Mostrando postagens com marcador Juliano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Juliano. Mostrar todas as postagens

sábado, 7 de julho de 2012

Aquela Cara de Cafajeste


   Ansioso, cansado e com um cara na cabeça - foi como cheguei à sauna, por volta das 17h30 duma fria segunda feira. O tal cara é a maior roubada dos últimos tempos - paixão platônica, fadada à platonice eterna - mas não me parece fácil livrar-me desse fantasma. Só de pensar nele, sinto-me estrangular. E o coração disparado. Mesmo agora, enquanto escrevo, a sensação de aperto na garganta me intriga.

   A primeira impressão do "casting" daquela tarde foi desoladora. Entretanto, com paciência, sempre tem aparecido alguém interessante. Quando passo por longos períodos frequentando esses lugares, o sexo vai perdendo grande parte do encanto e, consequentemente, do sentido. Torna-se automático, superficial, depois obsessivo e, finalmente, uma obrigação a ser cumprida.

   O tempo ia passando e naquele dia só apareceu um cara que era realmente bonito: cara de bom moço, um tipo de beleza não muito chamativa, a qual talvez faltasse agressividade, força. Era um homem suave. E inteiro bonito. Eu o perdia de vista facilmente. Muitas vezes o confundi com um garoto de altura e cabelo parecidos. De passagem pelo banheiro do primeiro andar, vi o bonitão parado, conversando com um sujeito - este musculoso e muito tatuado, ostentava uma indisfarçável cara de cafajeste. Foi este último quem mexeu comigo. Passou a mão na minha bunda e soltou uma cantada surrada, preguiçooosa. Eu estava tão concentrado no outro cara, que nem percebi que já conhecia o tal cafajeste - era o Chico, com quem fiquei da vez anterior que havia estado ali. Ri da brincadeira (que se apagou da minha memória rapidamente) e segui reto.

   Um pouco mais tarde, descendo as escadas, cruzei com o bonitão apagado, outra vez acompanhado. Mas desta vez nos olhamos e foi ele quem  falou comigo:

   -Já está descendo?

   -É, ia descendo... - eu disse, dando meia volta.

   -Ainda não é hora de descer! - disse, rindo. O menino que subia conversando com ele, desapareceu nesse instante (ao menos da minha percepção). Subimos ao corredor do primeiro andar. Eu estava flutuando:

   - Qual é o seu nome?

   -Cauã e o seu?

   -Yuri. Quantos anos você tem?

   -Trinta e dois. O meu amigo que gostou de você, né? - disse, apontando.

   Era o Chico que passava por nós (só então o reconheci). "O meu amigo que gostou de você", essa frase ainda ecoava desconfortavelmente na minha cabeça. E se mostrava um péssimo sinal.

   -Vieram juntos? - perguntei.

   -Não, a gente se conheceu aqui. É Victoria's Secret?

   -O que?!

   -Esse hidratante, é Victoria's Secret?,

   -Não... e nem é hidratante... eu não uso - perdi-me sem compreender porque ele falou com tanta certeza que eu usava um hidratante - Tomei banho aqui mesmo... Ou talvez seja o perfume que passei de manhã.

   O Roger apareceu no corredor, passou por nós, me cumprimentando.

   -Seu amigo?

   -É, um conhecido.

   -Se conheceram aqui também?

   -Não, já nos conhecíamos de outros lugares. (pausa - eu o olhava diretamente nos olhos, fascinado por sua beleza austera e elegante) Você é um homem muito bonito - eu disse finalmente,  tocando-lhe o ombro. Ele também me tocou levemente:

   -Obrigado! Bom, vou dar uma volta. A gente se fala... - e saiu com uma piscada de olho.

   Fiquei estático e pensativo por alguns momentos naquele corredor escuro. A luminosidade da porta do grande banheiro chegava até mim, bem como as sombras frenéticas de seus usuários. Era um daqueles momentos em que o tempo fica em suspenso. Despertei quando um garoto me abordou. Foi muito simpático, mas não era definitivamente o tipo de homem que me atrai. Moleque (23 anos), negro de pele clara. Não que fosse horroroso, mas não tinha nada que me interessasse. Em alguns minutos, o Roger veio juntar-se a nós, propondo um ménage e aproveitando pra se esfregar em mim. O nome do garoto é Gabriel, de Salvador. Quando a atenção do Roger voltou-se para o menino, eu me mandei. O carinha veio atrás de mim:

   -Espera! - vinha arfante - Aquele lá é tarado, né? Eu gostei muito de você... Veja aqui - disse, puxando minha mão para o seu pau.

   Notei que estava duro e era gigantesco. Tocá-lo me deixou de pau duro também - e isso me surpreendeu. Ele me puxou para uma cabine, me chupou e beijou. Por mais que fosse super simpático, cheiroso, que me chupasse gostoso e tivesse um pau lindo, eu só pensava em sair dali. Mas ele inventou de pegar um quarto para ficar comigo.

   -Não, bobagem, está bom aqui...

   -Eu quero no quarto! Você merece um quarto.

   -Não, deixa quieto...

  Me puxou pelas escadas e não sossegou enquanto não trocou o seu armário por um quarto. Conversamos um pouco, mais sobre suas atividades profissionais. Na cama, eu o beijava pensando no meu rolinho platônico:

   -Que beijo! Você é uma delícia... Quer me comer?

   -Não... Não estou a fim

   -Por que não?

   -Estou cansado. Vou dar uma volta.

   -Dá seu numero pra mim?

   -Anota... (fiz a burrada de dar o número certo)

   -Se você vai embora, eu vou pro hotel. Não tem mais nada pra fazer aqui. Não quero te ver com outros caras.

   Eu me sinto mal de ficar com alguém só pra ser simpático, de sucumbir a alguém insistente (dramático, no caso), e também de interromper uma transa. Tenho a impressão de ser incapaz de aprender a respeitar meus limites.

   O Chico passava pelo corredor vazio, e parou quando me viu. É um corpo tão lindo! Ele não é tão alto quanto eu me lembrava, talvez 1,85m. E seu rosto é mais pra feio. Parece uma década mais velho do que diz ser e, não sei por quê, não me parece confiável. Aquela carinha de cafajeste. Mas me atrai muito. É másculo, gostoso, simpático, sedutor. Eu me aproximei e entramos num hallzinho escuro. Nos beijamos. O contato com ele me deixa sempre instantaneamente excitado. Virou-se de costas e pediu em sua voz grave e rouca:

   -Chupa o meu cu.

   Deslizei a boca por suas costas, pelo cóccix, pelos glúteos. Reconheci o cuzinho com a ponta da língua. Ele o mantinha, como da outra vez, sempre tenso.

   -Relaxa, deixa eu meter a língua em você.

   -Vamos pro banheiro - sussurrou.

   Me puxava pela mão. Roger e Cauã conversavam e viram quando entramos num dos chuveiros reservados, com porta. Demoramos ali dentro. Nos chupamos de cabo a rabo (literalmente) e eu fodi aquela bunda gostosa outra vez. Ele tinha trazido um envelope de lubrificante, mas mesmo assim foi difícil de penetrar.

   -Fica de quatro pra mim?

  -Aqui vai ser difícil, hein? - disse avaliando o chão, com evidente repulsa.

   Gozei dentro dele e foi muito forte, cheguei a ficar zonzo, com o coração disparado, latejando na garganta, a respiração ofegante - até pensei que fosse ter um troço. Antes de tirar o pau de dentro, esperei que ele gozasse também. Minha camisinha estava cheia, dei-lhe um nó e deixei num canto. Tomamos uma ducha, banhei seu corpo minuciosamente. Como na semana anterior, depois da transa, ele deitou num banco da sauna seca e ficou quieto, aéreo, parecendo amuado. Mais um pouco e fui sentar ao lado da sua cabeça, acariciando seu peito.

   -E aí garotão, aprontando muito? - perguntou como se não me conhecesse.

   -Um pouquinho...

   -Já gozou?

   -Já. Dentro de você.

   -Foi? (pausa) Sabe fazer massagem?

   -Me diga você...

   Ele se virou de bruços e o massageei. Pediu que me concentrasse no ombro esquerdo, sobre o qual teria dormido de mau jeito. Abaixei um pouco a sua toalha e lambi seu cóccix, a lombar. Só de pensar naquela bunda, meu pau fica duro. Deitei sobre seu dorso por alguns minutos e me despedi:

   -Está muito quente aqui.

   O bartender era o moicano gato. Sorriu pra mim quando notou que eu seguia um rapaz bonitinho que passou pelo bar em direção aos armários. Era bem jeitosinho até e o reencontrei lá em cima, no labirinto. Olhava pra mim, sempre esperando que eu me aproximasse. Boa altura, bom corpo, rosto agradável, jovem. Entrou numa cabine sem portas e o segui. Nos tocamos, nos beijamos, mas não rolava, não encaixava. Seu toque era mole, displicente, medroso. A pele, o beijo, o cheiro - nada me seduzia. Deixei-o só, e quando o reencontrava no claro, era outra vez fisgado pela sua beleza comum, pelo seu olhar indefeso. Sempre parado sob um foco de luz, sempre solitário.

   Nos corredores, reapareceu o Chico e me puxou. Estava conversando com um cara que me apresentou como sendo seu primo. É o mesmo grandalhão mortiço também presente na semana anterior, que o Cássio disse ter pau pequeno. Outro corpo lindo e rosto relativamente feio (exceto pelos claríssimos olhos verdes). Tem cara de caipira e seu nome me lembro ser Juliano.

   -Primo, este é o meu marido, conhece?

   -Você casou, primo?

   -Tá aqui, meu marido.

   Pelo que entendi, são de Santa Catarina e moram juntos num apartamento ali perto da sauna. O Chico começou a me beijar e o outro fez-se de horrorizado. Virou-se de costas para nós, com as mãos postas, pedindo a Deus que nos salvasse e iluminasse nosso caminho de perdição. Mais um pouco e ele se foi, ainda rindo, o rosto ruborizado - parecia um pouco envergonhado de verdade.  É decepcionante a ingenuidade que pode esconder um monte de músculos. Chico queria mais massagem. Virou de costas no meio do corredor vazio e abaixou a toalha. Eu o massageei e lambi sua bunda. Entramos numa cabine sem porta, parcamente iluminada, e continuamos nossa "massagem". Não sei estar ao seu lado sem lamber aquela bunda, simplesmente não sei! Agora ele teve uma iluminação repentina:

   -Lembrei de você, da semana passada.

   Falou minha profissão, minha cidade natal, minha idade. Também queria o meu telefone. Descemos e fiquei surpreso por ele saber qual era o meu armário. Disse que me viu chegar. Anotei seu numero na agenda do meu celular e ele se foi. Olhava pra trás e baixava a toalha, mostrando a bunda que eu tanto havia exaltado, como quem dissesse: "Olha o que tem aqui, me liga". Eu ria como otário, hipnotizado por aquele corpo Michelangeliano. Tá na cara que se trata de um sacana, mas dá vontade de revê-lo. Mais tarde, reparei em dois garotos bonitinhos, estavam sempre juntos, conversavam bastante, riam. O de corpo mais bonito, encontrei na sauna seca e sentei-me a sua frente. Pouco depois, veio o Chico e sentou do meu lado, olhando pro guri também, ignorando a minha presença. Parecia uma disputa. Não contente, foi sentar ao lado do garoto, e como este continuava olhando pra mim, cruzou as pernas e pôs-se a olhar em minha direção também. Eu não entendia o que se passava. Não sei se ele estava interessado no garoto, se em mim, se queria disputar o carinha comigo, ou se era só birra, pra atrapalhar o meu rolê. Olhava na minha direção como para um objeto, sem expressão que se comunicasse comigo. Aquilo ia me irritando num crescente desgovernado.

   Desci pro bar e sentei numa poltrona. Já era outro bartender, o único sem graça que vi ali. Um tipo bastante espalhafatoso se aproximou, conversando alto com o atendente, com carregado sotaque nordestino:

   -Opa, que já tem bofe bom por aqui!
 
   Vinha em minha direção e parecia referir-se a mim. Chegou pondo a mão, e só falava merda. Era um homem de uns 50 anos, horroroso, vulgar e sem um pingo de educação. Talvez estivesse drogado. Levantei-me sem palavra, bufando de ódio. Voltei ao primeiro andar e me aproximei dos dois garotos que andavam juntos. Quem sabe? Eu topava os dois! Aquele demônio nordestino teve a mesma ideia e chegou pegando no mais magro dos garotos. Acabou virando uma briga horrorosa, gritaria, troca de palavras nada polidas. "Pronto, acabou a noite", pensei. Dei um tempinho para descer, acuado num dos cantos do labirinto. Não gosto de briga, de confusão gratuita. E o garoto veio pra perto de mim. Usava uma cueca preta e trazia a toalha na mão. Era bem definidinho de corpo, moreno, bonitinho. Entramos numa cabine e nos fechamos. Seu nome é Dagoberto, de Porto Alegre, 23 anos. Está temporariamente em SP e pretende mudar-se pra cá. Nosso entrosamento foi muito bom, fluido. Seu beijo era delicioso, seu cheiro envolvente. Tinha um pau grande, uncut, cujo prepúcio me impressionou pelo tamanho e maciez. Funcionava perfeitamente, expondo a glande inteira, mas quando fechado, mesmo com o pênis totalmente ereto, sobrava muita pele na ponta. Era muito gostoso de chupar.

   -Você curte o que? - perguntou.

   -Sou mais ativo, e você?

   -Também.

   -Mas você dá?

   -Difícil, mas vamos tentar... (pausa) Eu quero.

   Comi, e nem foi muito difícil. Fodi bastante e tirei, cansado. Ele queria me comer agora. Até tentei. Ele pôs a camisinha, lubrificamos bastante com saliva, mas não consegui. Nada, nada...

   -Goza no meu pau? - pediu.

   -Como?

   -Goza no meu pau!

   E foi assim, tocamos uma punheta juntos, gozei sobre o pau dele e em seguida ele também gozou. Depois do banho, nos despedimos friamente, com um aperto de mão.