sábado, 23 de junho de 2012

Curte Levar uns Tapinhas?



   Voltei à sauna, como voltarei muitas mais vezes. Ao Chilli Peppers, aos anônimos bem apessoados, ao paradoxal sexo sem intimidade. Não queria escrever sobre esta tarde - mas escrevo - para fins terapêuticos. Ou por falta do que fazer. Era uma outra segunda-feira e estava um pouco mais vazio que da vez passada. Mas, logo que entrei, vi um corpo bonito na sauna seca. Parecia jovem, tinha uma gigantesca tatuagem, um  escamoso dragão negro que rastejava por seus peitos, ombros e costas. Estava sozinho, imóvel, sentado de cabeça baixa - me olhava pelo canto do olho, sem desviar a cabeça. Olhamo-nos longamente, até que um senhor entrou e o rapaz saiu. Pouco depois, nos reencontramos no térreo - ele completamente nu, se enxugava. Corpo musculoso e liso, de belas proporções e um pau respeitável. Era mestiço com olhos orientais, não tão jovem quanto tinha me parecido na sauna - se não me engano, disse ter 31 anos. Me olhava fixamente, com expressão séria. Saí à piscina por um instante e na volta o segui à sauna a vapor. Agora sentados lado a lado, sozinhos na sauna - e não havia atitude alguma no cara. Muitas vezes olhava para baixo. O rosto não era feio, mas também não daria para dizer que era um homem bonito. Ainda assim, sentia-me muito atraído pela sua figura. Cheguei a apalpar sua coxa e... nada. Apenas tocou seus genitais por alguns segundos. Eu sabia que ele queria que eu me chegasse com mais audácia. Não tenho muita paciência com quem não sabe responder às minhas investidas (quase sempre tímidas). E o vapor já me incomodava os olhos, a respiração. Subi ao labirinto, àquela hora bem fraquinho de personagens interessantes. Parei no único ponto iluminado dos corredores, onde há um aparador, sobre o qual ficam dispostos alguns flyers e um globo de vidro contendo uma infinidade de preservativos. Pus dois envelopes de camisinha presos à minha cintura, na toalha. E lá vinha o japonês, desfilando o corpão pelos corredores. Parecia outra pessoa agora, mais relaxado, confiante. Parou na minha frente e me beijou. Um beijo sutil, delicado, fresco. Minutos depois, estávamos outra vez na sauna seca, agora sozinhos. Ele se acomodou no tablado, meio deitado, meio sentado, e abriu a toalha, oferecendo seu sexo. Seu nome é Diógenes. Queria ir além:


        -Quer dar pra mim?

   -Cara, raramente eu dou... Seu pau é grande, acho que nem rola...

   -Eu quero muito essa bundinha. Dá pra mim? Aqui mesmo! Dá?

   -Aqui?! Nem fodendo!

   -Deixa, vai!

   Enrolei um pouco e o levei para uma das cabines escuras. Entreabriu a porta, queria luz para me assistir chupar seu pau. Fiz com que se virasse de costas pra mim e lambi a bunda musculosa que ele tanto havia regulado na sauna. Acabou me convencendo a tentar. Passei a camisinha pra ele, que foi paciente com a penetração difícil. E mesmo depois de acomodado, não suporto a dor quando a penetração é mais profunda. Não sei qual órgão que o pau do cara pressiona, que me dói demais, é uma sensação esquisita, aflitiva. Mas, no todo, foi divertido. Principalmente quando ele tirava o pau todinho de dentro de mim e voltava até a metade, repetidamente. Tenho como propósito me tornar cada vez mais flexível, foder e ser fodido, como deve ser. Como deve ser... Além das dificuldades físicas, tenho vários outros bloqueios com relação a ser penetrado. Bloqueios com relação a muitas coisas, no sexo e na vida. Deixar-se penetrar, sobretudo no ânus, é um ato de entrega, confiança. Como fantasia, acho muito excitante, mas na real não funciona bem assim. Talvez um dia... Eu gozei e ele também queria:

   -Onde quer que eu goze?

   -No meu peito.
   
   Lambi a porra amarga, como de fumante. Durante o banho, ele foi muito simpático e atencioso. E logo se mandou, alegando um compromisso.

   Já tinha visto ali um cara que eu conhecia de vista, da The Week, e principalmente da 269, onde ele me perseguia e, embora seja muito bonitão, nunca rolou nada. É negro, de cabeça raspada, físico muito bonito. Fazia muito tempo que eu não via esse cara, e ele me pareceu ainda mais gostoso do que eu me lembrava. Chegou junto, com desfaçatez:

    -E aí, bonitão?

   -Opa, tudo bem?

 -Certinho... Vamos pro meu quarto?

   Acabou que fui, né... A gente se beijou e deitei na cama. Ele se ajoelhou na minha frente e começou a vestir a camisinha. Fiquei atônito! Eu tinha acabado de dar, e nunca me passou pela cabeça dar mais de uma vez no mesmo dia, muito menos pra dois caras diferentes. Tocou o celular dele, que pediu desculpas, mas atendeu. Ia vestindo a camisinha, se masturbando, olhando pra mim e conversando com seu cliente. Eu passava meu pé direito pelo seu pau, pelas bolas, pelo períneo. Falava com uma voz bonita, sempre muito másculo e cara-de-pau. Às vezes dava a impressão de estar xavecando o cliente:

   -Sei que seus sócios estão pressionando e que desta vez não vou conseguir te atender a tempo. Mas, olha, estou com água na boca pra fechar um negócio com você.

   Quando desligou, esclareci:

   -Como é seu nome?

   -Patrick.

   -Patrick? Então, Patrick... eu não dou... só muito raramente. Acho que nem vai rolar, entendeu?

   -Sério, cara? Mas vamos tentar! Prometo que vai ser gostoso.

   -Ah... você não curte dar?

   -Tenho cara de quem dá?

   -Tem. Eu acho.

   Sempre achei que ele quisesse me dar. Mas isso é tão difícil de se prever só pelas aparências... O cara ficou indignado com a minha resposta:

   -Tenho cara de passivo?! Porra!!

   -Ah, sei lá...

  -Deixa eu meter gostoso em você? Prometo fazer com muito cuidado, com carinho.

   Meteu. De frente, com minhas pernas pro alto. Doeu bem menos pra entrar que com o outro, mas continuou doendo bastante quando ia fundo. O cara queria bombar, mas não consegui. Pedi pra tirar e ele queria me ver de quatro. Eu não estava excitado, mas assenti. E ele meteu de novo. De quatro foi menos traumático, mas consegui deixar pouco tempo - eu queria sair dali. Disse ter 45 anos, o que me pareceu impressionante: aparenta 35, no máximo. O pau continuava rijo como rocha, o que ele atribuiu à excitação causada por mim.

   -Sei que, pra um ativo, é difícil dar, mas obrigado pela sua gentileza.

   Gentileza... Depois me elogiou, disse que comigo "teria até um caso". Era educado, mas dá um impressão de frieza e egoísmo. Veio a última proposta:

   -Curte a três também?

   -Depende.

   -Estou com um amigo aí. Cara bonito. Só que o pau dele... é o dobro do meu!

   -Eu não vou dar mais por hoje. Ele dá para a gente?

   -Dá. Depois a gente se fala.

   Tomei mais um banho. Me sentia nervoso e precisava comer alguém. Estava parado perto da sala de vídeo (que continua horrorosa), um lugar meio escuro, quando apareceu um sujeito alto, forte, bem na minha frente. Já chegou me alisando e beijando. Pensei que fosse um outro cara em quem eu já havia reparado, também alto e forte ("Some day he'll come along/The man I love/And he'll be big and strong/The man I love..." - Ira Gershwin), tatuado, super bonitão. Mas não era ele, e só descobri isso a caminho do seu quarto. Este parecia chinês, mas falava com carregado sotaque espanhol. Depois soube que é colombiano, Jorge, 28 anos, médico. Feio de rosto, desinteressante de corpo e chatonildo de conversar. Além de ter uns trejeitos de tia suburbana, revirando as mãos e soltando risinhos irritantes. Foi desolador entrar no quarto sabendo que teria de fingir simpatia por alguns minutos. Eu já não estava nos meus melhores dias, e o cara só puxava assuntos que me punham mais pra baixo. E me dava lição de moral! E falava como se entendesse da minha vida melhor que eu! E tentou traçar novas diretrizes para que eu as seguisse! Tudo isso em menos de vinte minutos. Uma pessoa bem sucedida que prega que para vencer, basta ser esforçado, honesto e paciente. E tudo se arranja. Um bosta. Um bosta completo.

   Quando finalmente consegui terminar a conversa (e extrair um diagnóstico de depressão de um dermatologista), ele perguntou, com ares de namoradinha adolescente:

   -Afinal, você nunca me disse: do que você gosta na cama?

   -Sou ativo. Mas hoje já dei pra dois caras - respondi tão friamente como se dissesse que tomei dois copos de água mineral.

    -Credo!

   Claro que a titia ficou horrorizada, porque ainda pensava que ia dar pra mim. Tomei um banho quente e deitei na sauna seca. Fiquei um tempo ali, quietinho, me reorganizando e tentando decidir se ficava ou iria embora. Estava indo olhar as horas no meu celular quando trombei com o Cássio, que tinha conhecido na semana anterior:

   -Olha ele! - gritou.

   Me pareceu bem menos atraente do que eu me lembrava, mas ainda assim, um corpinho bem gostoso. Pelo jeito, ele tem ido quase diariamente à sauna depois de fechar sua loja. Tinha um cara grandão sentado no bar. Bonito até, apesar do excesso de músculos. Parecia um tanto anti-social e com uma perene inexpressividade cadavérica. Masturbava-se por baixo da toalha, sentado na poltrona e de olho no vídeo, com o rosto imóvel, imbecilizado. Levantou-se e cumprimentou o Cássio com a mínima animação a que se permitia. Também bateu no meu ombro amigavelmente e dirigiu-se ao primeiro andar. Cássio disse que o grandão o persegue na balada e que ele ainda não tinha tentado nada porque um amigo o alertou de que o cara tem pau pequeno.
    Vi mais alguns caras interessantes aparecerem. E o funcionário da sauna que eu pegava na 269, me deu umas olhadas bastante curiosas. Percebi que ele se enfiava nuns becos desertos quando me via, imaginei que quisesse que eu me aproximasse. Ele subiu e fui atrás. Estava vistoriando a limpeza de um dos quartos e eu parei bem na porta. Claro que ele não pode fazer nada com um cliente ali (como também não podia na 269). Sorri e ele me media de alto a baixo. Saiu, quase me encoxando, e prosseguiu a vistoria nos outros quartos recém desocupados. Permaneci ali, na frente daquele quarto, quando um cara que já tinha mexido comigo (mais especificamente com o meu mamilo), me abordou. Alto pra caralho! Tatuado pra caralho! Gostoso pra caralho! Chico, tem 29 anos e mora ali perto do Largo do Arouche. Me arrastou pro banheiro, o mesmo que todo mundo disputa no primeiro andar. Tem um rosto interessante, exótico, sem ser exatamente bonito. O corpo é maravilhoso, atlético, ombros e costas largos, músculos na medida certa, definição invejável, tatuagens lindas pelo corpo todo. Pau delicioso também, graúdo, clarinho, macio, cheiroso. Enquanto o chupava, desci às bolas e ao períneo, quando percebi um certo frenesi. Girei seu corpo com a bunda pra mim e lambi. Ele delirava. Me puxou. Sentou no vaso sanitário e ergueu as pernas pro alto.

     -Vem me lamber assim, quero ver você.

   Era um cuzinho delicioso, que ele mantinha sempre tenso e apertado. Quando pedi que relaxasse, alargou-se um pouco, tornando a superfície mais acessível e formando um biquinho suculento.

    -Você gosta de dar? - perguntei.

   -Gosto, gosto de tudo. E você?

   -Geralmente prefiro comer. Quer dar pra mim?

   -Gosta de foder cara grande? Tem essa fantasia?

   -Gosto. Se for você, eu gosto.

   Coloquei-o sobre o vaso, com a bunda pra cima e meti. A altura dele me atrapalhava naquela posição (tenho 1,79m). Pedi que dobrasse as pernas um pouco e ele preferiu sentar no meu pau. Sentei no vaso e ele veio por cima, virado de frente pra mim.

   -Puta cuzinho gostoso!

  -Gostoso é você - disse me estapeando levemente o rosto - curte levar uns tapinhas?

   Eu estava chocado:

   -Essa realmente não é uma das minhas fantasias. Você gosta de bater, é?

   -Gosto, de leve. Mas só se você gostasse. Se não gosta, não tem graça.

   -E de levar uns tapas, você gosta?

   -Não!

   Eu detesto que me batam ou sejam muito dominadores comigo. Quando o cara pede, até pode ser divertido bater sem machucar, de brincadeira. Com esse papo todo, ele parou de se movimentar e meu pau amoleceu. Mas continuamos conversando naquela posição por longos minutos. Depois ainda meti outra vez na posição inicial.

   -Você veio aqui pra levar nessa bundinha gostosa, não foi?

   -Foi...

   Ele respondeu meio a contragosto, pelo que pude perceber. A animação do rapaz foi se esmorecendo, ele foi ficando esquisito. Ele também custa a gozar e eu pedi que gozasse na minha boca.

   -Quer leitinho na boca?

   Foi a minha vez de responder contrariado:

   -Quero...

   Acho tão vulgar essa história de leitinho... Gozou e eu cuspi, apesar de ter gosto agradável. Gozei me masturbando enquanto lambia seu pau que ia amolecendo. Tomamos banho e ele deitou na sauna seca, sozinho e um tanto macambúzio. Depois o vi indo embora com um cara bonitão, pareciam ter vindo juntos.

   Tinha mais dois caras bonitos na casa. Lindos na verdade. O primeiro que eu vi era gringo na certa. Altão, branquelo, pele lisa, físico bonito, rosto de cinema. Gostava de se exibir sem roupa na sauna, mas ninguém podia chegar perto. Parecia antipático e nem insisti. O outro era moleque, aparentava uns 22 anos. Clarinho, cabelo cacheado, castanho claro, corpo bem definido e musculoso, bundinha redonda e arrebitada. É parecidíssimo com um garoto que eu conheço, por quem nutro uma paixonite platônica há alguns meses. O rosto delicado e marcante que parece desenhado a bico de pena, cada traço nanometricamente apurado. Um moço lindo da cabeça aos pés. Num dos ombros e bíceps trazia uma tatuagem bem fechada que lhe caia muito bem, contrastando com a elegância de Semideus. Mantinha o olhar aberto a todos os presentes, mas não o vi se aproximar de ninguém. Por diversas vezes estivemos próximos e ele parecia indeciso. Numa dessas vezes, resolvi segui-lo. Fomos parar atrás do labirinto, na passagem para o cinema, onde ele parou e encostou na parede. Tocou meu peito desajeitadamente. Parecia tímido ou incerto do que fazia por ali. Eu o abracei, beijei a pele macia, segurei a bunda e ele se foi, com um sussurro:  "seu gostoso"

   Foi uma frustração incompatível com meu humor naquele dia. Tomei um suco no bar e fui me vestir. Esse último carinha estava no armário exatamente acima do meu. Vestia-se com uma roupa bonita, de fino acabamento. Pedi licença para pegar minhas coisas e ele afastou as suas da frente. Abaixou as calças, pra passar a camisa por dentro, e saltaram aos meus olhos a bundinha e a "mala", de perfil, discretamente cobertas pela cueca de brancura imaculada. As mãos de príncipe, másculas e elegantes, reabotoaram as calças lentamente e depois ajeitaram os cabelos cacheados diante do espelho. Foi-se antes de mim, em seu caminhar macio e firme, de quem sabe não pertencer àquele universo paralelo.

domingo, 17 de junho de 2012

"As Piriguetes"


   Uma segunda-feira gélida e chuvosa em Higienópolis. Ainda eram 16h quando liguei ao Chilli Pepper Single Hotel para sondar sobre a frequência naquela tarde e informaram que havia 5 homens na casa. Duas semanas antes, a essa hora, não havia vivalma (exceto eu e os pedreiros) e mais tarde tinha ficado bem divertido... resolvi arriscar - também por ter acontecido a parada gay na véspera. Cheguei às 16h40 e já tinha bastante gente. Melhor, tinha muitos homens bonitos - parecia a boa e velha 269 renascida. A própria casa estava funcionando um pouco melhor. O aquecimento por exemplo. Já os chuveiros, jacuzzi e piscina... frios. Os chuveiros até esquentam, mas até que se consiga regular a temperatura, já acabou o banho. Logo que cheguei, tomei banho ao lado de um carinha muito bonitinho. Só tomamos banho juntos - apesar de ambos termos ficado de pau duro. Depois soube que o nome dele é Beto.

   Quando subi à sauna seca, sentei de frente pra um rapaz bonitão. Um homem grande, loiro, de pele muito branca, e olhos verdes. Corpo bonito, rosto idem. Daquele tipo de homem em quem se percebe a educação na postura, no modo de falar, andar, sentar, em como cruza as pernas ou apóia os pés no chão, até na respiração. Eu reparo. Assim com reparei que ele, por baixo de toda a educação, me olhava com muito interesse.

   Eu também fiquei interessado, mas quando vejo muito homem junto, perco o foco e o bom senso, e caio na velha cilada armada pela vaidade: estou sempre à caça "do melhor", "do mais bonito", "do mais disputado". Comportamento pueril e perverso, típico de viciado, para quem não há satisfação possível. Nessa noite eu fiquei por seis horas ali dentro e ficaria muitas mais. O loiro veio atrás de mim. Eu tinha acabado de chegar,  e ainda estava assimilando o tanto de gostosos presentes. Encostei numa parede justamente para olhar pra um cara que parou a poucos metros e me encarava. Era um corpo extraordinário, de capa de revista, também encostado na parede oposta. Me parecia uma visão: alto, bronzeado, atlético, abdome definido, peitoral inchado, estourando. O corpo molhado reluzia naquele corredor. Toda a sua postura e atitude eram bastante arrogantes. O elegante loiro me havia seguido e parou com o corpo quase colado ao meu, insinuante. Mas eu não desgrudava os olhos do outro. Por absoluta idiotice, era neste que eu considerava "certo" investir. Claro que não fiquei indiferente ao loiro, que, além de distinto, era um homem muito bonito. E estava ali, absolutamente entregue. Na  minha menor deixa, veio me beijar. Sabia beijar, era cheiroso, atraente - mas não exatamente sexy. Pelo menos não à primeira vista. E eu o beijava ainda de olho no outro cara, que parecia hipnotizado pelo nosso beijo e algumas vezes fez menção de se aproximar. Mas quem se baseia exageradamente na própria atratividade física, teme ser esnobado. O loiro percebeu a situação. Eu queria  muito que o moreno se juntasse a nós. Chegou a ensaiar uns passos em nossa direção quando viu que o loiro me puxava para uma cabine, mas não veio.

   Nos fechamos na cabine escura e vazia. Claro que eles querem alugar os quartos, portanto não há cuidado algum com as cabines. Não há iluminação, lugar onde sentar, onde guardar suas coisas, sequer um gancho para pendurar as toalhas. Mas pelo que vi, os quartos comuns também deixam a desejar: são cubículos onde mal cabe a cama. O espaço que resta é só para ter como abrir a porta. E mais nada. Ah, sim: tem luz. Pra que chamar de hotel? O "quarto" não tem banheiro, não tem armário, você não pode deixar seus pertences lá e sair à cidade. São centenas de quartos e, pensando que tinha apenas uns 10 alugados naquela noite, me parece um desperdício de espaço. Mas voltemos à cabinezinha. Foi bom, viu? O moço era um gostoso. Chama André, 31 anos, paranaense, mora no Maranhão, onde leciona direito. A transa começou com muito carinho, mas depois que eu meti, ele perdeu a compostura e a coisa ficou quentíssima. Gostava que eu fosse um pouco rude com ele. Às vezes gosto desse papel. Fodi bastante mas não consegui gozar. Ele gozou. Senti nitidamente suas convulsões quase estrangularem o meu pau. Ainda nos beijamos e o chupei outra vez, já flácido e úmido de sêmen fresco.

   Fomos tomar banho juntos mas seu chuveiro não esquentava e ele foi procurar no outro banheiro. Aquele grandalhão moreno parou em frente ao meu chuveiro. Era um puta homem, de virar a cabeça de qualquer um. Reconheci o corpo, a tatuagem, mas o rosto me surpreendeu visto de perto e na claridade do banheiro: bonito pra caralho, parecia um modelo internacional! Me olhava de alto a baixo e deu uma discreta guinada de cabeça, indicando para onde eu deveria ir. Caminhava lentamente sem olhar para trás, dirigindo-se ao escuro. Encostou na parede e eu já estava ali, ao seu lado, ao seu dispor. Era bem essa a sua postura, como se dispusesse de mim, como se me fizesse um favor. Pegou no meu pau, me beijou a boca. Mas nada estava acontecendo entre nós; ele me parecia frio, distante, ensimesmado. Não pude deixar de escapar um patético "Nossa!" quando segurei seu pau.

   -Que?

   -Não, seu pau... como é grosso, né?

   Já estava fadado ao fracasso nosso encontro. Mas aquele pau não deveria ser desprezado. Ao menos para incluir no meu curriculum vitae. O arrastei para outro canto. Agora funciona uma sala de vídeo, bem esquisita, diga-se. É uma sala relativamente grande, mas tem apenas duas ou três poltronas (daquelas reaproveitadas da 269). Ao invés de um telão, são seis ou oito telas agrupadas que exibem o mesmo filme simultaneamente. Não sei como funcionará quando passarem algo que preste naquilo, mas com um filme feio, cheio homem sem graça e luz estourada, estava uma merda. Puxei o grandalhão para uma saleta  à qual só se tem acesso por essa sala de vídeo. Da outra vez que estive lá, era uma sala azulejada de branco, que tinha me parecido uma cozinha. Agora é só uma dark room.

   -Puta cheiro de mijo! - eu disse

   É uma sala esquisita, ainda não entendi bem a planta. Estava com um cheiro forte de urina, como banheiro de boteco de beira de estrada. Realmente eu odeio gente porca. E olha que meu nariz estava super entupido. O melhor era resolver aquilo logo. O cara me encurralou na parede, me beijava e pegava na minha bunda. Fui deslizando minha boca pelo seu corpo e, com muita dificuldade, chupei o cara. Só tinha visto um pau tão grosso uma vez na vida. É desconfortável na boca. Imaginei se ele quisesse me comer. Como era um cara esquisitão, poderia ser uma péssima experiencia. Rodeei seu corpo e fui lamber a bunda. Ele me ergueu e disse que ia dar uma volta. Mesmo sendo uma loucura de bonito, não fez falta.

   Desci à sauna a vapor. Agora, a piscina foi inaugurada. É um espaço bonito, mas piscina gelada naquele frio... quem se habilita? Na sauna, sentadinho no fundo, o garoto bonito que tomou banho ao meu lado quando cheguei. Mais pra magro, mas o corpo é bem gostosinho, harmonioso. Boa altura, pele bronzeadíssima, com uma marca bem definida de sunga, a bundinha bem branca e carnuda. O rosto é lindo, de garoto. Já o tinha visto também na sauna seca, onde conversava com o amigo que veio com ele de Curitiba. Pelo sotaque, pensei que fosse mineiro. Falava de umas festas no Copacabana Palace que ele imagina seletíssima e  que pretende conhecer. Ali, na sauna a vapor, se reacomodou quando sentei perto. Tinha modos bastante másculos e até um pouco sisudos. Ajeitava a toalha para mostrar um pouco o corpo, mas não olhava para mim. Olhava tudo, menos pra mim. E só estávamos nós dois ali dentro (nem considero o tiozão gordo que boiava na jacuzzi iluminada). Apesar disso, era claro que queria que eu me aproximasse. Mas quanta inabilidade... O que fazer? Chegar "chegando", na xinxa? Não me sentia confiante pra isso. Botei o pau meio pra fora e fiquei brincando. Ele fez o mesmo, mas continuava olhando para o ar. Levantei, de pau bem duro (deixei que ele notasse) e fui sentar pra longe da jacuzzi, num nicho perto de um dos chuveiros, um cantinho mais reservado. Ele veio atrás e aí me senti em casa. Fui sentar ao seu lado e nos tocamos finalmente. Seu rosto é um amor: cheio, quadrado, nariz arrebitado, sorriso doce, olhos verdes interrogativos. Beto tem 28 anos. Mostrou-se bem disposto, animado. O pau era pequeno, a pele áspera, dava impressão de arrepio. Nos lambemos e chupamos, nos beijamos e foi só. Na verdade, ele tentou me comer e sem camisinha. Paramos por ali.

   Eu estava animado e cada vez apareciam mais caras diferentes e interessantes. Saindo do banho, ao passar pelo corredor, um cara me deu bola. Moreno, relativamente baixo, belo corpo, barba por fazer, rosto bonito, sexy. Eu ia passando e voltei. Ele também, e parou encostado na porta de um dos quartos. Ramon, se não me engano é nordestino, não lembro de onde, mas mora faz tempo em SP. Estuda radiologia, 33 anos. Era irresistível tocar seus peitos. Imensos, obviamente inchados pelo uso de anabolizantes, e apetitosos. Me encheu de perguntas e eu o beijei. Docemente.

   -Geralmente detesto cheiro de cigarro, mas este cheiro seu, está me matando de tesão.

   -Estou fedendo muito? - perguntou, rindo - É que acabei de fumar.

   De fato era um cheiro muito envolvente. Suave, eu sentia apenas o tabaco adocicado, um aroma extremamente masculino, que me fez lembrar de alguns homens que conheci pela vida. Tentamos uma das cabines, mas estávamos ambos insatisfeitos, principalmente com a falta de luz. Fomos para o banheiro.

   -Não acredito que você tem 38 anos... Você tá bem, hein!

   -Você que é um gostoso.

   -Gostoso é o seu pau. O meu não vai subir, que eu cheirei.

   -Cheirou?

   -Pó - riu.

   -Sei... quero que você me chupe, pedi.

   Ele chupou gostoso. Eu já sentia uma dor no abdome, precisava ejacular. Pus a camisinha e meti naquela bundinha. Demoro pra gozar geralmente, e isso me atrapalha. Ele cansou e tirou meu pau de dentro.

   -Você tomou Viagra? - perguntou.

   -Porque?

   -Seu pau não amolece!

   -Vai amolecer com um gostoso como você? Mas... tá, eu tomei mesmo.

   -Seu safado. Que sorriso lindo que você tem.

   -Você também. Você é todo bonito.

   Ficamos nessa rasgação de seda e não passou disso. Ele não conseguia fazer levantar o pau e eu não conseguia gozar - dois fracassados. Nos separamos, desci ao bar. O barman dessa noite era ainda mais gostoso que o da primeira. Lembrava um pouco o Tuca Andrada, porém bem mais jovem, bem mais magro, bem mais bonito. Alto, cabelo moicano, cavanhaque, charmoso, gestual sexy. Eu teria trocado qualquer cliente da sauna por ele. Teria trocado qualquer habitante de SP por ele naquela noite. O Beto também teria. Ficou boa parte da noite azarando o rapaz, que se portou com muito profissionalismo. Foi simpático, mas manteve a distância do cliente. Sobre o Beto, percebi que ele mais gosta de falar, só o via conversando, com vários caras diferentes. Quando estava subindo a escada outra vez, cruzei no meio dela com um funcionário da sauna, ex funcionário da 269, com quem eu transei algumas vezes. Pela forma como me olhou quando nos cruzamos, tive certeza de que ele se lembra de mim tão bem quanto eu dele. Continua gostosinho. Passei por ele e me voltei sorrindo. Ele é um puta safado, pegava quartos da sauna e se enfiava lá dentro comigo. Nem tenho certeza se ele é funcionário ou sócio. Lá em cima, passando pela região das cabines, vi uma que estava aberta, e dentro dela, um rapaz completamente nu, esperava. É escuro por ali, mas no corredorzinho tem luz, e reconheci o cara. É bonito, corpo lindo, forte, tatuado. Rosto interessante, bastante incomum, cabelos castanhos na altura dos ombros, levemente ondulados e um tanto armados. Um cara esquivo, de semblante fechado. Agora parecia tão desprotegido, olhando para o teto, sozinho. E nu. Fui chegando lentamente, ele me notou. Quando cheguei à porta da cabine, moveu-se para o fundo, para me dar espaço pra entrar. Fechei a porta e agora eram só o tato e o olfato nossas únicas possibilidades. Ele pouco se movia. Um corpo firme, bom de segurar, de apertar. E um cacete gigante. Eu o tocava e ele quase não respondia a nenhum estímulo. Apenas, às vezes, virava o rosto para beijar minha boca. Apalpei a bunda musculosa e percebi que ele estava lubrificado. Quando tentei afastá-lo da parede, para que virasse o corpo para mim, pegou sua toalha e saiu da cabine. Foi tão brusca a quebra de ação que me desestabilizou. Peguei minha toalha também e saí, como se nada houvesse acontecido. Ele estava parado no corredor iluminado. A impressão que dava, pelo modo como parava e me olhava, era de que tinha repensado e queria voltar. Mas cadê paciência? Pouco depois, no chuveiro, ele veio encostar o cacetão em mim, fazendo-se de descuidado. Talvez eu não tenha entendido que desde o início ele queria algo sim, mas com platéia. Preferi ignorar.

   Passei na sauna seca (ela tem duas saídas, funciona como um corredor, que liga o banheiro do primeiro andar à ala das cabines) e vi um garoto loiro sentado. Lindo, jovem. Depois cruzei com ele várias vezes nos corredores. Não conseguia perceber se ele me olhava com interesse ou por algum outro motivo. Mexia com alguns caras com bastante desenvoltura. Alto, ombros largos, cabelos bem claros com corte militar. Um molecote, mas cada vez que passava por ele, me sentia hipnotizado. Até que... olhou com mais firmeza, e voltou. Eu já o esperava. Esperava seu abraço, seu corpo molhado, seu beijo. Não houve papo algum: foi exemplarmente direto. O beijo que envolve; e se envolve. Logo segurou meu pau e eu já estava arfante de pensar em comer aquela bunda. Assim que alguém parou por ali para prestar atenção em nós, agachou e tirou meu pau pra fora. Percebi que ele gostava de se exibir naquela situação. Um coroa alto, de óculos, pôs o pau pra fora e ele chupou jundo do meu. O coroa queria me tocar e eu não me sentia à vontade. Não me atraia e eu queria o moleque só pra mim. Sem cortar o clima com o garoto, consegui afastar o coroa e os demais em nossa volta. Pus o menino de costas e lambi sua bunda, ali mesmo no corredor. É muito difícil de se ver uma bunda como aquela. Nem lembro de já ter visto outra igual. Uma bunda de estátua, mármore precisamente polido. O arrastei para uma cabine. Ali as cabines dão acesso para o labirinto, por uma abertura larga. Felizmente ninguém veio nos perturbar enquanto eu o fodia. Virei seu rosto para trás, seu beijo era delicioso.

   -Eu nunca vi uma bunda como a sua, que coisa linda...

   Ele gozou. Eu precisava gozar, era urgente. E nada! Mas que cuzinho delicioso, e que tesão eu sentia desprender-se do garoto. Manuel é o seu nome. E foi praticamente a única informação que trocamos: nossos nomes. Depois de ter gozado, ele veio me chupar, queria me fazer gozar. Custou, eu já ia ficando preocupado. Estava sempre no quase. Quase, quase, mas não concluía. Felizmente consegui. Ele conseguiu. Foi um gozo longo, farto, inteiro engolido pelo Manuel. Tomamos banho juntos, em silêncio. Eu queria continuar com ele, mas tornou-se um mal estar. Algumas vezes, quando o encontrei depois disso, tentei sorrir, esbocei um carinho, um olhar cúmplice. Não o sentia aberto para uma outra aproximação.

   Quem voltou foi o Ramon, e acompanhado. Já tinha reparado no Cássio, moço bonito, todo lisinho, clarinho, macio, corpo perfeito e cara de moleque. Eles se beijavam no corredor dos quartos e o Cássio interrompia pra falar de mim, me apontava, cochichavam, até que se aproximaram. Tinha um clima divertido entre eles.

   -Este é o meu amiguinho Cássio. Como é seu nome mesmo?

   -Yuri.

   -Yuri! Ele gostou de você. Não é bonito o Cássio?

   -Lindo, uma graça.

   -Pára! Assim eu fico mais deprimido. Se eu fosse lindo mesmo, não estaria na sauna.

   -O Cássio precisa dar pra alguém.

   -Estamos aí...

   -Ah não, vai! Não oferece no meu lugar! Você é bonito, mas não é assim também. O Ramon tá viajando.

   -Ele tá desiludido, Yuri. Veio ontem aqui, conheceu um cara...

   -Eu me envolvi emocionalmente.

   -Oh, tadinho.

   Os dois estavam meio drogados. Mexiam com todos os caras bonitões que apareciam. Um deles chamava Gustavo. Um corpo muito chamativo, uma tatuagem linda, gostosíssimo. Demos boas risadas. O Ramon fez o Cássio me mostrar a bundinha, que era linda. Ele tem 22 anos, baiano de Salvador. Mora em SP faz tempo, mas ainda tem um pouco de sotaque. Depois passaram o foco pro meu pau.

   -Olha isto, te disse que ele tem picão.

   -Olha, ele tem mesmo.

   -Eu te disse, eu dei pra ele já.

   Pegaram no meu pau, me beijaram, tudo no meio dum corredor, mas senti que não iria adiante. Resolvi descer, quase decidido a ir embora. No alto da escada, estava parado um dos caras com quem eles tinham mexido. Corpaço, um tipo bem interessante. Desci e olhei pra cima, ele também tinha virado e me olhava. Voltei e o abordei com rara cara-de-pau. Silvio, 30 anos, também baiano (de Vitória da Conquista), morando no Rio. Estava parado ali fazia tempo, observando, um pouco chocado com o esquema da casa.

   -É estranho isto aqui.

   -Estranho como?

   -Não sei... tudo. No nordeste é diferente um lugar como este.

   -Mas no Rio é igual, não é?

  -É. Deve ser, nunca fui. Namorei muitos anos, agora que estou solteiro.

   -E o que você estranha aqui?

   -Tudo. A arquitetura. No nordeste são casa luxuosas, elegantes. Aqui é tudo tão...

   -Frio?

   -Não sei.

   -Que perfume você está usando? Tem cheiro de pitangas...

   Ele parecia um pouco blasé, sempre encostado. Eu o beijava quando "as piriguetes" Ramon e Cássio interromperam. Mais um pouco e estavam comparando meu pau com o do Silvio (favoravelmente a ele, um pau delicioso). Os dois tanto fizeram que logo tinha uma roda em torno. Ramon convenceu o Cássio a dar pra mim e ele queria ali, no topo da escada. A mureta é baixa e tem um fosso altíssimo, fiquei com medo. Morro de medo de altura. Lembrei do judeu que morreu numa queda na 269. Cássio tirou a toalha, pus a camisinha e tentei meter, mas ele não deixava. Outro cara tentou também e eu fiquei nervoso com a irresponsabilidade dos caras diante daquele abismo. Eu tentava conter os corpos do Silvio e do Cássio com meu braço. Eles não paravam de fazer piada e rir, mexendo com todo mundo que aparecia. Uns caras nada a ver se aproximaram, um deles veio chupar meu pau. Silvio, Ramon e Cássio me deixaram ali, com os estranhos. Pouco depois, voltou apenas o Ramon, dizendo que um tal Gustavo tinha me achado lindo e queria me conhecer. Chamou o cara e ele ficou tímido, negou, disse que queria só conversar. Já estava na minha hora e o chamei para vir comigo. Me enfiei com ele num banheiro e tirei a toalha. Ele ficou chocado:

   -Não cara, só quero conversar. Você não deveria ser assim, ficar com esses meninos malucos. Você é um cara bonito, educado, tem que saber se valorizar.

   As piriguetes bateram na porta e foram entrando. Fingiram recato, disseram que não queriam incomodar. Gustavo disse que entrassem, que eu estava "me achando" demais, querendo seduzi-lo e ele estava se sentindo humilhado. Os dois saíram e conversei mais um pouco com o Gustavo. Parecia um bom menino e muito gostoso. Mas eu não teria tempo para tanta enrolação. Na saída, as piriguetes estavam no banheiro com o Sílvio. Este tentava mijar.

   -Quer que eu segure pra você? - perguntei.

   -Daí que eu não consigo mesmo!

   Dei um beijo na boca de cada um dos três e fui embora. Na próxima segunda, eu volto.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Na Maior Sem-Cerimônia


   Finalmente consegui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Tive a visita a um cliente desmarcada de última hora e cheguei em torno das 17h duma quinta feira fria. Já havia estado lá (dei com a cara na porta), por isso o encontrei facilmente, mas da primeira vez havia rodado várias vezes o Largo do Arouche inteiro até encontrar o número 610. Nem parece fazer parte do Largo, fica bem embaixo do Minhocão, a alguns metros do metrô Santa Cecília. Logo na recepção, via-se que a obra ainda não estava terminada. Entra-se num pequeno recinto e através de um vidro preto, o atendente entrega um envelope plástico (providencial para guardar preservativos), amarrado a um cordão de silicone, contendo uma plaquinha com código de barra. Optei pelo armário (locker) e esse código de barra é que abre e fecha a porta. Acredito que os quartos funcionem da mesma forma. É um vestiário imenso, com centenas de portas. Não vi o código de barra, não entendi como abrir o meu armário e fui procurar alguém para me ajudar. Achei o bar. O barman é um negócio! Gatão mesmo. Pelo menos o que atendia naquela tarde (a casa funciona 24h). Tinha outro funcionário ao seu lado, e era óbvio que era este quem deveria me ajudar, mas perguntei ao barman como abrir o armário. Vi pedreiros andando pra todo lado, barulho de obra. Tirei a roupa e logo me dei conta de que era o único cliente naquela imensidão.

   Ainda é difícil analisar o empreendimento como um todo, pois está inacabado e nada está funcionando 100%. Por exemplo, não há uma mísera sala de vídeo (próximo ao vestiário tem uma telinha passando pornô, num lugar em que ninguém nunca vai parar para assistir - e provavelmente todos os quartos sejam equipados com uma), tem um andar inteiro fechado, não tem piscina ainda. Pelo que pude entender, uma das saunas também está inacabada. No térreo, além da área com os armários e o bar, tem um amplo banheiro e uma imensa sauna a vapor. Os chuveiros são melhores que os da 269, acionados com o pé do usuário num botão de borracha que fica no chão, mas a regulagem de temperatura deixa muito a desejar. As torneiras funcionam da mesma forma, acionadas com o pé. Quase tudo é preto e vermelho fogo, como na 269. A sauna a vapor é labiríntica, inteira revestida de pastilhas de vidro azul. Tem uma jacuzzi transparente e iluminada que dá um efeito surpreendente - infelizmente estava gelada. Quando cheguei, esta sauna estava insuportavelmente aquecida e empoçada. Na frente da jacuzzi, ao longo do ralo, formava uma poça gelada muito desagradável. São bonitas as janelinhas redondas (tipo de navio) que ligam a sauna ao bar e corredores. O contraste da iluminação azulada do interior da sauna, com a externa, predominantemente vermelha, é interessante. O bar também é bacaninha, especialmente a estante formada de módulos enviesados revestidos com um tecido que parece lurex.

   No andar superior, muitos, muitos quartos. Um labirinto semelhante ao da 269, outro banheiro parecido com o do térreo, e a sauna seca. Acho que este é o único ambiente que estava muito bem resolvido para o meu gosto. O projeto é bonito, a forma como foi feito o revestimento de madeira e a iluminação embutida. Não gosto de sauna muito quente, e a temperatura estava bem amena (mais para um ambiente com aquecedor que uma sauna propriamente). Ao seu lado, algumas cabines, muitas faltando portas, e todas ABSOLUTAMENTE escuras. Nada pior que pegar um boy bonitão e ficar com ele no escuro, sem conseguir vislumbrar um milímetro sequer do seu corpinho. Tem um ambiente muito bem iluminado e azulejado de branco, parece uma futura cozinha. Perto da escada, três poltronas remanescentes da 269, ESFARRAPADAS, dava aflição de sentar. O som da casa é bacana, muitas vezes excessivamente alto e com longas pausas entre as faixas, mas o repertório Rocker é bem mais interessante do que o que se ouve em casa gays por aí.

   Éramos eu (de toalha e chinelo) e os pedreiros (vestidos, claro). E só, mais ninguém. Nenhum dos pedreiros me pareceu interessante, e todos pareciam muito bem instruídos em não olhar para os clientes. Era um tanto constrangedor e fiquei zanzando para me familiarizar com a "geografia" do lugar. Fiquei até com medo de andar por ali sozinho: é muito grande, muito escuro, muito novo, sem uso, sem vida ainda. Mas dá pra imaginar o que vai ser daquilo em alguns meses. Um sucesso inevitável e importante para aquela parte da cidade. Salivo só de pensar em quando os meninos do Mackenzie e da FAAP o descobrirem. Deitei na sauna seca e quase adormeci. Por volta das 18h, todos os operários se mandaram e começou a chegar gente. Não tardou a ficar bem mais animado.

   E um dos primeiros caras que pintaram era uma gracinha. Mesmo no escuro, fiquei feliz de vê-lo chegar. No breu daquele corredor (logo depois de ter dado uma topada animal num degrau triangular e muito mal localizado) o vi aparecer. Seu andar e silhueta já denunciavam exatamente de quem se tratava. Não é uma beleza clássica, de perfeição de linhas e traços. Mas era o que muito cara lindo não consegue ser: GATO. Bem alto, robusto, um pouco fora de forma, barba por fazer, cabelo castanho claro, liso, de comprimento médio, repartido ao meio, olhos verdes. Garotão, desses que encantam pela simplicidade de caráter, como uma elaboração do que é o ser masculino - ou do que deveria ser. Venho pensando bastante nisso: o que é masculino em essência, o que faz alguns homens terem essa aura de masculinidade que atrai, enternece. Talvez essa noção seja muito subjetiva, pois não falo de "macheza", de estereótipos. A mim não encanta um homem mal cuidado, falando alto, cuspindo e arrotando. Nem uma sexualidade agressiva, ou violência de qualquer espécie. Pra mim tem muito mais a ver com autenticidade, respeito, gentileza... sobriedade, leveza, despreocupação... Não seriam essas características facilmente atribuídas a uma mulher também? Não sei! Mas o garoto tinha esse "não sei o quê" de sobra. Um belo exemplo de homem jovem. Voltei à sauna seca e ele apareceu por lá, puxou papo:

   -É grande isto aqui, hein! - disse olhando pela janela.

   -Grande mesmo. E tem muitas partes fechadas ainda. Parece que vai ter mais um andar.

   -Porra!

   -Primeira vez também?

   -Aqui é, primeira vez. Mas tinha ido na 269. Logo tenho que ir embora. Demorei muito pra encontrar isto aqui.

   -Eu também. Na hora em que cheguei, não tinha mais ninguém, acredita?

   -Ninguém, ninguém? Está vazio mesmo...Achei que fosse estar bombando.

   Eduardo, 23 anos, mora em Ribeirão Preto, apenas de passagem por SP, a trabalho. Já estava sentado ao meu lado e conversava pegando no pau, com a mão por baixo da toalha. Era um pau grande, grosso, bonito. Estávamos os dois com a toalha aberta, sentados na bancada, nos masturbando e conversando. É um ambiente pequeno e os caras que iam chegando passavam por ali, e iam ficando, nos olhavam com curiosidade, e começou a ficar desconfortável. Procuramos uma cabine ali perto. São muito escuras, não há ganchos onde pendurar as toalhas, nem uma mísera cadeira: não tem nada. Nada. Pus as camisinhas no chãos e nos beijamos. Nosso contato foi muito prazeroso, tudo funcionava, fluía. A gente se chupou várias vezes e ele queria me comer. Perguntei se ele me deixava lamber sua bunda e ele respondeu que brocharia.

   -Deixa eu por a camisinha e ficar brincando nesse cuzinho? - perguntou.

   -Seu pau é muito grande, cara...

   -Não vou te machucar.

   Ele pôs a camisinha. E o discurso mudou, agora queria pôr "só a cabecinha". Sussurrava no meu ouvido, beijava minha nuca. Eu estava encostado com o rosto voltado para a parede negra de madeira, imerso no absoluto escuro. Comecei a sentir vontade de que ele me comesse. Foi difícil e demorado, e ele manteve a ereção imperturbável por todo o tempo. Lá pela metade, pedi que parasse. Tirou o pau de dentro e voltou, deslizando suavemente. Quando me dei conta, já estava inteiro acomodado dentro de mim. Só quando se movia, eu não suportava a dor, mas de resto era muito excitante. Eu sentia meu esfíncter esticado, sentia a pressão do membro em meu interior. É estranho, mas excita. Tenho pouca experiência mas venho praticando muito mais que em qualquer época da minha vida. Acho que no último ano, dei mais que no resto da vida toda. Ele me masturbava:

   -Consegue gozar com meu pau dentro?

   -Você não quer gozar?

   -Não consigo assim. Demoro muito.

   Eu gozei, urrando de tesão, foi muito intenso. Tomamos banho, conversamos um pouco, demos umas bandas pela sauna e nos separamos. Sempre que nos cruzávamos, ele me fazia um carinho, me beijava.

   -Que beijo bom! - dizia.

   Uma graça de menino.

    O segundo tinha chegado mais ou menos na mesma hora que o Eduardo. Garoto ainda, era bem bonito de rosto, corpo OK, mas com uma barriguinha esquisita. Nos encontramos nos corredores onde fica a maioria dos quartos e ele me guiou à mesma cabine em que havia estado com o Eduardo havia poucos minutos.  Não conversamos, não sei seu nome. Também não houve beijo. Assim que nos fechamos na cabine, ele abaixou para me chupar. Depois, eu o fodi com ímpeto surpreendente para quem tinha acabado de gozar. Claro que foi difícil gozar outra vez, com um intervalo tão curto. Voltou a me chupar e me masturbava com uma mão, enquanto a outra explorava minha bunda. Eu segurava seu crânio e o guiava para onde queria que sua boca se dirigisse, entre meu pau e os testículos. Algumas vezes não sinto nada quando me lambem o saco, no entanto muitas vezes fico enlouquecido de tesão. Meu coração disparava quando o menino lambia minhas bolas. Eu me masturbava e ele introduziu um dedo em mim. Quando percebeu que eu estava perto de gozar, meteu dois dedos e me fodeu com vigor. Gozei na sua boca. Pôs-se então de costas para mim, se masturbava. Eu o abracei por trás, mordiscando sua nuca e costas, até ele gozar. Seu corpo desgovernado sacudia, jogando todo seu peso em todas as direções. Eu tentava contê-lo em meus braços. A respiração funda e ofegante foi acalmando com a massagem que fiz em suas costas, nas nádegas, no pescoço. Ficamos assim por uns dez minutos, até nos despedirmos.

   Tinha mais uns caras interessantes na sauna quando voltei a circular: um alto, com tipo de gringo e rosto muito bonito (apesar de o corpo ser meio desproporcional); um garoto moreno, de corpo bem bonitinho.  E outro novinho, loiro. Apareceu no corredor e me chamou para uma cabine perto do labirinto. Pus a camisinha e comi. Mas eu tinha gozado duas vezes em pouco tempo e perdi a ereção. Ele veio me chupar e lambeu minha bunda. Não percebi quando tentou meter o pauzinho em mim. Assim, sem aviso, sem camisinha, sem lubrificação - e sem noção. Apesar de ser um pau pequeno e fino como uma salsicha, que dor lascada! E que ódio!
 
   -Porra moleque, não faz isso, caralho! - gritei.

   Ele não se deu por vencido e voltou a me chupar. Até conseguiu me reanimar e eu fiz bobagem. Meti nele sem camisinha. Dei umas estocadas e tirei, saí da cabine.

   Desci, precisava descansar e ver as horas. Passando pelo bar, vi um dos funcionários da casa, que tinha trabalhado na 269. Ele é bonitinho, fiquei com ele algumas vezes nos quartos da 269. Dentro da sauna a vapor, tinha um coroa até interessante, saradão. Reparei mais num outro cara, de barba bonita, escura. Bem alto, costas largas, corpo razoável, rosto bonito. Tinha um pouco de barriga, talvez mais um problema postural que de gordura. Voltei ao primeiro andar e pouco depois ele veio sentar junto de mim numa das poltronas esfarrapadas do corredor. Roberto, 28 anos, mineiro, faz pós em SP duas vezes por mês. Visto bem de perto, conversando (apesar do sotaque mineiro pelo qual tenho uma incorrigível e gratuita antipatia) era muito agradável e seu rosto, encantador. Ficamos excitados e apareceu um outro cara, que parou diante de nós. Corpo bonito, nada extraordinário, mas bastante desejável. Magro, claro, todo lisinho, pés bonitos. Como paramos para olhá-lo, ajoelhou, na maior sem-cerimônia possível, e engoliu meu pau. Roberto olhava tudo com atenção e pôs o pau pra fora. Lindo. Eu acho lindo o pau com prepúcio volumoso. Nos beijamos, suavemente de início. Conforme o beijo foi esquentando, e consequentemente fomos perdendo contato com o cara que me chupava, este nos deixou a sós. Procuramos por uma cabine, várias delas não tinham trinco. Quando encontramos uma que fechava, Roberto observou:

   -Não tem luz alguma aqui... venha aqui, quero te ver no claro.

   Me levou a um dos banheiros. Foi meio difícil encontrar um que estivesse limpo, em condições de uso. Realmente era uma outra coisa chupar aquele pau no claro.

   -Ele não abre todo? - perguntei.

   -Não, só até aqui. Vou operar. Na verdade isto é uma despedida.

  Pela fimose, a glande não se expunha completamente. Deve dar um trabalhão pra deixar limpinho como estava.

   -Mas não tira tudo, é tão bonito assim.

   -Não, não vão tirar. Acho que vai ficar quase igual. Também gosto assim.

   Ele me chupou também e eu quase gozei. O virei de costas e lambi a bunda dele. Cuzinho apertado, quase oculto por pelos que se agrupavam só ali, entre as nádegas. Saquei que ele não ia dar pra mim. Em mais alguns minutos nos separamos.

   Eu tinha hora, ia assistir a um show do Arrigo Barnabé, ali perto, no Sesc Anchieta, às 9h. Fui me trocar. Quando eu estava quase completamente vestido, no armário exatamente ao lado do meu, chegou um cara beeem interessante. Gostoso pra caralho - pra ser mais preciso.

   -Cara, como será que abro este armário? - perguntou.

   -Empresta aqui o cartão - ensinei.

   -Pô, valeu! Tá indo embora?

   -Tô, tenho um compromisso. Cheguei na hora errada, né? Que droga...

   -Agora é a hora, fica aí! - disse rindo.

   -Tenho que ir mesmo.

   -Como está a coisa aí dentro?

   -Fraco.

   -Eu queria que tu ficasse. Você é lindo.

   Me beijou. Muito bem, diga-se. Eta homem cheiroso! Eta boca gostosa! Estava só de jeans e chinelo, e era visível que seu pau já estava em ponto de bala. O meu também. Enquanto nos beijávamos, peguei no pau dele, sobre a calça.

   -Eu queria te chupar.

   -Você tá me deixando louco.

   Terminei de me vestir, peguei minhas coisas no armário e o chamei para irmos ao banheiro, ali ao lado. Tirou a calça, enrolou-se na toalha e me seguiu. No térreo, os banheiros também estavam meia-boca. Peguei o mais espaçoso deles, destinado a cadeirantes, que estava OK. O nome dele é William, clínico, 40 anos. Ficou satisfeito por eu dizer que não aparentava essa idade, mas era uma meia verdade. É um homem bem bonito, alto, um touro de forte. Corpo largo, maciço, naturalmente sem pelos. Os cabelos, cortados rente, começam a branquear. Ele aparenta a idade que tem, mas em ótima forma. E tem um pau delicioso. Talvez eu não seja tão exigente, pois acho a maioria dos paus dos caras que me atraem, deliciosos. Ou talvez eu tenha um radar pra escolher caras com paus deliciosos.

   -Levanta, vira aqui que eu quero ver a tua bunda. Olha que bundinha gostosa. Quer dar pra mim? - perguntou.

   -Não. Seu pau é muito grande.

   -É nada. Devia ter pego uma camisinha... Pega lá.

   -Tenho que ir.

   -Só a cabecinha, deixa.

   Ele já estava quase metendo em mim. Virei de frente pra ele.

   -Já deu pra alguém aí hoje?

   -Até dei. Não sou de dar, mas dei.

   -Pegou vários caras?

   -Peguei os que me interessaram.

   -Você pega mesmo, pega quem você quiser. Você é lindo.

   -Até parece.

   Minha voz estava sumindo. Acho que fiquei um pouco tímido. Era estranho estar vestido na sauna, de pegação com um desconhecido pelado. Estranho e excitante. Fico constrangido quando o cara chega dominando geral, como se pudesse fazer comigo o que bem quiser. Agachei outra vez pra chupar.

   -Peraí que assim eu gozo!

   -Goza.

   -Agora não, tô chegando, bonitão. E você tá indo embora.

   -Vem aqui, deixa eu te chupar mais um pouco.

   Ele veio, eu chupei e me masturbei até gozar. Ofereceu sua toalha para eu me enxugar. 

   -Vou indo então... Estou atrasado.

   -Espera, eu saio com você.

   Foi mijar. Jorrava com muita força, demorado. 

   -Pega meu celular, quero te ver outra vez. Você me dá um puta tesão.

   Anotei seu nome e celular na minha agenda. Me despedi com uma palmada na sua bunda e um beijo na nuca.

   Arrigo Barnabé é o cara!