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sexta-feira, 8 de junho de 2012

Na Maior Sem-Cerimônia


   Finalmente consegui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Tive a visita a um cliente desmarcada de última hora e cheguei em torno das 17h duma quinta feira fria. Já havia estado lá (dei com a cara na porta), por isso o encontrei facilmente, mas da primeira vez havia rodado várias vezes o Largo do Arouche inteiro até encontrar o número 610. Nem parece fazer parte do Largo, fica bem embaixo do Minhocão, a alguns metros do metrô Santa Cecília. Logo na recepção, via-se que a obra ainda não estava terminada. Entra-se num pequeno recinto e através de um vidro preto, o atendente entrega um envelope plástico (providencial para guardar preservativos), amarrado a um cordão de silicone, contendo uma plaquinha com código de barra. Optei pelo armário (locker) e esse código de barra é que abre e fecha a porta. Acredito que os quartos funcionem da mesma forma. É um vestiário imenso, com centenas de portas. Não vi o código de barra, não entendi como abrir o meu armário e fui procurar alguém para me ajudar. Achei o bar. O barman é um negócio! Gatão mesmo. Pelo menos o que atendia naquela tarde (a casa funciona 24h). Tinha outro funcionário ao seu lado, e era óbvio que era este quem deveria me ajudar, mas perguntei ao barman como abrir o armário. Vi pedreiros andando pra todo lado, barulho de obra. Tirei a roupa e logo me dei conta de que era o único cliente naquela imensidão.

   Ainda é difícil analisar o empreendimento como um todo, pois está inacabado e nada está funcionando 100%. Por exemplo, não há uma mísera sala de vídeo (próximo ao vestiário tem uma telinha passando pornô, num lugar em que ninguém nunca vai parar para assistir - e provavelmente todos os quartos sejam equipados com uma), tem um andar inteiro fechado, não tem piscina ainda. Pelo que pude entender, uma das saunas também está inacabada. No térreo, além da área com os armários e o bar, tem um amplo banheiro e uma imensa sauna a vapor. Os chuveiros são melhores que os da 269, acionados com o pé do usuário num botão de borracha que fica no chão, mas a regulagem de temperatura deixa muito a desejar. As torneiras funcionam da mesma forma, acionadas com o pé. Quase tudo é preto e vermelho fogo, como na 269. A sauna a vapor é labiríntica, inteira revestida de pastilhas de vidro azul. Tem uma jacuzzi transparente e iluminada que dá um efeito surpreendente - infelizmente estava gelada. Quando cheguei, esta sauna estava insuportavelmente aquecida e empoçada. Na frente da jacuzzi, ao longo do ralo, formava uma poça gelada muito desagradável. São bonitas as janelinhas redondas (tipo de navio) que ligam a sauna ao bar e corredores. O contraste da iluminação azulada do interior da sauna, com a externa, predominantemente vermelha, é interessante. O bar também é bacaninha, especialmente a estante formada de módulos enviesados revestidos com um tecido que parece lurex.

   No andar superior, muitos, muitos quartos. Um labirinto semelhante ao da 269, outro banheiro parecido com o do térreo, e a sauna seca. Acho que este é o único ambiente que estava muito bem resolvido para o meu gosto. O projeto é bonito, a forma como foi feito o revestimento de madeira e a iluminação embutida. Não gosto de sauna muito quente, e a temperatura estava bem amena (mais para um ambiente com aquecedor que uma sauna propriamente). Ao seu lado, algumas cabines, muitas faltando portas, e todas ABSOLUTAMENTE escuras. Nada pior que pegar um boy bonitão e ficar com ele no escuro, sem conseguir vislumbrar um milímetro sequer do seu corpinho. Tem um ambiente muito bem iluminado e azulejado de branco, parece uma futura cozinha. Perto da escada, três poltronas remanescentes da 269, ESFARRAPADAS, dava aflição de sentar. O som da casa é bacana, muitas vezes excessivamente alto e com longas pausas entre as faixas, mas o repertório Rocker é bem mais interessante do que o que se ouve em casa gays por aí.

   Éramos eu (de toalha e chinelo) e os pedreiros (vestidos, claro). E só, mais ninguém. Nenhum dos pedreiros me pareceu interessante, e todos pareciam muito bem instruídos em não olhar para os clientes. Era um tanto constrangedor e fiquei zanzando para me familiarizar com a "geografia" do lugar. Fiquei até com medo de andar por ali sozinho: é muito grande, muito escuro, muito novo, sem uso, sem vida ainda. Mas dá pra imaginar o que vai ser daquilo em alguns meses. Um sucesso inevitável e importante para aquela parte da cidade. Salivo só de pensar em quando os meninos do Mackenzie e da FAAP o descobrirem. Deitei na sauna seca e quase adormeci. Por volta das 18h, todos os operários se mandaram e começou a chegar gente. Não tardou a ficar bem mais animado.

   E um dos primeiros caras que pintaram era uma gracinha. Mesmo no escuro, fiquei feliz de vê-lo chegar. No breu daquele corredor (logo depois de ter dado uma topada animal num degrau triangular e muito mal localizado) o vi aparecer. Seu andar e silhueta já denunciavam exatamente de quem se tratava. Não é uma beleza clássica, de perfeição de linhas e traços. Mas era o que muito cara lindo não consegue ser: GATO. Bem alto, robusto, um pouco fora de forma, barba por fazer, cabelo castanho claro, liso, de comprimento médio, repartido ao meio, olhos verdes. Garotão, desses que encantam pela simplicidade de caráter, como uma elaboração do que é o ser masculino - ou do que deveria ser. Venho pensando bastante nisso: o que é masculino em essência, o que faz alguns homens terem essa aura de masculinidade que atrai, enternece. Talvez essa noção seja muito subjetiva, pois não falo de "macheza", de estereótipos. A mim não encanta um homem mal cuidado, falando alto, cuspindo e arrotando. Nem uma sexualidade agressiva, ou violência de qualquer espécie. Pra mim tem muito mais a ver com autenticidade, respeito, gentileza... sobriedade, leveza, despreocupação... Não seriam essas características facilmente atribuídas a uma mulher também? Não sei! Mas o garoto tinha esse "não sei o quê" de sobra. Um belo exemplo de homem jovem. Voltei à sauna seca e ele apareceu por lá, puxou papo:

   -É grande isto aqui, hein! - disse olhando pela janela.

   -Grande mesmo. E tem muitas partes fechadas ainda. Parece que vai ter mais um andar.

   -Porra!

   -Primeira vez também?

   -Aqui é, primeira vez. Mas tinha ido na 269. Logo tenho que ir embora. Demorei muito pra encontrar isto aqui.

   -Eu também. Na hora em que cheguei, não tinha mais ninguém, acredita?

   -Ninguém, ninguém? Está vazio mesmo...Achei que fosse estar bombando.

   Eduardo, 23 anos, mora em Ribeirão Preto, apenas de passagem por SP, a trabalho. Já estava sentado ao meu lado e conversava pegando no pau, com a mão por baixo da toalha. Era um pau grande, grosso, bonito. Estávamos os dois com a toalha aberta, sentados na bancada, nos masturbando e conversando. É um ambiente pequeno e os caras que iam chegando passavam por ali, e iam ficando, nos olhavam com curiosidade, e começou a ficar desconfortável. Procuramos uma cabine ali perto. São muito escuras, não há ganchos onde pendurar as toalhas, nem uma mísera cadeira: não tem nada. Nada. Pus as camisinhas no chãos e nos beijamos. Nosso contato foi muito prazeroso, tudo funcionava, fluía. A gente se chupou várias vezes e ele queria me comer. Perguntei se ele me deixava lamber sua bunda e ele respondeu que brocharia.

   -Deixa eu por a camisinha e ficar brincando nesse cuzinho? - perguntou.

   -Seu pau é muito grande, cara...

   -Não vou te machucar.

   Ele pôs a camisinha. E o discurso mudou, agora queria pôr "só a cabecinha". Sussurrava no meu ouvido, beijava minha nuca. Eu estava encostado com o rosto voltado para a parede negra de madeira, imerso no absoluto escuro. Comecei a sentir vontade de que ele me comesse. Foi difícil e demorado, e ele manteve a ereção imperturbável por todo o tempo. Lá pela metade, pedi que parasse. Tirou o pau de dentro e voltou, deslizando suavemente. Quando me dei conta, já estava inteiro acomodado dentro de mim. Só quando se movia, eu não suportava a dor, mas de resto era muito excitante. Eu sentia meu esfíncter esticado, sentia a pressão do membro em meu interior. É estranho, mas excita. Tenho pouca experiência mas venho praticando muito mais que em qualquer época da minha vida. Acho que no último ano, dei mais que no resto da vida toda. Ele me masturbava:

   -Consegue gozar com meu pau dentro?

   -Você não quer gozar?

   -Não consigo assim. Demoro muito.

   Eu gozei, urrando de tesão, foi muito intenso. Tomamos banho, conversamos um pouco, demos umas bandas pela sauna e nos separamos. Sempre que nos cruzávamos, ele me fazia um carinho, me beijava.

   -Que beijo bom! - dizia.

   Uma graça de menino.

    O segundo tinha chegado mais ou menos na mesma hora que o Eduardo. Garoto ainda, era bem bonito de rosto, corpo OK, mas com uma barriguinha esquisita. Nos encontramos nos corredores onde fica a maioria dos quartos e ele me guiou à mesma cabine em que havia estado com o Eduardo havia poucos minutos.  Não conversamos, não sei seu nome. Também não houve beijo. Assim que nos fechamos na cabine, ele abaixou para me chupar. Depois, eu o fodi com ímpeto surpreendente para quem tinha acabado de gozar. Claro que foi difícil gozar outra vez, com um intervalo tão curto. Voltou a me chupar e me masturbava com uma mão, enquanto a outra explorava minha bunda. Eu segurava seu crânio e o guiava para onde queria que sua boca se dirigisse, entre meu pau e os testículos. Algumas vezes não sinto nada quando me lambem o saco, no entanto muitas vezes fico enlouquecido de tesão. Meu coração disparava quando o menino lambia minhas bolas. Eu me masturbava e ele introduziu um dedo em mim. Quando percebeu que eu estava perto de gozar, meteu dois dedos e me fodeu com vigor. Gozei na sua boca. Pôs-se então de costas para mim, se masturbava. Eu o abracei por trás, mordiscando sua nuca e costas, até ele gozar. Seu corpo desgovernado sacudia, jogando todo seu peso em todas as direções. Eu tentava contê-lo em meus braços. A respiração funda e ofegante foi acalmando com a massagem que fiz em suas costas, nas nádegas, no pescoço. Ficamos assim por uns dez minutos, até nos despedirmos.

   Tinha mais uns caras interessantes na sauna quando voltei a circular: um alto, com tipo de gringo e rosto muito bonito (apesar de o corpo ser meio desproporcional); um garoto moreno, de corpo bem bonitinho.  E outro novinho, loiro. Apareceu no corredor e me chamou para uma cabine perto do labirinto. Pus a camisinha e comi. Mas eu tinha gozado duas vezes em pouco tempo e perdi a ereção. Ele veio me chupar e lambeu minha bunda. Não percebi quando tentou meter o pauzinho em mim. Assim, sem aviso, sem camisinha, sem lubrificação - e sem noção. Apesar de ser um pau pequeno e fino como uma salsicha, que dor lascada! E que ódio!
 
   -Porra moleque, não faz isso, caralho! - gritei.

   Ele não se deu por vencido e voltou a me chupar. Até conseguiu me reanimar e eu fiz bobagem. Meti nele sem camisinha. Dei umas estocadas e tirei, saí da cabine.

   Desci, precisava descansar e ver as horas. Passando pelo bar, vi um dos funcionários da casa, que tinha trabalhado na 269. Ele é bonitinho, fiquei com ele algumas vezes nos quartos da 269. Dentro da sauna a vapor, tinha um coroa até interessante, saradão. Reparei mais num outro cara, de barba bonita, escura. Bem alto, costas largas, corpo razoável, rosto bonito. Tinha um pouco de barriga, talvez mais um problema postural que de gordura. Voltei ao primeiro andar e pouco depois ele veio sentar junto de mim numa das poltronas esfarrapadas do corredor. Roberto, 28 anos, mineiro, faz pós em SP duas vezes por mês. Visto bem de perto, conversando (apesar do sotaque mineiro pelo qual tenho uma incorrigível e gratuita antipatia) era muito agradável e seu rosto, encantador. Ficamos excitados e apareceu um outro cara, que parou diante de nós. Corpo bonito, nada extraordinário, mas bastante desejável. Magro, claro, todo lisinho, pés bonitos. Como paramos para olhá-lo, ajoelhou, na maior sem-cerimônia possível, e engoliu meu pau. Roberto olhava tudo com atenção e pôs o pau pra fora. Lindo. Eu acho lindo o pau com prepúcio volumoso. Nos beijamos, suavemente de início. Conforme o beijo foi esquentando, e consequentemente fomos perdendo contato com o cara que me chupava, este nos deixou a sós. Procuramos por uma cabine, várias delas não tinham trinco. Quando encontramos uma que fechava, Roberto observou:

   -Não tem luz alguma aqui... venha aqui, quero te ver no claro.

   Me levou a um dos banheiros. Foi meio difícil encontrar um que estivesse limpo, em condições de uso. Realmente era uma outra coisa chupar aquele pau no claro.

   -Ele não abre todo? - perguntei.

   -Não, só até aqui. Vou operar. Na verdade isto é uma despedida.

  Pela fimose, a glande não se expunha completamente. Deve dar um trabalhão pra deixar limpinho como estava.

   -Mas não tira tudo, é tão bonito assim.

   -Não, não vão tirar. Acho que vai ficar quase igual. Também gosto assim.

   Ele me chupou também e eu quase gozei. O virei de costas e lambi a bunda dele. Cuzinho apertado, quase oculto por pelos que se agrupavam só ali, entre as nádegas. Saquei que ele não ia dar pra mim. Em mais alguns minutos nos separamos.

   Eu tinha hora, ia assistir a um show do Arrigo Barnabé, ali perto, no Sesc Anchieta, às 9h. Fui me trocar. Quando eu estava quase completamente vestido, no armário exatamente ao lado do meu, chegou um cara beeem interessante. Gostoso pra caralho - pra ser mais preciso.

   -Cara, como será que abro este armário? - perguntou.

   -Empresta aqui o cartão - ensinei.

   -Pô, valeu! Tá indo embora?

   -Tô, tenho um compromisso. Cheguei na hora errada, né? Que droga...

   -Agora é a hora, fica aí! - disse rindo.

   -Tenho que ir mesmo.

   -Como está a coisa aí dentro?

   -Fraco.

   -Eu queria que tu ficasse. Você é lindo.

   Me beijou. Muito bem, diga-se. Eta homem cheiroso! Eta boca gostosa! Estava só de jeans e chinelo, e era visível que seu pau já estava em ponto de bala. O meu também. Enquanto nos beijávamos, peguei no pau dele, sobre a calça.

   -Eu queria te chupar.

   -Você tá me deixando louco.

   Terminei de me vestir, peguei minhas coisas no armário e o chamei para irmos ao banheiro, ali ao lado. Tirou a calça, enrolou-se na toalha e me seguiu. No térreo, os banheiros também estavam meia-boca. Peguei o mais espaçoso deles, destinado a cadeirantes, que estava OK. O nome dele é William, clínico, 40 anos. Ficou satisfeito por eu dizer que não aparentava essa idade, mas era uma meia verdade. É um homem bem bonito, alto, um touro de forte. Corpo largo, maciço, naturalmente sem pelos. Os cabelos, cortados rente, começam a branquear. Ele aparenta a idade que tem, mas em ótima forma. E tem um pau delicioso. Talvez eu não seja tão exigente, pois acho a maioria dos paus dos caras que me atraem, deliciosos. Ou talvez eu tenha um radar pra escolher caras com paus deliciosos.

   -Levanta, vira aqui que eu quero ver a tua bunda. Olha que bundinha gostosa. Quer dar pra mim? - perguntou.

   -Não. Seu pau é muito grande.

   -É nada. Devia ter pego uma camisinha... Pega lá.

   -Tenho que ir.

   -Só a cabecinha, deixa.

   Ele já estava quase metendo em mim. Virei de frente pra ele.

   -Já deu pra alguém aí hoje?

   -Até dei. Não sou de dar, mas dei.

   -Pegou vários caras?

   -Peguei os que me interessaram.

   -Você pega mesmo, pega quem você quiser. Você é lindo.

   -Até parece.

   Minha voz estava sumindo. Acho que fiquei um pouco tímido. Era estranho estar vestido na sauna, de pegação com um desconhecido pelado. Estranho e excitante. Fico constrangido quando o cara chega dominando geral, como se pudesse fazer comigo o que bem quiser. Agachei outra vez pra chupar.

   -Peraí que assim eu gozo!

   -Goza.

   -Agora não, tô chegando, bonitão. E você tá indo embora.

   -Vem aqui, deixa eu te chupar mais um pouco.

   Ele veio, eu chupei e me masturbei até gozar. Ofereceu sua toalha para eu me enxugar. 

   -Vou indo então... Estou atrasado.

   -Espera, eu saio com você.

   Foi mijar. Jorrava com muita força, demorado. 

   -Pega meu celular, quero te ver outra vez. Você me dá um puta tesão.

   Anotei seu nome e celular na minha agenda. Me despedi com uma palmada na sua bunda e um beijo na nuca.

   Arrigo Barnabé é o cara!  

domingo, 27 de maio de 2012

Baba nas Coxas


   Quinta-feira à tarde, fui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Dependendo do horário, não me sinto muito à vontade no centrão. Além da feiura e degradação, dá medo: fui assaltado ali perto há alguns anos e fiquei meio traumatizado. Três demônios me espancaram por um mero celular. Foi difícil encontrar o tal hotel e, ao chegar, fui informado de que ele fechou, uma semana após a inauguração, para finalizar a obra. Que fazer? For Friends salva!

   Fazia quase um mês que eu não entrava ali. No chuveiro, ao meu lado, tinha um belo homem. Um belo de um velho, na verdade. Em geral não sinto atração por caras mais velhos que eu, mas era um puta corpão, cabelo farto completamente branco, cortado curtinho, rosto muito jovem, pele bronzeada. Só dava pra ver que tinha idade por causa do cabelo. Talvez nem fosse tão velho mesmo, mas o cabelo era branco, branco, branco. Fiquei com vontade de pegar, tive chances (diversas vezes ele se insinuou e, ainda por luxo, sabia ser sexy o coroa!) mas as desperdicei. Provavelmente por puro preconceito.

   Também de passagem pelo chuveiro, olhei um garoto que se lavava. Reparei mais no pau dele, bonito de doer. Um cara branquinho, sem pêlos, usava uma barbinha curta. Não tinha nada de mais (exceto o pau) mas é o tipo de cara de que gosto. Na sauna tinha outro cara com as mesmas características, eu os confundia toda hora. O outro era até mais bonitão, mas foi o primeiro que veio sentar ao meu lado na sala de vídeo. Ali, à meia luz, me pareceu bem bonito de rosto. Chama Renato, 23 anos, DJ. Além de DJ tem uma outra profissão que eu esqueci completamente. Ficamos no sofá conversando e nos pegando por mais de uma hora. Todo ele cheiroso, macio. E aquele pau. Tenho um amigo que não entende quando eu digo que fulano tem um pau bonito: "Mas bonito por quê? Pau não é tudo igual?". E é viado quem me fala um absurdo desses! Pois o pau desse Renato é lindo, lindíssimo. Chego a ficar emocionado quando encontro um destes. Sem cinismo, me emociono mesmo. Além disso, é um menino super querido, me enchia de carinhos e elogios. Quando um magricelo veio sentar ao nosso lado, sugeri que fôssemos para o banheiro.

   Na cabine a iluminação é bem melhor e fiquei um tanto decepcionado com o resto dele (o pau é sempre a exceção). Um tanto fora de forma para a sua idade, cabelo desleixado, meio falho. Não era bonito definitivamente. Mas tinha aquela joia no meio das pernas. E era fofo, muito fofo. Às vezes acontece de o tesão do outro nos contagiar. Pediu algumas vezes que eu encostasse na parede para olhar pra mim:

   -Puta que o pariu, como você é gostoso! Nem sei o que fazer com você...

   Eu me sentia bonito mesmo, tinha tomado sol e acabado de cortar o cabelo. Fizemos basicamente sexo oral. Fiz menção de meter na sua bundinha, mas não fui adiante. E quando ele me imitou, cheguei a considerar receber aquele pinto lindo dentro de mim. Reconsiderei pelas dimensões bem além dos meus mais entusiasmados arroubos de "passividade". Mas não me fartava nunca dele na minha boca. Não se tratava de apenas mais um órgão genital masculino. Tamanho, formas, textura, cores, cheiro, gosto - uma festa! Imodestíssima! Se ele tivesse um corpo mais bem cuidado e raspasse aquele cabelo feioso, seria um partidão. Continuei chupando, mesmo quando ele anunciou que estava para gozar.

   -Onde você quer que eu goze?

   -Em mim.

   -Pode gozar na sua cara?

   Gozou na minha boca, no meu colo. Eu cuspi e continuei chupando até que murchasse. Tão lindo, tão lindo...

   Depois do banho, de passagem pelo vestiário, vi um cara bonito se vestindo. Senti uma pontada no coração por ter ficado tanto tempo com o Renato e deixado aquele homem me escapar. Ele me olhou também, com evidente interesse. Nos cruzamos e depois de alguns passos, voltei. Estava agora secando os cabelos no hall embaixo da escadaria. Nos olhamos novamente e eu prossegui, como se espera do idiota que sou. Já ia subindo as escadas, quando ele me chamou.

   -Hei, tudo bem?

   Voltei:

   -Já está indo embora? - perguntei.

   -Já, tenho que ir. Por que?

   -Que pena...

   -É, uma pena... também acho.

   Me beijou. O secador ligado esquentou minha orelha direita. Seu nome é Caio, 31 anos, matogrossense, moreno, por volta de 1,80m, rosto muito interessante, de traços latinos e um corpo absurdo. Mesmo já estando completamente vestido, era impossível não perceber que seu corpo era um assombro. Disse que precisava passar em casa antes da aula de inglês. Contou que trabalha numa marca de moda, patrocinadora de um grande evento internacional, e que vive na estrada por conta disso. Bastante desenvolto com as palavras, dava a impressão de engrandecer tudo, mais por imaginação, que por malícia.  Talvez até por alguma insegurança. Falou muito sobre a empresa, usando aqueles jargões afetados e sobre sua frustrada carreira de cantor em alguns programas televisivos. Falou algumas abobrinhas sobre canto, mas entoou de brincadeira uma frase musical com voz muito bonita e segura. Contou do período em que morou em Buenos Aires e do namorado argentino com quem morava - um relacionamento tumultuado, cheio de brigas e desentendimentos. Disse ter fechado uma venda milionária naquela manhã e recebido uma tarde de folga do chefe. Tinha chegado perto das 14h e estava cansado da sauna. Vários dados desencontrados sobre suas conquistas profissionais confirmaram a impressão inicial de ser um mentiroso compulsivo. Trocamos Facebook e nos despedimos com outro acalorado beijo. As fotos do seu perfil são um pouco bregas e seu rosto não é muito fotogênico, mas o corpo é tudo aquilo que eu imaginei. E um pouco mais.

   Tinha um garoto inconveniente; onde quer que eu fosse, lá ele estava, e seus olhos arregalados, querendo relar em mim, passar a mão. Baixinho, moreno, cabeça raspada, tinha um corpo bem bonzinho, mas o rosto era sem qualquer atrativo. E era chato pra caralho. Eu tinha visto um gostosão e tentava chegar perto, lá no lado escuro (sem um ponto de luz naquela noite). Era um coroa meio bombado (uns quarenta e poucos anos), corpo bonito, rosto interessante, apesar do nariz imenso. Pois o baixinho se colocou na minha frente, entre mim e o cara, e continuava me intimando. Por coincidência, outro carinha se pôs ao seu lado, se insinuando pra mim também - não sei se estavam juntos. Fiquei até lisonjeado com aquela dupla demonstração de interesse, mas não dei corda. O baixinho pegou em mim e veio se encostando. Afastei sua mão e saí. Me sinto mal nessas situações, fico chateado e não deveria. Quem toma liberdades dessa maneira, está se sujeitando a uma negativa brusca. O coroa tinha desaparecido e eu voltei para o claro. Encontrei o Roger (para variar) e conversamos um pouco. O coroa passou por nós e o Roger pôs defeito e disse que ele nunca fica com ninguém na sauna. Me passou a cantada de sempre e comentamos bunda de um garoto que tinha passado. Ele foi lá tentar a sorte e voltei para o escuro, atrás do coroa.

   Foi fácil, o encontrei logo e ele mordeu a isca prontamente. Era um tanto limitado, não queria beijar na boca, nem que eu tocasse na sua bunda. Quando consegui lamber seu cuzinho, já tinha um monte de gente em volta perturbando. Fomos para o reservado e finalmente nos beijamos. Eu não ia dar, ele também não, decidimos parar por ali. Mas foi bem enfático ao se despedir:

   -Se mudar de ideia, estou aí por dez minutos ainda. Queria muito te comer, hein!

   Saí dali e encostei numa parede ao lado, ainda de pau duro. Passou um moleque que eu já tinha visto no andar de baixo, e parou numa porta, olhando pra mim. Eu queria mesmo que alguém me chupasse e fui lá. Parei diante dele e nem precisei pedir. Agachou e me deu um bom trato. Depois começou a ficar nojento, ele salivava muito, escorria pelas minhas pernas. Foi me dando uma tremenda aflição mas não sabia como pará-lo, dizer que não queria mais. Estava torcendo pra que um de nós gozasse, quando apareceu um loiro do meu lado, completamente nu. Era um corpo bonito, dava para perceber que sua pele era lisa e macia. Eu o atraí para perto e pus o menino para chupar os dois paus ao mesmo tempo, enquanto eu explorava a nova bundinha do pedaço. Era deliciosa. Ele gemia e soltava algumas palavras ininteligíveis, com uma voz muito grave. Fiquei atrás dele, pus a camisinha e comi. Ali mesmo, no meio da sala escura. Não tinha ninguém por perto, só o outro cara que continuava ajoelhado no chão, chupando o pau do loiro. Foi um pouco difícil a penetração, ele era bem apertado. Vi o Felipe subindo as escadas enquanto eu fodia o cara. Isso me tirou um pouco a atenção do que estava fazendo. Acho o Felipe um bonitão e um cara bacana. Queria conhecê-lo melhor, mas não vai rolar, ele me evita agora. O loiro gozou antes de mim, pra variar.

   Tomei outro banho, me livrei daquela baba nas coxas. Eu queria gozar, precisava gozar. A sauna estava quase vazia. No vestiário vi um cara chegando. Era óbvio que era estrangeiro e tinha um rosto lindo. Alto, magro, bronzeado, cabelo loiro cinzento cortado bem rente e olhos de um azul transparente. Começou a se despir e eu subi para o primeiro andar. Sentei na sala de vídeo e em alguns minutos ele apareceu por lá também. De onde eu estava sentado, vi o Felipe sair de um dos quartos com alguém. Seu corpo de nadador me excita muito, especialmente a bunda, pequena e escultural. O rapaz veio sentar ao meu lado. Foi muito rápido e direto. Seu sorriso era deslumbrante, tentador. Parisiense, seu nome é Loic (eu nunca tinha ouvido esse nome da vida e só compreendi quando o soletrou), 31 anos. É bancário e tirou um ano sabático para dar a volta ao mundo. O Brasil é sua última parada, onde fica por cinco semanas -  havia chegado na manhã daquele dia. Nos comunicamos em inglês, que ele fala muito bem, com pouquíssimo sotaque; e eu, que geralmente me comunico bem em inglês, me atrapalhei várias vezes durante nosso papo. Nos beijamos ali no sofá e ele me chamou para irmos para um quarto. Ele não sabia que tinha de alugá-los para pegar a chave. Fomos para uma cabine do banheiro mesmo. O corpo dele não é tão bonito, bem magro e alto (1,93m), só as pernas são bem torneadas. E o pau é enorme. Estava com uma marquinha de sunga, o corpo todo meio avermelhado de sol e a bunda bem branca. Nos chupamos e fodi violentamente seu buraquinho cor-de-rosa. Depois do banho ele queria fumar. Foi buscar o cigarro no armário e fomos para o jardim externo. Falou um pouco do seu itinerário e contou alguns acontecimentos. Nada tão interessante como se esperaria de quem passou um ano viajando por lugares tão diferentes. Deu mais ênfase aos homens - disse que Cuba e Argentina são os melhores lugares do mundo pra pegar homem bonito. Tem ouvido dizer que os homens brasileiros são os mais sexy do mundo mas que têm pau pequeno. Como eu fui o seu primeiro brasileiro, ficou mais aliviado quanto às nossas medidas. Eu disse que quando soube que ele era francês, também tinha ficado apreensivo, pensando que ele poderia ser meio sujinho. Apesar de fumante, era muito cheiroso. Pediu algumas informações de lugares onde ir em SP e pareceu bastante bem informado, inclusive sobre nomes de ruas e bairros.

   Um garoto veio sentar com a gente e puxou conversa, queria saber de onde nós éramos. Seu nome é Douglas e é muito simpático. Tem 23 anos, gaúcho, morando em SP há poucos meses. Tem um tipo bom, mas não é atraente pra mim. Loic foi dar uma sapeada na sauna mas, não encontrando nada interessante, voltou a sentar no jardim. Resolvi ir embora e ele disse que iria junto. Fomos conversando até o metrô. Descobrimos que tínhamos visitado a mesma exposição no MASP (quase no mesmo horário), cortado o cabelo no Retrô e almoçado no Athenas. MEDO. Combinamos de nos encontrarmos no final de semana para uma balada que acabou não dando certo (desta vez por minha culpa).

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tem Cara Que Goza a Seco

Chovia quando cheguei à For Friends. No dia anterior, quarta-feira, a chuva tinha sido devastadora - todos estavam apreensivos - mas desta vez veio apenas uma chuvinha bastante corriqueira - leve e até simpática. Cheguei molhado, chupando um picolé de maracujá. Enquanto me despia, dois caras rodeavam. Um deles eu já conhecia, tinha ficado com ele havia uns meses. É um tipo de beleza sem vida: boa altura, corpo lindo (todo inflado de bomba, mas não dá pra negar que é um corpo e tanto), rosto cheio, de olhos azuis; um homem bonito. E só. A verdadeira beleza tem diversas camadas - é complexa, profunda, instiga e perturba. Pode conter até feiura. Ou loucura. Ou tristeza. E geralmente contém. E mesmo que esse cara não passasse muito de uma beleza vazia, fiquei com uma vontade de comer de novo... E tinha o outro: também musculoso (mas um corpo mais natural), usava barba, tinha pêlos bonitos no peito. E transbordava lascívia no olhar, no andar de fera enjaulada. Reclamou para o primeiro:

   -Que bosta de chuva, hein?

   -Fica aí, ô!

   -Não, preciso ir...

   Se foi, não sei; não mais o vi. Quem eu topava onde quer que eu fosse, era o bombado de olho azul. Nos encontramos finalmente no corredor da sala de vídeo do primeiro andar. De pé, ele assistia ao filme, pegando no pau, sobre a toalha. A bundinha estreita e arrebitada, os músculos peitorais volumosos, lisos, redondos. Que corpo! Olhou pra mim, sorrindo como bobo. Moveu-se para uma cabine do banheiro e eu o segui.

   Porta fechada, em silêncio sepulcral despem-se de suas toalhas. Um certo mal estar entre dois estranhos que não se falaram e estão prestes a invadirem-se mutuamente pelo impulso cego do desejo. E quando se tocam, tudo é simples e natural. As bocas se unem e vasculham pelos corpos aquelas sensações já conhecidas e sempre renovadas. Que bunda! Que bunda!! Que bunda!!!

   Comi, claro, e foi bom novamente, e passou, sem importância alguma além do momento em si. Acabei de tomar meu banho e desci pela escadaria da frente. Ao passar pelo vestiário, houve uma troca de olhares promissora. Eu o reconheci imediatamente: ator de televisão. Já o tinha visto no teatro também, completamente nu no palco, um corpo impressionante, uma voz extraordinária. Desde minha adolescência o acompanho de longe, e agora parecia tão ao meu alcance. Apesar do olhar interessado que me lançou, fiquei nervoso. Sentei próximo do vestiário. Queria confirmar o seu olhar. Mas demorava e demorava. Parecia haver algum problema: ele falava com os funcionários da casa (com certa intimidade), ia de lá pra cá. Fui dar mais uma geral na sauna. Até tinha uns caras razoavelmente interessantes. Na volta, passei pelo tal ator novamente. Vou chamá-lo pela inicial R. Estava parado no corredor que leva ao bar. Seu olhar era muito direto, seguro, penetrante. Quem ficou atrapalhado fui eu. Geralmente sou eu que encaro diretamente quem me interessa, e estes se fazem de desentendidos. Passei por ele, por esse olhar devorador e me fechei no banheiro. Fui mijar, mas fui também me esconder por um instante, do olhar que me invadia. Não que isso fosse desagradável, pelo contrário. Mas me senti fragilizado também, ansioso, inseguro. Na volta ele já não estava no mesmo lugar. Voltou a aparecer em 10 minutos, na ducha do primeiro andar, na frente da sauna. Nos olhamos outra vez e eu entrei na sauna. Veio logo atrás - sempre a mesma segurança no olhar, na postura. Sentou do meu lado e me tocou. Sem grosseria, sem forçar a barra. Nos beijamos. Eu mal podia acreditar em meus sentidos. Uma coisa parecida aconteceu na 269, anos atrás. Era também um ator, um homem lindo. Transamos (foi uma das melhores transas da minha vida) e eu só fui saber depois quem ele era, durante o nosso papo no bar. Ele não gostou de ser reconhecido (na época ele não era muito famoso) e me dispensou. Depois pensou melhor e quis um repeteco. Até hoje não acredito que dispensei uma segunda transa com aquela delícia. Mas voltemos a R e ao nosso beijo dentro da pequena sauna do primeiro andar. Atores sabem usar o corpo e as emoções, o olhar, a respiração, manter a calma, manter o jogo. Eu não sou ator - parei o beijo para secar meu rosto:

   -Tá muito quente aqui.

   -Vem, vamos sair.

   Tomamos uma ducha. Pedi que ele me aguardasse perto dos quartos, que eu ia buscar uma chave. Voltei um pouco trêmulo, nervoso. Quando fechei a porta, respirei mais aliviado - estava agora sozinho num quarto com R. Tirei lentamente a sua toalha. O corpo liso, ainda úmido, cintilava a luz do abajur. Costas largas, braços fortes, expunham cada fibra muscular, cada veia sob a pele fina. E as pernas, a bunda, o abdome - um puta corpo! Seu rosto também é muito interessante, tenso, de angulações nada óbvias e profundos olhos verdes.

   -Você curte o que? - quis logo saber.

   -Sou ativo. (Pausa) Geralmente... - completei. Se ele só quisesse me comer, acho que eu dava.

   -Gosta de foder? Como é seu nome?

   -Yuri.

   -Gosta de bunda, Yuri?

   Eu sorri timidamente. Fiquei bobo.

   -Gosto.

   -Tem que gostar mesmo. Meu nome é R.

   -Eu sei.

   -Sabe, é?

   -Sei, te vi na peça tal.

   -Ah é? Eu adorava fazer aquilo!

   -Era um espetáculo muito bonito mesmo.

   -Não era?

   Deitamos, nos beijamos muito. Beijei seu corpo, seu pau. Grandão, bonito. Tinha um acessório de borracha na base. Não entendi logo de cara:

   -O que é isto?

   -Hum... É um... (tentava encontrar o termo) um cock ring.

   Me explicou mais ou menos como funcionava e que achava que dava mais prazer. Levantei suas pernas e meti a língua no ânus. Ele se contorcia. Suas pernas abriram completamente no ar, em espacate.

   -Que língua gostosa! Vem aqui, quero chupar seu pau.

   Eu deitei no seu lugar, ele arrumou meu travesseiro.

   -Você é tão cheiroso, gato! Sua boca cheira gostoso, tem cheiro de beijo. Olha esta rola!

   O abajur iluminava de perto seu rosto engolindo meu pau. Os cabelos lisos, brilhantes, escorriam pela testa. Do nada, ele parou tudo, ajoelhou rápido na cama, a respiração presa, segurando o pau com uma das mãos e a outra espalmada em atitude de suspensão. Contrações corriam-lhe corpo de alto a baixo.

   -Você gozou?

   -Só um pouco.

   Eu não vi nada. Veio me beijar de novo:

   -Foi uma sorte te encontrar aqui hoje. Olhei por aí e só vi umas bichas de quinta.

   -Tem muito velho aqui...

   -Eu gosto até, às vezes me atrai. Mas, não sei, gente suja. Não gosto. Fui lá em cima, o cara com o pau sujo...

   -Tem uns caras sem noção.

   -Muito sem noção! Eu gosto de vir aqui, pegar um cara que nunca vi na vida. Me dá tesão, assim como estamos aqui, agora...

   -Você vem sempre?

   -Venho de vez em quando. Tenho um relacionamento - disse mostrando a aliança na mão esquerda.

   -Ah, sim... Mas...

   -Temos um acordo tácito. Estou com ele há muitos anos.

   -Ele sabe que você vem aqui?

   -Não, nem desconfia! Assim... ele é menos sexual que eu (pausa). Eu acho, não sei. Ele não é como eu, não tem a mesma necessidade, sabe?

   -Mas por que nunca falaram sobre isso?

   -Não precisa. Eu descobri super-por-acaso um rolo dele com um cara. Acho que foi só uma transa, nem sei. Sempre tive as minhas historinhas também. Ele não teve como negar (pausa). Mas negou... Foi chato, constrangedor. Acabamos nem conversando sobre isso direito. Nos damos muito bem, a gente se gosta, temos muito em comum, uma vida que construímos juntos.

   -Deve ser estranho.

   -O quê?

   -Sei lá, vocês não conversam sobre isso.. E conversar também seria estranho... Mas não é meio arriscado você vir aqui? Você é uma pessoa pública...

   -Ah não, nem penso nisso. Não sou tão famoso. Uma celebridade de segunda categoria. Fiz pouca Globo.

   -Digo, é mais fácil de chegar até ele uma história dessas.

   -Não ligo mesmo. E você, tem namorado também?

   -Não.

   -Sério? Só porque não quer.

   -Nunca tive.

   -O quê?

   -Namorado.

   - Como assim?

   -Nunca tive. Nunca rolou um lance mais sério. Ou mais longo.

   -Não acredito! Mas você nunca se apaixonou por ninguém?

   -Já, claro. Mas nunca foi recíproco. E de outra forma, não me interessa. Mas eu sou muito fechado, chato pra caramba...

   -Mas deve ter um monte de menino querendo namorar você.

   -Nem tem.

   Ficamos nos olhando um tempão; nos olhos, no fundo dos olhos. Olhar um desconhecido em silêncio, a um palmo de distância, pode ser constrangedor. Sempre é, na verdade. É  muito mais íntimo que apenas transar. Os dois estão expostos, desprotegidos. E é muito bonito e prazeroso também. Expôr-se e invadir o outro. Ele passou o dedo no contorno do meu rosto.

   -Que boca linda. Você é gato mesmo.

   -Ah vá... Valeu. Você também, seu corpo é incrível. Quantos anos você tem?

   -43.

   -Mentiraaaa!

   -Verdade. E você?

   -38.

   -Com essa cara de menino! Vem aqui. Lambe o meu cu de novo, daquele jeito que você me lambeu.

   Pus ele de quatro, de costas pro abajur. Era uma bunda linda, me deixou louco. Botei a camisinha e meti. Logo perdi a ereção. Meu pau é grosso, mas ele tem um relaxamento grande, e eu não sentia muito. Meti um dedo, dois.

   -Põe dois dedos em mim.

   Pus três, quatro. Achei que fosse fistar o cara. Passei lubrificante na mão. A ideia me excitou, mas não rolou. Nos excitamos mais e eu meti sem camisinha. Fizemos alguns movimentos e ele interrompeu.

   -Sem camisinha não pode, gato.

   Eu coloquei outra e meti. Perdi a ereção outra vez.

   -Com camisinha não tá rolando... que pena...

   -É, acontece comigo também às vezes. A gente perde a sensibilidade com a camisinha. Vem gozar em mim, quero no meu peito.

   Deitou na cama, eu fiquei por cima, ajoelhado, me masturbando. Ele gozou. Parecia seco de novo. Eu não consegui:

   -Eu tinha acabado de gozar quando te encontrei, não vai dar.

   -Você me fez gozar três vezes.

   Eu não vi uma gota de porra. Sei lá, tem cara que goza a seco. Conversamos mais, sobre artes, nossas atividades profissionais e nossas famílias. É um cara legal, simpático.

   -Devem ser mais de oito horas, né? - perguntou.

   -Será?!

   -É, tá pensando o quê? Vamos tomar um banho.

   No chuveiro ele me mostrou um sabonete que tinha trazido. Diz que tem pavor de pegar chatos na sauna e passar pro marido.

   -Nossa, que nojo!

   -É, imagina! Usa o sabonete também. Passa e deixa uns minutos.

   Depois do banho, fomos nos trocar. Ele pegou o meu telefone e deu um toque para eu ficar com o dele. Fiquei assistindo ele se vestir, passar seus cremes, um verdadeiro ritual de cuidados com a pele.

   -Eu não tenho essa paciência...

   -A minha pele é muito seca. Sem creme, ela repuxa, não dá.

   -Por isso que você está assim, podia dizer que tem dezoito anos a menos.

   -Eu, dezoito anos??

   -Dezoito a menos.

   -Ah!

   Saímos juntos. Sempre esqueço que lá não aceitam cartão de débito - só de crédito, que eu não uso. Eu não tinha o dinheiro todo na carteira e ele rachou a despesa do quarto comigo. Como era o dia do seu rodízio e ia pegar um táxi na esquina, ofereceu uma carona até o metrô. Sentamos atrás e ele ia me dizendo umas sacanagens, coisas como: "Você vai chupar o meu cu de novo?". O motorista olhava pelo retrovisor e eu fiquei com um pouco de vergonha. Fiquei excitado também. Nos despedimos com um beijo desencontrado e pensei que não fôssemos nos falar nunca mais. Mas ele ligou hoje. E amanhã tem mais.

Editado:
Nos encontramos perto do Centro Cultural São Paulo, onde fui ver uma exposição e ele me levou a um motel próximo. Pareceu bastante familiarizado com os funcionários, disse que sempre pedia o mesmo quarto (que era claro, impessoal e limpo). Havia um espelho grande recostado na parede em frente à cama. Ele gostou de ver por trás, pelo espelho, meu pau fodendo sua bunda. Broxei algumas vezes e não consegui gozar novamente. Eu estava deprimido ainda, dois anos após um acontecimento traumático. Ele não pareceu se incomodar muito. Depois que gozou, quis ir embora logo, tornou-se extremamente frio e prático, com alguns toques de superioridade. Fiz questão de pagar metade do valor do quarto. Ainda me perturbou um pouco com mensagens, parecia estar interessado em me manter como amante fixo, e, aterrorizado, fui dando um gelo. No ano seguinte, nos encontramos num evento social, ele ao lado do marido e de uma grande dama do teatro nacional, fiz a egípcia. Na última semana ele morreu, de uma forma muito triste, doente, jovem ainda, talentoso, subaproveitado, como a maioria dos talentos artísticos brasileiros. Se houver algo além da carne, desejo que fique bem, siga evoluindo, criando e sendo belo. Evoé

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Papai Noel e o Saco de Pancada


   Parece que os mais bonitos já não gostam de mim...
   Será que emagreci demais? Uma dor no ombro me tirou forçadamente da academia e minha massa muscular, também em razão de uma dieta alimentar, tem definhado nos últimos quatro meses: perdi 8 quilos, quase 4 cm em cada bíceps, e um pouco mais de 5 cm de peitoral. Mas no computo geral, me sinto bem: também perdi 8 cm na cintura!
   Estou ficando velho? No fim do mês completei 38 anos... Os quarenta chegando apavoram. Mais uma vez só tinha um único cara muuuito bonito na sauna e, outra vez, este não quis nada comigo. Não que eu tivesse insistido, acho que fiquei um pouco intimidado.
   O vi primeiro no jardim, área de fumantes, pouco depois de ter chegado à sauna. Nem cheguei a sair ao jardim nessa primeira vez, o vi apenas pelo vidro da porta do jardim, que o refletia ao sol, sentado numa poltrona, fumando elegantemente enquanto conversava. Garotão alto, corpo dourado de sol, musculatura definida no abdômen, peitoral bem desenvolvido, cavanhaque aloirado, expressivos olhos verdes, boca vermelha, sorriso magnético. Trazia no rosto alguma coisa que me sugeria a criança que havia sido um dia. Tudo isso eu vi pela vidraça que o forte sol transformava quase num espelho. Não pude sair, não me sentia preparado para "enfrentar" tamanha beleza às três da tarde duma quinta-feira que já havia começado conturbada. Rodeei aquela porta, esperando que ele entrasse ou que uma súbita coragem me empurrasse pra fora. Só dentro da sauna seca fui vê-lo mais de perto. Parei logo ao lado da porta e ele estava na outra extremidade da sala, deitado na bancada - conversava ainda. Entendi do papo que ele trancou a faculdade e abandonou São Paulo por não aguentar o ritmo da cidade. Tentou o Rio e instalou-se numa cidade menor, que o situa entre SP, RJ e BH (quando entrei, ele já tinha dito o nome da cidade). O outro, mais maduro mas bem bonitão, morava em Belém - PA, e estava aqui participando duma feira. Fui ao dark. Já havia notado um rapaz andando pela sauna, que me abordava agora:
 
   -E aí.

   -Beleza?

   -O que manda?

   -Acabei de chegar. Está aí faz tempo?

   -Um tempinho já.

   -Prazer, Yuri.

   -Rodrigo.

   Eu sentei e ele ao meu lado. Tem 32 anos (disse que eu pareço mais novo que ele, no que concordo), é médico, mora em Higienópolis. Quis me beijar mas eu não estava com vontade ("minha boca tá machucada" - foi minha desculpa improvisada). Começou a me masturbar até que veio a fatídica pergunta:

   -Curte o que?

   -Sou só ativo. E você?

   -Também... (pausa) É, os dois ativos... acho que nem rola nada hoje, hein? Tô atrasadão já, tenho que estar no hospital em uma hora.

   Continuou me masturbando. Lambia o meu braço que envolvia seu pescoço e abocanhou meu dedão. Fui aproximando a mão do meu pau e ele me chupou. Gozou em fortes contrações.

   -Tesão, cara!

   Levantou e partiu friamente. Saí ao jardim e dei de cara com o garoto bonito. Continuava conversando e parou por um momento quando me viu. Eu também congelei, vidrado nos seus olhos, encabulado com a sua reação. Dei meia volta e deixei o jardim. Me dá uma imensa raiva de mim mesmo quando assumo esse papel de otário, de fraco! Fui sentar numa poltrona perto da jacuzzi. Alguns minutos depois ele passou por mim, entrou na sauna. Voltou rápido e entrou na jacuzzi, então vazia. Sem a toalha era ainda mais belo, uma perfeição de homem. Quando me preparava pra a aproximação, um velhote entrou na jacuzzi com ele. E mais outro, logo em seguida. O garoto desistiu da jacuzzi, foi à sauna a vapor e eu sentei ao seu lado. Tentei  estabelecer contato visual, mas não permitiu. Saí dali com a promessa de não voltar a tentar nada com ele. Vá lá: exceto se ele me procurasse.

   Apareceu um coroa que me pareceu interessante. Passou com uma long neck na mão, rumo ao dark. Cabeça completamente raspada, físico bom, alto. Não era bonito, mas tinha alguma coisa que me atraiu. Na boa: tinha uma bunda bem gostosa. Subi também e fui encontrá-lo encostado na janela de uma das salas escuras. Sentei num sofá e esperei. Olhava pra ele apenas. Aproximou-se e parou na minha frente. Nos tocamos. Pele sadia, cheirosa, limpa. Chupei seu pau e o virei de costas. Pedi que ficasse de quatro na cama e lambi a bunda que me havia despertado o desejo. Virou-se e perguntou, com voz decepcionante:

   -Quer dar pra mim?

   Era uma voz frágil, infantilizada. Apesar da minha negativa, pegou a camisinha que eu trazia e pôs no próprio pau, insinuando que eu me sentasse nele. Peguei minha toalha e desci, sem nem me despedir. No caminho de volta, topei com o Roger. Quase todas as vezes que vou à sauna, encontro com ele, mas sempre diz que não frequenta saunas regularmente. Uma vez, na 269, o vi entrando numa cabine com dois caras. Na semana seguinte ele me disse que nunca tinha ficado com dois caras ao mesmo tempo. Talvez ele me veja como um santinho inocente e fique sem jeito. Ele já tinha visto o cara bonito, que também o tinha esnobado, preferindo (segundo ele) um carinha gordo e feio. Eles passaram por nós, rumo ao vestiário:

   -Pô, você acha esse menino gordo e feio? - perguntei.

   -É, até que agora que você falou, não é mesmo... é bonitinho.

   Pediu que eu cheirasse o seu antebraço. Estava cheiroso realmente. "Agora sente como está macio". Minha expressão devia pairar entre o desânimo e a interrogação polida. "É óleo. Passei dentro da sauna, penetra na pele, fica uma delícia. Vamos lá, passamos um no outro". Fui. Nos massageamos com o tal óleo, cheguei a me excitar, mas com ele não rola nada. Não gosta de dar, não chupa. Não vou ficar chupando um cara que não retribui. Talvez seja bobagem minha, falta de espírito aventureiro, mas o óleo na pele me incomoda profundamente, passei o resto da noite tentando tirar seus resquícios do corpo. Imaginei alguém me tocando e sentindo minha pele engordurada, com aspecto de sujeira. Tentei me aproximar do garotinho bonito que o Roger tinha dito que era feio e gordo. Era baixinho, corpo apenas ok, mas o rosto era lindo, com uma barbinha rala. Também ficou cheio de rodeios e acabei desistindo.

   Apareceu um cara no corredor, se insinuava pra mim. Não é absolutamente o tipo de que me atrai, mas dava bem pra encarar. Maurício, 26 anos, alto, moreno, forte, de características árabes, usava aparelho nos dentes. Detesto cara de aparelho. É tão broxante num adulto. E quase sempre causa um cheiro desagradável. Não era o caso, felizmente. Aproximou-se com naturalidade, muito direto - ponto pra ele. Me convidou para entrar com ele num dos quartos que haviam deixado aberto naquela noite. Aceitei. Ele ia fechando a porta quando parou um instante e falou alguma coisa com alguém do lado de fora. Pensei que fosse algum dos funcionários da sauna avisando que teríamos de pagar pra usar o quarto, mas ele fez um gesto, convidando para que entrassem. Entrou um sujeito estranhamente parecido com o próprio Maurício. Fiquei confuso:

 Seriam primos, irmãos?Gêmeos? Estavam juntos? Que porra era aquela?!

   Era apenas coincidência e provavelmente nem os dois tenham se apercebido da semelhança. O outro tinha uma barriga bem mais pronunciada, o que me desgostou imediatamente. Achei desagradável que ele tivesse convidado alguém sem me consultar. Quase pedi que ele pusesse o cara pra fora, mas ele já estava me chupando, o que sempre amolece meu coraçãozinho... O outro olhava e veio segurar a base do meu pau. Maurício puxou a toalha do seu sósia, revelando um belo cacete. Pôs a bunda no meu pau enquanto chupava o outro. Era bonito seu corpo naquela posição, uma bunda bem gostosa. Eu ia passando o pau e começou a entrar. Um pouco reticente, meti e comecei a foder, sem camisinha mesmo (minha camisinha tinha ficado com o careca otário que falava como criança). O sósia barrigudinho se manifestou:

   -Dá a minha camisinha pra ele, disse apontando suas coisas sobre a cama - a toalha, a chave do armário e o preservativo.

   Vesti a camisinha e o Maurício já estava deitado de costas na cama, chupando o pau do cara. Ergui suas pernas e meti. O peso de seu corpo afundava o colchão, dificultando o meu "trabalho". Abracei suas pernas e elevei-as até quase seu peito, ficando cara-a-cara. Ele me ofereceu o pau do cara, bateu com ele na minha boca. Tinha uma textura e forma deliciosas e, apesar de grande e grosso, encaixava na minha boca muito prazeirosamente. O cheiro era muito bom também, excitante. Nenhum perfume (ou óleo pegajoso) jamais terá cheiro mais excitante que o de uma pele saudável e limpa. Claro que há diferenças de pele para pele, e nos sentimos atraídos pelo cheiro de uma pessoa e não de outra por vários motivos (muitos deles até inconscientes). Esse rapaz tinha um cheiro que me fez gozar instantaneamente. Deixei os dois sozinhos e fui tomar um banho. Pedi ao atendente simpático mais camisinha e ele me deu dois envelopes.

   Voltei a procurar mais alguém e não via nada que me interessasse. Entrei na sala do saco de pancada, que estava vazia. Só o saco, pendurado no meio da sala. Quase sempre eu dou minhas pancadinhas nele e achei aquele um momento muito oportuno, em que estava um pouco irritado. "Um soco bem forte! Quero balançar ao máximo esse saco com um único soco", eu pensei. Tomei posição, pensei no meu ombro machucado, respirei fundo e mandei ver: um soco perfeito - reto, rápido e potente - bem no centro do saco. No exato momento do soco, percebi alguém entrando por trás. Já seria suficientemente ridículo um homem de toalha e chinelos, numa sauna gay, treinando boxe. E se o saco voar com o soco e desmoronar no chão com um grande estrondo, deixando esse homem com olhos arregalados e cara de panaca? Havia um senhor barbudo, muito alto e gordo parado à porta. O sorriso escarnecedor era indisfarçavel em seus lábios. O saco jazia no fundo da sala, torto, debruçado aos pés duma mesinha de canto. O cabo de aço que o sustentava ainda balançava do teto. Fui olhar de perto e vi que já estava bem gasto, precisava ser trocado, o que me tranquilizou. Felizmente, Papai Noel já tinha partido quando me voltei. Mal saí da sala, um outro senhor veio me abordar com sotaque italiano. Pelo cabelo e cavanhaque completamente brancos, supõe-se ter bastante idade. Via-se pelo rosto que deve ter sido um belo homem. Segurou meu braço firmemente:

   -Posso ir lá em cima com você?

   -Dá licença? - eu disse apontando meu braço.

   -Vamos lá em cima comigo?

   -Não vou subir.

   -Por favor...

   Esse tipo de súplica me mortifica. Por pena, angústia e, sobretudo, raiva. Raiva não tanto dele, quanto da vida como ela é. Aquele homem tinha algo de trágico no olhos, algo de desesperador. Infelizmente eu estava muito ocupado procurando o enésimo corpinho descartável, para poder dar alguma atenção e conversar com o infeliz por alguns instantes. Penso muito no quanto quero morrer antes de envelhecer. Sei que não saberei lidar com a incapacidade de despertar desejo sexual. Não tenho ou terei filhos e netos; talvez sequer sobrinhos. Só o sexo poderia salvar minha vida se não puder continuar trabalhando até morrer. Oxalá eu tenha muito dinheiro pra pagar por belos garotões, pois as chances de morrer cedo são exíguas na minha família. Sei o quanto parece vácuo e pobre esse prenúncio que me faço. E sei como o futuro, coisa que não existe, sempre nos aparece achatado, empobrecido, justamente por não existir. E o mundo muda, e nós mudamos. Felizmente.

   Reencontrei o Maurício, e vinha cheio de amor pra dar:

   -Vamos lá para aquele quarto de novo?

   Eu topei. Sua ideia fixa agora era me comer, chegou a pôr a camisinha, mas expliquei que não queria.

   -Deita na cama então, vou sentar no seu pau.

   Pus a camisinha e ele sentou. Comandou tudo até que meu pau escapasse de dentro. Pedi:

   -Fica de quatro pra mim?

   -Quer de quatro, quer?

   Fodi até gozar.

   -Chega de me comer por hoje, garotão.

   Tinha ainda um cara com corpo muito bonito, rosto até interessante, porém com uma pele feia, bem marcada quando vista de perto. Me olhava e ficava de pau duro, mas virava a cara. Fico de saco cheio de gente assim, gosto de gente direta. Tomamos banho lado a lado, ambos de pau duro. Ele me examinava o corpo com atenção, mas nunca me olhava nos olhos. Disfarçava e olhava pro outro lado. Talvez quisesse esconder as marcas do rosto (o que não me ocorreu no momento). Na ducha do meu lado direito entrou outro cara. Na mesma hora em que o vi, sabia que já conhecia, mas estava em dúvida se era quem eu estava pensando. Um cara bonito que estava na sauna no dia 10/11/2011, quando apresentava um detestável bronzeado artificial, cabelos descoloridos, amarelados e um mau hálito tenebroso. Desta vez tinha um tom de pele bonito e natural, cabelos grisalhos bem curtos e hálito normal. Também ficou de pau duro e, como eu o olhava maliciosamente, segurou meu pau e sorriu. Eu o convidei:

   -Tem um quarto aberto ali. Vamos lá?

   Ele apenas sorria, pensativo.

   -Chega aí! - insisti.

   Não faço o gênero cafajeste, mas minha expressão e voz eram típicas nessa frase.

   O quarto estava uma bagunça, culpa minha e do Maurício. Tinha camisinha e seus envelopes, papel pra todo lado. Nos beijamos. Nem sombra daquela inhaca que me apavorou há mais de três meses. Seu nome é Mauro, gaúcho, 42 anos, arquiteto. Tem vindo a SP com frequência para acompanhar obras em Alphaville. Eu tinha certeza de que ele ia querer me comer. Da primeira vez me deixou a impressão de ser ativo. Trocamos sexo oral, ali em pé, perto da porta e fomos para a cama, pra um 69. Botei o cara de franguinho assado e pedi a camisinha que ele trazia presa no elástico da chave, no bíceps direito. Enquanto o comia, lambi seus bonitos pés.

   -Fica de quatro pra mim? - me repeti.

   -Quer me pegar de quatro? - quase refez a fala do Maurício.

   -Quero muito!

   Eu tinha pensado nele de quatro com os joelhos na cama, mas ele pôs os pés no chão e debruçou o tronco sobre a cama. Conforme eu o fodia, a cada estocada, a cama deslizava no chão e fomos parar do outro lado do quarto, contra a parede. Ele gozou, gotejava no chão fartamente. Tirei o pau e a camisinha e nos abraçamos.

   -Fica comigo, quero gozar.

   Toquei uma punheta enquanto nos beijávamos. Tomamos banho conversando e trocamos celular. Pra quê, mesmo?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Era o Colby Keller Quem Me Dava Tesão



   Foi o primeiro cara em quem reparei nessa tarde, e o único que realmente me atraiu. Ele estava sentado no escuro da sala de vídeo dos fundos. Passei por ele e pensei em sentar ao seu lado, mas fiquei sem jeito. Olhava pra quem passasse por ali com certa dureza; inclusive pra mim. Percebi sua beleza mesmo no escuro. O cabelo raspado, os brincos, seu nariz reto e bem feito. Bastante jovem, não muito alto, físico bonito, bem natural. No claro, surpreendeu por ser ainda mais belo do que eu havia suposto. Tinha pequenas sardas nos ombros e costas, olhos claros, uma tatuagem. Olhava muito para mim, mas eu não entendia o por quê. E fugia sempre que eu me aproximasse, eu não entendia nada.

   Pelo alto da escada caracol, vi um cara passar em direção ao bar. Parecia simpático, corpo legal, tipo interessante. Sorridente, cumprimentava todos que passassem pela sua frente. Ele tinha subido e entrou na sauna. Não sem antes se voltar para mim, como que me convidando a entrar também. Sentei ao seu lado. Estava descontrolada a sauna e o calor era infernal. Ainda lá dentro nos tocamos. Eu o chamei para irmos à cabine do banheiro, ali ao lado. Seu nome é Pedro, 35 anos. Corpo suave e com tudo em cima, apesar de mantê-lo apenas com 20 minutos de corrida, duas vezes por semana, segundo me disse. Como era bom beijar sua boca! Esse prazer estendia-se ao resto do corpo, que beijei milimetricamente. Uma bundinha digna de nota. Perguntei se ele gostava de dar (já estava com o pau em posição):

   -Até gosto, mas hoje não estou a fim.

   Resolvemos tomar alguma coisa no bar. Pedi um suco de uva, que estava delicioso; ele, uma cerveja. Sentamos no sofá do bar.

   -Você disse que fazia anos que não entrava aqui. Por que resolveu vir hoje? - perguntei.

   -Isso é engraçado. No caminho eu vinha pensando nisso e quase desisti. Nem sei dizer... É tão fácil achar alguém pra transar por aí... Quer dizer, não estou dizendo que seja fácil pra mim... Mas até tem dois caras, os dois lindos, me rondando, querendo sair comigo. Um deles mandou uma mensagem hoje cedo.

   -E você não quis por que?

   -Ah cara, estou meio esquisito ultimamente, meio que me resguardando um pouco. (pausa) Eu conhecei um cara, me apaixonei, mas não deu certo. Saímos só duas vezes. Não que a gente tenha transado. Não transamos. Mas me apaixonei. Daí descobri umas coisas sobre ele. (pausa) Ele é soropositivo, HIV.

   -Putz...

   -É. Descobri por acaso. Daí não consegui mais, é complicado.
 
   -Complicado mesmo. Mas você descobriu como?

   -Vieram me contar. Numa festa na casa duma amiga. Eu ia entrando no banheiro, daí veio um cara que eu nem conheço direito, me disse: "Hey, você tá transando com fulano? Ele tem AIDS! Mó furada, cara!"
 
   Continuou:

   -Perdi o chão. Já tava apaixonado, né? Foda. Não consigo mais sair com ninguém. Estou desabafando contigo, me desculpe - disse sorrindo tristemente

   -Mas você conversou com ele sobre isso?

   -Conversamos, fui na casa dele na mesma hora. Liguei e mandei esperar. "Ah, mas agora não posso, vou sair". Mandei esperar, falei que tinha que ser naquela hora, que ele me devia uma satisfação. É um puta cara perfeito: lindo, viajado, divertido, bem sucedido, conhece todo mundo. Meus amigos e tudo. Pra ver como nada disso tem valor...

   -Pior que é... O cara tem tudo e você já não quer mais nada com ele.

   -Cheguei e só perguntei: "você tem alguma coisa pra me falar?" Ele disse "tenho" e caiu no choro, encolhido no chão. Me fez muito mal tudo isso. Ainda me faz. Eu nem sabia direito como que era a AIDS, daí que fui pesquisar tudo na internet, falei com meu amigo que é médico. Depois fiquei sabendo da vida dele em Paris. Me contaram que ele era o maior putão em Paris, transava com todo mundo, desesperadamente.

   -É... Mas se for o caso, dá pra levar numa boa, tomando as precauções óbvias. Isso aconteceu com um amigo meu, ele era super novinho na época, 19 anos. Tinha um namorado lindo, uma graça mesmo, ator, bem mais velho. Contou que era HIV positivo assintomático. Contou no MSN, acredita? Foi foda, mas levaram por um tempo ainda a relação.

   -O foda é ele não ter me contado, perdi completamente a confiança, sabe?

   -Ah, mas imagine que é uma coisa difícil pro cara também. Vocês mal se conheciam. Como ele descobriu?

   -Teve uma crise, logo que chegou em São Paulo. Daí fizeram uma serie de exames e foi assim que ele descobriu. Faz pouco tempo. Não sei como eu me deixei envolver dessa forma, saímos duas vezes só. Não quero saber de ninguém agora. Você costuma sair pela noite? Nunca te vi por aí.

   -Eu tenho a impressão de já ter visto você. Ultimamente, saio muito pouco. Você vai aonde?

   -Conhece a Lions? Sempre lá.

   -Legal. Nunca fui, mas já ouvi falar.

   -É ótimo. Depois te passo meu celular, vamos combinar uma noite.

   -Vou pouco por falta de companhia. Sou meio antissocial.

   -Ah, pra sair tem que ser com amigos. Sozinho é horrível. Cara, vou entrar na sauna de novo, vamos lá?

   -Vou dar um tempo aqui. Me baixou a pressão aquele calor todo.

   Era mentira. O garoto de cabeça raspada passou por nós, me encarando, e eu queria tentar novamente.

   -Vamos lá no vestiário, vou te dar meu celular.

   Passou o numero e mandei uma mensagem sucinta pra que ele ficasse com o meu número também. Fui procurar o garoto e nada, ele desaparecia por longos períodos. Eu pensava que tinha ido embora, mas lá pelas tantas reaparecia. Me olhava, dava a entender que estava a fim, mas não queria nada. Lá no escuro apareceu um baixinho. Cabeça quase raspada também, loiro, bem claro, um puta corpo. Sob a toalha, seu pau parecia imenso, ereto, colocado de lado. Tentava escondê-lo com uma das mãos. Conversava bastante com um cara de barba, até interessante, que tinha chegado em mim de forma abrupta, o que me fez descartá-lo. Um pouco mais tarde reencontrei o baixinho no chuveiro. O corpo era fenomenal e o pau, idem.  O rosto não era bonito, mas gracioso, simpático. Fiquei de pau duro e notei que ele se interessou. Voltamos a nos encontrar no escuro e desta vez era fácil perceber que ele estava atento aos meus passos. Veio perto, numa saleta escura, encostou na parede ao meu lado. O beijo foi ótimo, a pegada que eu esperava. Virou-se de costas pra mim, arranquei sua toalha e me agachei ali mesmo. Lambi aquela bundinha musculosa e macia, cheirando a sabonete. Fomos pro banheiro. Guilherme é o seu nome, 25 anos. Adorava sentir minha língua dentro dele. Trocamos sexo oral e ele me lambeu a bunda como há muito não lambiam. Me encheu de tesão a sua língua, que fazia os movimentos certos, com a pressão certa, uma doidera!

   -Posso pôr a camisinha? - perguntei.

   -Põe. Mas vai com cuidado, faz tempo que eu não dou.

   -Pode deixar.

   Quando estava tudo pronto, encostei as costas na parede e sugeri:

   -Olha, vai pondo você mesmo. Vem sentando no meu pau.

   Assim foi feito. Nem senti quando estava tudo dentro. Comecei os movimentos lentamente. Quando senti que estava confortável pra ele e comecei a bombar, eu já estava louco de tesão. Fui decepcionantemente rápido, talvez menos de três minutos.

   -Já gozou?!

   -Pô, já... Desculpa.

   Ele tirou meu pau, removeu a camisinha e olhou o conteúdo. Sorriu pra mim. Lambeu a porra do meu pau e me beijou a boca.

   -Quer dar pra mim agora? - sussurrou.

   -Nossa cara, seu pau é gigante!

   -Vamos tentar?

   -Não rola, sério mesmo. Você quer gozar?

   -Ah, eu sei que vou demorar... deixa quieto.

   No banho encontrei o Roger. Queria saber se tinha alguém interessante na sauna. Comentei sobre o garoto de cabeça raspada. "Bonitinho mas bem metidinho", eu disse. "Ah, eu também faço a linha metidinho agora!", ele retrucou. Descemos e ficamos conversando nas espreguiçadeiras. Sobre dieta, malhação, saunas e homens - sempre o mesmo papo. Ele é simpático, gente boa. Mas só chupa de camisinha, não dá nem que fosse para o George Clooney. Ficamos analisando os caras que passavam e realmente só o de cabeça raspada, o metidinho, era bonito. Me convidou para fazer sauna com ele e eu não quis. Por um dos corredores, topei com o Alexandre, o mesmo cara de óculos com quem fiquei na última vez que tinha estado na sauna. Fui cumprimentá-lo:

   -E aí!

   -E aí.

   -Não lembra de mim?

   -Lembro sim... Tudo bem?

  Tive a impressão de que ele não se lembrou de imediato. Eu estava sem barba agora, o tórax depilado, talvez tenha me achado diferente. Dei um tapinha no seu peito e o deixei com uma piscada de olho. Depois ele se lembrou com certeza, me cumprimentou várias vezes sorrindo. Parecia meio cansado, abatido, talvez deprimido. O vi dormindo numa poltrona da sala principal. Eu bem queria que ele me chupasse outra vez, divinamente como havia duas semanas. Logo o vi se vestindo, ia embora. Quase fui lá falar com ele, não tinha ninguém de interessante que não fosse o-garoto-bonito-que-não-queria-nada-comigo. Mas fiquei com vergonha e ele se foi. O Roger estava se vestindo também. Estava bonito de terno. Subi para a sala de vídeo e esperei alguém aparecer.

   Eu só queria gozar com alguém me chupando. O garoto de cabeça raspada apareceu e encostou bem perto de mim. Mal o notei, um cara magrinho chegou do lado dele e em menos de um segundo desapareceram juntos. Sentei no sofá e apareceu um coroa. Já o tinha visto antes, várias vezes no dark. Feio de rosto, corpo razoável, à base de anabolizantes. Usava uma corrente no pescoço com duas daquelas plaquetas de identificação que se usam no exército. Tirei o pau pra fora e ele veio sentar ao meu lado. Me chupou, mas quando entrava alguém na sala, ele interrompia. O filme na tela era excitante, eu queria muito me concentrar na cena enquanto ele me chupava (muito bem, diga-se). Era uma cena com o Colby Keller, que eu acho delicioso, e um outro que eu nunca tinha visto. Era bonitão também e beijava o Colby Keller, chupava o pau do Colby Keller, as bolas do Colby Keller, a bunda do Colby Keller, dava pro Colby Keller, lambia a porra do Colby Keller. E o pessoal vinha assistir o coroa chupar o meu pau, modesto em relação ao do Colby Keller. Rondavam nosso sofá, sentavam ao lado, e só homens que me pareciam horrorosos. O coroa feioso parecia um príncipe, se comparado a eles. Eu não queria ir pro banheiro com um cara que não me atraía; era o Colby Keller quem me dava tesão. Mas veio um pançudo sentar do meu lado e tentou pegar no meu pau. Dei um peteleco na sua mão gorda e ele voltou a insistir. O coroa me chamou pro banheiro e tive de aceitar.

   Foi constrangedor inicialmente. Eu mantinha meus olhos fechados. Ele agachou e me chupou. Continuei sem me relacionar com ele, só segurava seus cabelos macios, meus olhos sempre fechados, rosto voltado pro teto. Não gosto de sexo assim, acho triste, grosseiro. Mas consegui gozar. Gozei na boca do cara e ele curtiu, não parecia se sentir usado por mim; eu que fiquei com essa sensação. Despediu-se risonho e mudo. No banho encontrei o Felipe. Me chamou: "oi, rapaz". Eu tinha fingido não tê-lo notado, visto que ignorou o último torpedo que mandei. Falamos rapidamente e ele mergulhou nas profundezas do dark.

   Desci para ir embora. Chovia forte e sentei para esperar um pouco. Pedro veio falar comigo, já estava indo embora:

   -Vai ficar aí?

   -Sei lá. Seu carro está perto?

   -Tá aí na rua do lado.

   -Vai passar perto de alguma estação de metrô?

   -Hum, não... Mas eu subo e te deixo ali, sem problema. Vou passar no supermercado mesmo.

   No caminho ele despejou banalidades acerca da própria rotina e me deixou uma quadra antes da entrada da estação do metro. Muito obrigado.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Tesão no Joelho


   Passei o dia todo pensando em ir à sauna mas só consegui chegar depois das oito da noite. A sauna fecha às 23:00h e eu estava certo de que seria uma ótima noite. O otimismo arma ciladas. Logo no vestiário um senhor alto de cabelo grisalho cacheado, com uma barrigona peluda, pernas finas e cara de pato, se engraçou pro meu lado. Foi como uma punhalada pro meu coraçãozinho esperançoso. Não tinha quase ninguém. Se muito, 25 homens; destes, 22 repulsivos. Perambulei pela sauna, antes mesmo de tomar banho, e nada que abrandasse minha inquietação. Um rechonchudo jovem japonês me seguia onde eu fosse, em seus passos e olhares feminis. Pensei em me mandar.

   Fui olhar a parte escura. Até a TV estava desligada nessa noite e só a mangueira luminosa da escada trazia uma mínima iluminação para o ambiente. O que se conseguia ver não era nada animador. Desci correndo, fui escovar os dentes e tomar um banho pra pensar melhor. O Japonês veio junto e ligou a ducha ao lado da minha. Ele me secava tão insistentemente e ostentava a própria bunda com tamanha desfaçatez que demorei a perceber um carinha que estava tomando banho na última ducha. Primeiro o vi de costas e fiquei apreensivo esperando que se virasse. Bem baixinho, mas o corpo era bonito, bem equilibrado, com quadris estreitos, nemhuma gordurinha fora do lugar, costas largas, pernas bem feitas. Quando virou, parecia muito mal humorado, cenho franzido. Mas era um tesãozinho. Tinha alguns pelos curtos no peito musculoso e um pouco de gordura na região do umbigo. Uma barriguinha muito discreta e que me pareceu tremendamente sexy, masculina. Não olhava pra mim nunca, concentrado no seu banho. Terminei o meu e fui me secar na sauna seca. O japonês já estava lá, sentadinho, pernas curtas cruzadas, balançando o pé gorducho em ritmo acelerado. Tinha também outro cara sentado perto, que me pareceu familiar. Era até um tipo interessante, mas eu não conseguia lembrar quem era. Só tinha a certeza de que era furada. Fechei a porta e parei bem na entrada, de pé. É um cara bem alto, de cabeça raspada. Olhando melhor, era meio acabadão. Ele e o japonês me olhavam. O careca abriu a toalha, o japonês o imitou e começou a se masturbar de um jeito tão esquisito que mais parecia estar retirando uma dúzia de alfinetes espetados no pau. Fui lembrando aos poucos do careca. Encontro com ele em vários lugares e sempre é muito insistente, chato, forçado.

   Fui andar mais um pouco. O baixinho emburrado lia jornal numa mesinha no corredor, continuava sério, e tentava me ignorar a todo custo, parecia até hostil. Eu já estava desanimado quando vi de relance um cara saindo do banho e que parecia atraente. Era chamativo de onde eu o vi, mas pra ter certeza de que valia a pena, tive de chegar mais perto. Lembrei imediatamente de um  conhecido: amigo lindo do meu irmão, mas uma figura detestável. Este era alto, acredito que em torno de 35, 40 anos, tinha traços bonitos, embora um pouco enjoativos. Soube depois que chama Mauro, é gaúcho, de passagem pela cidade. Pele excessivamente escurecida pelo sol e/ou bronzeamento artificial, musculatura típica de quem toma bomba, inteiro depilado, cabelo curtinho totalmente descolorido, expressão botulinizada: uma "beleza" artificial, produzida. Ponho beleza entre aspas não porque ele não fosse belo, mas porque seria muito mais se não fizesse tudo isso. Ele me olhou com interesse também, era só esperar a oportunidade. Mais tarde eu entrei na salinha do saco de pancadas e ele vinha saindo. Passou por mim no estreito corredor, nos olhamos e em poucos segundos ele voltou para o interior da sala e parou perto de mim. Visto bem de perto, era um cara interessante, sem dúvida. Seu peito, duas bolas douradas e macias. Nariz arrebitado, boca bonita, mas... É terrível escrever isto, mas eu senti um cheiro muito desagradável. Tinha passado perto do Rio Pinheiros naquela tarde. Sempre me impressiona o cheiro do Pinheiros. Pra quem não conhece, é um rio importantíssimo na cidade de São Paulo que há décadas recebe poluentes de todo tipo. O cheiro é insuportável, parece uma mistura de excrementos com thinner. Eu até teria uma definição mais precisa, mas fiquemos com esta, menos grotesca. Pois não sei se o cheiro ainda estava na minha cabeça, mas a verdade é que senti o mesmo cheiro, idêntico. Tinha fortes suspeitas de que vinha do bonitão. Fiquei atônito. O que fazer? O cara bem acima da média dando mole pra mim, numa sauna minguada, só com gente feia, perto do horário de fechar... como dispensar?! Em contrapartida, como lidar com a situação? Confirmei que era sua bonita boca que exalava o mau cheiro. Estávamos perto da porta e entrou um outro cara. Aproveitei a deixa e saí, abandonei o barco.

   Dei mais uma volta pela sauna toda, que desespero! Só gente horrorosa: raquíticos esquisitos, gordos sem expressão, tiozões relaxados, ninguém que me despertasse um mínimo interesse sexual. O careca que eu já conhecia de vista tinha uma cara de doido quando me olhava. Não tenho nada contra cara de doido, em alguns caras cai bem. Nele, definitivamente, não.

   -E aí, beleza?

   -Tudo bom? - saí de fininho.

   Subi de novo pro andar claro, tudo vazio. Sentei sozinho na sala de vídeo e tentei me concentrar numa cena S&M. Sempre me parece meio ridículo, meio patético: um barbudo vestido de couro dava choque no pinto de outro barbudo semi-vestido de couro. Caras&bocas.

   O gostosão gaúcho estava na porta, pegando no pau e olhando pra mim - vi com o canto dos olhos. Como continuei olhando o vídeo, ele saiu. Voltou depois e bastou olhar em sua direção pra vir sentar do meu lado. Sentou bem junto e tirou o pau duro pra fora. De boca fechada ele era um gostoso. Nos tocamos. Pau macio, todo depilado. Saco grande, pele fininha, bolas graúdas. Eu estava com vontade de chupar seu pau, mas só de entreabrir a boca pra sorrir, o cheiro reapareceu. Senti com o dedo uma bolinha na ponta do pau dele. Fiquei ainda mais encanado, mas continuei punhetando o gauchão. Olhava-me a um palmo de distancia, como se quisesse me beijar. Brinquei com as bolas e deslizei o dedo pro cuzinho. Apareceu outro cara e sentou do meu lado. Feioso, desengonçado, cara de bobo. Levantei. Quando desci, o baixinho enfezado passou por mim e me olhou diferente, parecia interessado agora. Sentei e esperei um pouco. Em alguns minutos ele voltou, já acompanhado pelo gaúcho. Olhava pra mim, como se me chamasse. Subiram juntos, o baixinho me olhava a cada volta na escada caracol. Fui atrás. Eles já tinham se enfiado numa cabine do banheiro, as duas toalhas penduradas na porta. Ficaram lá bastante tempo, uns 45 minutos. Eu tentava imaginar como o baixinho, que dava pra ver só de olhar pra ele que resplandecia limpeza, como ele aguentava aquele cheiro por esse tempo todo. Fiquei muito irritado. Naqueles 45 minutos eu rodei a sauna, marchando de raiva por só ter homem feio naquela noite. Um moço magricelo chegou perto, passou a mão no meu peito. Pensei que se ele me chupasse, não seria má ideia. Mas não dava pra encarar. Tenho péssima impressão de segurar num corpo magrinho, fininho.

     -Ó, vou dar um rolê.

     -Beleza.

   Felizmente o careca já tinha ido embora. O japonês também. Dois caras interessantes apenas naquela noite. Os dois trancados num banheiro e eu ali, sozinho. Se fosse calcular melhor, um tinha um hálito insuportável e àquela hora ninguém mais chegaria ali, já ia fechar. Se depois dessa canseira o baixinho ficasse satisfeito e fosse embora, eu tava fodido. No mau sentido.

   Sentei numa mesinha e fiquei lendo jornal. Mesinha estratégica, de cara pra escada caracol por onde eles provavelmente desceriam. Primeiro veio o fortão gaúcho que fiz questão de ignorar. Demorou um pouco e o baixinho desceu também. Desceu escorrendo água do banho recente, e me lançou um olhar cheio de intenção. Dirigiu-se à área dos armários, lá na frente, e gelei pensando que pudesse estar indo embora também! Mas voltou, passou por mim, me encarando e entrou na salinha do saco de pancadas. Não era hora para orgulhos e brios. Abandonei os jornais desarrumados em cima da mesa e entrei logo em seguida. Ele estava parado no meio da saleta, me esperando. Ai, que imenso alívio saber que ele tinha o halito intacto mesmo depois de ficar quase uma hora beijando aquele boeiro. E que beijo bom! E que mãos!  Ele me segurava e era como se cem mãos me massageassem. Um toque que parecia intencional, consciente, talvez alguma técnica de massagem. Ele estava encharcado de água fresca e eu o lambia todo. Entrou um coroa barbudo e parou do nosso lado. Fomos lá pra cima, pro banheiro. Ele me chupou, nos beijamos muito. Eu o chupei também e lambi sua bunda. Minha língua entrava no cuzinho dele, macio, molhado, quente, doce. Agarrava meus cabelos e puxava minha cabeça contra a bundinha musculosa. Nunca perdia o contato com sua boca, que parecia me querer tragar. Excitava-se   enfiando a boca nas minhas axilas, abocanhava-as e depois ia afastando a boca, até que os ultimos pelos escapassem de entre seus lábios. Olhava pra mim, me convidando. Fui lamber minha própria axila junto dele. Me virou de costas e lambeu minha bunda também. Ele era safado, mas nunca vulgar, ou forçado - era guiado apenas pelos próprios instintos e desejo, e isso me excita. Seu olhar profundo e honesto, o toque seguro e carinhoso me deixavam muito à vontade. Perguntou se eu queria que ele pegasse camisinha e gel no armário. Eu disse que estava com a camisinha ali, mas ele achou que precisaria do gel. Saiu e deixou a porta do banheiro aberta. Sensação estranha de estar ali, sem roupa e de pau duro sem qualquer proteção. Resolvi sair um pouco e circular pela casa, aproveitando que não tinha mais ninguém naquele andar inteiro. Encostei na porta da sala de vídeo. Quando ele voltou, sugeri que fizéssemos ali mesmo, no sofá. Ele topou nas hora. Pus a camisinha e ele arcou o corpo sobre o braço do sofá, ficando com a bunda bem alta. Eu comi o cara ali, no meio da sala. Lá pelas tantas um cara que eu não tinha visto antes chegou perto e ficou do nosso lado, querendo entrar na dança. Eu, que já tinha perdido um pouco a sensibilidade no pau, perdi o tesão e parei, constrangido. O cara percebeu e saiu. Deitei no sofá e pedi pra ele deitar em cima de mim. Foi antes ao banheiro e pediu pra eu olhar suas coisas que estavam em cima de um banquinho (toalha, gel, camisinha). Voltou e retomamos os carinhos. Ele por cima de mim, me beijava inteiro. Ergueu minhas pernas e lambeu minha bunda. Massageou meus pés e depois o joelho esquerdo. Senti o que nunca imaginaria sentir na vida: tesão no joelho! Uma sensação totalmente nova pra mim, e muito intensa.

   -Quer dar pra mim?

   Eu ri.

   -Só estou perguntando, não se sinta pressionado - voz bonita, segura, reconfortante. Sotaque carregado.

   -Carioca?

   -Sou do interior do Rio, mas moro em Copacabana.

   Eu o olhava e me sentia à vontade. O pau dele era pequeno, não seria um grande esforço.

   -Voce tem mais camisinha aí?

   Ele pegou no banquinho, colocou e se lubrificou.

   -Vai com calma, tá? Não sei se vai rolar...

   Foi assim, com calma, e gostoso. Uns cinco minutos. Até que passou alguém e eu me contraí.

   -Está doendo?

   -Tá meio incômodo agora.

   Ele tirou. Nos beijamos mais, na mesma posição, eu deitado e ele por cima. Me masturbei passando o pau naquela bundinha. Gozei, na minha barriga. Ele também se masturbou e gozou em mim, quase juntos.

   -Se fodeu, ficou todo sujo.

   -Isso não é sujeira.

   -Quero ver voce limpar esses pelos agora.

   -Vamos tomar um banho?

   Saímos nus, despreocupadamente, com a tolha na mão. Peguei sabonete liquido na pia e fui para a ducha me lavar. Ele veio também e conversamos mais. Médico, 33 anos, chama Davi. Estava em SP para o feriado de 15 de novembro. Me contou que o fortão era Gaúcho e que entramos os três quase juntos na sauna. Descemos e ficamos conversando bastante, sobre medicina, a doença que ele estuda (de nome complicadíssimo que não guardei), filmes, teatro, a programação dele em SP nos dias subsequentes. Estava na minha hora e ele quis ir embora junto. Fomos conversando ainda até o metrô, pedi seu telefone e ficamos meio conversados de irmos à festa Gambiarra antes do feriado, na The Week. Mais tarde trocamos algumas mensagens mas não consegui revê-lo antes do retorno. Uma pena.