem. Voltei à sauna seca e ele apareceu por lá, puxou papo:

   -É grande isto aqui, hein! - disse olhando pela janela.

   -Grande mesmo. E tem muitas partes fechadas ainda. Parece que vai ter mais um andar.

   -Porra!

   -Primeira vez também?

   -Aqui é, primeira vez. Mas tinha ido na 269. Logo tenho que ir embora. Demorei muito pra encontrar isto aqui.

   -Eu também. Na hora em que cheguei, não tinha mais ninguém, acredita?

   -Ninguém, ninguém? Está vazio mesmo...Achei que fosse estar bombando.

   Eduardo, 23 anos, mora em Ribeirão Preto, apenas de passagem por SP, a trabalho. Já estava sentado ao meu lado e conversava pegando no pau, com a mão por baixo da toalha. Era um pau grande, grosso, bonito. Estávamos os dois com a toalha aberta, sentados na bancada, nos masturbando e conversando. É um ambiente pequeno e os caras que iam chegando passavam por ali, e iam ficando, nos olhavam com curiosidade, e começou a ficar desconfortável. Procuramos uma cabine ali perto. São muito escuras, não há ganchos onde pendurar as toalhas, nem uma mísera cadeira: não tem nada. Nada. Pus as camisinhas no chãos e nos beijamos. Nosso contato foi muito prazeroso, tudo funcionava, fluía. A gente se chupou várias vezes e ele queria me comer. Perguntei se ele me deixava lamber sua bunda e ele respondeu que brocharia.

   -Deixa eu por a camisinha e ficar brincando nesse cuzinho? - perguntou.

   -Seu pau é muito grande, cara...

   -Não vou te machucar.

   Ele pôs a camisinha. E o discurso mudou, agora queria pôr "só a cabecinha". Sussurrava no meu ouvido, beijava minha nuca. Eu estava encostado com o rosto voltado para a parede negra de madeira, imerso no absoluto escuro. Comecei a sentir vontade de que ele me comesse. Foi difícil e demorado, e ele manteve a ereção imperturbável por todo o tempo. Lá pela metade, pedi que parasse. Tirou o pau de dentro e voltou, deslizando suavemente. Quando me dei conta, já estava inteiro acomodado dentro de mim. Só quando se movia, eu não suportava a dor, mas de resto era muito excitante. Eu sentia meu esfíncter esticado, sentia a pressão do membro em meu interior. É estranho, mas excita. Tenho pouca experiência mas venho praticando muito mais que em qualquer época da minha vida. Acho que no último ano, dei mais que no resto da vida toda. Ele me masturbava:

   -Consegue gozar com meu pau dentro?

   -Você não quer gozar?

   -Não consigo assim. Demoro muito.

   Eu gozei, urrando de tesão, foi muito intenso. Tomamos banho, conversamos um pouco, demos umas bandas pela sauna e nos separamos. Sempre que nos cruzávamos, ele me fazia um carinho, me beijava.

   -Que beijo bom! - dizia.

   Uma graça de menino.

    O segundo tinha chegado mais ou menos na mesma hora que o Eduardo. Garoto ainda, era bem bonito de rosto, corpo OK, mas com uma barriguinha esquisita. Nos encontramos nos corredores onde fica a maioria dos quartos e ele me guiou à mesma cabine em que havia estado com o Eduardo havia poucos minutos.  Não conversamos, não sei seu nome. Também não houve beijo. Assim que nos fechamos na cabine, ele abaixou para me chupar. Depois, eu o fodi com ímpeto surpreendente para quem tinha acabado de gozar. Claro que foi difícil gozar outra vez, com um intervalo tão curto. Voltou a me chupar e me masturbava com uma mão, enquanto a outra explorava minha bunda. Eu segurava seu crânio e o guiava para onde queria que sua boca se dirigisse, entre meu pau e os testículos. Algumas vezes não sinto nada quando me lambem o saco, no entanto muitas vezes fico enlouquecido de tesão. Meu coração disparava quando o menino lambia minhas bolas. Eu me masturbava e ele introduziu um dedo em mim. Quando percebeu que eu estava perto de gozar, meteu dois dedos e me fodeu com vigor. Gozei na sua boca. Pôs-se então de costas para mim, se masturbava. Eu o abracei por trás, mordiscando sua nuca e costas, até ele gozar. Seu corpo desgovernado sacudia, jogando todo seu peso em todas as direções. Eu tentava contê-lo em meus braços. A respiração funda e ofegante foi acalmando com a massagem que fiz em suas costas, nas nádegas, no pescoço. Ficamos assim por uns dez minutos, até nos despedirmos.

   Tinha mais uns caras interessantes na sauna quando voltei a circular: um alto, com tipo de gringo e rosto muito bonito (apesar de o corpo ser meio desproporcional); um garoto moreno, de corpo bem bonitinho.  E outro novinho, loiro. Apareceu no corredor e me chamou para uma cabine perto do labirinto. Pus a camisinha e comi. Mas eu tinha gozado duas vezes em pouco tempo e perdi a ereção. Ele veio me chupar e lambeu minha bunda. Não percebi quando tentou meter o pauzinho em mim. Assim, sem aviso, sem camisinha, sem lubrificação - e sem noção. Apesar de ser um pau pequeno e fino como uma salsicha, que dor lascada! E que ódio!
 
   -Porra moleque, não faz isso, caralho! - gritei.

   Ele não se deu por vencido e voltou a me chupar. Até conseguiu me reanimar e eu fiz bobagem. Meti nele sem camisinha. Dei umas estocadas e tirei, saí da cabine.

   Desci, precisava descansar e ver as horas. Passando pelo bar, vi um dos funcionários da casa, que tinha trabalhado na 269. Ele é bonitinho, fiquei com ele algumas vezes nos quartos da 269. Dentro da sauna a vapor, tinha um coroa até interessante, saradão. Reparei mais num outro cara, de barba bonita, escura. Bem alto, costas largas, corpo razoável, rosto bonito. Tinha um pouco de barriga, talvez mais um problema postural que de gordura. Voltei ao primeiro andar e pouco depois ele veio sentar junto de mim numa das poltronas esfarrapadas do corredor. Roberto, 28 anos, mineiro, faz pós em SP duas vezes por mês. Visto bem de perto, conversando (apesar do sotaque mineiro pelo qual tenho uma incorrigível e gratuita antipatia) era muito agradável e seu rosto, encantador. Ficamos excitados e apareceu um outro cara, que parou diante de nós. Corpo bonito, nada extraordinário, mas bastante desejável. Magro, claro, todo lisinho, pés bonitos. Como paramos para olhá-lo, ajoelhou, na maior sem-cerimônia possível, e engoliu meu pau. Roberto olhava tudo com atenção e pôs o pau pra fora. Lindo. Eu acho lindo o pau com prepúcio volumoso. Nos beijamos, suavemente de início. Conforme o beijo foi esquentando, e consequentemente fomos perdendo contato com o cara que me chupava, este nos deixou a sós. Procuramos por uma cabine, várias delas não tinham trinco. Quando encontramos uma que fechava, Roberto observou:

   -Não tem luz alguma aqui... venha aqui, quero te ver no claro.

   Me levou a um dos banheiros. Foi meio difícil encontrar um que estivesse limpo, em condições de uso. Realmente era uma outra coisa chupar aquele pau no claro.

   -Ele não abre todo? - perguntei.

   -Não, só até aqui. Vou operar. Na verdade isto é uma despedida.

  Pela fimose, a glande não se expunha completamente. Deve dar um trabalhão pra deixar limpinho como estava.

   -Mas não tira tudo, é tão bonito assim.

   -Não, não vão tirar. Acho que vai ficar quase igual. Também gosto assim.

   Ele me chupou também e eu quase gozei. O virei de costas e lambi a bunda dele. Cuzinho apertado, quase oculto por pelos que se agrupavam só ali, entre as nádegas. Saquei que ele não ia dar pra mim. Em mais alguns minutos nos separamos.

   Eu tinha hora, ia assistir a um show do Arrigo Barnabé, ali perto, no Sesc Anchieta, às 9h. Fui me trocar. Quando eu estava quase completamente vestido, no armário exatamente ao lado do meu, chegou um cara beeem interessante. Gostoso pra caralho - pra ser mais preciso.

   -Cara, como será que abro este armário? - perguntou.

   -Empresta aqui o cartão - ensinei.

   -Pô, valeu! Tá indo embora?

   -Tô, tenho um compromisso. Cheguei na hora errada, né? Que droga...

   -Agora é a hora, fica aí! - disse rindo.

   -Tenho que ir mesmo.

   -Como está a coisa aí dentro?

   -Fraco.

   -Eu queria que tu ficasse. Você é lindo.

   Me beijou. Muito bem, diga-se. Eta homem cheiroso! Eta boca gostosa! Estava só de jeans e chinelo, e era visível que seu pau já estava em ponto de bala. O meu também. Enquanto nos beijávamos, peguei no pau dele, sobre a calça.

   -Eu queria te chupar.

   -Você tá me deixando louco.

   Terminei de me vestir, peguei minhas coisas no armário e o chamei para irmos ao banheiro, ali ao lado. Tirou a calça, enrolou-se na toalha e me seguiu. No térreo, os banheiros também estavam meia-boca. Peguei o mais espaçoso deles, destinado a cadeirantes, que estava OK. O nome dele é William, clínico, 40 anos. Ficou satisfeito por eu dizer que não aparentava essa idade, mas era uma meia verdade. É um homem bem bonito, alto, um touro de forte. Corpo largo, maciço, naturalmente sem pelos. Os cabelos, cortados rente, começam a branquear. Ele aparenta a idade que tem, mas em ótima forma. E tem um pau delicioso. Talvez eu não seja tão exigente, pois acho a maioria dos paus dos caras que me atraem, deliciosos. Ou talvez eu tenha um radar pra escolher caras com paus deliciosos.

   -Levanta, vira aqui que eu quero ver a tua bunda. Olha que bundinha gostosa. Quer dar pra mim? - perguntou.

   -Não. Seu pau é muito grande.

   -É nada. Devia ter pego uma camisinha... Pega lá.

   -Tenho que ir.

   -Só a cabecinha, deixa.

   Ele já estava quase metendo em mim. Virei de frente pra ele.

   -Já deu pra alguém aí hoje?

   -Até dei. Não sou de dar, mas dei.

   -Pegou vários caras?

   -Peguei os que me interessaram.

   -Você pega mesmo, pega quem você quiser. Você é lindo.

   -Até parece.

   Minha voz estava sumindo. Acho que fiquei um pouco tímido. Era estranho estar vestido na sauna, de pegação com um desconhecido pelado. Estranho e excitante. Fico constrangido quando o cara chega dominando geral, como se pudesse fazer comigo o que bem quiser. Agachei outra vez pra chupar.

   -Peraí que assim eu gozo!

   -Goza.

   -Agora não, tô chegando, bonitão. E você tá indo embora.

   -Vem aqui, deixa eu te chupar mais um pouco.

   Ele veio, eu chupei e me masturbei até gozar. Ofereceu sua toalha para eu me enxugar. 

   -Vou indo então... Estou atrasado.

   -Espera, eu saio com você.

   Foi mijar. Jorrava com muita força, demorado. 

   -Pega meu celular, quero te ver outra vez. Você me dá um puta tesão.

   Anotei seu nome e celular na minha agenda. Me despedi com uma palmada na sua bunda e um beijo na nuca.

   Arrigo Barnabé é o cara!  

domingo, 27 de maio de 2012

Baba nas Coxas


   Quinta-feira à tarde, fui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Dependendo do horário, não me sinto muito à vontade no centrão. Além da feiura e degradação, dá medo: fui assaltado ali perto há alguns anos e fiquei meio traumatizado. Três demônios me espancaram por um mero celular. Foi difícil encontrar o tal hotel e, ao chegar, fui informado de que ele fechou, uma semana após a inauguração, para finalizar a obra. Que fazer? For Friends salva!

   Fazia quase um mês que eu não entrava ali. No chuveiro, ao meu lado, tinha um belo homem. Um belo de um velho, na verdade. Em geral não sinto atração por caras mais velhos que eu, mas era um puta corpão, cabelo farto completamente branco, cortado curtinho, rosto muito jovem, pele bronzeada. Só dava pra ver que tinha idade por causa do cabelo. Talvez nem fosse tão velho mesmo, mas o cabelo era branco, branco, branco. Fiquei com vontade de pegar, tive chances (diversas vezes ele se insinuou e, ainda por luxo, sabia ser sexy o coroa!) mas as desperdicei. Provavelmente por puro preconceito.

   Também de passagem pelo chuveiro, olhei um garoto que se lavava. Reparei mais no pau dele, bonito de doer. Um cara branquinho, sem pêlos, usava uma barbinha curta. Não tinha nada de mais (exceto o pau) mas é o tipo de cara de que gosto. Na sauna tinha outro cara com as mesmas características, eu os confundia toda hora. O outro era até mais bonitão, mas foi o primeiro que veio sentar ao meu lado na sala de vídeo. Ali, à meia luz, me pareceu bem bonito de rosto. Chama Renato, 23 anos, DJ. Além de DJ tem uma outra profissão que eu esqueci completamente. Ficamos no sofá conversando e nos pegando por mais de uma hora. Todo ele cheiroso, macio. E aquele pau. Tenho um amigo que não entende quando eu digo que fulano tem um pau bonito: "Mas bonito por quê? Pau não é tudo igual?". E é viado quem me fala um absurdo desses! Pois o pau desse Renato é lindo, lindíssimo. Chego a ficar emocionado quando encontro um destes. Sem cinismo, me emociono mesmo. Além disso, é um menino super querido, me enchia de carinhos e elogios. Quando um magricelo veio sentar ao nosso lado, sugeri que fôssemos para o banheiro.

   Na cabine a iluminação é bem melhor e fiquei um tanto decepcionado com o resto dele (o pau é sempre a exceção). Um tanto fora de forma para a sua idade, cabelo desleixado, meio falho. Não era bonito definitivamente. Mas tinha aquela joia no meio das pernas. E era fofo, muito fofo. Às vezes acontece de o tesão do outro nos contagiar. Pediu algumas vezes que eu encostasse na parede para olhar pra mim:

   -Puta que o pariu, como você é gostoso! Nem sei o que fazer com você...

   Eu me sentia bonito mesmo, tinha tomado sol e acabado de cortar o cabelo. Fizemos basicamente sexo oral. Fiz menção de meter na sua bundinha, mas não fui adiante. E quando ele me imitou, cheguei a considerar receber aquele pinto lindo dentro de mim. Reconsiderei pelas dimensões bem além dos meus mais entusiasmados arroubos de "passividade". Mas não me fartava nunca dele na minha boca. Não se tratava de apenas mais um órgão genital masculino. Tamanho, formas, textura, cores, cheiro, gosto - uma festa! Imodestíssima! Se ele tivesse um corpo mais bem cuidado e raspasse aquele cabelo feioso, seria um partidão. Continuei chupando, mesmo quando ele anunciou que estava para gozar.

   -Onde você quer que eu goze?

   -Em mim.

   -Pode gozar na sua cara?

   Gozou na minha boca, no meu colo. Eu cuspi e continuei chupando até que murchasse. Tão lindo, tão lindo...

   Depois do banho, de passagem pelo vestiário, vi um cara bonito se vestindo. Senti uma pontada no coração por ter ficado tanto tempo com o Renato e deixado aquele homem me escapar. Ele me olhou também, com evidente interesse. Nos cruzamos e depois de alguns passos, voltei. Estava agora secando os cabelos no hall embaixo da escadaria. Nos olhamos novamente e eu prossegui, como se espera do idiota que sou. Já ia subindo as escadas, quando ele me chamou.

   -Hei, tudo bem?

   Voltei:

   -Já está indo embora? - perguntei.

   -Já, tenho que ir. Por que?

   -Que pena...

   -É, uma pena... também acho.

   Me beijou. O secador ligado esquentou minha orelha direita. Seu nome é Caio, 31 anos, matogrossense, moreno, por volta de 1,80m, rosto muito interessante, de traços latinos e um corpo absurdo. Mesmo já estando completamente vestido, era impossível não perceber que seu corpo era um assombro. Disse que precisava passar em casa antes da aula de inglês. Contou que trabalha numa marca de moda, patrocinadora de um grande evento internacional, e que vive na estrada por conta disso. Bastante desenvolto com as palavras, dava a impressão de engrandecer tudo, mais por imaginação, que por malícia.  Talvez até por alguma insegurança. Falou muito sobre a empresa, usando aqueles jargões afetados e sobre sua frustrada carreira de cantor em alguns programas televisivos. Falou algumas abobrinhas sobre canto, mas entoou de brincadeira uma frase musical com voz muito bonita e segura. Contou do período em que morou em Buenos Aires e do namorado argentino com quem morava - um relacionamento tumultuado, cheio de brigas e desentendimentos. Disse ter fechado uma venda milionária naquela manhã e recebido uma tarde de folga do chefe. Tinha chegado perto das 14h e estava cansado da sauna. Vários dados desencontrados sobre suas conquistas profissionais confirmaram a impressão inicial de ser um mentiroso compulsivo. Trocamos Facebook e nos despedimos com outro acalorado beijo. As fotos do seu perfil são um pouco bregas e seu rosto não é muito fotogênico, mas o corpo é tudo aquilo que eu imaginei. E um pouco mais.

   Tinha um garoto inconveniente; onde quer que eu fosse, lá ele estava, e seus olhos arregalados, querendo relar em mim, passar a mão. Baixinho, moreno, cabeça raspada, tinha um corpo bem bonzinho, mas o rosto era sem qualquer atrativo. E era chato pra caralho. Eu tinha visto um gostosão e tentava chegar perto, lá no lado escuro (sem um ponto de luz naquela noite). Era um coroa meio bombado (uns quarenta e poucos anos), corpo bonito, rosto interessante, apesar do nariz imenso. Pois o baixinho se colocou na minha frente, entre mim e o cara, e continuava me intimando. Por coincidência, outro carinha se pôs ao seu lado, se insinuando pra mim também - não sei se estavam juntos. Fiquei até lisonjeado com aquela dupla demonstração de interesse, mas não dei corda. O baixinho pegou em mim e veio se encostando. Afastei sua mão e saí. Me sinto mal nessas situações, fico chateado e não deveria. Quem toma liberdades dessa maneira, está se sujeitando a uma negativa brusca. O coroa tinha desaparecido e eu voltei para o claro. Encontrei o Roger (para variar) e conversamos um pouco. O coroa passou por nós e o Roger pôs defeito e disse que ele nunca fica com ninguém na sauna. Me passou a cantada de sempre e comentamos bunda de um garoto que tinha passado. Ele foi lá tentar a sorte e voltei para o escuro, atrás do coroa.

   Foi fácil, o encontrei logo e ele mordeu a isca prontamente. Era um tanto limitado, não queria beijar na boca, nem que eu tocasse na sua bunda. Quando consegui lamber seu cuzinho, já tinha um monte de gente em volta perturbando. Fomos para o reservado e finalmente nos beijamos. Eu não ia dar, ele também não, decidimos parar por ali. Mas foi bem enfático ao se despedir:

   -Se mudar de ideia, estou aí por dez minutos ainda. Queria muito te comer, hein!

   Saí dali e encostei numa parede ao lado, ainda de pau duro. Passou um moleque que eu já tinha visto no andar de baixo, e parou numa porta, olhando pra mim. Eu queria mesmo que alguém me chupasse e fui lá. Parei diante dele e nem precisei pedir. Agachou e me deu um bom trato. Depois começou a ficar nojento, ele salivava muito, escorria pelas minhas pernas. Foi me dando uma tremenda aflição mas não sabia como pará-lo, dizer que não queria mais. Estava torcendo pra que um de nós gozasse, quando apareceu um loiro do meu lado, completamente nu. Era um corpo bonito, dava para perceber que sua pele era lisa e macia. Eu o atraí para perto e pus o menino para chupar os dois paus ao mesmo tempo, enquanto eu explorava a nova bundinha do pedaço. Era deliciosa. Ele gemia e soltava algumas palavras ininteligíveis, com uma voz muito grave. Fiquei atrás dele, pus a camisinha e comi. Ali mesmo, no meio da sala escura. Não tinha ninguém por perto, só o outro cara que continuava ajoelhado no chão, chupando o pau do loiro. Foi um pouco difícil a penetração, ele era bem apertado. Vi o Felipe subindo as escadas enquanto eu fodia o cara. Isso me tirou um pouco a atenção do que estava fazendo. Acho o Felipe um bonitão e um cara bacana. Queria conhecê-lo melhor, mas não vai rolar, ele me evita agora. O loiro gozou antes de mim, pra variar.

   Tomei outro banho, me livrei daquela baba nas coxas. Eu queria gozar, precisava gozar. A sauna estava quase vazia. No vestiário vi um cara chegando. Era óbvio que era estrangeiro e tinha um rosto lindo. Alto, magro, bronzeado, cabelo loiro cinzento cortado bem rente e olhos de um azul transparente. Começou a se despir e eu subi para o primeiro andar. Sentei na sala de vídeo e em alguns minutos ele apareceu por lá também. De onde eu estava sentado, vi o Felipe sair de um dos quartos com alguém. Seu corpo de nadador me excita muito, especialmente a bunda, pequena e escultural. O rapaz veio sentar ao meu lado. Foi muito rápido e direto. Seu sorriso era deslumbrante, tentador. Parisiense, seu nome é Loic (eu nunca tinha ouvido esse nome da vida e só compreendi quando o soletrou), 31 anos. É bancário e tirou um ano sabático para dar a volta ao mundo. O Brasil é sua última parada, onde fica por cinco semanas -  havia chegado na manhã daquele dia. Nos comunicamos em inglês, que ele fala muito bem, com pouquíssimo sotaque; e eu, que geralmente me comunico bem em inglês, me atrapalhei várias vezes durante nosso papo. Nos beijamos ali no sofá e ele me chamou para irmos para um quarto. Ele não sabia que tinha de alugá-los para pegar a chave. Fomos para uma cabine do banheiro mesmo. O corpo dele não é tão bonito, bem magro e alto (1,93m), só as pernas são bem torneadas. E o pau é enorme. Estava com uma marquinha de sunga, o corpo todo meio avermelhado de sol e a bunda bem branca. Nos chupamos e fodi violentamente seu buraquinho cor-de-rosa. Depois do banho ele queria fumar. Foi buscar o cigarro no armário e fomos para o jardim externo. Falou um pouco do seu itinerário e contou alguns acontecimentos. Nada tão interessante como se esperaria de quem passou um ano viajando por lugares tão diferentes. Deu mais ênfase aos homens - disse que Cuba e Argentina são os melhores lugares do mundo pra pegar homem bonito. Tem ouvido dizer que os homens brasileiros são os mais sexy do mundo mas que têm pau pequeno. Como eu fui o seu primeiro brasileiro, ficou mais aliviado quanto às nossas medidas. Eu disse que quando soube que ele era francês, também tinha ficado apreensivo, pensando que ele poderia ser meio sujinho. Apesar de fumante, era muito cheiroso. Pediu algumas informações de lugares onde ir em SP e pareceu bastante bem informado, inclusive sobre nomes de ruas e bairros.

   Um garoto veio sentar com a gente e puxou conversa, queria saber de onde nós éramos. Seu nome é Douglas e é muito simpático. Tem 23 anos, gaúcho, morando em SP há poucos meses. Tem um tipo bom, mas não é atraente pra mim. Loic foi dar uma sapeada na sauna mas, não encontrando nada interessante, voltou a sentar no jardim. Resolvi ir embora e ele disse que iria junto. Fomos conversando até o metrô. Descobrimos que tínhamos visitado a mesma exposição no MASP (quase no mesmo horário), cortado o cabelo no Retrô e almoçado no Athenas. MEDO. Combinamos de nos encontrarmos no final de semana para uma balada que acabou não dando certo (desta vez por minha culpa).

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tem Cara Que Goza a Seco

Chovia quando cheguei à For Friends. No dia anterior, quarta-feira, a chuva tinha sido devastadora - todos estavam apreensivos - mas desta vez veio apenas uma chuvinha bastante corriqueira - leve e até simpática. Cheguei molhado, chupando um picolé de maracujá. Enquanto me despia, dois caras rodeavam. Um deles eu já conhecia, tinha ficado com ele havia uns meses. É um tipo de beleza sem vida: boa altura, corpo lindo (todo inflado de bomba, mas não dá pra negar que é um corpo e tanto), rosto cheio, de olhos azuis; um homem bonito. E só. A verdadeira beleza tem diversas camadas - é complexa, profunda, instiga e perturba. Pode conter até feiura. Ou loucura. Ou tristeza. E geralmente contém. E mesmo que esse cara não passasse muito de uma beleza vazia, fiquei com uma vontade de comer de novo... E tinha o outro: também musculoso (mas um corpo mais natural), usava barba, tinha pêlos bonitos no peito. E transbordava lascívia no olhar, no andar de fera enjaulada. Reclamou para o primeiro:

   -Que bosta de chuva, hein?

   -Fica aí, ô!

   -Não, preciso ir...

   Se foi, não sei; não mais o vi. Quem eu topava onde quer que eu fosse, era o bombado de olho azul. Nos encontramos finalmente no corredor da sala de vídeo do primeiro andar. De pé, ele assistia ao filme, pegando no pau, sobre a toalha. A bundinha estreita e arrebitada, os músculos peitorais volumosos, lisos, redondos. Que corpo! Olhou pra mim, sorrindo como bobo. Moveu-se para uma cabine do banheiro e eu o segui.

   Porta fechada, em silêncio sepulcral despem-se de suas toalhas. Um certo mal estar entre dois estranhos que não se falaram e estão prestes a invadirem-se mutuamente pelo impulso cego do desejo. E quando se tocam, tudo é simples e natural. As bocas se unem e vasculham pelos corpos aquelas sensações já conhecidas e sempre renovadas. Que bunda! Que bunda!! Que bunda!!!

   Comi, claro, e foi bom novamente, e passou, sem importância alguma além do momento em si. Acabei de tomar meu banho e desci pela escadaria da frente. Ao passar pelo vestiário, houve uma troca de olhares promissora. Eu o reconheci imediatamente: ator de televisão. Já o tinha visto no teatro também, completamente nu no palco, um corpo impressionante, uma voz extraordinária. Desde minha adolescência o acompanho de longe, e agora parecia tão ao meu alcance. Apesar do olhar interessado que me lançou, fiquei nervoso. Sentei próximo do vestiário. Queria confirmar o seu olhar. Mas demorava e demorava. Parecia haver algum problema: ele falava com os funcionários da casa (com certa intimidade), ia de lá pra cá. Fui dar mais uma geral na sauna. Até tinha uns caras razoavelmente interessantes. Na volta, passei pelo tal ator novamente. Vou chamá-lo pela inicial R. Estava parado no corredor que leva ao bar. Seu olhar era muito direto, seguro, penetrante. Quem ficou atrapalhado fui eu. Geralmente sou eu que encaro diretamente quem me interessa, e estes se fazem de desentendidos. Passei por ele, por esse olhar devorador e me fechei no banheiro. Fui mijar, mas fui também me esconder por um instante, do olhar que me invadia. Não que isso fosse desagradável, pelo contrário. Mas me senti fragilizado também, ansioso, inseguro. Na volta ele já não estava no mesmo lugar. Voltou a aparecer em 10 minutos, na ducha do primeiro andar, na frente da sauna. Nos olhamos outra vez e eu entrei na sauna. Veio logo atrás - sempre a mesma segurança no olhar, na postura. Sentou do meu lado e me tocou. Sem grosseria, sem forçar a barra. Nos beijamos. Eu mal podia acreditar em meus sentidos. Uma coisa parecida aconteceu na 269, anos atrás. Era também um ator, um homem lindo. Transamos (foi uma das melhores transas da minha vida) e eu só fui saber depois quem ele era, durante o nosso papo no bar. Ele não gostou de ser reconhecido (na época ele não era muito famoso) e me dispensou. Depois pensou melhor e quis um repeteco. Até hoje não acredito que dispensei uma segunda transa com aquela delícia. Mas voltemos a R e ao nosso beijo dentro da pequena sauna do primeiro andar. Atores sabem usar o corpo e as emoções, o olhar, a respiração, manter a calma, manter o jogo. Eu não sou ator - parei o beijo para secar meu rosto:

   -Tá muito quente aqui.

   -Vem, vamos sair.

   Tomamos uma ducha. Pedi que ele me aguardasse perto dos quartos, que eu ia buscar uma chave. Voltei um pouco trêmulo, nervoso. Quando fechei a porta, respirei mais aliviado - estava agora sozinho num quarto com R. Tirei lentamente a sua toalha. O corpo liso, ainda úmido, cintilava a luz do abajur. Costas largas, braços fortes, expunham cada fibra muscular, cada veia sob a pele fina. E as pernas, a bunda, o abdome - um puta corpo! Seu rosto também é muito interessante, tenso, de angulações nada óbvias e profundos olhos verdes.

   -Você curte o que? - quis logo saber.

   -Sou ativo. (Pausa) Geralmente... - completei. Se ele só quisesse me comer, acho que eu dava.

   -Gosta de foder? Como é seu nome?

   -Yuri.

   -Gosta de bunda, Yuri?

   Eu sorri timidamente. Fiquei bobo.

   -Gosto.

   -Tem que gostar mesmo. Meu nome é R.

   -Eu sei.

   -Sabe, é?

   -Sei, te vi na peça tal.

   -Ah é? Eu adorava fazer aquilo!

   -Era um espetáculo muito bonito mesmo.

   -Não era?

   Deitamos, nos beijamos muito. Beijei seu corpo, seu pau. Grandão, bonito. Tinha um acessório de borracha na base. Não entendi logo de cara:

   -O que é isto?

   -Hum... É um... (tentava encontrar o termo) um cock ring.

   Me explicou mais ou menos como funcionava e que achava que dava mais prazer. Levantei suas pernas e meti a língua no ânus. Ele se contorcia. Suas pernas abriram completamente no ar, em espacate.

   -Que língua gostosa! Vem aqui, quero chupar seu pau.

   Eu deitei no seu lugar, ele arrumou meu travesseiro.

   -Você é tão cheiroso, gato! Sua boca cheira gostoso, tem cheiro de beijo. Olha esta rola!

   O abajur iluminava de perto seu rosto engolindo meu pau. Os cabelos lisos, brilhantes, escorriam pela testa. Do nada, ele parou tudo, ajoelhou rápido na cama, a respiração presa, segurando o pau com uma das mãos e a outra espalmada em atitude de suspensão. Contrações corriam-lhe corpo de alto a baixo.

   -Você gozou?

   -Só um pouco.

   Eu não vi nada. Veio me beijar de novo:

   -Foi uma sorte te encontrar aqui hoje. Olhei por aí e só vi umas bichas de quinta.

   -Tem muito velho aqui...

   -Eu gosto até, às vezes me atrai. Mas, não sei, gente suja. Não gosto. Fui lá em cima, o cara com o pau sujo...

   -Tem uns caras sem noção.

   -Muito sem noção! Eu gosto de vir aqui, pegar um cara que nunca vi na vida. Me dá tesão, assim como estamos aqui, agora...

   -Você vem sempre?

   -Venho de vez em quando. Tenho um relacionamento - disse mostrando a aliança na mão esquerda.

   -Ah, sim... Mas...

   -Temos um acordo tácito. Estou com ele há muitos anos.

   -Ele sabe que você vem aqui?

   -Não, nem desconfia! Assim... ele é menos sexual que eu (pausa). Eu acho, não sei. Ele não é como eu, não tem a mesma necessidade, sabe?

   -Mas por que nunca falaram sobre isso?

   -Não precisa. Eu descobri super-por-acaso um rolo dele com um cara. Acho que foi só uma transa, nem sei. Sempre tive as minhas historinhas também. Ele não teve como negar (pausa). Mas negou... Foi chato, constrangedor. Acabamos nem conversando sobre isso direito. Nos damos muito bem, a gente se gosta, temos muito em comum, uma vida que construímos juntos.

   -Deve ser estranho.

   -O quê?

   -Sei lá, vocês não conversam sobre isso.. E conversar também seria estranho... Mas não é meio arriscado você vir aqui? Você é uma pessoa pública...

   -Ah não, nem penso nisso. Não sou tão famoso. Uma celebridade de segunda categoria. Fiz pouca Globo.

   -Digo, é mais fácil de chegar até ele uma história dessas.

   -Não ligo mesmo. E você, tem namorado também?

   -Não.

   -Sério? Só porque não quer.

   -Nunca tive.

   -O quê?

   -Namorado.

   - Como assim?

   -Nunca tive. Nunca rolou um lance mais sério. Ou mais longo.

   -Não acredito! Mas você nunca se apaixonou por ninguém?

   -Já, claro. Mas nunca foi recíproco. E de outra forma, não me interessa. Mas eu sou muito fechado, chato pra caramba...

   -Mas deve ter um monte de menino querendo namorar você.

   -Nem tem.

   Ficamos nos olhando um tempão; nos olhos, no fundo dos olhos. Olhar um desconhecido em silêncio, a um palmo de distância, pode ser constrangedor. Sempre é, na verdade. É  muito mais íntimo que apenas transar. Os dois estão expostos, desprotegidos. E é muito bonito e prazeroso também. Expôr-se e invadir o outro. Ele passou o dedo no contorno do meu rosto.

   -Que boca linda. Você é gato mesmo.

   -Ah vá... Valeu. Você também, seu corpo é incrível. Quantos anos você tem?

   -43.

   -Mentiraaaa!

   -Verdade. E você?

   -38.

   -Com essa cara de menino! Vem aqui. Lambe o meu cu de novo, daquele jeito que você me lambeu.

   Pus ele de quatro, de costas pro abajur. Era uma bunda linda, me deixou louco. Botei a camisinha e meti. Logo perdi a ereção. Meu pau é grosso, mas ele tem um relaxamento grande, e eu não sentia muito. Meti um dedo, dois.

   -Põe dois dedos em mim.

   Pus três, quatro. Achei que fosse fistar o cara. Passei lubrificante na mão. A ideia me excitou, mas não rolou. Nos excitamos mais e eu meti sem camisinha. Fizemos alguns movimentos e ele interrompeu.

   -Sem camisinha não pode, gato.

   Eu coloquei outra e meti. Perdi a ereção outra vez.

   -Com camisinha não tá rolando... que pena...

   -É, acontece comigo também às vezes. A gente perde a sensibilidade com a camisinha. Vem gozar em mim, quero no meu peito.

   Deitou na cama, eu fiquei por cima, ajoelhado, me masturbando. Ele gozou. Parecia seco de novo. Eu não consegui:

   -Eu tinha acabado de gozar quando te encontrei, não vai dar.

   -Você me fez gozar três vezes.

   Eu não vi uma gota de porra. Sei lá, tem cara que goza a seco. Conversamos mais, sobre artes, nossas atividades profissionais e nossas famílias. É um cara legal, simpático.

   -Devem ser mais de oito horas, né? - perguntou.

   -Será?!

   -É, tá pensando o quê? Vamos tomar um banho.

   No chuveiro ele me mostrou um sabonete que tinha trazido. Diz que tem pavor de pegar chatos na sauna e passar pro marido.

   -Nossa, que nojo!

   -É, imagina! Usa o sabonete também. Passa e deixa uns minutos.

   Depois do banho, fomos nos trocar. Ele pegou o meu telefone e deu um toque para eu ficar com o dele. Fiquei assistindo ele se vestir, passar seus cremes, um verdadeiro ritual de cuidados com a pele.

   -Eu não tenho essa paciência...

   -A minha pele é muito seca. Sem creme, ela repuxa, não dá.

   -Por isso que você está assim, podia dizer que tem dezoito anos a menos.

   -Eu, dezoito anos??

   -Dezoito a menos.

   -Ah!

   Saímos juntos. Sempre esqueço que lá não aceitam cartão de débito - só de crédito, que eu não uso. Eu não tinha o dinheiro todo na carteira e ele rachou a despesa do quarto comigo. Como era o dia do seu rodízio e ia pegar um táxi na esquina, ofereceu uma carona até o metrô. Sentamos atrás e ele ia me dizendo umas sacanagens, coisas como: "Você vai chupar o meu cu de novo?". O motorista olhava pelo retrovisor e eu fiquei com um pouco de vergonha. Fiquei excitado também. Nos despedimos com um beijo desencontrado e pensei que não fôssemos nos falar nunca mais. Mas ele ligou hoje. E amanhã tem mais.

Editado:
Nos encontramos perto do Centro Cultural São Paulo, onde fui ver uma exposição e ele me levou a um motel próximo. Pareceu bastante familiarizado com os funcionários, disse que sempre pedia o mesmo quarto (que era claro, impessoal e limpo). Havia um espelho grande recostado na parede em frente à cama. Ele gostou de ver por trás, pelo espelho, meu pau fodendo sua bunda. Broxei algumas vezes e não consegui gozar novamente. Eu estava deprimido ainda, dois anos após um acontecimento traumático. Ele não pareceu se incomodar muito. Depois que gozou, quis ir embora logo, tornou-se extremamente frio e prático, com alguns toques de superioridade. Fiz questão de pagar metade do valor do quarto. Ainda me perturbou um pouco com mensagens, parecia estar interessado em me manter como amante fixo, e, aterrorizado, fui dando um gelo. No ano seguinte, nos encontramos num evento social, ele ao lado do marido e de uma grande dama do teatro nacional, fiz a egípcia. Na última semana ele morreu, de uma forma muito triste, doente, jovem ainda, talentoso, subaproveitado, como a maioria dos talentos artísticos brasileiros. Se houver algo além da carne, desejo que fique bem, siga evoluindo, criando e sendo belo. Evoé

terça-feira, 17 de abril de 2012

Qual o Sentido Disso?


   Domingo de Páscoa. Fui ao parque da juventude (não conhecia e achei muito legal) assistir ao show Recanto, da Gal Costa. Fiquei extasiado por vê-la tão bem, bonita, à vontade em cena, interpretação limpa e poderosa, cantando lindamente, a voz irrepreensível, com seu brilho renovado por um trabalho novo e arrojado. Poder ouvir canções que me marcaram tão profundamente como "Da Maior Importância" (que Caetano Veloso compôs para e sobre elaao vivo, em arranjo próximo do original (FODA), me levou às lágrimas. E era apenas a primeira canção. Foram quase duas horas de show, debaixo dum sol muito forte e eu queria mais. Ela e os excepcionais e jovens músicos Pedro Baby, Domenico Lancellotti e Bruno Di Lulo tocaram todas as faixas do CD Recanto e o público sabia tudo de cor. É um disco que se torna mais belo quanto mais ouvido. Cantou também "Mãe", "Meu Bem, Meu Mal", "Minha Voz, Minha Vida" e "O Amor", entre outras jóias de seu repertório, todas compostas por Caetano ("O Amor", sobre poema de Maiakóvski), e ainda Gil, Chico, Ben Jor. Fã incondicional da Gal, de sua voz única, de sua imensa inteligência musical e sensibilidade interpretativa, de sua grandiosa trajetória, fiquei eufórico e emocionado com a apresentação.

   Depois do almoço - sauna. Fui para a For Friends. Cheguei a pensar em checar a Splash, mas deu preguiça. E eu tinha compromisso importante às 23h. Até que tinha bastante gente, porém, até anoitecer, ninguém que me chamasse a atenção. Tomei um banho e me joguei no sofá da salinha de vídeo do primeiro andar. Apareceu na porta um cara alto, bronzeado. Em menos de um minuto ele estava com meu pau dentro da boca. Continuei assistindo ao filme displicentemente. E outro cara apareceu na porta: tipo interessante até, com suas tatuagens espalhadas pela pele branca. Em menos de um minuto, ambos dividiam irmãmente meu pau em suas bocas. Eu estava menos interessado no filme agora. O primeiro percebeu que eu estava bem mais inclinado ao novo visitante, e se mandou. Além das tatuagens, tinha um anel peniano, coisa que eu vi poucas vezes na vida. E acho que não gosto. Pra que acessório no pau? "Como querer caetanear o que há de bom". Ajoelhou na minha frente pra me chupar e toda hora queria passar o pau melado na minha bunda. Cansei, saí. Depois de um tempo, fui percebendo que ele tem alguma coisa de maluco, de tantã. Tinha um garoto baixinho que era bonitinho até, mas só fazia andar de lá pra cá. Quando alguém chegava perto, ele fugia. Parou no mictório e ficou me olhando com o pau pra fora. Eu cheguei do lado e botei o meu pra fora também. Ele segurou, puxou minha mão pro pau dele. Em segundos escafedeu-se.

   Nessa tarde revi dois caras com quem já tinha ficado na sauna: Daniel e Jucélio. Tive a segunda impressão diferente de ambos. O Daniel estava bem bonito, corpo super em dia, cara ótima. Mas, apesar de nossa transa ter sido boa, ele foi ríspido quando terminou, e eu não tentei me aproximar desta vez. Já o Jucélio me pareceu bem menos interessante. Ainda assim, tentei chegar nele, mas não deu em nada. Revi ainda meu primeiro analista, o Fábio. Já o tinha visto na 269, anos atrás, mas me escondi e ele não me viu. Nessa época eu tinha acabado de interromper a terapia com ele (que teve um fim problemático) e achei que ele se constrangeria com o nosso encontro nessa situação. Ele é bonitinho, loiro de olhos muito azuis, está fortão agora. Fui lá falar com ele, e, meio desajeitados, conversamos rapidamente. Foi tranquilo, apesar de tudo, e ele não precisamos mais ficar constrangidos nessa situação.

   Estou perdendo a vontade de escrever. Talvez eu deva escrever apenas quando der vontade, ou necessidade, sem a "obrigação" (autoimposta) de relatar todas as idas à sauna. Mas mesmo que eu venha a escrever muito mais esporadicamente, a experiência do blog me valeu muito e em muitos níveis. Eu vinha desenvolvendo uma certa compulsão por sexo desprotegido, sem camisinha. Na terapia era dificílimo falar sobre isso e no blog, apesar do anonimato, continuava difícil. Pode parecer incrível, mas pensar em relatar uma experiência dessas no blog, me fez demover da ideia várias vezes nos últimos seis meses. Acho papelão dar mau exemplo. Felizmente refiz todos os meus testes para DST's no final do ano e não tenho nada. Poderia ter tido. Poderia estar agora mesmo infectado, precisando me medicar diariamente, enfrentar diversos problemas decorrentes. Faz sentido arriscar-se tolamente por um alguns minutos de sexo descompromissado? Esse tem sido um dos melhores resultados do blog para mim. Lembro também do quanto foram trabalhosos os primeiros posts e de quantas vezes eu tinha de corrigi-los. Agora saem com mais facilidade, mais limpos e organizados.

   Até umas 19h eu tinha esquecido completamente de tomar o meu remedinho, minha secreta pílula azul. Há alguns anos tenho tido problemas de ereção. Não é nada fisiológico, fiz vários exames. Apesar de ser uma alteração de fundo psicológico, emocional, a terapia não ajudou quase nada, e foram 6 anos, somando três analistas diferentes (inclusive dois anos com o Fábio). Há aproximadamente dois anos venho tomando o medicamento quando pretendo fazer sexo. Na masturbação solitária, às vezes tenho perda de ereção, mas em geral acontece sem problema algum. E ainda, algumas vezes, mesmo tomando o remédio, a coisa falha por algum motivo (quase sempre por insegurança, algum contraestímulo na relação ou porque eu simplesmente quero fazer sexo sem vontade). Desta vez esqueci  completamente, provavelmente porque meu pau estava respondendo normalmente aos estímulos. Foi só quando apareceu um menino bonito que lembrei. Mesmo achando que nada aconteceria, fui pegar o comprimido que estava na minha carteira. Era um garoto bonito mesmo! Causou um certo rebuliço na sauna toda quando entrou. Alto, longilíneo, corpo bem definido, loiro de olhos verdes, cabelo curtinho arrepiado, traços bonitos, tipo de rapaz "de fino trato", educado. Desfilava sem olhar pra ninguém e foi direto para o escuro. Entrou numa das salas e se formou uma rodinha em sua volta. Dois caras o tocaram e os outros dispersaram. Era um japonês magrinho e um coroa de baixa estatura. Ele parecia indeciso: ora fechava os olhos para sentir as carícias, ora tentava afastar as mãos. Em poucos minutos partiu sozinho. Tentei procurá-lo, mas o perdi de vista. Na passagem, vi dois caras numa mesa do bar. Ambos eram interessantes e o mais baixo e jovem me deu uma olhada bastante significativa. Foi para a sauna seca e eu entrei logo atrás. Fui alcançá-lo solitário no último degrau da bancada:

   -Beleza?

   -Opa, de boa? - ele parecia aflito para dizer algo.

   -Tá aí faz tempo?

   -Não, menos de uma hora. E tu?

   -Já faz um tempinho, viu...

   (Pausa)

   -Curte o que?

   -Sou só ativo.

   Ele riu e enfiou o rosto entre as mãos:

   -Tá uma bosta isso aqui! Tô com o meu namorado aí... não quer dar pra a gente?

   -Ih, eu não curto mesmo... Mas os dois são ativos?

   -Os dois. Viemos pra comer alguém, mas tá difícil. Estamos andando separados pra não assustar, sabe?

   -Mas é um namoro complicado o de vocês! Estão juntos faz tempo?

   -Quatro anos.

   -Mas nenhum dos dois dá, nunca?

   -Claro que sim! (respondeu como se eu fosse um completo idiota). Mas geralmente nenhum dos dois está com vontade, daí não rola. Quer ficar com a gente? Está a fim de que?

   -Ah cara, sei lá. Um bom beijo já não seria nada mau...

   Eu o beijei. Enfiou a mão por baixo da minha toalha e catou o meu pau.

   -Posso ir lá falar com ele? Sabe quem é?

   -Acho que sei. O de barba? Fala lá. Você não faria nada só comigo, eu e você? Achei você uma graça...

   -Não... sozinho não. Vou falar com ele, mas acho difícil. A gente quer comer alguém.

   -Beleza, ele decide.

   Ele se foi e, ao que parece, o namorado não aprovou o terceiro ativo no rolo. O loiro bonito reapareceu e subiu pro primeiro andar. Vi que entrou na sauna. Subi e sentei ao seu lado. Olhava muito disfarçadamente para mim, parecia tímido. Fechou os olhos, o corpo tenso. Eu me aproximei mais e ele se levantou. Fui encontrá-lo novamente na sauna a vapor. Vinha saindo quando eu entrei. Pouco depois, lá estava ele, debaixo do chuveiro. Um breve cumprimento e liguei a ducha ao seu lado. Ambos ficamos excitados e ele não tirou mais o olho do meu pau. Que graça de garoto! Tive a impressão de que já estava ganho, que sairíamos dali direto para uma cabine do banheiro. Ele se enxugou rapidamente e desceu, foi para o escuro novamente. Lá eu o peguei! Era um corpo delicioso nas formas e volumes, em texturas e aromas. Nos beijamos e nos chupamos, sentados num sofá.  Começou a juntar gente em volta.

   -Vamos pra outro lugar? Só nós dois? - sussurrou.

   -Claro, vamos sim! Vou pegar um quarto. Vai subindo que eu pego a chave.

   -Não (balançava a cabeça em desaprovação), não precisa de quarto! Vem aqui.

   Me conduziu a uma cabine do banheiro. Seu nome é Rafael, 26 anos, de uma pequena cidade em Santa Catarina, fazendo um curso em SP por 10 dias. Gostava quando eu metia a língua no seu cuzinho e de me ver tocando punheta.

   -Deixa eu te comer? - perguntei.

   -Capaz, você me arrebenta!

   -É nada, faço com jeitinho.

   -Não dá, seu pau não dá. E você, dá pra mim? Sua bunda é um puta tesão - dizia no meu ouvido.

   -Não rola... Sabe do que me deu vontade?

   -De que?

   -De você gozar na minha boca.

   -É?! Vai engolir tudo?

   -Vou, respondi - não era essa minha ideia, mas seus olhos brilharam quando comecei a falar.

   -E você, sabe o que me deu vontade? - disse pegando na minha bunda.

   -Já percebi...

   Insistiu tanto que pedi que pusesse a camisinha pra tentarmos. Foi difícil pra caralho, mas conseguiu. Só que a qualquer movimento que ele fizesse, eu reclamava. Uma dor terrível. Mesmo assim, quase sem se mover, ele anunciou, trêmulo:

   -Cara, não aguento, vou gozar.

   Tirou o pau, a camisinha e gozou na minha boca. Acabei engolindo mesmo o pequeno volume. Continuei chupando até gozar também. Tomamos um banho e ele me chamou para sentar com ele. Escolheu um lugar mais reservado, na sala grande de vídeo. Conversamos sobre a vida e sobre o filme que passava diante de nós, os homens que apareciam. Me contou sobre o seu trabalho, sua família, e o namoro que terminou recentemente. Eles dividiam um apartamento havia dois anos, mas a relação esfriou e agora ele estava fazendo terapia pra se acostumar com a falta do companheiro.

   -Foi ele quem quis terminar?

   -Não, os dois. Eu tava querendo sair com outros caras, ele também. Isso eu não admito! Um amigo meu é casado há oito anos, ele me diz "Não transo com meu companheiro!". Qual o sentido disso?

   -É... Ah, mas sei lá, cada um sabe de si, de suas necessidades. Vai ver, a relação deles funciona em outros planos... o sexo eles resolvem de outra forma. Você não me disse que sempre namorou meninas?

   -Mas aí é outra história, eu me sentia cobrado. Eu sempre soube que gosto mesmo é de homem.

   Ficou concentrado no filme. Eu o acariciava e ele só falava do filme:

   -Olha a bunda desse cara! Perfeita!

   -Você dava pro seu namorado?

   -Dava, às vezes. E dou gostoso, sem miséria. Pra dar, tem que estar com vontade. Bate uma punheta aí, eu gosto de ver.

   -Aqui?!

   -É, não tem ninguém agora - disse tirando o pau pra fora. Foi ali que notei que as bolas dele eram bem pequenas, bem menores que o comum. Lembrei do pequeno volume de esperma dele na minha boca e pensei se teria uma relação.

   -Sabia que foi a segunda vez na minha vida que eu engoli a porra de um cara?

   -É? Você é doido! (Pausa) E tava boa a porra?

   -Tava... - menti, era amarga. Nos beijamos outra vez e ele queria que eu o chupasse ali, mas apareceu um coroa na sala.
 
   -Então vamos lá no escuro..

   Agora ele queria ver os caras se pegando ao vivo. Tinha pouca gente por ali. Um cara tatuado tinha passado a tarde toda me seguindo - ele até seria bem interessante se perdesse uns quilos na cintura - estava lá, encostado numa grade, me olhando como sempre.

   -Quer que eu chame aquele cara? - perguntei.

   -Ah, sei lá, acho que não encaro.

   Mas encarou. O cara chegou, agachou e veio chupar nossos paus simultaneamente. Eu beijava a boca do Rafael. Um coroa veio por trás dele e deu aquela encoxada. Já me senti meio incomodado com aquilo, fiquei enciumado. Eu fico, sou possessivo. Não gosto de ser assim, mas sou. Logo eu, que ninguém jamais vai possuir. Eu gozei, ele gozou - beijando o mesmo tatuado que disse não poder encarar. Lembrei da minha hora, eu tinha um compromisso. Eram 22h20min quando passei pelo bar. Saí correndo pra tomar um banho. Achei que ele viesse comigo. Queria ter pego algum contato. Me vesti e enquanto chamavam um táxi, o procurei pela sauna, mas não encontrei mais. Pensei em deixar um bilhete na recepção. Não deixei. E tanto faz.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Papai Noel e o Saco de Pancada


   Parece que os mais bonitos já não gostam de mim...
   Será que emagreci demais? Uma dor no ombro me tirou forçadamente da academia e minha massa muscular, também em razão de uma dieta alimentar, tem definhado nos últimos quatro meses: perdi 8 quilos, quase 4 cm em cada bíceps, e um pouco mais de 5 cm de peitoral. Mas no computo geral, me sinto bem: também perdi 8 cm na cintura!
   Estou ficando velho? No fim do mês completei 38 anos... Os quarenta chegando apavoram. Mais uma vez só tinha um único cara muuuito bonito na sauna e, outra vez, este não quis nada comigo. Não que eu tivesse insistido, acho que fiquei um pouco intimidado.
   O vi primeiro no jardim, área de fumantes, pouco depois de ter chegado à sauna. Nem cheguei a sair ao jardim nessa primeira vez, o vi apenas pelo vidro da porta do jardim, que o refletia ao sol, sentado numa poltrona, fumando elegantemente enquanto conversava. Garotão alto, corpo dourado de sol, musculatura definida no abdômen, peitoral bem desenvolvido, cavanhaque aloirado, expressivos olhos verdes, boca vermelha, sorriso magnético. Trazia no rosto alguma coisa que me sugeria a criança que havia sido um dia. Tudo isso eu vi pela vidraça que o forte sol transformava quase num espelho. Não pude sair, não me sentia preparado para "enfrentar" tamanha beleza às três da tarde duma quinta-feira que já havia começado conturbada. Rodeei aquela porta, esperando que ele entrasse ou que uma súbita coragem me empurrasse pra fora. Só dentro da sauna seca fui vê-lo mais de perto. Parei logo ao lado da porta e ele estava na outra extremidade da sala, deitado na bancada - conversava ainda. Entendi do papo que ele trancou a faculdade e abandonou São Paulo por não aguentar o ritmo da cidade. Tentou o Rio e instalou-se numa cidade menor, que o situa entre SP, RJ e BH (quando entrei, ele já tinha dito o nome da cidade). O outro, mais maduro mas bem bonitão, morava em Belém - PA, e estava aqui participando duma feira. Fui ao dark. Já havia notado um rapaz andando pela sauna, que me abordava agora:
 
   -E aí.

   -Beleza?

   -O que manda?

   -Acabei de chegar. Está aí faz tempo?

   -Um tempinho já.

   -Prazer, Yuri.

   -Rodrigo.

   Eu sentei e ele ao meu lado. Tem 32 anos (disse que eu pareço mais novo que ele, no que concordo), é médico, mora em Higienópolis. Quis me beijar mas eu não estava com vontade ("minha boca tá machucada" - foi minha desculpa improvisada). Começou a me masturbar até que veio a fatídica pergunta:

   -Curte o que?

   -Sou só ativo. E você?

   -Também... (pausa) É, os dois ativos... acho que nem rola nada hoje, hein? Tô atrasadão já, tenho que estar no hospital em uma hora.

   Continuou me masturbando. Lambia o meu braço que envolvia seu pescoço e abocanhou meu dedão. Fui aproximando a mão do meu pau e ele me chupou. Gozou em fortes contrações.

   -Tesão, cara!

   Levantou e partiu friamente. Saí ao jardim e dei de cara com o garoto bonito. Continuava conversando e parou por um momento quando me viu. Eu também congelei, vidrado nos seus olhos, encabulado com a sua reação. Dei meia volta e deixei o jardim. Me dá uma imensa raiva de mim mesmo quando assumo esse papel de otário, de fraco! Fui sentar numa poltrona perto da jacuzzi. Alguns minutos depois ele passou por mim, entrou na sauna. Voltou rápido e entrou na jacuzzi, então vazia. Sem a toalha era ainda mais belo, uma perfeição de homem. Quando me preparava pra a aproximação, um velhote entrou na jacuzzi com ele. E mais outro, logo em seguida. O garoto desistiu da jacuzzi, foi à sauna a vapor e eu sentei ao seu lado. Tentei  estabelecer contato visual, mas não permitiu. Saí dali com a promessa de não voltar a tentar nada com ele. Vá lá: exceto se ele me procurasse.

   Apareceu um coroa que me pareceu interessante. Passou com uma long neck na mão, rumo ao dark. Cabeça completamente raspada, físico bom, alto. Não era bonito, mas tinha alguma coisa que me atraiu. Na boa: tinha uma bunda bem gostosa. Subi também e fui encontrá-lo encostado na janela de uma das salas escuras. Sentei num sofá e esperei. Olhava pra ele apenas. Aproximou-se e parou na minha frente. Nos tocamos. Pele sadia, cheirosa, limpa. Chupei seu pau e o virei de costas. Pedi que ficasse de quatro na cama e lambi a bunda que me havia despertado o desejo. Virou-se e perguntou, com voz decepcionante:

   -Quer dar pra mim?

   Era uma voz frágil, infantilizada. Apesar da minha negativa, pegou a camisinha que eu trazia e pôs no próprio pau, insinuando que eu me sentasse nele. Peguei minha toalha e desci, sem nem me despedir. No caminho de volta, topei com o Roger. Quase todas as vezes que vou à sauna, encontro com ele, mas sempre diz que não frequenta saunas regularmente. Uma vez, na 269, o vi entrando numa cabine com dois caras. Na semana seguinte ele me disse que nunca tinha ficado com dois caras ao mesmo tempo. Talvez ele me veja como um santinho inocente e fique sem jeito. Ele já tinha visto o cara bonito, que também o tinha esnobado, preferindo (segundo ele) um carinha gordo e feio. Eles passaram por nós, rumo ao vestiário:

   -Pô, você acha esse menino gordo e feio? - perguntei.

   -É, até que agora que você falou, não é mesmo... é bonitinho.

   Pediu que eu cheirasse o seu antebraço. Estava cheiroso realmente. "Agora sente como está macio". Minha expressão devia pairar entre o desânimo e a interrogação polida. "É óleo. Passei dentro da sauna, penetra na pele, fica uma delícia. Vamos lá, passamos um no outro". Fui. Nos massageamos com o tal óleo, cheguei a me excitar, mas com ele não rola nada. Não gosta de dar, não chupa. Não vou ficar chupando um cara que não retribui. Talvez seja bobagem minha, falta de espírito aventureiro, mas o óleo na pele me incomoda profundamente, passei o resto da noite tentando tirar seus resquícios do corpo. Imaginei alguém me tocando e sentindo minha pele engordurada, com aspecto de sujeira. Tentei me aproximar do garotinho bonito que o Roger tinha dito que era feio e gordo. Era baixinho, corpo apenas ok, mas o rosto era lindo, com uma barbinha rala. Também ficou cheio de rodeios e acabei desistindo.

   Apareceu um cara no corredor, se insinuava pra mim. Não é absolutamente o tipo de que me atrai, mas dava bem pra encarar. Maurício, 26 anos, alto, moreno, forte, de características árabes, usava aparelho nos dentes. Detesto cara de aparelho. É tão broxante num adulto. E quase sempre causa um cheiro desagradável. Não era o caso, felizmente. Aproximou-se com naturalidade, muito direto - ponto pra ele. Me convidou para entrar com ele num dos quartos que haviam deixado aberto naquela noite. Aceitei. Ele ia fechando a porta quando parou um instante e falou alguma coisa com alguém do lado de fora. Pensei que fosse algum dos funcionários da sauna avisando que teríamos de pagar pra usar o quarto, mas ele fez um gesto, convidando para que entrassem. Entrou um sujeito estranhamente parecido com o próprio Maurício. Fiquei confuso:

 Seriam primos, irmãos?Gêmeos? Estavam juntos? Que porra era aquela?!

   Era apenas coincidência e provavelmente nem os dois tenham se apercebido da semelhança. O outro tinha uma barriga bem mais pronunciada, o que me desgostou imediatamente. Achei desagradável que ele tivesse convidado alguém sem me consultar. Quase pedi que ele pusesse o cara pra fora, mas ele já estava me chupando, o que sempre amolece meu coraçãozinho... O outro olhava e veio segurar a base do meu pau. Maurício puxou a toalha do seu sósia, revelando um belo cacete. Pôs a bunda no meu pau enquanto chupava o outro. Era bonito seu corpo naquela posição, uma bunda bem gostosa. Eu ia passando o pau e começou a entrar. Um pouco reticente, meti e comecei a foder, sem camisinha mesmo (minha camisinha tinha ficado com o careca otário que falava como criança). O sósia barrigudinho se manifestou:

   -Dá a minha camisinha pra ele, disse apontando suas coisas sobre a cama - a toalha, a chave do armário e o preservativo.

   Vesti a camisinha e o Maurício já estava deitado de costas na cama, chupando o pau do cara. Ergui suas pernas e meti. O peso de seu corpo afundava o colchão, dificultando o meu "trabalho". Abracei suas pernas e elevei-as até quase seu peito, ficando cara-a-cara. Ele me ofereceu o pau do cara, bateu com ele na minha boca. Tinha uma textura e forma deliciosas e, apesar de grande e grosso, encaixava na minha boca muito prazeirosamente. O cheiro era muito bom também, excitante. Nenhum perfume (ou óleo pegajoso) jamais terá cheiro mais excitante que o de uma pele saudável e limpa. Claro que há diferenças de pele para pele, e nos sentimos atraídos pelo cheiro de uma pessoa e não de outra por vários motivos (muitos deles até inconscientes). Esse rapaz tinha um cheiro que me fez gozar instantaneamente. Deixei os dois sozinhos e fui tomar um banho. Pedi ao atendente simpático mais camisinha e ele me deu dois envelopes.

   Voltei a procurar mais alguém e não via nada que me interessasse. Entrei na sala do saco de pancada, que estava vazia. Só o saco, pendurado no meio da sala. Quase sempre eu dou minhas pancadinhas nele e achei aquele um momento muito oportuno, em que estava um pouco irritado. "Um soco bem forte! Quero balançar ao máximo esse saco com um único soco", eu pensei. Tomei posição, pensei no meu ombro machucado, respirei fundo e mandei ver: um soco perfeito - reto, rápido e potente - bem no centro do saco. No exato momento do soco, percebi alguém entrando por trás. Já seria suficientemente ridículo um homem de toalha e chinelos, numa sauna gay, treinando boxe. E se o saco voar com o soco e desmoronar no chão com um grande estrondo, deixando esse homem com olhos arregalados e cara de panaca? Havia um senhor barbudo, muito alto e gordo parado à porta. O sorriso escarnecedor era indisfarçavel em seus lábios. O saco jazia no fundo da sala, torto, debruçado aos pés duma mesinha de canto. O cabo de aço que o sustentava ainda balançava do teto. Fui olhar de perto e vi que já estava bem gasto, precisava ser trocado, o que me tranquilizou. Felizmente, Papai Noel já tinha partido quando me voltei. Mal saí da sala, um outro senhor veio me abordar com sotaque italiano. Pelo cabelo e cavanhaque completamente brancos, supõe-se ter bastante idade. Via-se pelo rosto que deve ter sido um belo homem. Segurou meu braço firmemente:

   -Posso ir lá em cima com você?

   -Dá licença? - eu disse apontando meu braço.

   -Vamos lá em cima comigo?

   -Não vou subir.

   -Por favor...

   Esse tipo de súplica me mortifica. Por pena, angústia e, sobretudo, raiva. Raiva não tanto dele, quanto da vida como ela é. Aquele homem tinha algo de trágico no olhos, algo de desesperador. Infelizmente eu estava muito ocupado procurando o enésimo corpinho descartável, para poder dar alguma atenção e conversar com o infeliz por alguns instantes. Penso muito no quanto quero morrer antes de envelhecer. Sei que não saberei lidar com a incapacidade de despertar desejo sexual. Não tenho ou terei filhos e netos; talvez sequer sobrinhos. Só o sexo poderia salvar minha vida se não puder continuar trabalhando até morrer. Oxalá eu tenha muito dinheiro pra pagar por belos garotões, pois as chances de morrer cedo são exíguas na minha família. Sei o quanto parece vácuo e pobre esse prenúncio que me faço. E sei como o futuro, coisa que não existe, sempre nos aparece achatado, empobrecido, justamente por não existir. E o mundo muda, e nós mudamos. Felizmente.

   Reencontrei o Maurício, e vinha cheio de amor pra dar:

   -Vamos lá para aquele quarto de novo?

   Eu topei. Sua ideia fixa agora era me comer, chegou a pôr a camisinha, mas expliquei que não queria.

   -Deita na cama então, vou sentar no seu pau.

   Pus a camisinha e ele sentou. Comandou tudo até que meu pau escapasse de dentro. Pedi:

   -Fica de quatro pra mim?

   -Quer de quatro, quer?

   Fodi até gozar.

   -Chega de me comer por hoje, garotão.

   Tinha ainda um cara com corpo muito bonito, rosto até interessante, porém com uma pele feia, bem marcada quando vista de perto. Me olhava e ficava de pau duro, mas virava a cara. Fico de saco cheio de gente assim, gosto de gente direta. Tomamos banho lado a lado, ambos de pau duro. Ele me examinava o corpo com atenção, mas nunca me olhava nos olhos. Disfarçava e olhava pro outro lado. Talvez quisesse esconder as marcas do rosto (o que não me ocorreu no momento). Na ducha do meu lado direito entrou outro cara. Na mesma hora em que o vi, sabia que já conhecia, mas estava em dúvida se era quem eu estava pensando. Um cara bonito que estava na sauna no dia 10/11/2011, quando apresentava um detestável bronzeado artificial, cabelos descoloridos, amarelados e um mau hálito tenebroso. Desta vez tinha um tom de pele bonito e natural, cabelos grisalhos bem curtos e hálito normal. Também ficou de pau duro e, como eu o olhava maliciosamente, segurou meu pau e sorriu. Eu o convidei:

   -Tem um quarto aberto ali. Vamos lá?

   Ele apenas sorria, pensativo.

   -Chega aí! - insisti.

   Não faço o gênero cafajeste, mas minha expressão e voz eram típicas nessa frase.

   O quarto estava uma bagunça, culpa minha e do Maurício. Tinha camisinha e seus envelopes, papel pra todo lado. Nos beijamos. Nem sombra daquela inhaca que me apavorou há mais de três meses. Seu nome é Mauro, gaúcho, 42 anos, arquiteto. Tem vindo a SP com frequência para acompanhar obras em Alphaville. Eu tinha certeza de que ele ia querer me comer. Da primeira vez me deixou a impressão de ser ativo. Trocamos sexo oral, ali em pé, perto da porta e fomos para a cama, pra um 69. Botei o cara de franguinho assado e pedi a camisinha que ele trazia presa no elástico da chave, no bíceps direito. Enquanto o comia, lambi seus bonitos pés.

   -Fica de quatro pra mim? - me repeti.

   -Quer me pegar de quatro? - quase refez a fala do Maurício.

   -Quero muito!

   Eu tinha pensado nele de quatro com os joelhos na cama, mas ele pôs os pés no chão e debruçou o tronco sobre a cama. Conforme eu o fodia, a cada estocada, a cama deslizava no chão e fomos parar do outro lado do quarto, contra a parede. Ele gozou, gotejava no chão fartamente. Tirei o pau e a camisinha e nos abraçamos.

   -Fica comigo, quero gozar.

   Toquei uma punheta enquanto nos beijávamos. Tomamos banho conversando e trocamos celular. Pra quê, mesmo?