domingo, 13 de novembro de 2016

Sextas-Feiras Costumam Ser Pródigas


    Minha ansiedade era tamanha para fazer massagem tântrica outra vez que nem esperei ter a grana que eu tinha estabelecido como meta para me conceder tal presente. No site do centro de massagem mais tradicional do país, busquei um terapeuta na lista dos que atendem em SP. O site exibe uma foto e o currículo de todos eles. Procurei os que me pareceram mais bonitos e mandei uma mesma mensagem de Whatsapp para 5 deles. Um deles foi super simpático e me passou muita confiança. Outro foi mais técnico, mas era um homem belíssimo, também atencioso e pareceu manjar da história toda. Dois descartei por me parecerem desinteressantes no papo ou foto. Um outro disse que não atedia mais, apenas dava cursos, e se ofereceu para indicar alguém. Adicionei o número que ele me passou e reconheci a foto que tinha visto na lista do site. Eu o tinha achado um rapaz bonito, mas sem sal. Cabelos claros cacheados, bronzeado de sol, cavanhaque e bigode. Mandei a mensagem para ele (Ctrl C + Ctrl V) e a mensagem veio em gravação de voz. Voz é uma coisa que mexe demais comigo. Foi muito gentil e atencioso, paciente ao explicar todo o processo, respondeu a todas as minhas dúvidas. Tinha um carregado sotaque carioca e um ar talvez excessivamente seguro de si. A voz, o jeito de falar, me lembravam muito a minha mais recente paixão platônica: um cara lindo que conheci num trabalho. A gravação do terapeuta tântrico era ao mesmo tempo sexy e profissional. Perguntei sobre marcarmos uma sessão e ele disse que iria viajar, voltaria em 10 dias. Nessa data eu estava em SP e mandei mensagem pra tentar marcar, pois haviam desmarcado minha reunião daquela noite. Ele já estava com a tarde toda comprometida e deixamos combinado para sexta, 11/11. Na noite anterior stalkeei seu perfil no Facebook e vi que ele tinha cortado o cabelo bem curtinho, quase raspado, e que parecia um cara adorável, bem mais interessante que na foto do perfil do site.

    Era uma tarde semi nublada e muito abafada. Cheguei esbaforido (havia me enganado com o endereço e me atrasei alguns minutos) e derramando suor. Reconheci sua voz no interfone, me identifiquei e subi. O achei ainda mais bonito pessoalmente, o que me deixou um pouco tímido. Foi delicado e atencioso. Bebi água e subimos para o quarto. É uma casa bem grande, decorada sem qualquer vestígio de vida ou calor humano. O quarto era praticamente vazio: duas cadeiras num canto, na mesma parede da porta, um colchão de solteiro atravessado no chão e mais algumas poucas peças, tão insignificantes que eu seria incapaz de descrevê-las. Luz fria no teto e, na parede oposta à da porta, uma instalação com 3 ou 4 lâmpadas tubulares apagadas, formando um desenho também impossível de me lembrar. O rapaz estava vestido de preto e usava sandálias de couro, que deixavam os bonitos pés à mostra. Fazia o estilo riponga gostoso. Sorriso lindo, olhar límpido, bem alto e queimado de sol, porte atlético. Jeitão de garoto, mas convencia quando falava sério, justamente por não ter se mostrado arrogante em nenhum momento.

   Perguntou o que me levava ali e conversamos um pouco. Fez questão de mencionar a namorada mais de uma vez durante esta breve conversa, além de "outras mulheres" que teriam entrado na sua vida e que teriam despertado a insegurança da tal namorada. Eu sabia que todo esse papo era para esclarecer de vez que ali não haveria sexo. Imagino que muitos pacientes devam ser inconvenientes. Simplesmente porque ele é gato e o ser humano sem noção. Sim, ele é hétero e massageia genitálias masculinas até o orgasmo. É contraditório? Não necessariamente. É uma terapia sexual, envolve técnicas que prometem ampliar nossa consciência do próprio corpo e da energia sexual, que é bem mais complexa e descentralizada do que julgamos, além de libertar de bloqueios e traumas. Desenvolve a sexualidade, mas não é sexo. Ele explicou que, além da terapia tântrica, também trabalha com hipnose, renascimento, programação neurolinguística e outras coisas sobre as quais nunca havia ouvido falar e provavelmente não me interessariam. Contei que tenho tido nos últimos anos alguns problemas de queda de libido e de ereção, principalmente para mantê-la na penetração. Um pouco exitante, lembrei que sofri abuso sexual dentro de casa por toda a minha adolescência e que isso me marcou muito profundamente, o que acredito que deva ter relação com todas essas minhas questões sexuais (além de muitas outras). Tive a impressão de que ele ficou um pouco desestabilizado com essas informações. Imagino que seja complicado tocar o corpo de alguém que foi molestado.

    Explicou como seria a sessão, pediu que eu me despisse e ficasse de pé sobre o colchão, virado para ele. Começaríamos com uma meditação, um exercício respiratório. A luz clara não ajudava em nada para que eu me sentisse confortável ao me despir. Tentei agir naturalmente, mas sentia-me vulnerável e feio. Estou uns quatro quilos acima do meu peso ideal e isso ajuda a baquear minha auto estima. Além disso, farei 43 anos muito em breve. Saber que estou nu diante de um jovem muito atraente, hétero (que não teria motivo para sentir atração sexual por mim), de certa forma me abala. Não entendi o porquê, mas ele decidiu mudar de estratégia antes de começarmos. Pediu que eu me deitasse, acendeu as lampadas tubulares azuis e apagou a outra lâmpada. Fiquei muito mais confortável na penumbra azulada. Ele andava em torno do colchão e me dava instruções. De olhos fechados, eu deveria imaginar uma luz azul nas plantas dos meus pés, que iria subindo e tomando meu corpo inteiro até explodir e queimar, ainda azul celeste, no meu peito e depois na minha fronte. Agora eu estava no vazio, um vazio azul e silencioso, onde veria meus traumas se desfazendo e apagando lentamente. Eram instruções breves e eu mal tinha tempo de pensar direito para formular essas imagens. Sob meus pés cresciam flores, alfazemas azuis que formavam um caminho por onde eu andava serenamente. Essa imagem me trouxe a ideia de uma morte em paz.

    Não lembro se houve mais instruções antes de inciar a me tocar. Toques sutis e pontuais, muito rápidos pelo corpo. Alguns estalos de dedos e palmas pareciam afugentar algum tipo de energia, ou servir para dispersar a minha atenção. Meu indicador direito começou a se mover sozinho sem parar. Eu não sabia se era tensão ou se alguma reação já estava se dando. Sentia-me calmo e relaxado, mas fiquei com vergonha de que ele percebesse os espasmos. Esses estímulos foram ficando um pouco mais lentos e duradouros, ainda percorrendo toda a parte dianteira do meu corpo, incluindo o pênis, escroto e períneo. Eu me sentia um pouco constrangido com as reações do meu pau. Como se me fosse proibido levar aquilo como um estímulo sexual, como se não fosse para reagir. Virou meu corpo de um lado, estimulando da mesma forma, depois do outro lado e de costas. Então, começou uma massagem extremamente surpreendente com as pontas dos dedos. Tem um efeito delicioso, como milhares de mãos me acariciando ao mesmo tempo. Eu poderia ficar dias ali. Seus dedos ágeis percorriam todo o meu corpo com um toque que me fazia vibrar. Eu não entendia o movimento de seus dedos na minha pele, mas era um estímulo muito novo e potente para mim. Sentir o seu corpo tão próximo e inatingível dava um tilt no meu cérebro. O meu primeiro massagista tinha feito isso e foi apenas agradável. Pode ser química, energia; pode ser técnica mais apurada ou dom. Pode ser minha fantasia agindo. Quando ele massageava minha bunda ou os genitais, eu ficava confuso e agradecido. Imaginava se ele sentia aversão pelo meu corpo ou se havia alguma possibilidade de sentir desejo ou se via apenas como mais um corpo.

    Não consigo recordar se houve alguma etapa de transição para a Lingam Massagem. Esta é concentrada nos genitais. Eles fazem questão de ressaltar que não se trata de masturbação, mas é. Alguns movimentos, ou manobras como eles chamam, são realmente diferentes dos métodos convencionais da masturbação. Mas estimular genitais com as mãos no intuito de provocar orgasmos é masturbação sim. O que diferencia, neste caso, é a consciência do operador e também do cliente, que já está com a percepção alterada pela massagem anterior. Afastou minhas pernas e se ajoelhou entre elas. Calçou luvas de látex e derramou óleo sobre meus genitais.

    Confesso que fiquei bem nervoso, sem saber como me comportar (ou como me deixar levar simplesmente), outra vez inseguro e tímido. Já não tinha excitação e meu pau estava quase flácido. Ele me pedia para relaxar o corpo e destravar a mente. Que me concentrasse nas sensações do meu corpo, sem fantasiar, sem psicologismos. É difícil. Um rapaz adorável, gato, que eu acabara de conhecer, me masturbava agora. Eu queria olhar, queria muito tocá-lo e que ele me desejasse. Percebia que ele se esforçava fisicamente para que eu chegasse a um nível de excitação e autoconhecimento, e meu corpo se travava. Chegou a ser desconfortável. Ele ia me guiando com a voz e sempre voltava a acariciar meu períneo, saco, ventre e peito. Era o que mais me trazia prazer, bem mais que as manobras no pênis. O fato de usarem luvas já é um banho de água fria para mim. Corta o contato. É óbvio que se o cliente ejacula, o massagista tem que estar protegido por luvas. Mas vai explicar isso pra mim... Já fiquei me sentindo rejeitado e repugnante:

    "Ele é hétero, está me masturbando e eu nem pra ficar de pau duro. Se eu tiver uma ereção, ele vai perceber que estou atraído e criar barreiras para me mostrar que não podemos ter sexo. Será que estou muito feio e gordo? Tem nojo do meu pinto? Acha que sou um idiota? Se eu abrir os olhos, vai ficar irritado ou me passar uma bronca?"

    Eu evitava o contato das minhas pernas com o seu corpo, tão próximo e desejado. Levantou-se e ergueu minhas pernas, massageando meus pés. Disse que era para levar mais sangue aos genitais e conseguir uma melhor ereção. Achei meio humilhante isso daí, garoto! Depois de mais um tempo de massagem, tive alguns espasmos. Contraí a bunda e o abdômen, movendo a coluna vertebral, e ele disse para eu continuar com esse movimento, contraindo e relaxando. Funcionou. Comecei a experimentar uma ereção. Outros espasmos vieram, fazendo meu corpo serpentear em ondas de prazer. Eram como orgasmos secos, sem ejaculação. Muitos, centenas deles, continuamente, por muitos minutos. Eu precisava gozar, minhas bolas já estavam doendo quando ele encostava. Em alguns momentos, eu sentia que ele levantava o corpo, aproximando o quadril do meu. Minhas pernas já não tinham controle e se apertavam ao seu corpo. Minha voz também não tinha controle, gemidos estranhos saíam sem eu me dar conta. Fiz esforço para ejacular, mas não rolou. Quando ele terminou, me pediu que ficasse deitado, conectado ao meu corpo, às sensações que tinha vivido e ao meu estado do momento. Tirou as luvas e foi para o banheiro. Demorou uns minutos e voltou. Sentou-se ao meu lado e deu mais algumas instruções. Disse para eu abrir os olhos e acendeu a luz. Sentei encolhido e ele veio pro meu lado conversar sobre a experiência. Ele pareceu muito fofo, interessado no meu processo. No começo eu tinha timidez de olhar para ele logo após tamanha intimidade fisica, mas fui ficando à vontade, mesmo nu e na claridade. Fui explicando como tinha sido e ele disse que foi muito positiva essa reação espiral da minha coluna, a energia kundalini. Fui tomar um banho e pensei em me aliviar e ejacular me masturbando, mas nem assim. Tava osso de remover o óleo do corpo. Saí do banheiro com a toalha na mão, meio que me escondendo. Quando estava vestido e acabou o assunto, disse que o pagaria com cartão. Para minha surpresa, eles não usam máquina de cartão. Ele não havia me informado pelo Whatsapp. Fomos juntos ao posto de gasolina a algumas quadras para eu fazer o saque, pois ele diz não ter qualquer vínculo com instituições bancárias. Nesse trajeto, conversamos um pouco:
      -Ele é do Sul e "contraiu" o sotaque carioca carregadíssimo quando ficou no rio para um curso, o que desgosta demais a sua família
    -Tem apenas 20 anos de idade (o que nos leva a dar uma idade sempre mais elevada a quem é alto?)
    -Não tem residência fixa. Revesa-se entre a casa da namorada, a de um amigo e a própria clínica onde atende.
    -Está juntando uma grana (fiquei imaginando como fazer isso sem ter uma conta nem residência fixa) para abrir um espaço próprio, pois discorda de algumas limitações impostas pelo centro onde atende.

    Paguei a sessão e nos despedimos. Mudei de caminho para procurar um sebo de livros que havia visto na ida e notei um rapaz indo uns 30 metros à frente. Loiro, jovem, corpo musculoso, olhava para trás e percebeu que eu olhava para ele.  Tinha uma grande mochila preta nas costas. Decidi me aproximar e ele continuava olhando para trás. Numa esquina, como tivesse parado por causa do trânsito, o alcancei. Atravessei na frente e ele foi ficando para trás agora. Senti-me um otário. Parei sob uma pequena árvore e encostei num muro, olhando para ele. Passou olhando timidamente, deu três passos, voltou e me cumprimentou. Começamos a andar lado a lado. Ele disse que tinha me confundido com um amigo idêntico a mim que mora na mesma rua em que nos encontramos. Fiquei confuso. Contou que mora por ali e estava indo para casa. Por mais que eu quisesse, não conseguia acreditar que ele me chamaria para ir a sua casa. Era um carinha bonito, suave, uma beleza angelical. Não sexy, mas gostoso de corpo e bastante interessante. Perguntei como chegar à rua do sebo e me fui.  Assim! Sem ao menos dizer que curti o cara, sem fazer uma tentativa. Sou um tosco, que raiva me dá! Comprei um livro de partituras do bamba Wilson Batista e me mandei para a sauna. Precisava desanuviar tanta contenção. Tento evitar a sauna, mas é o único lugar onde tenho sexo razoável. E sextas-feiras costumam ser pródigas. Escolhi um quarto no andar silencioso. De cara achei que estava um dia ótimo: ao meu lado um cara lindo tomava banho. Mas não foi bem assim. Ao todo, foram três caras. Nenhum era lindo. Sequer bonito. 

    O primeiro encontrei no escurão lá do fundo do primeiro andar. Me aproximei, nos beijamos e apalpamos. Eu o convidei para o meu quarto. Mal entramos e nos deitamos, ele estava de pau mole e disse que ia dar uma volta. Pronto, minha autoestima desceu mais alguns andares. Um cara que nem era lá essas coisas me deu esse fora abrupto!

    O segundo também encontrei ali no escuro. Bem musculoso, estatura baixa, se aproximou e foi logo pegando no meu pau. Me chamou para uma cabine. Ele tava de cueca branca. Nos beijamos e eu enfiei a cueca no cu dele. Acho um puta tesão fazer isso. Enquanto nos beijávamos intensamente, eu puxava a cava da cueca com uma mão e massageava a bunda com a outra. Ele virou e ofereceu a bundona musculosa. Pedi pra me chupar e ele se recusou. Deu uma camisinha, queria levar na bunda mesmo. Fomos pro meu quarto. Lá eu vi que ele é mestiço com japonês, com pernas e braços curtos de japonês. Rosto grosseirão, mais pra feio, mas passável. Corpo bombadão, trincando. Se jogou de quatro na cama, eu de pé ao lado dela, e pediu: Vai com calma. Tem gel? Tenho. Meti com jeito e logo estava fodendo com força. Eu precisava gozar, minhas bolas estavam me matando. Ele se contorcia, gritando. Gozei, nem cinco minutos de foda. Eu tinha certeza de que ele tinha gozado (ô cara mais escandaloso!), e gozei. Achou ruim, reclamou. Eu ri, acanhado. Pediu que eu mostrasse os dentes de novo. Caramba, perfeito! Você é dentista? Pois é. Deu um tapinha de leve no meu rosto. Não posso com isso. Mantive a postura impassível e ele continuou com aqueles tapinhas, aumentando a força, me testando. Segurei seu braço com olhar sério e ele se foi.

    O terceiro foi na hora em que eu já estava precisando ir embora. O encontrei sozinho sentado no cinema. No escuro, era um corpo do tipo que eu curto: altão, magro, com músculos bem desenvolvidos mas sem exagero, cabeça raspada. Sentei ao seu lado e vi que era feioso, mesmo no escurinho do cinema não enganava. Pau grande, grosso. Eu não tinha chupado ninguém, fazia tempo que não chupava uma rola. Fiquei a fim. Me beijou, bom hálito. Queria me comer. Dá pra mim, por favor, vai. Fomos pro quarto. No claro pude constatar: sim era feio pra caralho. Velho, mal cuidado, calvo, esquisito. Mas eu tava louco de tesão. Chupou meu cu e eu chupei muito a rola dele. Rola boa, bem grossa. Perguntou se podia pôr a camisinha. Eu tava com medo, mas peguei o resto do gel que tinha sobrado do japa e me lambuzei. Ele pôs duas camisinhas - o que foi bizarro, mas beleza. Lubrifiquei sua rola e ele veio me comer de lado. Diminuí a luz para encarar a situação. Foi muito difícil de entrar. Levamos uns bons minutos tentando. Mas foi. Nem cheguei a me acostumar com aquela rola dentro de mim, me esticando o esfincter ao limite, mas fodeu forte e eu curti sim. Curti muito dar a bunda pra aquele cara. Ele me virou de frente e me fodeu de frango assado, segurando minhas pernas. Eu sentia o pau roçando a minha próstata, um puta tesão do caralho. Beijava minha boca gostoso enquanto fodia e eu delirava. Gozei com o pau  dele lá dentro, estrangulando a jeba com o cu. O tempo todo pensando no terapeuta, fingindo que era ele quem me comia e beijava com tanto carinho e tesão.























Nas fotos, o muso absoluto Lucas Bernardini

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Fidelização de Cliente


Atravessei a avenida Brigadeiro Luis Antonio ao avistar, na porta de um prédio mal cuidado, o número que me haviam informado. Uma senhora de cabelos tingidos e óculos escuros segurava a porta para uma moça sair. Pois não. Tenho hora marcada, é agora às três. É no número um? Ih não sei... Mas deve ser sim, disse em tom malicioso. É só subir a escada, primeira porta à esquerda.

Sentia-me nervoso, muito ansioso. Massagem tântrica. O site explica um pouco os princípios da técnica indiana e diz não haver sexo nas sessões; apesar da nudez, toque genital, orgasmos. Pelo whatsapp me informaram que o próprio massagista também fica nú durante a sessão. O site conta com fotos de vários profissionais, dois realmente bonitos, mas foi um deles que me chamou muito a atenção. Ao tocar a campainha estava temeroso por quem abriria a porta. Foto engana, sabe-se. Nunca tinha passado por algo assim. Nunca, por exemplo, contratei um garoto de programa por foto, pela internet. Aliás, só havia pago por sexo quatro vezes na vida. É bem verdade que quatro não é exatamente pouco para quem sempre consegue sexo fácil.

A primeira vez foi quando descobri um bordel de garotos que funcionava na praça Roosevelt, anos atrás, comecinho do século 21. Era definitivamente uma espelunca, mas sempre que passava por lá via garotos interessantes e fiquei tentado. Tinha tido poucas experiências sexuais até então. Ainda mais duro que hoje, juntei a grana e fui. Posto diante de uma mesinha redonda numa sala improvisadíssima, recebia os garotos que vinham um a um se apresentar e negociar. Os que eram bonitos não queriam ser passivos, sequer aceitavam receber uma lambida no rego ou fazer oral. Não me admira que não tenham prosperado. Escolhi um garoto magrinho, muito bonito de rosto e um tanto arrogante. Pareceu-me triste. Contou histórias sobre a sua vida, algumas muito claramente fantasiosas. Ele não deu pra mim e também não aguentei o pau dele.

Na segunda vez, fui abordado na rua da Consolação por um rapaz com quem estava, na minha ingenuidade, flertando. Garotão bonito, moreno, tipo de malandro, perfumado e cheio de lábia. Aproximou-se, ofereceu seus serviços, cobrou míseros 20 reais na época e advertiu: mas meu pau é pequeno. Era tarde da noite, ali próximo à Roosevelt também, quando a região era bem deteriorada, sem movimento àquela hora, e acabamos nos pegando na rua mesmo. Chupei atrás de uma caçamba de uma construção. Outros tempos. Eu me arriscava por ingenuidade, completamente sem noção.

As outras duas vezes foram na Thermas Lagoa, na Vila Mariana, sauna frequentada por michês. O primeiro foi um gato atlético e bronzeado, com brilhantes cabelos na altura dos ombros. Fomos para um quarto e foi a terceira vez na vida que eu dei a bunda. Na semana seguinte, por coincidência, o encontrei no metrô e conversamos - ele me chamou para ir à sua casa. Recusei porque estava indo a uma festa, mas me arrependi depois. Ele era bonito, carinhoso e a festa foi horrorosa. Por fim, na mesma sauna, um cara magro e baixinho, de rosto bonito e pau descomunal que vi tomando banho. Se bem me lembro, disse que tinha 27 centímetros. Era lindo de morrer aquele pinto. Branquinho, uncut, grosso. Só faltava mesmo levantar... Dá pra entender: encher aquela monstruosidade de sangue poderia levar o menino a óbito. Negociei para lamber a bunda dele e foi muito difícil fazê-lo concordar. Fiquei chupando o pau meia bomba numa cabine do banheiro e quando toquei o cu, tive um choque. Acredito que ele tinha hemorróidas. Era muito estranho ao toque, pareciam bolhas de carne. Eu imediatamente achei que fosse uma DST e brochei.

Mas, voltando. Nas fotos, o massagista era belíssimo. Um homão de nome e aparência árabes, de pele bem clara toda tatuada, barba e cabelos muito negros e olhos azuis translúcidos. Parecia alto e bastante musculoso (a única coisa que me desagradou um pouco - prefiro caras mais magros). Mais que apenas bonito, nessas fotos ele tinha algo que me interessou profundamente. Virava e mexia eu me lembrava dele e entrava no site para olhar as fotos. Não sei se a barba serrada dava um peso à sua imagem, um ar sério, que me passava segurança. Ou o olhar profundo e misterioso. É raro e excitante alguém bonito revelar algo humano, uma vida por trás da aparência. Já fazia um tempo que estava ensaiando para experimentar a massagem tântrica. Encontrei um centro especializado que me pareceu muito mais sério, conversei diretamente com alguns dos massagistas, alguns bem bonitos também, mas foi esse, do centro terapêutico que me pareceu de araque, mais calcado em prostituição disfarçada, que me instigou. Da próxima vez vou procurar um terapeuta carioca super atencioso (e gatinho) do outro site pra sacar a diferença (se é que ela de fato existe). 

Tenho percebido ultimamente que desenvolvi minha sexualidade de forma muito superficial, muito focada nos genitais, na bunda, em fetiches, em ver vídeos pornô (e pulando partes para chegar logo ao ponto). Sempre muito focado, como todo ocidental, em cumprir aquele ritual babaca de beijo/oral/penetração, em querer atingir o orgasmo e, se possível, logo se livrar do parceiro e partir em busca do próximo. O sexo pode e deve ser muito mais que isso, não se pode nivelar algo tão rico e importante à essa miséria sensorial e afetiva. Pelo que entendo, a massagem tântrica é uma forma de explorar o seu corpo inteiro para ser capaz de perceber sensações intensas e novas de prazer. E também de estabelecer uma relação interpessoal num outro nível, menos ansioso e egoísta. Vinha adiando por pão durice. Ironicamente, quando estou mais quebrado em minhas finanças, resolvi começar.

Todos os medos e inseguranças me tomavam quando toquei a campainha. Sentia o coração disparado e aquela vergonha de que o rapaz percebesse. Tinha medo de achá-lo tosco e ter que passar 90 minutos sendo massageado, com ele pelado em cima de mim e ainda pagar 300 paus ao final.

Logo abriu a porta e disse meu nome sorrindo. À primeira vista, e naquela situação, era um dos homens mais interessantes que eu me lembrava de ter visto na vida. Bastante alto, esguio com ombros e costas largas, braços fortes. Nada do mastodonte que imaginei pelas fotos, felizmente. Sorriso encantador, aquele mesmo olhar. A barba estava mais longa que nas fotos, negra e extremamente fechada, contrastando com a pele muito clara, algo rosada. Todo vestido de negro, elegante e simpático. O ambiente era agradável, bem arrumado, e fui ficando mais confiante. Na verdade, enquanto caminhava atrás dele, eu ria exultante. Levou-me ao quarto e conversamos brevemente.

O recinto tem aproximadamente 12 m², dos quais um futon bem espaçoso, coberto com toalha descartável, ocupa a maior parte. Decoração clean em estilo indiano concentrada na parede oposta à da porta de entrada (se bem me lembro, ocultando uma janela para evitar a claridade excessiva). Um lustre de palha pende do teto desenhando arabescos por todo o ambiente. Ao lado da porta, no chão, um pequeno aparelho de som tocava uma música indiana de acento pop enquanto emitia luzes de todas as cores.

Sentei numa poltrona encurralada no canto ao lado do som e ele me ofereceu água. Voltou com um copo envolto em guardanapo de papel, desculpando-se por não haver água gelada. Eu entendi, provavelmente fruto da minha insegurança, que tinha dito que minhas mãos estavam geladas.  Ele sorriu com a confusão. Era educado, gentil. Talvez excessivamente. Mas olhava firmemente nos meus olhos e isso me hipnotiza. Falava com delicadeza, timbre bem grave e fala relaxada, de garotão.

Saiu do quarto pedindo que me despisse e me deitasse. Fiquei ali, nú, perdido no imenso futon, em expectativa, sem saber o que fazer ou que posição assumir. Achei meu pau minúsculo, como quando estamos constrangidos. Voltou em alguns minutos, conversando calmamente e despindo-se. Tinha grandes tatuagens negras pelas costas, peito e braços. Belo corpo. Aproximava-se do futon, já completamente nú, deslumbrante, pedindo que eu me virasse de bruços. Seu pau e bolas balançavam pesados ao jogo dos quadris.

Alisou-me levemente as pernas e estendeu-se sobre meu corpo, cobrindo-o com delicadeza, vindo roçar a barba na minha nuca enquanto perguntava se havia algum toque a evitar ou alguma parte do meu corpo à qual eu queria que ele desse maior atenção. Ali eu já confirmei que não seria exatamente uma sessão de massagem. Ou não só isso. Ou que a massagem nem era a principal atração.

Iniciou propriamente a massagem com uma técnica muito suave, com as pontas dos dedos, que eles chamam de feelings, concentrando-se primeiro nos membros inferiores. Massageou um pouco minhas costas também, com mais pressão, sobretudo em alguns pontos. Voltou à parte inferior e com maior vigor. A música me irritava um pouco. Eu devia ter pedido para desligar ou abaixar o volume, mas fiquei com vergonha. Música geralmente me absorve muita atenção, seja ela qual for. Voltava a deitar-se sobre mim, com cuidado para não fazer peso, apoiando um dos lados do próprio corpo no futon. Não pude resistir e acariciei suas pernas, timidamente. Cheirava e beijava minhas costas e pressionava o quadril contra o meu. Sentou-se ao meu lado e massageou minha bunda com mais atenção. Era muito excitante quando seus dedos deslizavam pelo meu anus. Suas mãos grandes tinham uma certa aspereza nas palmas que atritava minha pele. Percebi que ele estava sentado com os genitais muito próximos da minha mão direita. Como não havia qualquer acordo com relação a sexo, fico constrangido de tocá-lo, mas entendi que ele estava construído um ambiente propício. Venci o medo (de quem sofreu abuso sexual e sabe o quanto essa dor é destrutiva) e o toquei. A princípio, sem jeito, canhestramente. Depois fui me adaptando à posição e logo ele estava de pau duro. Brinquei com as bolas e afaguei o períneo. Quando foi sentar do meu lado esquerdo, dei um jeito de alcançar o seu cuzinho. Minha mão estava lubrificada com o óleo que espalhava pelo meu corpo e o toque foi agradável, dava pra sentir que ele relaxava o anus e se excitava. Confirmei segurando no seu pau, que estava bem duro outra vez. Depois fez uma carícia muito delicada me percorrendo o corpo todo com a barba, desde os pés até a nuca. O chumaço de pêlos era surpreendentemente eficaz para estimular minha pele. Eu já estava bem excitado quando pediu que me deitasse de costas. Por um lado, foi uma pena que ele não tenha dado continuidade à massagem na parte da frente do meu corpo. Começou uma etapa de sedução mais propriamente e atacou meu pau. Não sei se é assim que são orientados ou se a minha excitação o levou àquilo. Certamente eu poderia ter relaxado mais e termos tido um tempo para criar uma aproximação mais natural, mais cumplicidade, intimidade. Deslizava o corpo sobre o meu e me beijou a boca docemente. Era muito excitante beijar o emaranhado da sua barba. Mantinha os olhos sempre conectados aos meus. Olhos claros e expressivos. "Com seus olhinhos infantis/Como os olhos de um bandido". Sem experiência nesse universo, sou um patinho perfeito para acreditar em quase tudo. Ou confundir as coisas. Sim, eu estava achando que ele estava me curtindo de verdade. Mesmo levando em conta minha intuição e capacidade de observação privilegiadas, reconheço que posso, e devo, ter me enganado. Fidelização de cliente. Eu continuava deitado de costas. Depois dos longos beijos, foi erguendo o corpo e o oferecendo aos meu lábios. Eu beijava o pescoço, os mamilos, os pelos do peito, axilas, ventre, umbigo. Chegamos à inevitável exploração da virilha e dos genitais. Era tudo bonito, limpo, de aparência saudável. Deslizei sob ele e alcancei o cu. Ficou então sentado na minha cara e quando meti a língua, gemeu com prazer que parecia genuíno.

Há alguns anos tenho tido problemas sexuais. Falta de libido, ereções inconsistentes, às vezes ejaculação precoce etc Fiz exames, terapias por anos seguidos e nada resolve. Eventualmente, quando o parceiro me atrai particularmente ou quando a situação me excita a imaginação, tudo rola sem problema algum, mesmo sem viagra. Ultimamente estou ligando os pontos. Hoje, por exemplo, não tomei e não houve falha. Relaxei, fiquei à vontade e rolou tudo lindamente. Foi a massagem? Foi o fato de estar com alguém profissionalmente, tão empenhado em me agradar que não precisei acionar minhas inseguranças com tanto afinco? Foi a atração que esse rapaz me despertou? Ou as fantasias sobre quem ele seria que eu já formulava desde a visão das fotos? Um pouco de tudo isso. Ele me chupou e foi delicioso. Depois, sentou no meu pau e começou a botar pra dentro. Sempre me olhando profundamente nos olhos. Veio me beijar outra vez, agora com mais volúpia. Eu disse baixo:

Como você é lindo.

Colou o ouvido na minha boca e pediu pra repetir, não tinha entendido. Suas orelhas me davam um puta tesão, não sei explicar exatamente o porquê. 

Você que é uma delícia, Yuri. Vou pegar uma camisinha. 

Estava no bolso da calça que havia pendurado num gancho de parede. Voltou, montou em meu peito e ofereceu o pau. Virei-o de quatro sobre mim. O cuzinho na minha boca e ele chupando o meu pau. Tateando, eu sentia a sua pele toda arrepiada, e dizia:

Puta que pariu, que tesão essa língua, cara

Nessa posição eu podia vê-lo muito bem. Tão lindo o buraquinho, pequeno, cor-de-rosa. Abria a bunda com as mãos e metia a língua. Depois, um dedo. Dois dedos entraram fundo, procurando sua próstata. Sentou no meu pau outra vez, a camisinha abandonada no futon, agora de costas pra mim. Meteu tudo e cavalgou. Ainda se virava pra me olhar nos olhos. Virou de frente depois de um tempo e continuou cavalgando. Vez ou outra eu ouvia gente se mexendo no corredor do apartamento. Há outros quartos e devia ter outros garotos, outros clientes ali. Mal toquei no pau dele e: Não, assim eu gozo. E veio abundante. Ficou com raiva de ter gozado, jogou a cabeça pra trás, desapontado. Provavelmente porque assim ficaria mais difícil outro programa naquele dia, outra grana. Puxei rapidamente pelo pau e deixei gozar na minha boca. Delícia de porra. Deu vontade de engolir tudo, mas cuspi no meu peito. Empenhou-se então em me fazer gozar me masturbando. Perguntou se podia e meteu um dedo em mim. Eu sentei e o beijei enquanto isso. Ele já não estava mais excitado, claro. Pedi que metesse a língua na minha boca e assim gozei. Levou-me ao banheiro e tomei um banho. Fiquei um tanto chateado por ter feito sexo sem camisinha, mas sai dali flutuando de felicidade.




















domingo, 16 de agosto de 2015

Você Sabe Guardar Segredo?



    Quarta feira, 12/08/2015.

    Moro no interior e tinha passado o dia trabalhando em SP. Fui pegar o ônibus de volta pra casa no Terminal Rodoviário Tietê às 21h30. Meu celular estava com a bateria quase zerada, então fiquei dando carga numa tomada próxima da plataforma de embarque até bem perto do horário do ônibus partir. Entreguei a passagem ao motorista e observei dois PM's conversando ao lado da porta. Um deles era bem bonitinho. No estado de SP, policiais militares fardados podem usar ônibus intermunicipais sem pagar quando há poltronas vagas, portanto sempre tem algum esperando.
A minha poltrona era a última à esquerda, na janela, e estava bem vazio o ônibus, sobretudo na parte de trás. Eu sempre prefiro a última poltrona da esquerda, janela, a de número 45. É mais tranquilo no fundão para dormir ou mexer no celular sem ninguém bisbilhotar. Também porque algumas (raríssimas, é verdade) vezes, se aparecer alguém interessante e disposto, rola alguma pegação. Os policiais também sempre vão para as últimas poltronas - sempre entendi isso como uma forma de prestar alguma segurança durante a viagem, pela melhor visibilidade do veículo inteiro.

     O policial bonitinho entrou sozinho e também se dirigiu para o fundo, conforme o esperado. Era um rapaz jovem, talvez 25, 26 anos. Aproximadamente 1,75m, moreno, de corpo magro mas com musculatura bem desenvolvida nas costas e ombros, cabelo cortado rente, barba feita, rosto  fechado, de beleza comum, com brilhantes olhos negros. Fez menção de sentar-se ao meu lado, mas havia muitos assentos vagos ali no fundo, quase todos, e optou pela última poltrona do lado direito. Pôs a mochila na poltrona da janela e sentou na do corredor. Mal colocou o cinto de segurança, olhou para o lado e mudou para a penúltima poltrona do lado esquerdo, na frente da minha. Como antes, pôs a mochila na da janela e sentou na do corredor. Tendo reclinado completamente a poltrona em que havia sentado (o que me fez recolher a perna direita, antes esparramada para o lado) e não a da sua mochila, ficou um vão razoavelmente grande entre nós dois.

     Eu percebia alguma intenção nebulosa nas suas atitudes, que parecia dirigir-se a mim. Pensei que talvez quisesse senta-ser ao meu lado para vigiar o ônibus inteiro. Essas pessoas vivem tão condicionadas a se defender, que ter alguém por trás (ui!) pode ser desconfortável, imagino. Era nisso que eu pensava para negar a tendência de me considerar sexualmente irresistível para todo sujeito que me atrai. Sempre que ele me olhava, por mais rápido que fosse (e ele realmente só passava os olhos por mim), eu pressentia faíscas de desejo atiradas de seus olhos. Mas era muito mais crível relacionar essa intuição a um devaneio incitado pelo meu próprio desejo. Para mim, representava um grande risco entender algo errado e me dar muito mal. Por que razão um PM fardado iria se arriscar numa situação como aquela? De que maneira poderíamos nos abordar? Sem chance, claro. Só num roteiro fajuto de filminho pornô essas coisas acontecem. Relaxei e cheguei a adormecer por alguns minutos. 

     Sempre senti tesão por homens fardados: militares, policiais, bombeiros, marinheiros, seguranças do metrô e afins. Geralmente associam-se essas fantasias nas mulheres ao desejo de proteção por um herói viril. Está certo que o policial, principalmente no Brasil (e ainda mais se da Policia Militar), já não tem essa aura de heroísmo há muito tempo e, ao invés de suscitar sensação de proteção, mete medo. Em mim, acho que o que excita é justamente render a autoridade, despertar desejos "proibidos", reprimidos. A grande restrição (como sempre, carregadíssima de hipocrisia) dessas corporações (como tudo que for relacionado ao universo masculino em nossa cultura) à homossexualidade incita esse desejo de dominação. Lembro de uma vez em que estava num circular, eu era bem garoto, uns 19 anos na época, e um policial distraidíssimo ficou encostando a bunda na minha mão. Dei um jeito de botar o dedo bem no meio do cuzinho dele. Olhei pro lado e um rapaz sentado mais atrás observava tudo, lívido de nervoso.

     Mas, retomando: acordei do cochilo e continuei checando meu celular, que àquela hora já continha dezenas de notificações de mensagens não lidas. Algumas do Tinder, Grindr e Hornet voltaram a me excitar e levei a mão ao pau para contê-lo. Na mesma hora o policial virou-se pra guardar na mochila o cap que havia tirado da cabeça (ou seria um pretexto?), olhou pra mim e abaixou os olhos rapidamente para o meu quadril. Foi um lance muito rápido, coisa de fração de segundos, mas aquele olhar ficou fotografado na minha mente. Isto já me parecia bem mais indicativo. OK, eu estava de pau duro. Mas ali, no escuro, isso provavelmente era imperceptível para quem não estivesse à procura de um pau duro. Observando sua postura, respiração, movimentos com as mãos, percebia-o mais tenso agora. Eu sentia medo. Tenho tendência (preconceituosa sim, com licença) de achar que policiais são quase psicopatas, sentem-se no direito de apagar qualquer um a troco de nada e a impunidade é sabidamente recorrente nesses casos. Obviamente existe um recorte racial muito delimitado nessas questões, mas todo um enredo já passavam pela minha cabeça, que incluía o meu corpo se do encontrado num rio distante - mas, ainda assim, aquilo estava me excitando. Tenho observado que muitas vezes gosto de me arriscar. Fazer sexo em lugares públicos tem sido minha maior fonte de prazer nos últimos tempos. Meu pau já estava pra estourar e comecei a massageá-lo, espremendo-o sobre a calça com o descarado intuito de chamar atenção. O cara virou levemente o rosto para a esquerda e me parecia tentar um melhor campo de visão. Quando elevou o braço esquerdo e jogou a mão para trás do banco, gelei. Depois, observei um gestual bastante erótico, apesar de discreto, naquela mão. Como se simulasse por um segundo segurar algo, ou esboçar uma carícia, relaxando em seguida. Fiquei muito confuso. Ele estava se insinuando para mim? A mão não era exatamente bela e me pareceu delicada para um garotão como aquele, mas estava tão próxima dos meus olhos que eu quase podia cheirá-la. Juro que passou pela minha mente tocá-la, mas desisti. Menos por medo que por vergonha.

     Como saber se era coisa da minha cabeça ou se o PM fardado ia me dar moral mesmo? Analisando com mais frieza, ponderei que, estando no último assento de um ônibus quase vazio, de noite, na penumbra, todo homem tem o direito de, no mínimo, coçar o saco. Muitas vezes, em viagens noturnas, observei passageiros pegando nos próprios órgãos sexuais, alguns até por dentro da calça, e sem que houvesse alguma intenção sexual imediata nisso. Pronto: decidi que eu poderia brincar com o meu pau excitado sem dar grandes motivos pro cara se ofender. Se não gostasse, eu perceberia. Mas se gostasse, também. Ele, que continuava com a mão para trás, deu um jeito de pôr o rosto virado sobre o braço que estava erguido, e agora eu já tinha quase certeza de que ele tava me manjando. Não sei quanto tempo durou aquilo. Ele, imóvel, não deixava os olhos à minha vista, mas não tinha porque estar tanto tempo na mesma posição desconfortável e com o rosto virado pro meu lado. Podia estar dormindo, mas a posição me parecia tensa demais. Abri as pernas e deslizei o quadril pela poltrona na direção do seu rosto. Segurava o pau sobre a calça e apertava com força, marcando bem as suas formas. O braço dele, que antes estava para trás, agora apontava para o alto (numa posição bem esquisita, diga-se), e eu supus que ele teve o ímpeto de agir, mas parou o movimento no meio, e estava se contendo pra não agarrar o meu pau. Depois de um tempo, comecei a levantar um pouco o corpo e me esgueirar pra perto da janela pra tentar ver os seus olhos. Se estivessem abertos e olhando pra mim, eu passava para a próxima fase. Demorou, mas por um segundo, numa curva, eu vi. Uma réstia de luz dum posto de gasolina da estrada iluminou seu olho esquerdo que olhava fixamente para onde eu mais queria, agora sem dúvida alguma. Eu já estava quase em transe e, ainda que temeroso, abri o zíper e botei o pau pra fora. Era uma mistura de medo e tesão, que se alimentavam mutuamente. O altíssimo nível de tesão incitava o medo de estar fazendo uma maluquice inconsequente. E o medo do próprio ato desnorteado, e daquela "autoridade policial", das suas possíveis reações, de estar num lugar com dezenas de pessoas estranhas; tudo me enchia de mais tesão ainda.


   

    Ele foi surpreendentemente decidido: verificou as poltronas mais à frente, certificando-se de que ninguém estava nos vigiando, passou o braço liso e musculoso pela fresta entre as poltronas e alcançou minha rola, que pulsava tão loucamente quanto meu coração. A mão macia e quente me masturbou por alguns segundos até que, num sussurro, eu o chamasse pra vir para a poltrona de trás, puxando pelo braço. Fez uma expressão de descrédito, mas me atendeu. Acomodou-se prontamente ao meu lado e jogou a mochila aos próprios pés. Eu não tenho nenhum conhecido próximo que seja da polícia e nunca havia me aproximado tanto de uma farda cinzenta. Um distintivo no ombro me informou "Polícia Militar". O tecido encorpado, o corte estruturado da veste e alguns acessórios pendurados no cinturão, não identificáveis por mim pela falta de intimidade com esse universo, foram as primeiras e marcantes impressões. Tenho pavor de armas e imaginei se ele trazia uma no cinturão. Algumas fotos de homens armados me excitam bastante, provavelmente por ser um símbolo fálico bastante óbvio, mas acho armas detestáveis tanto o próprio objeto quanto o culto que suscita em personalidades pelas quais nutro desprezo. No Tinder, por exemplo, se o cara tiver qualquer foto com arma, mesmo que seja de brinquedo, de paintball, dou um X convicto. Ele segurava meu pau com força e me olhava nos olhos com expressão séria, de senho levemente franzido. Tanto o desejo quanto o seu desconforto com a posição que assumia eram bastante visíveis. Buscou os meus lábios. Um beijo delicado duma boca vasta e molhada. Minha língua a invadia, vasculhando sem censura.

    Curvou-se afoito e engoliu o meu sexo. Eu friccionava as pontas dos dedos no couro cabeludo quase raspado e acariciava o corpo fardado, de costas largas e ombros maciços. Naquele momento, mal podia acreditar (e ainda agora me parece extraordinário) que uma autoridade policial em serviço me fizesse sexo oral num local público. Talvez seja ingenuidade minha, ou até perversão, mas esse era o componente que me deslumbrava. Fosse outro homem tão bonitão quanto, ou ele próprio à paisana, ainda seria ótimo, mas provavelmente eu me esqueceria muito em breve dessa aventura. Depois de me chupar longamente e de outro beijo intenso (de quem já enfiou o pé na jaca e não tem mais nada a perder), ele também botou o pau pra fora e se masturbava olhando para mim. Era grande, maior que o meu, com a base bem grossa. Tinha cheiro delicado, limpo. Gosto, textura e formas também agradáveis. Apesar disso, fiquei mais desconfortável chupando que sendo chupado. Posso arriscar dizer que eu quase gostaria de ser flagrado com o policial chupando meu pau, mas que seria muito constrangedor o contrário. Mentalidade imbecil que estigmatiza práticas e papéis sexuais. Coisas a aprender... E ele quis me chupar ainda mais, muito mais. 

     Lá pelas tantas, um senhor levantou no meio do ônibus e veio usar o banheiro que fica atrás, ao nosso lado. Foi um tremendo constrangimento. Pareceu até que o senhor ficou desconfiado. Mas nem assim o meu pau amoleceu. Logo que o coroa voltou ao seu assento, tirei pra fora outra vez e ele me chupou mais um pouco. Nessa posição, eu via a arma presa ao lado direito do seu quadril. Deu um gelinho, mas enfiei a mão por baixo do colete à prova de bala e acariciei seu peitoral liso, seu mamilo. Tentei botar a mão por dentro da calça, apalpar a bunda, mas ele não deixou. Explicou a recusa balbuciando algo que não compreendi. Abri meu cinto, toda a calça e a desci até às coxas. Ele me lambeu as bolas e acariciou meu cu com as pontas dos dedos. Engolia o meu pau inteiro com nítida satisfação e punhetava a base frenéticamente, pedindo porra. Murmurei em seu ouvido: "tô quase gozando". Eu esperava que continuasse até o fim, mas achei por bem avisar, educadinho que sou. Ele parou, cuspiu no chão, e me senti um idiota. Devia ter enchido sua boca de leite de pica.

     Já estávamos quase na entrada da cidade e ele disse:
     -Guarda isso aí, já é loucura já
     Sorri cinicamente e me recompus. Fiquei pensando se teria a oportunidade de revê-lo. Perguntei:
     -Você mora aqui?
     -Moro
    Disse mais alguma coisa que não consegui entender. Durante e após o sexo, fala-se baixo, como se tudo fosse segredo. Ficamos em silencio até perto da rodoviária, quando ele perguntou (num tom que me pareceu levemente ameaçador):
     -Você sabe guardar segredo, cara?
     -Sim, claro... Não sou de sair falando nada por aí...
     -Meu, eu sou comprometido! Não quero que...
     -Não, pode ficar tranquilo!
     Fiquei um tanto desestabilizado, sem saber o que dizer ou pensar naquele momento.
     -Você também é daqui?
     -Sou

    Fez então algumas perguntas: nome, profissão, bairro. Fiquei cismando, pensando que deveria ter dado informações falsas. Antes de se levantar, ele me cumprimentou dando a mão e eu deixei escapar um ridículo "vai na paz". O que eu queria era que ele não se sentisse intimidado e, principalmente, não quisesse me intimidar também. Vi que entrou num carro prata que tinha ido buscá-lo. Fiquei imaginando quem seria essa pessoa com quem ele tem um "compromisso", se é uma moça ou um cara. Mais algumas vezes nos encontramos nesse ônibus, mas o acaso não refez todas as condições para outra aventura.











sábado, 7 de julho de 2012

Aquela Cara de Cafajeste


   Ansioso, cansado e com um cara na cabeça - foi como cheguei à sauna, por volta das 17h30 duma fria segunda feira. O tal cara é a maior roubada dos últimos tempos - paixão platônica, fadada à platonice eterna - mas não me parece fácil livrar-me desse fantasma. Só de pensar nele, sinto-me estrangular. E o coração disparado. Mesmo agora, enquanto escrevo, a sensação de aperto na garganta me intriga.

   A primeira impressão do "casting" daquela tarde foi desoladora. Entretanto, com paciência, sempre tem aparecido alguém interessante. Quando passo por longos períodos frequentando esses lugares, o sexo vai perdendo grande parte do encanto e, consequentemente, do sentido. Torna-se automático, superficial, depois obsessivo e, finalmente, uma obrigação a ser cumprida.

   O tempo ia passando e naquele dia só apareceu um cara que era realmente bonito: cara de bom moço, um tipo de beleza não muito chamativa, a qual talvez faltasse agressividade, força. Era um homem suave. E inteiro bonito. Eu o perdia de vista facilmente. Muitas vezes o confundi com um garoto de altura e cabelo parecidos. De passagem pelo banheiro do primeiro andar, vi o bonitão parado, conversando com um sujeito - este musculoso e muito tatuado, ostentava uma indisfarçável cara de cafajeste. Foi este último quem mexeu comigo. Passou a mão na minha bunda e soltou uma cantada surrada, preguiçooosa. Eu estava tão concentrado no outro cara, que nem percebi que já conhecia o tal cafajeste - era o Chico, com quem fiquei da vez anterior que havia estado ali. Ri da brincadeira (que se apagou da minha memória rapidamente) e segui reto.

   Um pouco mais tarde, descendo as escadas, cruzei com o bonitão apagado, outra vez acompanhado. Mas desta vez nos olhamos e foi ele quem  falou comigo:

   -Já está descendo?

   -É, ia descendo... - eu disse, dando meia volta.

   -Ainda não é hora de descer! - disse, rindo. O menino que subia conversando com ele, desapareceu nesse instante (ao menos da minha percepção). Subimos ao corredor do primeiro andar. Eu estava flutuando:

   - Qual é o seu nome?

   -Cauã e o seu?

   -Yuri. Quantos anos você tem?

   -Trinta e dois. O meu amigo que gostou de você, né? - disse, apontando.

   Era o Chico que passava por nós (só então o reconheci). "O meu amigo que gostou de você", essa frase ainda ecoava desconfortavelmente na minha cabeça. E se mostrava um péssimo sinal.

   -Vieram juntos? - perguntei.

   -Não, a gente se conheceu aqui. É Victoria's Secret?

   -O que?!

   -Esse hidratante, é Victoria's Secret?,

   -Não... e nem é hidratante... eu não uso - perdi-me sem compreender porque ele falou com tanta certeza que eu usava um hidratante - Tomei banho aqui mesmo... Ou talvez seja o perfume que passei de manhã.

   O Roger apareceu no corredor, passou por nós, me cumprimentando.

   -Seu amigo?

   -É, um conhecido.

   -Se conheceram aqui também?

   -Não, já nos conhecíamos de outros lugares. (pausa - eu o olhava diretamente nos olhos, fascinado por sua beleza austera e elegante) Você é um homem muito bonito - eu disse finalmente,  tocando-lhe o ombro. Ele também me tocou levemente:

   -Obrigado! Bom, vou dar uma volta. A gente se fala... - e saiu com uma piscada de olho.

   Fiquei estático e pensativo por alguns momentos naquele corredor escuro. A luminosidade da porta do grande banheiro chegava até mim, bem como as sombras frenéticas de seus usuários. Era um daqueles momentos em que o tempo fica em suspenso. Despertei quando um garoto me abordou. Foi muito simpático, mas não era definitivamente o tipo de homem que me atrai. Moleque (23 anos), negro de pele clara. Não que fosse horroroso, mas não tinha nada que me interessasse. Em alguns minutos, o Roger veio juntar-se a nós, propondo um ménage e aproveitando pra se esfregar em mim. O nome do garoto é Gabriel, de Salvador. Quando a atenção do Roger voltou-se para o menino, eu me mandei. O carinha veio atrás de mim:

   -Espera! - vinha arfante - Aquele lá é tarado, né? Eu gostei muito de você... Veja aqui - disse, puxando minha mão para o seu pau.

   Notei que estava duro e era gigantesco. Tocá-lo me deixou de pau duro também - e isso me surpreendeu. Ele me puxou para uma cabine, me chupou e beijou. Por mais que fosse super simpático, cheiroso, que me chupasse gostoso e tivesse um pau lindo, eu só pensava em sair dali. Mas ele inventou de pegar um quarto para ficar comigo.

   -Não, bobagem, está bom aqui...

   -Eu quero no quarto! Você merece um quarto.

   -Não, deixa quieto...

  Me puxou pelas escadas e não sossegou enquanto não trocou o seu armário por um quarto. Conversamos um pouco, mais sobre suas atividades profissionais. Na cama, eu o beijava pensando no meu rolinho platônico:

   -Que beijo! Você é uma delícia... Quer me comer?

   -Não... Não estou a fim

   -Por que não?

   -Estou cansado. Vou dar uma volta.

   -Dá seu numero pra mim?

   -Anota... (fiz a burrada de dar o número certo)

   -Se você vai embora, eu vou pro hotel. Não tem mais nada pra fazer aqui. Não quero te ver com outros caras.

   Eu me sinto mal de ficar com alguém só pra ser simpático, de sucumbir a alguém insistente (dramático, no caso), e também de interromper uma transa. Tenho a impressão de ser incapaz de aprender a respeitar meus limites.

   O Chico passava pelo corredor vazio, e parou quando me viu. É um corpo tão lindo! Ele não é tão alto quanto eu me lembrava, talvez 1,85m. E seu rosto é mais pra feio. Parece uma década mais velho do que diz ser e, não sei por quê, não me parece confiável. Aquela carinha de cafajeste. Mas me atrai muito. É másculo, gostoso, simpático, sedutor. Eu me aproximei e entramos num hallzinho escuro. Nos beijamos. O contato com ele me deixa sempre instantaneamente excitado. Virou-se de costas e pediu em sua voz grave e rouca:

   -Chupa o meu cu.

   Deslizei a boca por suas costas, pelo cóccix, pelos glúteos. Reconheci o cuzinho com a ponta da língua. Ele o mantinha, como da outra vez, sempre tenso.

   -Relaxa, deixa eu meter a língua em você.

   -Vamos pro banheiro - sussurrou.

   Me puxava pela mão. Roger e Cauã conversavam e viram quando entramos num dos chuveiros reservados, com porta. Demoramos ali dentro. Nos chupamos de cabo a rabo (literalmente) e eu fodi aquela bunda gostosa outra vez. Ele tinha trazido um envelope de lubrificante, mas mesmo assim foi difícil de penetrar.

   -Fica de quatro pra mim?

  -Aqui vai ser difícil, hein? - disse avaliando o chão, com evidente repulsa.

   Gozei dentro dele e foi muito forte, cheguei a ficar zonzo, com o coração disparado, latejando na garganta, a respiração ofegante - até pensei que fosse ter um troço. Antes de tirar o pau de dentro, esperei que ele gozasse também. Minha camisinha estava cheia, dei-lhe um nó e deixei num canto. Tomamos uma ducha, banhei seu corpo minuciosamente. Como na semana anterior, depois da transa, ele deitou num banco da sauna seca e ficou quieto, aéreo, parecendo amuado. Mais um pouco e fui sentar ao lado da sua cabeça, acariciando seu peito.

   -E aí garotão, aprontando muito? - perguntou como se não me conhecesse.

   -Um pouquinho...

   -Já gozou?

   -Já. Dentro de você.

   -Foi? (pausa) Sabe fazer massagem?

   -Me diga você...

   Ele se virou de bruços e o massageei. Pediu que me concentrasse no ombro esquerdo, sobre o qual teria dormido de mau jeito. Abaixei um pouco a sua toalha e lambi seu cóccix, a lombar. Só de pensar naquela bunda, meu pau fica duro. Deitei sobre seu dorso por alguns minutos e me despedi:

   -Está muito quente aqui.

   O bartender era o moicano gato. Sorriu pra mim quando notou que eu seguia um rapaz bonitinho que passou pelo bar em direção aos armários. Era bem jeitosinho até e o reencontrei lá em cima, no labirinto. Olhava pra mim, sempre esperando que eu me aproximasse. Boa altura, bom corpo, rosto agradável, jovem. Entrou numa cabine sem portas e o segui. Nos tocamos, nos beijamos, mas não rolava, não encaixava. Seu toque era mole, displicente, medroso. A pele, o beijo, o cheiro - nada me seduzia. Deixei-o só, e quando o reencontrava no claro, era outra vez fisgado pela sua beleza comum, pelo seu olhar indefeso. Sempre parado sob um foco de luz, sempre solitário.

   Nos corredores, reapareceu o Chico e me puxou. Estava conversando com um cara que me apresentou como sendo seu primo. É o mesmo grandalhão mortiço também presente na semana anterior, que o Cássio disse ter pau pequeno. Outro corpo lindo e rosto relativamente feio (exceto pelos claríssimos olhos verdes). Tem cara de caipira e seu nome me lembro ser Juliano.

   -Primo, este é o meu marido, conhece?

   -Você casou, primo?

   -Tá aqui, meu marido.

   Pelo que entendi, são de Santa Catarina e moram juntos num apartamento ali perto da sauna. O Chico começou a me beijar e o outro fez-se de horrorizado. Virou-se de costas para nós, com as mãos postas, pedindo a Deus que nos salvasse e iluminasse nosso caminho de perdição. Mais um pouco e ele se foi, ainda rindo, o rosto ruborizado - parecia um pouco envergonhado de verdade.  É decepcionante a ingenuidade que pode esconder um monte de músculos. Chico queria mais massagem. Virou de costas no meio do corredor vazio e abaixou a toalha. Eu o massageei e lambi sua bunda. Entramos numa cabine sem porta, parcamente iluminada, e continuamos nossa "massagem". Não sei estar ao seu lado sem lamber aquela bunda, simplesmente não sei! Agora ele teve uma iluminação repentina:

   -Lembrei de você, da semana passada.

   Falou minha profissão, minha cidade natal, minha idade. Também queria o meu telefone. Descemos e fiquei surpreso por ele saber qual era o meu armário. Disse que me viu chegar. Anotei seu numero na agenda do meu celular e ele se foi. Olhava pra trás e baixava a toalha, mostrando a bunda que eu tanto havia exaltado, como quem dissesse: "Olha o que tem aqui, me liga". Eu ria como otário, hipnotizado por aquele corpo Michelangeliano. Tá na cara que se trata de um sacana, mas dá vontade de revê-lo. Mais tarde, reparei em dois garotos bonitinhos, estavam sempre juntos, conversavam bastante, riam. O de corpo mais bonito, encontrei na sauna seca e sentei-me a sua frente. Pouco depois, veio o Chico e sentou do meu lado, olhando pro guri também, ignorando a minha presença. Parecia uma disputa. Não contente, foi sentar ao lado do garoto, e como este continuava olhando pra mim, cruzou as pernas e pôs-se a olhar em minha direção também. Eu não entendia o que se passava. Não sei se ele estava interessado no garoto, se em mim, se queria disputar o carinha comigo, ou se era só birra, pra atrapalhar o meu rolê. Olhava na minha direção como para um objeto, sem expressão que se comunicasse comigo. Aquilo ia me irritando num crescente desgovernado.

   Desci pro bar e sentei numa poltrona. Já era outro bartender, o único sem graça que vi ali. Um tipo bastante espalhafatoso se aproximou, conversando alto com o atendente, com carregado sotaque nordestino:

   -Opa, que já tem bofe bom por aqui!
 
   Vinha em minha direção e parecia referir-se a mim. Chegou pondo a mão, e só falava merda. Era um homem de uns 50 anos, horroroso, vulgar e sem um pingo de educação. Talvez estivesse drogado. Levantei-me sem palavra, bufando de ódio. Voltei ao primeiro andar e me aproximei dos dois garotos que andavam juntos. Quem sabe? Eu topava os dois! Aquele demônio nordestino teve a mesma ideia e chegou pegando no mais magro dos garotos. Acabou virando uma briga horrorosa, gritaria, troca de palavras nada polidas. "Pronto, acabou a noite", pensei. Dei um tempinho para descer, acuado num dos cantos do labirinto. Não gosto de briga, de confusão gratuita. E o garoto veio pra perto de mim. Usava uma cueca preta e trazia a toalha na mão. Era bem definidinho de corpo, moreno, bonitinho. Entramos numa cabine e nos fechamos. Seu nome é Dagoberto, de Porto Alegre, 23 anos. Está temporariamente em SP e pretende mudar-se pra cá. Nosso entrosamento foi muito bom, fluido. Seu beijo era delicioso, seu cheiro envolvente. Tinha um pau grande, uncut, cujo prepúcio me impressionou pelo tamanho e maciez. Funcionava perfeitamente, expondo a glande inteira, mas quando fechado, mesmo com o pênis totalmente ereto, sobrava muita pele na ponta. Era muito gostoso de chupar.

   -Você curte o que? - perguntou.

   -Sou mais ativo, e você?

   -Também.

   -Mas você dá?

   -Difícil, mas vamos tentar... (pausa) Eu quero.

   Comi, e nem foi muito difícil. Fodi bastante e tirei, cansado. Ele queria me comer agora. Até tentei. Ele pôs a camisinha, lubrificamos bastante com saliva, mas não consegui. Nada, nada...

   -Goza no meu pau? - pediu.

   -Como?

   -Goza no meu pau!

   E foi assim, tocamos uma punheta juntos, gozei sobre o pau dele e em seguida ele também gozou. Depois do banho, nos despedimos friamente, com um aperto de mão.