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sábado, 23 de junho de 2012

Curte Levar uns Tapinhas?



   Voltei à sauna, como voltarei muitas mais vezes. Ao Chilli Peppers, aos anônimos bem apessoados, ao paradoxal sexo sem intimidade. Não queria escrever sobre esta tarde - mas escrevo - para fins terapêuticos. Ou por falta do que fazer. Era uma outra segunda-feira e estava um pouco mais vazio que da vez passada. Mas, logo que entrei, vi um corpo bonito na sauna seca. Parecia jovem, tinha uma gigantesca tatuagem, um  escamoso dragão negro que rastejava por seus peitos, ombros e costas. Estava sozinho, imóvel, sentado de cabeça baixa - me olhava pelo canto do olho, sem desviar a cabeça. Olhamo-nos longamente, até que um senhor entrou e o rapaz saiu. Pouco depois, nos reencontramos no térreo - ele completamente nu, se enxugava. Corpo musculoso e liso, de belas proporções e um pau respeitável. Era mestiço com olhos orientais, não tão jovem quanto tinha me parecido na sauna - se não me engano, disse ter 31 anos. Me olhava fixamente, com expressão séria. Saí à piscina por um instante e na volta o segui à sauna a vapor. Agora sentados lado a lado, sozinhos na sauna - e não havia atitude alguma no cara. Muitas vezes olhava para baixo. O rosto não era feio, mas também não daria para dizer que era um homem bonito. Ainda assim, sentia-me muito atraído pela sua figura. Cheguei a apalpar sua coxa e... nada. Apenas tocou seus genitais por alguns segundos. Eu sabia que ele queria que eu me chegasse com mais audácia. Não tenho muita paciência com quem não sabe responder às minhas investidas (quase sempre tímidas). E o vapor já me incomodava os olhos, a respiração. Subi ao labirinto, àquela hora bem fraquinho de personagens interessantes. Parei no único ponto iluminado dos corredores, onde há um aparador, sobre o qual ficam dispostos alguns flyers e um globo de vidro contendo uma infinidade de preservativos. Pus dois envelopes de camisinha presos à minha cintura, na toalha. E lá vinha o japonês, desfilando o corpão pelos corredores. Parecia outra pessoa agora, mais relaxado, confiante. Parou na minha frente e me beijou. Um beijo sutil, delicado, fresco. Minutos depois, estávamos outra vez na sauna seca, agora sozinhos. Ele se acomodou no tablado, meio deitado, meio sentado, e abriu a toalha, oferecendo seu sexo. Seu nome é Diógenes. Queria ir além:


        -Quer dar pra mim?

   -Cara, raramente eu dou... Seu pau é grande, acho que nem rola...

   -Eu quero muito essa bundinha. Dá pra mim? Aqui mesmo! Dá?

   -Aqui?! Nem fodendo!

   -Deixa, vai!

   Enrolei um pouco e o levei para uma das cabines escuras. Entreabriu a porta, queria luz para me assistir chupar seu pau. Fiz com que se virasse de costas pra mim e lambi a bunda musculosa que ele tanto havia regulado na sauna. Acabou me convencendo a tentar. Passei a camisinha pra ele, que foi paciente com a penetração difícil. E mesmo depois de acomodado, não suporto a dor quando a penetração é mais profunda. Não sei qual órgão que o pau do cara pressiona, que me dói demais, é uma sensação esquisita, aflitiva. Mas, no todo, foi divertido. Principalmente quando ele tirava o pau todinho de dentro de mim e voltava até a metade, repetidamente. Tenho como propósito me tornar cada vez mais flexível, foder e ser fodido, como deve ser. Como deve ser... Além das dificuldades físicas, tenho vários outros bloqueios com relação a ser penetrado. Bloqueios com relação a muitas coisas, no sexo e na vida. Deixar-se penetrar, sobretudo no ânus, é um ato de entrega, confiança. Como fantasia, acho muito excitante, mas na real não funciona bem assim. Talvez um dia... Eu gozei e ele também queria:

   -Onde quer que eu goze?

   -No meu peito.
   
   Lambi a porra amarga, como de fumante. Durante o banho, ele foi muito simpático e atencioso. E logo se mandou, alegando um compromisso.

   Já tinha visto ali um cara que eu conhecia de vista, da The Week, e principalmente da 269, onde ele me perseguia e, embora seja muito bonitão, nunca rolou nada. É negro, de cabeça raspada, físico muito bonito. Fazia muito tempo que eu não via esse cara, e ele me pareceu ainda mais gostoso do que eu me lembrava. Chegou junto, com desfaçatez:

    -E aí, bonitão?

   -Opa, tudo bem?

 -Certinho... Vamos pro meu quarto?

   Acabou que fui, né... A gente se beijou e deitei na cama. Ele se ajoelhou na minha frente e começou a vestir a camisinha. Fiquei atônito! Eu tinha acabado de dar, e nunca me passou pela cabeça dar mais de uma vez no mesmo dia, muito menos pra dois caras diferentes. Tocou o celular dele, que pediu desculpas, mas atendeu. Ia vestindo a camisinha, se masturbando, olhando pra mim e conversando com seu cliente. Eu passava meu pé direito pelo seu pau, pelas bolas, pelo períneo. Falava com uma voz bonita, sempre muito másculo e cara-de-pau. Às vezes dava a impressão de estar xavecando o cliente:

   -Sei que seus sócios estão pressionando e que desta vez não vou conseguir te atender a tempo. Mas, olha, estou com água na boca pra fechar um negócio com você.

   Quando desligou, esclareci:

   -Como é seu nome?

   -Patrick.

   -Patrick? Então, Patrick... eu não dou... só muito raramente. Acho que nem vai rolar, entendeu?

   -Sério, cara? Mas vamos tentar! Prometo que vai ser gostoso.

   -Ah... você não curte dar?

   -Tenho cara de quem dá?

   -Tem. Eu acho.

   Sempre achei que ele quisesse me dar. Mas isso é tão difícil de se prever só pelas aparências... O cara ficou indignado com a minha resposta:

   -Tenho cara de passivo?! Porra!!

   -Ah, sei lá...

  -Deixa eu meter gostoso em você? Prometo fazer com muito cuidado, com carinho.

   Meteu. De frente, com minhas pernas pro alto. Doeu bem menos pra entrar que com o outro, mas continuou doendo bastante quando ia fundo. O cara queria bombar, mas não consegui. Pedi pra tirar e ele queria me ver de quatro. Eu não estava excitado, mas assenti. E ele meteu de novo. De quatro foi menos traumático, mas consegui deixar pouco tempo - eu queria sair dali. Disse ter 45 anos, o que me pareceu impressionante: aparenta 35, no máximo. O pau continuava rijo como rocha, o que ele atribuiu à excitação causada por mim.

   -Sei que, pra um ativo, é difícil dar, mas obrigado pela sua gentileza.

   Gentileza... Depois me elogiou, disse que comigo "teria até um caso". Era educado, mas dá um impressão de frieza e egoísmo. Veio a última proposta:

   -Curte a três também?

   -Depende.

   -Estou com um amigo aí. Cara bonito. Só que o pau dele... é o dobro do meu!

   -Eu não vou dar mais por hoje. Ele dá para a gente?

   -Dá. Depois a gente se fala.

   Tomei mais um banho. Me sentia nervoso e precisava comer alguém. Estava parado perto da sala de vídeo (que continua horrorosa), um lugar meio escuro, quando apareceu um sujeito alto, forte, bem na minha frente. Já chegou me alisando e beijando. Pensei que fosse um outro cara em quem eu já havia reparado, também alto e forte ("Some day he'll come along/The man I love/And he'll be big and strong/The man I love..." - Ira Gershwin), tatuado, super bonitão. Mas não era ele, e só descobri isso a caminho do seu quarto. Este parecia chinês, mas falava com carregado sotaque espanhol. Depois soube que é colombiano, Jorge, 28 anos, médico. Feio de rosto, desinteressante de corpo e chatonildo de conversar. Além de ter uns trejeitos de tia suburbana, revirando as mãos e soltando risinhos irritantes. Foi desolador entrar no quarto sabendo que teria de fingir simpatia por alguns minutos. Eu já não estava nos meus melhores dias, e o cara só puxava assuntos que me punham mais pra baixo. E me dava lição de moral! E falava como se entendesse da minha vida melhor que eu! E tentou traçar novas diretrizes para que eu as seguisse! Tudo isso em menos de vinte minutos. Uma pessoa bem sucedida que prega que para vencer, basta ser esforçado, honesto e paciente. E tudo se arranja. Um bosta. Um bosta completo.

   Quando finalmente consegui terminar a conversa (e extrair um diagnóstico de depressão de um dermatologista), ele perguntou, com ares de namoradinha adolescente:

   -Afinal, você nunca me disse: do que você gosta na cama?

   -Sou ativo. Mas hoje já dei pra dois caras - respondi tão friamente como se dissesse que tomei dois copos de água mineral.

    -Credo!

   Claro que a titia ficou horrorizada, porque ainda pensava que ia dar pra mim. Tomei um banho quente e deitei na sauna seca. Fiquei um tempo ali, quietinho, me reorganizando e tentando decidir se ficava ou iria embora. Estava indo olhar as horas no meu celular quando trombei com o Cássio, que tinha conhecido na semana anterior:

   -Olha ele! - gritou.

   Me pareceu bem menos atraente do que eu me lembrava, mas ainda assim, um corpinho bem gostoso. Pelo jeito, ele tem ido quase diariamente à sauna depois de fechar sua loja. Tinha um cara grandão sentado no bar. Bonito até, apesar do excesso de músculos. Parecia um tanto anti-social e com uma perene inexpressividade cadavérica. Masturbava-se por baixo da toalha, sentado na poltrona e de olho no vídeo, com o rosto imóvel, imbecilizado. Levantou-se e cumprimentou o Cássio com a mínima animação a que se permitia. Também bateu no meu ombro amigavelmente e dirigiu-se ao primeiro andar. Cássio disse que o grandão o persegue na balada e que ele ainda não tinha tentado nada porque um amigo o alertou de que o cara tem pau pequeno.
    Vi mais alguns caras interessantes aparecerem. E o funcionário da sauna que eu pegava na 269, me deu umas olhadas bastante curiosas. Percebi que ele se enfiava nuns becos desertos quando me via, imaginei que quisesse que eu me aproximasse. Ele subiu e fui atrás. Estava vistoriando a limpeza de um dos quartos e eu parei bem na porta. Claro que ele não pode fazer nada com um cliente ali (como também não podia na 269). Sorri e ele me media de alto a baixo. Saiu, quase me encoxando, e prosseguiu a vistoria nos outros quartos recém desocupados. Permaneci ali, na frente daquele quarto, quando um cara que já tinha mexido comigo (mais especificamente com o meu mamilo), me abordou. Alto pra caralho! Tatuado pra caralho! Gostoso pra caralho! Chico, tem 29 anos e mora ali perto do Largo do Arouche. Me arrastou pro banheiro, o mesmo que todo mundo disputa no primeiro andar. Tem um rosto interessante, exótico, sem ser exatamente bonito. O corpo é maravilhoso, atlético, ombros e costas largos, músculos na medida certa, definição invejável, tatuagens lindas pelo corpo todo. Pau delicioso também, graúdo, clarinho, macio, cheiroso. Enquanto o chupava, desci às bolas e ao períneo, quando percebi um certo frenesi. Girei seu corpo com a bunda pra mim e lambi. Ele delirava. Me puxou. Sentou no vaso sanitário e ergueu as pernas pro alto.

     -Vem me lamber assim, quero ver você.

   Era um cuzinho delicioso, que ele mantinha sempre tenso e apertado. Quando pedi que relaxasse, alargou-se um pouco, tornando a superfície mais acessível e formando um biquinho suculento.

    -Você gosta de dar? - perguntei.

   -Gosto, gosto de tudo. E você?

   -Geralmente prefiro comer. Quer dar pra mim?

   -Gosta de foder cara grande? Tem essa fantasia?

   -Gosto. Se for você, eu gosto.

   Coloquei-o sobre o vaso, com a bunda pra cima e meti. A altura dele me atrapalhava naquela posição (tenho 1,79m). Pedi que dobrasse as pernas um pouco e ele preferiu sentar no meu pau. Sentei no vaso e ele veio por cima, virado de frente pra mim.

   -Puta cuzinho gostoso!

  -Gostoso é você - disse me estapeando levemente o rosto - curte levar uns tapinhas?

   Eu estava chocado:

   -Essa realmente não é uma das minhas fantasias. Você gosta de bater, é?

   -Gosto, de leve. Mas só se você gostasse. Se não gosta, não tem graça.

   -E de levar uns tapas, você gosta?

   -Não!

   Eu detesto que me batam ou sejam muito dominadores comigo. Quando o cara pede, até pode ser divertido bater sem machucar, de brincadeira. Com esse papo todo, ele parou de se movimentar e meu pau amoleceu. Mas continuamos conversando naquela posição por longos minutos. Depois ainda meti outra vez na posição inicial.

   -Você veio aqui pra levar nessa bundinha gostosa, não foi?

   -Foi...

   Ele respondeu meio a contragosto, pelo que pude perceber. A animação do rapaz foi se esmorecendo, ele foi ficando esquisito. Ele também custa a gozar e eu pedi que gozasse na minha boca.

   -Quer leitinho na boca?

   Foi a minha vez de responder contrariado:

   -Quero...

   Acho tão vulgar essa história de leitinho... Gozou e eu cuspi, apesar de ter gosto agradável. Gozei me masturbando enquanto lambia seu pau que ia amolecendo. Tomamos banho e ele deitou na sauna seca, sozinho e um tanto macambúzio. Depois o vi indo embora com um cara bonitão, pareciam ter vindo juntos.

   Tinha mais dois caras bonitos na casa. Lindos na verdade. O primeiro que eu vi era gringo na certa. Altão, branquelo, pele lisa, físico bonito, rosto de cinema. Gostava de se exibir sem roupa na sauna, mas ninguém podia chegar perto. Parecia antipático e nem insisti. O outro era moleque, aparentava uns 22 anos. Clarinho, cabelo cacheado, castanho claro, corpo bem definido e musculoso, bundinha redonda e arrebitada. É parecidíssimo com um garoto que eu conheço, por quem nutro uma paixonite platônica há alguns meses. O rosto delicado e marcante que parece desenhado a bico de pena, cada traço nanometricamente apurado. Um moço lindo da cabeça aos pés. Num dos ombros e bíceps trazia uma tatuagem bem fechada que lhe caia muito bem, contrastando com a elegância de Semideus. Mantinha o olhar aberto a todos os presentes, mas não o vi se aproximar de ninguém. Por diversas vezes estivemos próximos e ele parecia indeciso. Numa dessas vezes, resolvi segui-lo. Fomos parar atrás do labirinto, na passagem para o cinema, onde ele parou e encostou na parede. Tocou meu peito desajeitadamente. Parecia tímido ou incerto do que fazia por ali. Eu o abracei, beijei a pele macia, segurei a bunda e ele se foi, com um sussurro:  "seu gostoso"

   Foi uma frustração incompatível com meu humor naquele dia. Tomei um suco no bar e fui me vestir. Esse último carinha estava no armário exatamente acima do meu. Vestia-se com uma roupa bonita, de fino acabamento. Pedi licença para pegar minhas coisas e ele afastou as suas da frente. Abaixou as calças, pra passar a camisa por dentro, e saltaram aos meus olhos a bundinha e a "mala", de perfil, discretamente cobertas pela cueca de brancura imaculada. As mãos de príncipe, másculas e elegantes, reabotoaram as calças lentamente e depois ajeitaram os cabelos cacheados diante do espelho. Foi-se antes de mim, em seu caminhar macio e firme, de quem sabe não pertencer àquele universo paralelo.

domingo, 17 de junho de 2012

"As Piriguetes"


   Uma segunda-feira gélida e chuvosa em Higienópolis. Ainda eram 16h quando liguei ao Chilli Pepper Single Hotel para sondar sobre a frequência naquela tarde e informaram que havia 5 homens na casa. Duas semanas antes, a essa hora, não havia vivalma (exceto eu e os pedreiros) e mais tarde tinha ficado bem divertido... resolvi arriscar - também por ter acontecido a parada gay na véspera. Cheguei às 16h40 e já tinha bastante gente. Melhor, tinha muitos homens bonitos - parecia a boa e velha 269 renascida. A própria casa estava funcionando um pouco melhor. O aquecimento por exemplo. Já os chuveiros, jacuzzi e piscina... frios. Os chuveiros até esquentam, mas até que se consiga regular a temperatura, já acabou o banho. Logo que cheguei, tomei banho ao lado de um carinha muito bonitinho. Só tomamos banho juntos - apesar de ambos termos ficado de pau duro. Depois soube que o nome dele é Beto.

   Quando subi à sauna seca, sentei de frente pra um rapaz bonitão. Um homem grande, loiro, de pele muito branca, e olhos verdes. Corpo bonito, rosto idem. Daquele tipo de homem em quem se percebe a educação na postura, no modo de falar, andar, sentar, em como cruza as pernas ou apóia os pés no chão, até na respiração. Eu reparo. Assim com reparei que ele, por baixo de toda a educação, me olhava com muito interesse.

   Eu também fiquei interessado, mas quando vejo muito homem junto, perco o foco e o bom senso, e caio na velha cilada armada pela vaidade: estou sempre à caça "do melhor", "do mais bonito", "do mais disputado". Comportamento pueril e perverso, típico de viciado, para quem não há satisfação possível. Nessa noite eu fiquei por seis horas ali dentro e ficaria muitas mais. O loiro veio atrás de mim. Eu tinha acabado de chegar,  e ainda estava assimilando o tanto de gostosos presentes. Encostei numa parede justamente para olhar pra um cara que parou a poucos metros e me encarava. Era um corpo extraordinário, de capa de revista, também encostado na parede oposta. Me parecia uma visão: alto, bronzeado, atlético, abdome definido, peitoral inchado, estourando. O corpo molhado reluzia naquele corredor. Toda a sua postura e atitude eram bastante arrogantes. O elegante loiro me havia seguido e parou com o corpo quase colado ao meu, insinuante. Mas eu não desgrudava os olhos do outro. Por absoluta idiotice, era neste que eu considerava "certo" investir. Claro que não fiquei indiferente ao loiro, que, além de distinto, era um homem muito bonito. E estava ali, absolutamente entregue. Na  minha menor deixa, veio me beijar. Sabia beijar, era cheiroso, atraente - mas não exatamente sexy. Pelo menos não à primeira vista. E eu o beijava ainda de olho no outro cara, que parecia hipnotizado pelo nosso beijo e algumas vezes fez menção de se aproximar. Mas quem se baseia exageradamente na própria atratividade física, teme ser esnobado. O loiro percebeu a situação. Eu queria  muito que o moreno se juntasse a nós. Chegou a ensaiar uns passos em nossa direção quando viu que o loiro me puxava para uma cabine, mas não veio.

   Nos fechamos na cabine escura e vazia. Claro que eles querem alugar os quartos, portanto não há cuidado algum com as cabines. Não há iluminação, lugar onde sentar, onde guardar suas coisas, sequer um gancho para pendurar as toalhas. Mas pelo que vi, os quartos comuns também deixam a desejar: são cubículos onde mal cabe a cama. O espaço que resta é só para ter como abrir a porta. E mais nada. Ah, sim: tem luz. Pra que chamar de hotel? O "quarto" não tem banheiro, não tem armário, você não pode deixar seus pertences lá e sair à cidade. São centenas de quartos e, pensando que tinha apenas uns 10 alugados naquela noite, me parece um desperdício de espaço. Mas voltemos à cabinezinha. Foi bom, viu? O moço era um gostoso. Chama André, 31 anos, paranaense, mora no Maranhão, onde leciona direito. A transa começou com muito carinho, mas depois que eu meti, ele perdeu a compostura e a coisa ficou quentíssima. Gostava que eu fosse um pouco rude com ele. Às vezes gosto desse papel. Fodi bastante mas não consegui gozar. Ele gozou. Senti nitidamente suas convulsões quase estrangularem o meu pau. Ainda nos beijamos e o chupei outra vez, já flácido e úmido de sêmen fresco.

   Fomos tomar banho juntos mas seu chuveiro não esquentava e ele foi procurar no outro banheiro. Aquele grandalhão moreno parou em frente ao meu chuveiro. Era um puta homem, de virar a cabeça de qualquer um. Reconheci o corpo, a tatuagem, mas o rosto me surpreendeu visto de perto e na claridade do banheiro: bonito pra caralho, parecia um modelo internacional! Me olhava de alto a baixo e deu uma discreta guinada de cabeça, indicando para onde eu deveria ir. Caminhava lentamente sem olhar para trás, dirigindo-se ao escuro. Encostou na parede e eu já estava ali, ao seu lado, ao seu dispor. Era bem essa a sua postura, como se dispusesse de mim, como se me fizesse um favor. Pegou no meu pau, me beijou a boca. Mas nada estava acontecendo entre nós; ele me parecia frio, distante, ensimesmado. Não pude deixar de escapar um patético "Nossa!" quando segurei seu pau.

   -Que?

   -Não, seu pau... como é grosso, né?

   Já estava fadado ao fracasso nosso encontro. Mas aquele pau não deveria ser desprezado. Ao menos para incluir no meu curriculum vitae. O arrastei para outro canto. Agora funciona uma sala de vídeo, bem esquisita, diga-se. É uma sala relativamente grande, mas tem apenas duas ou três poltronas (daquelas reaproveitadas da 269). Ao invés de um telão, são seis ou oito telas agrupadas que exibem o mesmo filme simultaneamente. Não sei como funcionará quando passarem algo que preste naquilo, mas com um filme feio, cheio homem sem graça e luz estourada, estava uma merda. Puxei o grandalhão para uma saleta  à qual só se tem acesso por essa sala de vídeo. Da outra vez que estive lá, era uma sala azulejada de branco, que tinha me parecido uma cozinha. Agora é só uma dark room.

   -Puta cheiro de mijo! - eu disse

   É uma sala esquisita, ainda não entendi bem a planta. Estava com um cheiro forte de urina, como banheiro de boteco de beira de estrada. Realmente eu odeio gente porca. E olha que meu nariz estava super entupido. O melhor era resolver aquilo logo. O cara me encurralou na parede, me beijava e pegava na minha bunda. Fui deslizando minha boca pelo seu corpo e, com muita dificuldade, chupei o cara. Só tinha visto um pau tão grosso uma vez na vida. É desconfortável na boca. Imaginei se ele quisesse me comer. Como era um cara esquisitão, poderia ser uma péssima experiencia. Rodeei seu corpo e fui lamber a bunda. Ele me ergueu e disse que ia dar uma volta. Mesmo sendo uma loucura de bonito, não fez falta.

   Desci à sauna a vapor. Agora, a piscina foi inaugurada. É um espaço bonito, mas piscina gelada naquele frio... quem se habilita? Na sauna, sentadinho no fundo, o garoto bonito que tomou banho ao meu lado quando cheguei. Mais pra magro, mas o corpo é bem gostosinho, harmonioso. Boa altura, pele bronzeadíssima, com uma marca bem definida de sunga, a bundinha bem branca e carnuda. O rosto é lindo, de garoto. Já o tinha visto também na sauna seca, onde conversava com o amigo que veio com ele de Curitiba. Pelo sotaque, pensei que fosse mineiro. Falava de umas festas no Copacabana Palace que ele imagina seletíssima e  que pretende conhecer. Ali, na sauna a vapor, se reacomodou quando sentei perto. Tinha modos bastante másculos e até um pouco sisudos. Ajeitava a toalha para mostrar um pouco o corpo, mas não olhava para mim. Olhava tudo, menos pra mim. E só estávamos nós dois ali dentro (nem considero o tiozão gordo que boiava na jacuzzi iluminada). Apesar disso, era claro que queria que eu me aproximasse. Mas quanta inabilidade... O que fazer? Chegar "chegando", na xinxa? Não me sentia confiante pra isso. Botei o pau meio pra fora e fiquei brincando. Ele fez o mesmo, mas continuava olhando para o ar. Levantei, de pau bem duro (deixei que ele notasse) e fui sentar pra longe da jacuzzi, num nicho perto de um dos chuveiros, um cantinho mais reservado. Ele veio atrás e aí me senti em casa. Fui sentar ao seu lado e nos tocamos finalmente. Seu rosto é um amor: cheio, quadrado, nariz arrebitado, sorriso doce, olhos verdes interrogativos. Beto tem 28 anos. Mostrou-se bem disposto, animado. O pau era pequeno, a pele áspera, dava impressão de arrepio. Nos lambemos e chupamos, nos beijamos e foi só. Na verdade, ele tentou me comer e sem camisinha. Paramos por ali.

   Eu estava animado e cada vez apareciam mais caras diferentes e interessantes. Saindo do banho, ao passar pelo corredor, um cara me deu bola. Moreno, relativamente baixo, belo corpo, barba por fazer, rosto bonito, sexy. Eu ia passando e voltei. Ele também, e parou encostado na porta de um dos quartos. Ramon, se não me engano é nordestino, não lembro de onde, mas mora faz tempo em SP. Estuda radiologia, 33 anos. Era irresistível tocar seus peitos. Imensos, obviamente inchados pelo uso de anabolizantes, e apetitosos. Me encheu de perguntas e eu o beijei. Docemente.

   -Geralmente detesto cheiro de cigarro, mas este cheiro seu, está me matando de tesão.

   -Estou fedendo muito? - perguntou, rindo - É que acabei de fumar.

   De fato era um cheiro muito envolvente. Suave, eu sentia apenas o tabaco adocicado, um aroma extremamente masculino, que me fez lembrar de alguns homens que conheci pela vida. Tentamos uma das cabines, mas estávamos ambos insatisfeitos, principalmente com a falta de luz. Fomos para o banheiro.

   -Não acredito que você tem 38 anos... Você tá bem, hein!

   -Você que é um gostoso.

   -Gostoso é o seu pau. O meu não vai subir, que eu cheirei.

   -Cheirou?

   -Pó - riu.

   -Sei... quero que você me chupe, pedi.

   Ele chupou gostoso. Eu já sentia uma dor no abdome, precisava ejacular. Pus a camisinha e meti naquela bundinha. Demoro pra gozar geralmente, e isso me atrapalha. Ele cansou e tirou meu pau de dentro.

   -Você tomou Viagra? - perguntou.

   -Porque?

   -Seu pau não amolece!

   -Vai amolecer com um gostoso como você? Mas... tá, eu tomei mesmo.

   -Seu safado. Que sorriso lindo que você tem.

   -Você também. Você é todo bonito.

   Ficamos nessa rasgação de seda e não passou disso. Ele não conseguia fazer levantar o pau e eu não conseguia gozar - dois fracassados. Nos separamos, desci ao bar. O barman dessa noite era ainda mais gostoso que o da primeira. Lembrava um pouco o Tuca Andrada, porém bem mais jovem, bem mais magro, bem mais bonito. Alto, cabelo moicano, cavanhaque, charmoso, gestual sexy. Eu teria trocado qualquer cliente da sauna por ele. Teria trocado qualquer habitante de SP por ele naquela noite. O Beto também teria. Ficou boa parte da noite azarando o rapaz, que se portou com muito profissionalismo. Foi simpático, mas manteve a distância do cliente. Sobre o Beto, percebi que ele mais gosta de falar, só o via conversando, com vários caras diferentes. Quando estava subindo a escada outra vez, cruzei no meio dela com um funcionário da sauna, ex funcionário da 269, com quem eu transei algumas vezes. Pela forma como me olhou quando nos cruzamos, tive certeza de que ele se lembra de mim tão bem quanto eu dele. Continua gostosinho. Passei por ele e me voltei sorrindo. Ele é um puta safado, pegava quartos da sauna e se enfiava lá dentro comigo. Nem tenho certeza se ele é funcionário ou sócio. Lá em cima, passando pela região das cabines, vi uma que estava aberta, e dentro dela, um rapaz completamente nu, esperava. É escuro por ali, mas no corredorzinho tem luz, e reconheci o cara. É bonito, corpo lindo, forte, tatuado. Rosto interessante, bastante incomum, cabelos castanhos na altura dos ombros, levemente ondulados e um tanto armados. Um cara esquivo, de semblante fechado. Agora parecia tão desprotegido, olhando para o teto, sozinho. E nu. Fui chegando lentamente, ele me notou. Quando cheguei à porta da cabine, moveu-se para o fundo, para me dar espaço pra entrar. Fechei a porta e agora eram só o tato e o olfato nossas únicas possibilidades. Ele pouco se movia. Um corpo firme, bom de segurar, de apertar. E um cacete gigante. Eu o tocava e ele quase não respondia a nenhum estímulo. Apenas, às vezes, virava o rosto para beijar minha boca. Apalpei a bunda musculosa e percebi que ele estava lubrificado. Quando tentei afastá-lo da parede, para que virasse o corpo para mim, pegou sua toalha e saiu da cabine. Foi tão brusca a quebra de ação que me desestabilizou. Peguei minha toalha também e saí, como se nada houvesse acontecido. Ele estava parado no corredor iluminado. A impressão que dava, pelo modo como parava e me olhava, era de que tinha repensado e queria voltar. Mas cadê paciência? Pouco depois, no chuveiro, ele veio encostar o cacetão em mim, fazendo-se de descuidado. Talvez eu não tenha entendido que desde o início ele queria algo sim, mas com platéia. Preferi ignorar.

   Passei na sauna seca (ela tem duas saídas, funciona como um corredor, que liga o banheiro do primeiro andar à ala das cabines) e vi um garoto loiro sentado. Lindo, jovem. Depois cruzei com ele várias vezes nos corredores. Não conseguia perceber se ele me olhava com interesse ou por algum outro motivo. Mexia com alguns caras com bastante desenvoltura. Alto, ombros largos, cabelos bem claros com corte militar. Um molecote, mas cada vez que passava por ele, me sentia hipnotizado. Até que... olhou com mais firmeza, e voltou. Eu já o esperava. Esperava seu abraço, seu corpo molhado, seu beijo. Não houve papo algum: foi exemplarmente direto. O beijo que envolve; e se envolve. Logo segurou meu pau e eu já estava arfante de pensar em comer aquela bunda. Assim que alguém parou por ali para prestar atenção em nós, agachou e tirou meu pau pra fora. Percebi que ele gostava de se exibir naquela situação. Um coroa alto, de óculos, pôs o pau pra fora e ele chupou jundo do meu. O coroa queria me tocar e eu não me sentia à vontade. Não me atraia e eu queria o moleque só pra mim. Sem cortar o clima com o garoto, consegui afastar o coroa e os demais em nossa volta. Pus o menino de costas e lambi sua bunda, ali mesmo no corredor. É muito difícil de se ver uma bunda como aquela. Nem lembro de já ter visto outra igual. Uma bunda de estátua, mármore precisamente polido. O arrastei para uma cabine. Ali as cabines dão acesso para o labirinto, por uma abertura larga. Felizmente ninguém veio nos perturbar enquanto eu o fodia. Virei seu rosto para trás, seu beijo era delicioso.

   -Eu nunca vi uma bunda como a sua, que coisa linda...

   Ele gozou. Eu precisava gozar, era urgente. E nada! Mas que cuzinho delicioso, e que tesão eu sentia desprender-se do garoto. Manuel é o seu nome. E foi praticamente a única informação que trocamos: nossos nomes. Depois de ter gozado, ele veio me chupar, queria me fazer gozar. Custou, eu já ia ficando preocupado. Estava sempre no quase. Quase, quase, mas não concluía. Felizmente consegui. Ele conseguiu. Foi um gozo longo, farto, inteiro engolido pelo Manuel. Tomamos banho juntos, em silêncio. Eu queria continuar com ele, mas tornou-se um mal estar. Algumas vezes, quando o encontrei depois disso, tentei sorrir, esbocei um carinho, um olhar cúmplice. Não o sentia aberto para uma outra aproximação.

   Quem voltou foi o Ramon, e acompanhado. Já tinha reparado no Cássio, moço bonito, todo lisinho, clarinho, macio, corpo perfeito e cara de moleque. Eles se beijavam no corredor dos quartos e o Cássio interrompia pra falar de mim, me apontava, cochichavam, até que se aproximaram. Tinha um clima divertido entre eles.

   -Este é o meu amiguinho Cássio. Como é seu nome mesmo?

   -Yuri.

   -Yuri! Ele gostou de você. Não é bonito o Cássio?

   -Lindo, uma graça.

   -Pára! Assim eu fico mais deprimido. Se eu fosse lindo mesmo, não estaria na sauna.

   -O Cássio precisa dar pra alguém.

   -Estamos aí...

   -Ah não, vai! Não oferece no meu lugar! Você é bonito, mas não é assim também. O Ramon tá viajando.

   -Ele tá desiludido, Yuri. Veio ontem aqui, conheceu um cara...

   -Eu me envolvi emocionalmente.

   -Oh, tadinho.

   Os dois estavam meio drogados. Mexiam com todos os caras bonitões que apareciam. Um deles chamava Gustavo. Um corpo muito chamativo, uma tatuagem linda, gostosíssimo. Demos boas risadas. O Ramon fez o Cássio me mostrar a bundinha, que era linda. Ele tem 22 anos, baiano de Salvador. Mora em SP faz tempo, mas ainda tem um pouco de sotaque. Depois passaram o foco pro meu pau.

   -Olha isto, te disse que ele tem picão.

   -Olha, ele tem mesmo.

   -Eu te disse, eu dei pra ele já.

   Pegaram no meu pau, me beijaram, tudo no meio dum corredor, mas senti que não iria adiante. Resolvi descer, quase decidido a ir embora. No alto da escada, estava parado um dos caras com quem eles tinham mexido. Corpaço, um tipo bem interessante. Desci e olhei pra cima, ele também tinha virado e me olhava. Voltei e o abordei com rara cara-de-pau. Silvio, 30 anos, também baiano (de Vitória da Conquista), morando no Rio. Estava parado ali fazia tempo, observando, um pouco chocado com o esquema da casa.

   -É estranho isto aqui.

   -Estranho como?

   -Não sei... tudo. No nordeste é diferente um lugar como este.

   -Mas no Rio é igual, não é?

  -É. Deve ser, nunca fui. Namorei muitos anos, agora que estou solteiro.

   -E o que você estranha aqui?

   -Tudo. A arquitetura. No nordeste são casa luxuosas, elegantes. Aqui é tudo tão...

   -Frio?

   -Não sei.

   -Que perfume você está usando? Tem cheiro de pitangas...

   Ele parecia um pouco blasé, sempre encostado. Eu o beijava quando "as piriguetes" Ramon e Cássio interromperam. Mais um pouco e estavam comparando meu pau com o do Silvio (favoravelmente a ele, um pau delicioso). Os dois tanto fizeram que logo tinha uma roda em torno. Ramon convenceu o Cássio a dar pra mim e ele queria ali, no topo da escada. A mureta é baixa e tem um fosso altíssimo, fiquei com medo. Morro de medo de altura. Lembrei do judeu que morreu numa queda na 269. Cássio tirou a toalha, pus a camisinha e tentei meter, mas ele não deixava. Outro cara tentou também e eu fiquei nervoso com a irresponsabilidade dos caras diante daquele abismo. Eu tentava conter os corpos do Silvio e do Cássio com meu braço. Eles não paravam de fazer piada e rir, mexendo com todo mundo que aparecia. Uns caras nada a ver se aproximaram, um deles veio chupar meu pau. Silvio, Ramon e Cássio me deixaram ali, com os estranhos. Pouco depois, voltou apenas o Ramon, dizendo que um tal Gustavo tinha me achado lindo e queria me conhecer. Chamou o cara e ele ficou tímido, negou, disse que queria só conversar. Já estava na minha hora e o chamei para vir comigo. Me enfiei com ele num banheiro e tirei a toalha. Ele ficou chocado:

   -Não cara, só quero conversar. Você não deveria ser assim, ficar com esses meninos malucos. Você é um cara bonito, educado, tem que saber se valorizar.

   As piriguetes bateram na porta e foram entrando. Fingiram recato, disseram que não queriam incomodar. Gustavo disse que entrassem, que eu estava "me achando" demais, querendo seduzi-lo e ele estava se sentindo humilhado. Os dois saíram e conversei mais um pouco com o Gustavo. Parecia um bom menino e muito gostoso. Mas eu não teria tempo para tanta enrolação. Na saída, as piriguetes estavam no banheiro com o Sílvio. Este tentava mijar.

   -Quer que eu segure pra você? - perguntei.

   -Daí que eu não consigo mesmo!

   Dei um beijo na boca de cada um dos três e fui embora. Na próxima segunda, eu volto.