quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Cinco Minutos


Ontem foi meu retorno ao urologista, fui levar os exames. Está tudo bem, aparentemente. Hemograma, colesterol, funções renais, hormônios: tudo nos trinques. Uma sexualidade saudável é dependente de uma vida saudável em todos os aspectos, tudo está conectado. Alguém solitário, sedentário, com um convívio familiar ruim, profissionalmente instável, com aperto financeiro todo mês, frustrações em todos os níveis, alguém fechado como eu, não terá uma vida sexual plena e saudável, é praticamente impossível. Deve ter gente que consegue separar todo o resto do sexo, mas devem ser bem raros. Talvez seja um tipo de inteligência; talvez falta dela. Ou uma brutal insensibilidade, sei lá. É impressionante observar como a sexualidade permeia todas as relações humanas, em todas as esferas, através de manipulação, vaidade, repressão, culpa, inveja, mesquinhez. O que era pra ser prazer, conexão e autoconhecimento tornou-se, em alguma medida, medo e desconexão. Depois do médico (que estava mais descontraído desta vez e ainda mais bonito), fiz o que havia me prometido não fazer. Voltei ao Cabine's Bar. Sempre que faço sexo desprotegido, e esta é a pior decorrência da disfunção erétil para mim (vestir a camisinha é difícil), tento me punir de alguma forma. Como se já não houvesse punições suficientes para o desejo. 
Fui mais cedo, um pouco antes das 18h. Ainda demorou para anoitecer. Felizmente não estava tão lotado como da última vez, mas a imensa maioria dos frequentadores estava sem máscara. Talvez mais uns três, além de mim, usavam máscara. Na real, eu nem estava muito animado para sexo, fui pela oportunidade, que tem sido rara, e pela força do vício. Sentia-me cansado e ansioso, precisando relaxar. E também culpado por voltar a um lugar que promove aglomeração irresponsável. Este ano não devo voltar mais a São Paulo. Sexo, provavelmente, só em 2021. 
Quase sempre que entro num lugar como este, à procura de sexo, olho todos os caras presentes e elejo o meu preferido. A noite inteira ele será minha obsessão, caso não apareça algum mais atraente. Eu me sinto extremamente imaturo e bobo diante dessa constatação, mas é assim que funciona. Desta vez, era um carinha indeciso. Aliás, os indecisos me movem. E eu detesto isso. De longe, ficava me olhando, mas se eu me aproximava, fugia. Achei positivo que depois de entender que ia ficar nessa lenga-lenga, desencanei. Comecei a achá-lo chato e sem graça. 
Tive um breve contato com ele no glory hole. Ele tentou se excitar sobre a calça, mas desistiu. Saiu e entrou outro em seu lugar. Nem sei ao certo quem era o cara, desconfio apenas, mas eu queria apenas ser chupado, não interessava tanto por quem naquele momento. É estranho esse lance que acontece por um buraco, sem qualquer outro contato com a pessoa. Lembro de ter pensado no meu ex terapeuta tântrico. A massagem tântrica propõe algo assim, você deve se concentrar apenas nas suas sensações, sem envolvimento, sem fantasia. Só que o estímulo é muito mais profundo do que a maioria dos pobres mortais oferece. Não gozei com o cara me chupando, desistimos. O mesmo "árabe" alto e forte da vez passada estava por lá, mas não rolou nada. No corredor das cabines tinha dois caras completamente nus se pegando com a cabine aberta. Fiquei olhando um pouco, mas logo me desinteressou. Não gosto de gente atuando no sexo, overacting, acho chato. Apareceu um cara que me chamou atenção, apesar de não ser nenhuma beleza. Magrinho, não muito alto, rosto comum, quase feio, meio calvo, nada de mais. Mas tinha algo que me atraiu. Lembra um cara que tem uma floricultura perto de casa, que eu acho bonitinho, talvez tenha sido isso. Ele ficou interessado também e fomos para o dark menor. Logo outro cara chegou perto pegando em mim e o magrinho se foi. Eu sabia quem era esse cara. Tinha um rosto interessante até, alto, forte e um pouco acima do peso, de bermuda e boné. Começou a me chupar, depois me virou e passou o pau na minha bunda. Senti um pouco de tesão, mas não ia dar pra ele. Saí. O magrinho me esperava. Ficou na frente de uma cabine vazia olhando pra mim. Entrei. Ele queria continuar me chupando. Sentei no banquinho, abri as pernas e ele ajoelhou no chão pra chupar. Às vezes um pouco grosseiro, senti alguma dor nos testículos, mas me fez gozar e engoliu tudo. Quer gozar também? "É cedo ainda".  
Encontrei com ele uma terceira vez. Estava entrando no dark do fundo, que já tinha um novo formato (a configuração do espaço, feita com divisórias de madeira, muda sempre), e ele estava parado perto da entrada. Antes de entrar, olhei para trás e vi um cara muito chamativo se aproximando, e de olho em mim. Um belo porte, cabelos escuros, lisos, de comprimento médio, bem vestido, rosto bonito, queixo largo, sem barba, sobrancelhas grossas, bem desenhadas, lábios grossos, vermelhos, tinha uma sensualidade atordoante. O magrinho estava segurando meu pau (eu tinha praticamente acabado de gozar), e esse bonito ficou ao nosso lado, se pegando com outro cara. Mas eu saquei que ele estava realmente se chegando mais pra perto, e logo estava me chupando. O magrinho partiu novamente. Fiquei muito excitado com esse cara. Chupei o pau dele também e depois fiquei brincando com o dedo no cuzinho. Ele não deixava penetrar muito, mas curtia meu dedo ali. Começou a juntar um monte de cara em volta, mas poucas coisas me fariam desistir de um cara tão gostoso. Lambi o cuzinho apaixonadamente e quando eu metia a língua, ele abria a bunda com as mãos e levantava uma perna. Tentei passar o pau na bunda, mas ele não queria dar. No dark fico sempre meio preocupado com o celular no bolso quando junta muita gente em volta. Também sempre lembro de uma vez que um coroa nojento quase me estuprou ali mesmo nesse dark maior. Eu estava atrás de um cara, brincando com o pau na bunda dele, e o coroa veio por trás e tentou me segurar e meter em mim. Senti dor e ódio. Não chegou a entrar, eu dei uma cotovelada e joguei o quadril para a frente. O verme saiu correndo e sumiu. Mas voltando ao moço bonito de cabelos revoltos. Ficou tão cheio em volta que depois de um tempo fui perdendo o interesse, até porque ele era muito solícito com qualquer um que chegasse perto. O encontrei algumas vezes nessa noite, sempre impressionando com seu tipo físico, mas não nos aproximamos mais. O melhor estaria por vir.
Tinha um rapaz que me interessou bastante desde que o avistei pela primeira vez, cerca de uma hora antes do meu horário limite para ir embora. Estatura mais para baixa, magro, de boné, algo em torno de 35 anos, uma longa barba meio loira (meio grisalha talvez?), olhos claros muito bonitos, sempre com uma cerveja na mão, encostado na parede, uma atitude entre tímida e triste. Eu passava por ele e não tinha reação, nada acontecia, sequer parecia notar minha existência. Depois o encontrei na entrada do dark menor, que é estreitinho. Tinha dois caras lá dentro se devorando, e ele ficou olhando com bastante atenção e depois ficou com um deles. Já não lembro direito como nos aproximamos, mas foi nesse mesmo dark Room. Estávamos sozinhos lá e foi tão gostoso que tirei a máscara e nos beijamos. Ele começou a me chupar ali mesmo, e pedi pra irmos pra uma cabine. Queria vê-lo sob a luz do monitor. Nem fechei direito a calça, fui andando com o pau meio pra fora, eu estava com muito tesão. Na cabine, nos beijamos bastante. Era bom explorar seu corpo e descobrir os pontos que mais o excitavam. A língua na orelha, por exemplo. Eu adoro orelha. Sempre lembro de um cara que conheci no Hotel 269, que era muito bonito e tinha, além de uma saco enorme, orelhas um pouco grandes, e isso me excitava muito. Enfim, esse barbudo, Juliano seu nome, gostava da minha língua no ouvido. Se arrepiava todo e empurrava a cabeça contra a minha. Ele era todo bonitinho e cheiroso. Explorei o pescoço, mamilos, axilas, nuca. Dei umas palmadas na bundinha dele, e ele também gostou. Eu o segurava com uma mão, beijando seu pescoço e orelha, e com a outra estapeava sua bundinha lisinha e empinada. Depois de nos excitarmos bastante, virei ele de costas, e mais uma vez deixei a camisinha no bolso. Ele abriu aquela bundinha e meti fundo. Fodi como há muito tempo não acontecia. Geralmente não gosto de penetração muito demorada. Vou perdendo o interesse, acho monótono. Aliás, nem sou mais capaz disso. Mas desta vez a ereção ficou o tempo todo num ótimo nível e durou mais de cinco minutos. Pra mim, é tempo suficiente. Observei que não estava racionalizando muito, apenas deixei fluir, sentindo a relação que se estabeleceu entre nós, nosso tesão, nossos corpos, nosso beijo. Era tão bonito quando ele virava a cabeça pra me beijar a boca enquanto dava a bunda pra mim. Eu segurava seu corpo, pelos ombros, pelo peito, pela cintura fina. Gosto de homens menores que eu em tamanho. Às vezes me pergunto se não é uma forma de espelhar relações heterossexuais: o corpo menor que o meu, o fato de geralmente preferir ser ativo, o tesão em caras de cintura fina, o prazer de segurar pela cintura, quase sempre precisar fazer uma performance mais dominadora. Parece que nesse lugar minha sexualidade aflora, mas não quero  estar sempre ali. Quero variar, ser outros. Por outro lado, é importante viver as fantasias que surgem, sem se importar tanto com racionalizações. Eu sentia o cuzinho abraçando meu pau e fodia. Sentia sua pele quente e macia, seu cheiro e gosto. Gozei dentro dele e ele ainda me chupou depois de tirar. O abraço com que nos despedimos quase sufocou, tamanha a força com que nos apertamos. Adoraria revê-lo.