sábado, 12 de março de 2022

Galãs Feios


Mal publiquei sobre o Hotel 269, voltei a ele na sexta-feira, 18/02/2022. Até que tinha bastante gente, cerca de 200 homens. Mas nada bate com o que o site do hotel indica sobre cuidados para contenção da pandemia. Os armários estão sim à disposição, mas preferi uma cabine simples, justamente para poder me recolher e descansar. Tinha muito cara sem máscara, muita aglomeração. É verdade que solicitarem a carteirinha de vacinação na entrada, já dá alguma tranquilidade, e também vi um funcionário se enfiar no corredor lotado e ficar solicitando que usassem máscara, mas foi só por alguns minutos. Nos últimos tempos a decepção com a espécie humana é tão contundente que viver tornou-se um desafio diário, e uma reafirmação insistente de minha vocação para resistir. Mas muito do prazer se esvai. Estou muito desinteressado de sexo e de gente, ainda mais retraído e desiludido. Sei (aos quase 48 anos deu pra finalmente cair na real) que não terei relacionamentos mais profundos, um namoro ou casamento, e morrerei só. Não gosto de muita intimidade, não tenho tesão por quem conheço a ponto de sentir dó ou vergonha ou enfado. E sou tão pretensioso que esses sentimentos se estabelecem em pouquíssimo tempo de convivência. Além de estar ficando velho, brocha e só, irremediavelmente só. O bom é que me dou muito bem comigo mesmo e com minha solidão. Achei o hotel um ambiente estranho. É feio de doer. A parte externa, onde tem duas piscinas, ficou horrorosa com a reforma. Usaram revestimentos medonhos nas paredes (um porcelanato cor de burro quando foge) e em volta da piscina maior (pastilhas douradas, brega pra caralho), umas paredes de cobogós pretos totalmente sem propósito. A nova ala está funcionando e só tem um longo corredor com as portas dos quartos, tudo feio, frio e sem personalidade. Não é fácil tirar a roupa num lugar como esse quando se está sem fazer exercícios físicos há pelo menos 10 anos. Mesmo sabendo que não estou com "má" aparência, "fora de forma", não consigo me habituar com a ideia de não ser mais quem eu era. Mudei, envelheci, e não atraio mais todos os olhares, não sou o garotão gostoso que pegava quem bem quisesse. E também não sou o coroa rico e seguro de si por quem muitos ficariam interessados. Nada disso tem grande importância na real, exceto a parte da grana, que é melhor para a autoestima que a própria juventude, mas o ponto é que me ressinto de não ser tão desejado como era antigamente. Sei o quanto sou ridículo e que reclamo de boca cheia, sendo homem, cis, branco, com um biótipo bastante valorizado, boa altura, não gordo, não PCD, não tão velho, que recebo bem mais atenção do que deveriam merecer todos esses atributos. Mas sinto assim. E é uma merda. 


(Parênteses: nesse dia, ali mesmo enquanto descansava no meu quartinho, ressignifiquei uma história antiga. Por muitos anos sofri por ter revidado um tapa no rosto do meu pai. Eu tinha 11 anos, estava rindo, brincando, e ele queria dormir. Como minha mãe tinha viajado, achou-se no direito de virar um tapa forte no meu rosto. Sempre entendi o que esse tapa significava para ele e para mim. Rejeitar e punir um filho, uma criança, por não performar suas expectativas de gênero e sexualidade, por vergonha, por não aceitar que essa criança indesejável tenha sido formada a partir dele mesmo. Meu pai era um grande filho de uma puta. Com tudo de bacana que ele foi um dia, nunca deixou de ser um grandessíssimo filho de uma puta. E se, semanas depois, em resposta a uma discussão sem importância, desferi um tapa em seu rosto, cujo semblante desconcertado me aparece nitidamente até hoje, foi das coisas mais certas que fiz na vida. Ele se fez de vítima para minha mãe quando ela voltou (que bem ou mal era ela quem me defendia de sua filhadaputice), mas nunca mais, nem por um segundo, pensou em levantar novamente a mão para mim. Aquele viadinho de 11 anos me enche de orgulho e gratidão. Por muitos anos senti vergonha e arrependimento por ter batido em meu pai. Não sei o que esse retorno à sauna depois de vários anos tem a ver com a lembrança dessa história, mas meu sentimento mudou quase completamente)


Logo que cheguei, um cara ficou bastante interessado. Não era feio, mas eu não quis. Depois fiquei um pouco arrependido. Podia ter sido legal. Ou não. Gosto de confiar na minha intuição porque quase nunca fico sabendo o que teria acontecido se enfrentasse outra alternativa. O cara era insistente e invasivo, provavelmente seria uma porcaria de sexo. Passando pelo cinema, vi um rapaz muito bonito sentado na primeira fileira, se masturbando completamente nú. Era bastante jovem, estatura mais para baixa, corpo bem trabalhado mas magro, negro, rosto belíssimo. Todo mundo estava alvoroçado por causa dele, mas não olhava para ninguém, não tirava os olhos do filme. Alguns minutos depois fui revê-lo numa área que foi reformada, uma antessala da sauna seca, onde agora tem uma daquelas cadeiras que ficam penduradas no teto, próprias para sexo. Ele estava fodendo com muita força um cara que estava na cadeira. Sumiu logo depois. 

Vi por lá alguns conhecidos da época em que eu era frequentador. É um pouco deprimente pensar que nesses anos todos eles estão ali. Mas eu também estou ali, na mesma de sempre esteja onde estiver. O clima do local é um tanto deprimente, e eu nunca havia reparado nisso antes. Tinha alguns homens bastante bonitos, um era especialmente lindo. Bem alto, forte, não era muito o tipo de corpo que me atrai, mas o rosto era lindíssimo, o tipo dele no geral. Houve um tempo em que eu me interessava por homens grandes, forte e altos. Hoje não é uma prioridade, e até prefiro caras mais suaves, magros, estatura baixa a mediana. Não me atraem homens que fisicamente sejam muito grosseiros, com pés muito grandes, excesso de músculos ou pêlos. Estava lá também um coroa italiano que eu via muito na For Friends. Ainda bem bonito, corpaço, mas bem envelhecido. Nunca me deu bola, não seria agora. Fiz a chuca na esperança de dar a bunda, mas, como sempre, foi desperdiçada. Acho que nunca rolou quando fiz a chuca, é sempre de surpresa que acontece. Fiquei alguns dias depois com algum desconforto e problemas intestinais, tudo à toa. Tinha um gringo que ficava andando pra lá e pra cá sem roupa e parava oferecendo a bunda pra quem quisesse. Era até bonitão, bem alto, corpo completamente liso de pêlos, meio loiro, mas estava meio barrigudo, mas essa sua postura me pareceu muito triste. Estralei uns tapas na sua bunda gostosa. Logo reparei num garoto de corpo excepcional, bem o tipo de corpo que mais me atrai. Devia ser bastante jovem, uns 22 anos, 1,7m de altura aproximadamente, magrinho com uma musculatura bem desenhada, todos os músculos bem arredondados sob a pele fina, aquela bundinha arrebitada, bem redondinha e estreita que me deixa maluco. Cintura fina, ombros largos, pernas bem torneadas, uma delicinha. O rosto, mesmo de máscara, dava pra sacar que era bonito também. E também me olhou com interesse, e arrebitava ainda mais a bundinha quando passava por mim. Depois de algumas vezes que nos cruzamos, demos um encontrão numa esquina da sauna e já nos agarramos. Não foi tão impetuoso como a expressão "nos agarramos" sugere, foi mais contido e frio. Mas entramos numa cabine sem iluminação alguma. Entrava um mínimo de luz pelas frestas da porta, mas foi uma pena não ver aquele carinha tão bem quanto eu queria. Tocar seu corpo, tão jovem e vigoroso, tudo tão certinho, me deixou maravilhado e sinceramente tocado. É duro ficar tantos meses sem contato com um corpo humano, sem sexo, sem troca. Abracei seu pescoço e o beijei com suavidade. Você curte o quê?,  perguntou, sinalizando uma certa ansiedade. Curto tudo, sussurrei. Eu sou só passivo, só gosto de dar, tudo bem?. Tudo ótimo. Que coisa linda é a sua bunda. Meti. Nem pensei direito, não tinha camisinha, não quis saber de mais nada. E nem estava de pau muito duro, mas foi. E que delícia de cuzinho. O garoto abria a bundinha com uma mão e na outra segurava o celular, que estava ligado (é proibido andar com celular nesses lugares, por motivos óbvios) e mostrava uma imagem em preto e branco. Fiquei imaginando se ele estava me filmando, pois parecia preocupado com a posição do aparelho. Recoloquei a máscara e foquei naquele corpo lindo que era "meu" por alguns minutos. Fodi com força, enquanto ia alisando suas costas, apertando a cintura com as duas mãos, massageando a parte de baixo das coxas, puxando seus ombros para beijar seu pescoço, o maxilar. Ele estava usando um anel peniano, seu pênis era pequeno e o saco estava redondo, não sei se por causa do anel. Fiquei com um pouco de aflição do anel, qualquer coisa que prenda a circulação me dá nervoso. Sua juventude pulsava em minhas mãos, no meu pau, que já sentia uma leve ardência pelo atrito. Foi muito gostoso, mesmo que minha ereção não estivesse tão rígida, demorei um tanto fodendo o moleque. Gozei dentro. Nos despedimos e ele voltou sozinho para a mesma cabine mexendo no celular. Foda. É quase impossível ter privacidade hoje em dia. Tem muito mau caráter desejando visibilidade na internet. E muito otário como eu. Depois de satisfeita a libido, vem a ressaca moral. O medo de ter me deixado filmar, de ter feito sem camisinha. No dia seguinte, sábado, busquei PEP na minha cidade, mas o posto estava fechado. É tudo uma grande merda. Voltei para meu quarto todo macambúzio, ri assistindo a um vídeo do canal Galãs Feios no YouTube, que eu amo, assisto todo dia, e adormeci. Foi aí que me peguei pensando na história do meu pai e tive o insight. Devo ter dormido mais de uma hora.

Fiquei zanzando a maior parte do tempo. Algumas interações não muito dignas de menção. Teve um cara que chegou em mim no corredor e me chamou para o seu quarto. Não era feio, muito menos bonito: meio loiro, baixinho, bronzeado de sol, corpo musculoso, bunda gostosa, cabelos ralos, óculos. Queria poppers, e eu não uso, não me interesso por drogas, além de ser bastante perigoso usar poppers junto com Viagra. Como ele só queria dar a bunda, sem muito envolvimento, brochei em poucos minutos após a penetração. 

Algum tempo depois, passando pelo corredor próximo do labirinto, vi dentro de uma cabine aberta, um homem alto. Apesar do escuro, me pareceu interessante. Estava parado, olhava para mim, convidativo. Entrei. Era estrangeiro, mas trocamos poucas palavras. Logo ele se abaixou e me chupou demoradamente, porém sem muito talento. Seu pau não era grande, mas tinha um prepúcio enorme, molinho, e isso me deixa muito feliz. Quis chupar também. O pau não estava duro, mas o prepúcio me deu muito tesão, apesar de estar meio melado e salgado. Houve mais alguns encontros breves e sem importância. Não sei quanto tempo vou demorar a retornar, mas não sinto vontade. Achei mais triste que o Cabine's. E isso não é pouco.

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