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domingo, 27 de maio de 2012

Baba nas Coxas


   Quinta-feira à tarde, fui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Dependendo do horário, não me sinto muito à vontade no centrão. Além da feiura e degradação, dá medo: fui assaltado ali perto há alguns anos e fiquei meio traumatizado. Três demônios me espancaram por um mero celular. Foi difícil encontrar o tal hotel e, ao chegar, fui informado de que ele fechou, uma semana após a inauguração, para finalizar a obra. Que fazer? For Friends salva!

   Fazia quase um mês que eu não entrava ali. No chuveiro, ao meu lado, tinha um belo homem. Um belo de um velho, na verdade. Em geral não sinto atração por caras mais velhos que eu, mas era um puta corpão, cabelo farto completamente branco, cortado curtinho, rosto muito jovem, pele bronzeada. Só dava pra ver que tinha idade por causa do cabelo. Talvez nem fosse tão velho mesmo, mas o cabelo era branco, branco, branco. Fiquei com vontade de pegar, tive chances (diversas vezes ele se insinuou e, ainda por luxo, sabia ser sexy o coroa!) mas as desperdicei. Provavelmente por puro preconceito.

   Também de passagem pelo chuveiro, olhei um garoto que se lavava. Reparei mais no pau dele, bonito de doer. Um cara branquinho, sem pêlos, usava uma barbinha curta. Não tinha nada de mais (exceto o pau) mas é o tipo de cara de que gosto. Na sauna tinha outro cara com as mesmas características, eu os confundia toda hora. O outro era até mais bonitão, mas foi o primeiro que veio sentar ao meu lado na sala de vídeo. Ali, à meia luz, me pareceu bem bonito de rosto. Chama Renato, 23 anos, DJ. Além de DJ tem uma outra profissão que eu esqueci completamente. Ficamos no sofá conversando e nos pegando por mais de uma hora. Todo ele cheiroso, macio. E aquele pau. Tenho um amigo que não entende quando eu digo que fulano tem um pau bonito: "Mas bonito por quê? Pau não é tudo igual?". E é viado quem me fala um absurdo desses! Pois o pau desse Renato é lindo, lindíssimo. Chego a ficar emocionado quando encontro um destes. Sem cinismo, me emociono mesmo. Além disso, é um menino super querido, me enchia de carinhos e elogios. Quando um magricelo veio sentar ao nosso lado, sugeri que fôssemos para o banheiro.

   Na cabine a iluminação é bem melhor e fiquei um tanto decepcionado com o resto dele (o pau é sempre a exceção). Um tanto fora de forma para a sua idade, cabelo desleixado, meio falho. Não era bonito definitivamente. Mas tinha aquela joia no meio das pernas. E era fofo, muito fofo. Às vezes acontece de o tesão do outro nos contagiar. Pediu algumas vezes que eu encostasse na parede para olhar pra mim:

   -Puta que o pariu, como você é gostoso! Nem sei o que fazer com você...

   Eu me sentia bonito mesmo, tinha tomado sol e acabado de cortar o cabelo. Fizemos basicamente sexo oral. Fiz menção de meter na sua bundinha, mas não fui adiante. E quando ele me imitou, cheguei a considerar receber aquele pinto lindo dentro de mim. Reconsiderei pelas dimensões bem além dos meus mais entusiasmados arroubos de "passividade". Mas não me fartava nunca dele na minha boca. Não se tratava de apenas mais um órgão genital masculino. Tamanho, formas, textura, cores, cheiro, gosto - uma festa! Imodestíssima! Se ele tivesse um corpo mais bem cuidado e raspasse aquele cabelo feioso, seria um partidão. Continuei chupando, mesmo quando ele anunciou que estava para gozar.

   -Onde você quer que eu goze?

   -Em mim.

   -Pode gozar na sua cara?

   Gozou na minha boca, no meu colo. Eu cuspi e continuei chupando até que murchasse. Tão lindo, tão lindo...

   Depois do banho, de passagem pelo vestiário, vi um cara bonito se vestindo. Senti uma pontada no coração por ter ficado tanto tempo com o Renato e deixado aquele homem me escapar. Ele me olhou também, com evidente interesse. Nos cruzamos e depois de alguns passos, voltei. Estava agora secando os cabelos no hall embaixo da escadaria. Nos olhamos novamente e eu prossegui, como se espera do idiota que sou. Já ia subindo as escadas, quando ele me chamou.

   -Hei, tudo bem?

   Voltei:

   -Já está indo embora? - perguntei.

   -Já, tenho que ir. Por que?

   -Que pena...

   -É, uma pena... também acho.

   Me beijou. O secador ligado esquentou minha orelha direita. Seu nome é Caio, 31 anos, matogrossense, moreno, por volta de 1,80m, rosto muito interessante, de traços latinos e um corpo absurdo. Mesmo já estando completamente vestido, era impossível não perceber que seu corpo era um assombro. Disse que precisava passar em casa antes da aula de inglês. Contou que trabalha numa marca de moda, patrocinadora de um grande evento internacional, e que vive na estrada por conta disso. Bastante desenvolto com as palavras, dava a impressão de engrandecer tudo, mais por imaginação, que por malícia.  Talvez até por alguma insegurança. Falou muito sobre a empresa, usando aqueles jargões afetados e sobre sua frustrada carreira de cantor em alguns programas televisivos. Falou algumas abobrinhas sobre canto, mas entoou de brincadeira uma frase musical com voz muito bonita e segura. Contou do período em que morou em Buenos Aires e do namorado argentino com quem morava - um relacionamento tumultuado, cheio de brigas e desentendimentos. Disse ter fechado uma venda milionária naquela manhã e recebido uma tarde de folga do chefe. Tinha chegado perto das 14h e estava cansado da sauna. Vários dados desencontrados sobre suas conquistas profissionais confirmaram a impressão inicial de ser um mentiroso compulsivo. Trocamos Facebook e nos despedimos com outro acalorado beijo. As fotos do seu perfil são um pouco bregas e seu rosto não é muito fotogênico, mas o corpo é tudo aquilo que eu imaginei. E um pouco mais.

   Tinha um garoto inconveniente; onde quer que eu fosse, lá ele estava, e seus olhos arregalados, querendo relar em mim, passar a mão. Baixinho, moreno, cabeça raspada, tinha um corpo bem bonzinho, mas o rosto era sem qualquer atrativo. E era chato pra caralho. Eu tinha visto um gostosão e tentava chegar perto, lá no lado escuro (sem um ponto de luz naquela noite). Era um coroa meio bombado (uns quarenta e poucos anos), corpo bonito, rosto interessante, apesar do nariz imenso. Pois o baixinho se colocou na minha frente, entre mim e o cara, e continuava me intimando. Por coincidência, outro carinha se pôs ao seu lado, se insinuando pra mim também - não sei se estavam juntos. Fiquei até lisonjeado com aquela dupla demonstração de interesse, mas não dei corda. O baixinho pegou em mim e veio se encostando. Afastei sua mão e saí. Me sinto mal nessas situações, fico chateado e não deveria. Quem toma liberdades dessa maneira, está se sujeitando a uma negativa brusca. O coroa tinha desaparecido e eu voltei para o claro. Encontrei o Roger (para variar) e conversamos um pouco. O coroa passou por nós e o Roger pôs defeito e disse que ele nunca fica com ninguém na sauna. Me passou a cantada de sempre e comentamos bunda de um garoto que tinha passado. Ele foi lá tentar a sorte e voltei para o escuro, atrás do coroa.

   Foi fácil, o encontrei logo e ele mordeu a isca prontamente. Era um tanto limitado, não queria beijar na boca, nem que eu tocasse na sua bunda. Quando consegui lamber seu cuzinho, já tinha um monte de gente em volta perturbando. Fomos para o reservado e finalmente nos beijamos. Eu não ia dar, ele também não, decidimos parar por ali. Mas foi bem enfático ao se despedir:

   -Se mudar de ideia, estou aí por dez minutos ainda. Queria muito te comer, hein!

   Saí dali e encostei numa parede ao lado, ainda de pau duro. Passou um moleque que eu já tinha visto no andar de baixo, e parou numa porta, olhando pra mim. Eu queria mesmo que alguém me chupasse e fui lá. Parei diante dele e nem precisei pedir. Agachou e me deu um bom trato. Depois começou a ficar nojento, ele salivava muito, escorria pelas minhas pernas. Foi me dando uma tremenda aflição mas não sabia como pará-lo, dizer que não queria mais. Estava torcendo pra que um de nós gozasse, quando apareceu um loiro do meu lado, completamente nu. Era um corpo bonito, dava para perceber que sua pele era lisa e macia. Eu o atraí para perto e pus o menino para chupar os dois paus ao mesmo tempo, enquanto eu explorava a nova bundinha do pedaço. Era deliciosa. Ele gemia e soltava algumas palavras ininteligíveis, com uma voz muito grave. Fiquei atrás dele, pus a camisinha e comi. Ali mesmo, no meio da sala escura. Não tinha ninguém por perto, só o outro cara que continuava ajoelhado no chão, chupando o pau do loiro. Foi um pouco difícil a penetração, ele era bem apertado. Vi o Felipe subindo as escadas enquanto eu fodia o cara. Isso me tirou um pouco a atenção do que estava fazendo. Acho o Felipe um bonitão e um cara bacana. Queria conhecê-lo melhor, mas não vai rolar, ele me evita agora. O loiro gozou antes de mim, pra variar.

   Tomei outro banho, me livrei daquela baba nas coxas. Eu queria gozar, precisava gozar. A sauna estava quase vazia. No vestiário vi um cara chegando. Era óbvio que era estrangeiro e tinha um rosto lindo. Alto, magro, bronzeado, cabelo loiro cinzento cortado bem rente e olhos de um azul transparente. Começou a se despir e eu subi para o primeiro andar. Sentei na sala de vídeo e em alguns minutos ele apareceu por lá também. De onde eu estava sentado, vi o Felipe sair de um dos quartos com alguém. Seu corpo de nadador me excita muito, especialmente a bunda, pequena e escultural. O rapaz veio sentar ao meu lado. Foi muito rápido e direto. Seu sorriso era deslumbrante, tentador. Parisiense, seu nome é Loic (eu nunca tinha ouvido esse nome da vida e só compreendi quando o soletrou), 31 anos. É bancário e tirou um ano sabático para dar a volta ao mundo. O Brasil é sua última parada, onde fica por cinco semanas -  havia chegado na manhã daquele dia. Nos comunicamos em inglês, que ele fala muito bem, com pouquíssimo sotaque; e eu, que geralmente me comunico bem em inglês, me atrapalhei várias vezes durante nosso papo. Nos beijamos ali no sofá e ele me chamou para irmos para um quarto. Ele não sabia que tinha de alugá-los para pegar a chave. Fomos para uma cabine do banheiro mesmo. O corpo dele não é tão bonito, bem magro e alto (1,93m), só as pernas são bem torneadas. E o pau é enorme. Estava com uma marquinha de sunga, o corpo todo meio avermelhado de sol e a bunda bem branca. Nos chupamos e fodi violentamente seu buraquinho cor-de-rosa. Depois do banho ele queria fumar. Foi buscar o cigarro no armário e fomos para o jardim externo. Falou um pouco do seu itinerário e contou alguns acontecimentos. Nada tão interessante como se esperaria de quem passou um ano viajando por lugares tão diferentes. Deu mais ênfase aos homens - disse que Cuba e Argentina são os melhores lugares do mundo pra pegar homem bonito. Tem ouvido dizer que os homens brasileiros são os mais sexy do mundo mas que têm pau pequeno. Como eu fui o seu primeiro brasileiro, ficou mais aliviado quanto às nossas medidas. Eu disse que quando soube que ele era francês, também tinha ficado apreensivo, pensando que ele poderia ser meio sujinho. Apesar de fumante, era muito cheiroso. Pediu algumas informações de lugares onde ir em SP e pareceu bastante bem informado, inclusive sobre nomes de ruas e bairros.

   Um garoto veio sentar com a gente e puxou conversa, queria saber de onde nós éramos. Seu nome é Douglas e é muito simpático. Tem 23 anos, gaúcho, morando em SP há poucos meses. Tem um tipo bom, mas não é atraente pra mim. Loic foi dar uma sapeada na sauna mas, não encontrando nada interessante, voltou a sentar no jardim. Resolvi ir embora e ele disse que iria junto. Fomos conversando até o metrô. Descobrimos que tínhamos visitado a mesma exposição no MASP (quase no mesmo horário), cortado o cabelo no Retrô e almoçado no Athenas. MEDO. Combinamos de nos encontrarmos no final de semana para uma balada que acabou não dando certo (desta vez por minha culpa).

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Tem Cara Que Goza a Seco

Chovia quando cheguei à For Friends. No dia anterior, quarta-feira, a chuva tinha sido devastadora - todos estavam apreensivos - mas desta vez veio apenas uma chuvinha bastante corriqueira - leve e até simpática. Cheguei molhado, chupando um picolé de maracujá. Enquanto me despia, dois caras rodeavam. Um deles eu já conhecia, tinha ficado com ele havia uns meses. É um tipo de beleza sem vida: boa altura, corpo lindo (todo inflado de bomba, mas não dá pra negar que é um corpo e tanto), rosto cheio, de olhos azuis; um homem bonito. E só. A verdadeira beleza tem diversas camadas - é complexa, profunda, instiga e perturba. Pode conter até feiura. Ou loucura. Ou tristeza. E geralmente contém. E mesmo que esse cara não passasse muito de uma beleza vazia, fiquei com uma vontade de comer de novo... E tinha o outro: também musculoso (mas um corpo mais natural), usava barba, tinha pêlos bonitos no peito. E transbordava lascívia no olhar, no andar de fera enjaulada. Reclamou para o primeiro:

   -Que bosta de chuva, hein?

   -Fica aí, ô!

   -Não, preciso ir...

   Se foi, não sei; não mais o vi. Quem eu topava onde quer que eu fosse, era o bombado de olho azul. Nos encontramos finalmente no corredor da sala de vídeo do primeiro andar. De pé, ele assistia ao filme, pegando no pau, sobre a toalha. A bundinha estreita e arrebitada, os músculos peitorais volumosos, lisos, redondos. Que corpo! Olhou pra mim, sorrindo como bobo. Moveu-se para uma cabine do banheiro e eu o segui.

   Porta fechada, em silêncio sepulcral despem-se de suas toalhas. Um certo mal estar entre dois estranhos que não se falaram e estão prestes a invadirem-se mutuamente pelo impulso cego do desejo. E quando se tocam, tudo é simples e natural. As bocas se unem e vasculham pelos corpos aquelas sensações já conhecidas e sempre renovadas. Que bunda! Que bunda!! Que bunda!!!

   Comi, claro, e foi bom novamente, e passou, sem importância alguma além do momento em si. Acabei de tomar meu banho e desci pela escadaria da frente. Ao passar pelo vestiário, houve uma troca de olhares promissora. Eu o reconheci imediatamente: ator de televisão. Já o tinha visto no teatro também, completamente nu no palco, um corpo impressionante, uma voz extraordinária. Desde minha adolescência o acompanho de longe, e agora parecia tão ao meu alcance. Apesar do olhar interessado que me lançou, fiquei nervoso. Sentei próximo do vestiário. Queria confirmar o seu olhar. Mas demorava e demorava. Parecia haver algum problema: ele falava com os funcionários da casa (com certa intimidade), ia de lá pra cá. Fui dar mais uma geral na sauna. Até tinha uns caras razoavelmente interessantes. Na volta, passei pelo tal ator novamente. Vou chamá-lo pela inicial R. Estava parado no corredor que leva ao bar. Seu olhar era muito direto, seguro, penetrante. Quem ficou atrapalhado fui eu. Geralmente sou eu que encaro diretamente quem me interessa, e estes se fazem de desentendidos. Passei por ele, por esse olhar devorador e me fechei no banheiro. Fui mijar, mas fui também me esconder por um instante, do olhar que me invadia. Não que isso fosse desagradável, pelo contrário. Mas me senti fragilizado também, ansioso, inseguro. Na volta ele já não estava no mesmo lugar. Voltou a aparecer em 10 minutos, na ducha do primeiro andar, na frente da sauna. Nos olhamos outra vez e eu entrei na sauna. Veio logo atrás - sempre a mesma segurança no olhar, na postura. Sentou do meu lado e me tocou. Sem grosseria, sem forçar a barra. Nos beijamos. Eu mal podia acreditar em meus sentidos. Uma coisa parecida aconteceu na 269, anos atrás. Era também um ator, um homem lindo. Transamos (foi uma das melhores transas da minha vida) e eu só fui saber depois quem ele era, durante o nosso papo no bar. Ele não gostou de ser reconhecido (na época ele não era muito famoso) e me dispensou. Depois pensou melhor e quis um repeteco. Até hoje não acredito que dispensei uma segunda transa com aquela delícia. Mas voltemos a R e ao nosso beijo dentro da pequena sauna do primeiro andar. Atores sabem usar o corpo e as emoções, o olhar, a respiração, manter a calma, manter o jogo. Eu não sou ator - parei o beijo para secar meu rosto:

   -Tá muito quente aqui.

   -Vem, vamos sair.

   Tomamos uma ducha. Pedi que ele me aguardasse perto dos quartos, que eu ia buscar uma chave. Voltei um pouco trêmulo, nervoso. Quando fechei a porta, respirei mais aliviado - estava agora sozinho num quarto com R. Tirei lentamente a sua toalha. O corpo liso, ainda úmido, cintilava a luz do abajur. Costas largas, braços fortes, expunham cada fibra muscular, cada veia sob a pele fina. E as pernas, a bunda, o abdome - um puta corpo! Seu rosto também é muito interessante, tenso, de angulações nada óbvias e profundos olhos verdes.

   -Você curte o que? - quis logo saber.

   -Sou ativo. (Pausa) Geralmente... - completei. Se ele só quisesse me comer, acho que eu dava.

   -Gosta de foder? Como é seu nome?

   -Yuri.

   -Gosta de bunda, Yuri?

   Eu sorri timidamente. Fiquei bobo.

   -Gosto.

   -Tem que gostar mesmo. Meu nome é R.

   -Eu sei.

   -Sabe, é?

   -Sei, te vi na peça tal.

   -Ah é? Eu adorava fazer aquilo!

   -Era um espetáculo muito bonito mesmo.

   -Não era?

   Deitamos, nos beijamos muito. Beijei seu corpo, seu pau. Grandão, bonito. Tinha um acessório de borracha na base. Não entendi logo de cara:

   -O que é isto?

   -Hum... É um... (tentava encontrar o termo) um cock ring.

   Me explicou mais ou menos como funcionava e que achava que dava mais prazer. Levantei suas pernas e meti a língua no ânus. Ele se contorcia. Suas pernas abriram completamente no ar, em espacate.

   -Que língua gostosa! Vem aqui, quero chupar seu pau.

   Eu deitei no seu lugar, ele arrumou meu travesseiro.

   -Você é tão cheiroso, gato! Sua boca cheira gostoso, tem cheiro de beijo. Olha esta rola!

   O abajur iluminava de perto seu rosto engolindo meu pau. Os cabelos lisos, brilhantes, escorriam pela testa. Do nada, ele parou tudo, ajoelhou rápido na cama, a respiração presa, segurando o pau com uma das mãos e a outra espalmada em atitude de suspensão. Contrações corriam-lhe corpo de alto a baixo.

   -Você gozou?

   -Só um pouco.

   Eu não vi nada. Veio me beijar de novo:

   -Foi uma sorte te encontrar aqui hoje. Olhei por aí e só vi umas bichas de quinta.

   -Tem muito velho aqui...

   -Eu gosto até, às vezes me atrai. Mas, não sei, gente suja. Não gosto. Fui lá em cima, o cara com o pau sujo...

   -Tem uns caras sem noção.

   -Muito sem noção! Eu gosto de vir aqui, pegar um cara que nunca vi na vida. Me dá tesão, assim como estamos aqui, agora...

   -Você vem sempre?

   -Venho de vez em quando. Tenho um relacionamento - disse mostrando a aliança na mão esquerda.

   -Ah, sim... Mas...

   -Temos um acordo tácito. Estou com ele há muitos anos.

   -Ele sabe que você vem aqui?

   -Não, nem desconfia! Assim... ele é menos sexual que eu (pausa). Eu acho, não sei. Ele não é como eu, não tem a mesma necessidade, sabe?

   -Mas por que nunca falaram sobre isso?

   -Não precisa. Eu descobri super-por-acaso um rolo dele com um cara. Acho que foi só uma transa, nem sei. Sempre tive as minhas historinhas também. Ele não teve como negar (pausa). Mas negou... Foi chato, constrangedor. Acabamos nem conversando sobre isso direito. Nos damos muito bem, a gente se gosta, temos muito em comum, uma vida que construímos juntos.

   -Deve ser estranho.

   -O quê?

   -Sei lá, vocês não conversam sobre isso.. E conversar também seria estranho... Mas não é meio arriscado você vir aqui? Você é uma pessoa pública...

   -Ah não, nem penso nisso. Não sou tão famoso. Uma celebridade de segunda categoria. Fiz pouca Globo.

   -Digo, é mais fácil de chegar até ele uma história dessas.

   -Não ligo mesmo. E você, tem namorado também?

   -Não.

   -Sério? Só porque não quer.

   -Nunca tive.

   -O quê?

   -Namorado.

   - Como assim?

   -Nunca tive. Nunca rolou um lance mais sério. Ou mais longo.

   -Não acredito! Mas você nunca se apaixonou por ninguém?

   -Já, claro. Mas nunca foi recíproco. E de outra forma, não me interessa. Mas eu sou muito fechado, chato pra caramba...

   -Mas deve ter um monte de menino querendo namorar você.

   -Nem tem.

   Ficamos nos olhando um tempão; nos olhos, no fundo dos olhos. Olhar um desconhecido em silêncio, a um palmo de distância, pode ser constrangedor. Sempre é, na verdade. É  muito mais íntimo que apenas transar. Os dois estão expostos, desprotegidos. E é muito bonito e prazeroso também. Expôr-se e invadir o outro. Ele passou o dedo no contorno do meu rosto.

   -Que boca linda. Você é gato mesmo.

   -Ah vá... Valeu. Você também, seu corpo é incrível. Quantos anos você tem?

   -43.

   -Mentiraaaa!

   -Verdade. E você?

   -38.

   -Com essa cara de menino! Vem aqui. Lambe o meu cu de novo, daquele jeito que você me lambeu.

   Pus ele de quatro, de costas pro abajur. Era uma bunda linda, me deixou louco. Botei a camisinha e meti. Logo perdi a ereção. Meu pau é grosso, mas ele tem um relaxamento grande, e eu não sentia muito. Meti um dedo, dois.

   -Põe dois dedos em mim.

   Pus três, quatro. Achei que fosse fistar o cara. Passei lubrificante na mão. A ideia me excitou, mas não rolou. Nos excitamos mais e eu meti sem camisinha. Fizemos alguns movimentos e ele interrompeu.

   -Sem camisinha não pode, gato.

   Eu coloquei outra e meti. Perdi a ereção outra vez.

   -Com camisinha não tá rolando... que pena...

   -É, acontece comigo também às vezes. A gente perde a sensibilidade com a camisinha. Vem gozar em mim, quero no meu peito.

   Deitou na cama, eu fiquei por cima, ajoelhado, me masturbando. Ele gozou. Parecia seco de novo. Eu não consegui:

   -Eu tinha acabado de gozar quando te encontrei, não vai dar.

   -Você me fez gozar três vezes.

   Eu não vi uma gota de porra. Sei lá, tem cara que goza a seco. Conversamos mais, sobre artes, nossas atividades profissionais e nossas famílias. É um cara legal, simpático.

   -Devem ser mais de oito horas, né? - perguntou.

   -Será?!

   -É, tá pensando o quê? Vamos tomar um banho.

   No chuveiro ele me mostrou um sabonete que tinha trazido. Diz que tem pavor de pegar chatos na sauna e passar pro marido.

   -Nossa, que nojo!

   -É, imagina! Usa o sabonete também. Passa e deixa uns minutos.

   Depois do banho, fomos nos trocar. Ele pegou o meu telefone e deu um toque para eu ficar com o dele. Fiquei assistindo ele se vestir, passar seus cremes, um verdadeiro ritual de cuidados com a pele.

   -Eu não tenho essa paciência...

   -A minha pele é muito seca. Sem creme, ela repuxa, não dá.

   -Por isso que você está assim, podia dizer que tem dezoito anos a menos.

   -Eu, dezoito anos??

   -Dezoito a menos.

   -Ah!

   Saímos juntos. Sempre esqueço que lá não aceitam cartão de débito - só de crédito, que eu não uso. Eu não tinha o dinheiro todo na carteira e ele rachou a despesa do quarto comigo. Como era o dia do seu rodízio e ia pegar um táxi na esquina, ofereceu uma carona até o metrô. Sentamos atrás e ele ia me dizendo umas sacanagens, coisas como: "Você vai chupar o meu cu de novo?". O motorista olhava pelo retrovisor e eu fiquei com um pouco de vergonha. Fiquei excitado também. Nos despedimos com um beijo desencontrado e pensei que não fôssemos nos falar nunca mais. Mas ele ligou hoje. E amanhã tem mais.

Editado:
Nos encontramos perto do Centro Cultural São Paulo, onde fui ver uma exposição e ele me levou a um motel próximo. Pareceu bastante familiarizado com os funcionários, disse que sempre pedia o mesmo quarto (que era claro, impessoal e limpo). Havia um espelho grande recostado na parede em frente à cama. Ele gostou de ver por trás, pelo espelho, meu pau fodendo sua bunda. Broxei algumas vezes e não consegui gozar novamente. Eu estava deprimido ainda, dois anos após um acontecimento traumático. Ele não pareceu se incomodar muito. Depois que gozou, quis ir embora logo, tornou-se extremamente frio e prático, com alguns toques de superioridade. Fiz questão de pagar metade do valor do quarto. Ainda me perturbou um pouco com mensagens, parecia estar interessado em me manter como amante fixo, e, aterrorizado, fui dando um gelo. No ano seguinte, nos encontramos num evento social, ele ao lado do marido e de uma grande dama do teatro nacional, fiz a egípcia. Na última semana ele morreu, de uma forma muito triste, doente, jovem ainda, talentoso, subaproveitado, como a maioria dos talentos artísticos brasileiros. Se houver algo além da carne, desejo que fique bem, siga evoluindo, criando e sendo belo. Evoé

terça-feira, 17 de abril de 2012

Qual o Sentido Disso?


   Domingo de Páscoa. Fui ao parque da juventude (não conhecia e achei muito legal) assistir ao show Recanto, da Gal Costa. Fiquei extasiado por vê-la tão bem, bonita, à vontade em cena, interpretação limpa e poderosa, cantando lindamente, a voz irrepreensível, com seu brilho renovado por um trabalho novo e arrojado. Poder ouvir canções que me marcaram tão profundamente como "Da Maior Importância" (que Caetano Veloso compôs para e sobre elaao vivo, em arranjo próximo do original (FODA), me levou às lágrimas. E era apenas a primeira canção. Foram quase duas horas de show, debaixo dum sol muito forte e eu queria mais. Ela e os excepcionais e jovens músicos Pedro Baby, Domenico Lancellotti e Bruno Di Lulo tocaram todas as faixas do CD Recanto e o público sabia tudo de cor. É um disco que se torna mais belo quanto mais ouvido. Cantou também "Mãe", "Meu Bem, Meu Mal", "Minha Voz, Minha Vida" e "O Amor", entre outras jóias de seu repertório, todas compostas por Caetano ("O Amor", sobre poema de Maiakóvski), e ainda Gil, Chico, Ben Jor. Fã incondicional da Gal, de sua voz única, de sua imensa inteligência musical e sensibilidade interpretativa, de sua grandiosa trajetória, fiquei eufórico e emocionado com a apresentação.

   Depois do almoço - sauna. Fui para a For Friends. Cheguei a pensar em checar a Splash, mas deu preguiça. E eu tinha compromisso importante às 23h. Até que tinha bastante gente, porém, até anoitecer, ninguém que me chamasse a atenção. Tomei um banho e me joguei no sofá da salinha de vídeo do primeiro andar. Apareceu na porta um cara alto, bronzeado. Em menos de um minuto ele estava com meu pau dentro da boca. Continuei assistindo ao filme displicentemente. E outro cara apareceu na porta: tipo interessante até, com suas tatuagens espalhadas pela pele branca. Em menos de um minuto, ambos dividiam irmãmente meu pau em suas bocas. Eu estava menos interessado no filme agora. O primeiro percebeu que eu estava bem mais inclinado ao novo visitante, e se mandou. Além das tatuagens, tinha um anel peniano, coisa que eu vi poucas vezes na vida. E acho que não gosto. Pra que acessório no pau? "Como querer caetanear o que há de bom". Ajoelhou na minha frente pra me chupar e toda hora queria passar o pau melado na minha bunda. Cansei, saí. Depois de um tempo, fui percebendo que ele tem alguma coisa de maluco, de tantã. Tinha um garoto baixinho que era bonitinho até, mas só fazia andar de lá pra cá. Quando alguém chegava perto, ele fugia. Parou no mictório e ficou me olhando com o pau pra fora. Eu cheguei do lado e botei o meu pra fora também. Ele segurou, puxou minha mão pro pau dele. Em segundos escafedeu-se.

   Nessa tarde revi dois caras com quem já tinha ficado na sauna: Daniel e Jucélio. Tive a segunda impressão diferente de ambos. O Daniel estava bem bonito, corpo super em dia, cara ótima. Mas, apesar de nossa transa ter sido boa, ele foi ríspido quando terminou, e eu não tentei me aproximar desta vez. Já o Jucélio me pareceu bem menos interessante. Ainda assim, tentei chegar nele, mas não deu em nada. Revi ainda meu primeiro analista, o Fábio. Já o tinha visto na 269, anos atrás, mas me escondi e ele não me viu. Nessa época eu tinha acabado de interromper a terapia com ele (que teve um fim problemático) e achei que ele se constrangeria com o nosso encontro nessa situação. Ele é bonitinho, loiro de olhos muito azuis, está fortão agora. Fui lá falar com ele, e, meio desajeitados, conversamos rapidamente. Foi tranquilo, apesar de tudo, e ele não precisamos mais ficar constrangidos nessa situação.

   Estou perdendo a vontade de escrever. Talvez eu deva escrever apenas quando der vontade, ou necessidade, sem a "obrigação" (autoimposta) de relatar todas as idas à sauna. Mas mesmo que eu venha a escrever muito mais esporadicamente, a experiência do blog me valeu muito e em muitos níveis. Eu vinha desenvolvendo uma certa compulsão por sexo desprotegido, sem camisinha. Na terapia era dificílimo falar sobre isso e no blog, apesar do anonimato, continuava difícil. Pode parecer incrível, mas pensar em relatar uma experiência dessas no blog, me fez demover da ideia várias vezes nos últimos seis meses. Acho papelão dar mau exemplo. Felizmente refiz todos os meus testes para DST's no final do ano e não tenho nada. Poderia ter tido. Poderia estar agora mesmo infectado, precisando me medicar diariamente, enfrentar diversos problemas decorrentes. Faz sentido arriscar-se tolamente por um alguns minutos de sexo descompromissado? Esse tem sido um dos melhores resultados do blog para mim. Lembro também do quanto foram trabalhosos os primeiros posts e de quantas vezes eu tinha de corrigi-los. Agora saem com mais facilidade, mais limpos e organizados.

   Até umas 19h eu tinha esquecido completamente de tomar o meu remedinho, minha secreta pílula azul. Há alguns anos tenho tido problemas de ereção. Não é nada fisiológico, fiz vários exames. Apesar de ser uma alteração de fundo psicológico, emocional, a terapia não ajudou quase nada, e foram 6 anos, somando três analistas diferentes (inclusive dois anos com o Fábio). Há aproximadamente dois anos venho tomando o medicamento quando pretendo fazer sexo. Na masturbação solitária, às vezes tenho perda de ereção, mas em geral acontece sem problema algum. E ainda, algumas vezes, mesmo tomando o remédio, a coisa falha por algum motivo (quase sempre por insegurança, algum contraestímulo na relação ou porque eu simplesmente quero fazer sexo sem vontade). Desta vez esqueci  completamente, provavelmente porque meu pau estava respondendo normalmente aos estímulos. Foi só quando apareceu um menino bonito que lembrei. Mesmo achando que nada aconteceria, fui pegar o comprimido que estava na minha carteira. Era um garoto bonito mesmo! Causou um certo rebuliço na sauna toda quando entrou. Alto, longilíneo, corpo bem definido, loiro de olhos verdes, cabelo curtinho arrepiado, traços bonitos, tipo de rapaz "de fino trato", educado. Desfilava sem olhar pra ninguém e foi direto para o escuro. Entrou numa das salas e se formou uma rodinha em sua volta. Dois caras o tocaram e os outros dispersaram. Era um japonês magrinho e um coroa de baixa estatura. Ele parecia indeciso: ora fechava os olhos para sentir as carícias, ora tentava afastar as mãos. Em poucos minutos partiu sozinho. Tentei procurá-lo, mas o perdi de vista. Na passagem, vi dois caras numa mesa do bar. Ambos eram interessantes e o mais baixo e jovem me deu uma olhada bastante significativa. Foi para a sauna seca e eu entrei logo atrás. Fui alcançá-lo solitário no último degrau da bancada:

   -Beleza?

   -Opa, de boa? - ele parecia aflito para dizer algo.

   -Tá aí faz tempo?

   -Não, menos de uma hora. E tu?

   -Já faz um tempinho, viu...

   (Pausa)

   -Curte o que?

   -Sou só ativo.

   Ele riu e enfiou o rosto entre as mãos:

   -Tá uma bosta isso aqui! Tô com o meu namorado aí... não quer dar pra a gente?

   -Ih, eu não curto mesmo... Mas os dois são ativos?

   -Os dois. Viemos pra comer alguém, mas tá difícil. Estamos andando separados pra não assustar, sabe?

   -Mas é um namoro complicado o de vocês! Estão juntos faz tempo?

   -Quatro anos.

   -Mas nenhum dos dois dá, nunca?

   -Claro que sim! (respondeu como se eu fosse um completo idiota). Mas geralmente nenhum dos dois está com vontade, daí não rola. Quer ficar com a gente? Está a fim de que?

   -Ah cara, sei lá. Um bom beijo já não seria nada mau...

   Eu o beijei. Enfiou a mão por baixo da minha toalha e catou o meu pau.

   -Posso ir lá falar com ele? Sabe quem é?

   -Acho que sei. O de barba? Fala lá. Você não faria nada só comigo, eu e você? Achei você uma graça...

   -Não... sozinho não. Vou falar com ele, mas acho difícil. A gente quer comer alguém.

   -Beleza, ele decide.

   Ele se foi e, ao que parece, o namorado não aprovou o terceiro ativo no rolo. O loiro bonito reapareceu e subiu pro primeiro andar. Vi que entrou na sauna. Subi e sentei ao seu lado. Olhava muito disfarçadamente para mim, parecia tímido. Fechou os olhos, o corpo tenso. Eu me aproximei mais e ele se levantou. Fui encontrá-lo novamente na sauna a vapor. Vinha saindo quando eu entrei. Pouco depois, lá estava ele, debaixo do chuveiro. Um breve cumprimento e liguei a ducha ao seu lado. Ambos ficamos excitados e ele não tirou mais o olho do meu pau. Que graça de garoto! Tive a impressão de que já estava ganho, que sairíamos dali direto para uma cabine do banheiro. Ele se enxugou rapidamente e desceu, foi para o escuro novamente. Lá eu o peguei! Era um corpo delicioso nas formas e volumes, em texturas e aromas. Nos beijamos e nos chupamos, sentados num sofá.  Começou a juntar gente em volta.

   -Vamos pra outro lugar? Só nós dois? - sussurrou.

   -Claro, vamos sim! Vou pegar um quarto. Vai subindo que eu pego a chave.

   -Não (balançava a cabeça em desaprovação), não precisa de quarto! Vem aqui.

   Me conduziu a uma cabine do banheiro. Seu nome é Rafael, 26 anos, de uma pequena cidade em Santa Catarina, fazendo um curso em SP por 10 dias. Gostava quando eu metia a língua no seu cuzinho e de me ver tocando punheta.

   -Deixa eu te comer? - perguntei.

   -Capaz, você me arrebenta!

   -É nada, faço com jeitinho.

   -Não dá, seu pau não dá. E você, dá pra mim? Sua bunda é um puta tesão - dizia no meu ouvido.

   -Não rola... Sabe do que me deu vontade?

   -De que?

   -De você gozar na minha boca.

   -É?! Vai engolir tudo?

   -Vou, respondi - não era essa minha ideia, mas seus olhos brilharam quando comecei a falar.

   -E você, sabe o que me deu vontade? - disse pegando na minha bunda.

   -Já percebi...

   Insistiu tanto que pedi que pusesse a camisinha pra tentarmos. Foi difícil pra caralho, mas conseguiu. Só que a qualquer movimento que ele fizesse, eu reclamava. Uma dor terrível. Mesmo assim, quase sem se mover, ele anunciou, trêmulo:

   -Cara, não aguento, vou gozar.

   Tirou o pau, a camisinha e gozou na minha boca. Acabei engolindo mesmo o pequeno volume. Continuei chupando até gozar também. Tomamos um banho e ele me chamou para sentar com ele. Escolheu um lugar mais reservado, na sala grande de vídeo. Conversamos sobre a vida e sobre o filme que passava diante de nós, os homens que apareciam. Me contou sobre o seu trabalho, sua família, e o namoro que terminou recentemente. Eles dividiam um apartamento havia dois anos, mas a relação esfriou e agora ele estava fazendo terapia pra se acostumar com a falta do companheiro.

   -Foi ele quem quis terminar?

   -Não, os dois. Eu tava querendo sair com outros caras, ele também. Isso eu não admito! Um amigo meu é casado há oito anos, ele me diz "Não transo com meu companheiro!". Qual o sentido disso?

   -É... Ah, mas sei lá, cada um sabe de si, de suas necessidades. Vai ver, a relação deles funciona em outros planos... o sexo eles resolvem de outra forma. Você não me disse que sempre namorou meninas?

   -Mas aí é outra história, eu me sentia cobrado. Eu sempre soube que gosto mesmo é de homem.

   Ficou concentrado no filme. Eu o acariciava e ele só falava do filme:

   -Olha a bunda desse cara! Perfeita!

   -Você dava pro seu namorado?

   -Dava, às vezes. E dou gostoso, sem miséria. Pra dar, tem que estar com vontade. Bate uma punheta aí, eu gosto de ver.

   -Aqui?!

   -É, não tem ninguém agora - disse tirando o pau pra fora. Foi ali que notei que as bolas dele eram bem pequenas, bem menores que o comum. Lembrei do pequeno volume de esperma dele na minha boca e pensei se teria uma relação.

   -Sabia que foi a segunda vez na minha vida que eu engoli a porra de um cara?

   -É? Você é doido! (Pausa) E tava boa a porra?

   -Tava... - menti, era amarga. Nos beijamos outra vez e ele queria que eu o chupasse ali, mas apareceu um coroa na sala.
 
   -Então vamos lá no escuro..

   Agora ele queria ver os caras se pegando ao vivo. Tinha pouca gente por ali. Um cara tatuado tinha passado a tarde toda me seguindo - ele até seria bem interessante se perdesse uns quilos na cintura - estava lá, encostado numa grade, me olhando como sempre.

   -Quer que eu chame aquele cara? - perguntei.

   -Ah, sei lá, acho que não encaro.

   Mas encarou. O cara chegou, agachou e veio chupar nossos paus simultaneamente. Eu beijava a boca do Rafael. Um coroa veio por trás dele e deu aquela encoxada. Já me senti meio incomodado com aquilo, fiquei enciumado. Eu fico, sou possessivo. Não gosto de ser assim, mas sou. Logo eu, que ninguém jamais vai possuir. Eu gozei, ele gozou - beijando o mesmo tatuado que disse não poder encarar. Lembrei da minha hora, eu tinha um compromisso. Eram 22h20min quando passei pelo bar. Saí correndo pra tomar um banho. Achei que ele viesse comigo. Queria ter pego algum contato. Me vesti e enquanto chamavam um táxi, o procurei pela sauna, mas não encontrei mais. Pensei em deixar um bilhete na recepção. Não deixei. E tanto faz.

terça-feira, 20 de março de 2012

Três Bocas, Seis Mãos


   Eu já estava no dark da For Friends, nem tão dark assim às 16h. Reparei que o único cara interessante àquela hora na casa estava por ali, tentando se fazer notar e me atrair para a salinha do fundo. Minutos antes, tínhamos nos sentado frente a frente, sozinhos na sala de vídeo próxima aos banheiros. Ele se masturbava, sacudia o pau pro meu lado, sem jamais estabelecer contato visual. Agora, na penumbra, parecia bem mais mais à vontade e o segui à sala a que se dirigia. Há uma cama turca enterrada atrás duma parede, banhada da luz leve e duma pequena veneziana de alumínio. Sentamos lado a lado, os corpos colados.

   -E aí..., balbuciou.

   Seu rosto me parecia outro agora, repulsivo, uma cara de pinguço que me fez pensar em abandoná-lo. Mas era um corpo tão extraordinário que esperei mais um pouco (podia ser - e era - uma distorção da pouca luz do ambiente). Depois soube que seu nome é Diego (não perguntei sua idade, mas certamente pouco mais de vinte anos), moreno claro, aproximadamente 1,80m, corpo depilado de perfeito equilíbrio, musculoso na medida certa: costas largas, quadris estreitos, bunda redondinha, máscula. Um corpo sólido, feito de músculos arredondados sob a pele fina. Tatuagens interessantes, sobretudo uma grande no quadril esquerdo, com listras horizontais (talvez um recorte de uma bandeira - não me atentei ao motivo em si). Cheirava bem, suave, adocicado como leite fervido. Transbordava juventude e masculinidade.

   Toquei seu peito, os pequenos mamilos castanhos eriçados. Abriu uma fresta na toalha e masturbava o pau flácido, que me pareceu, por alguns instantes, tão insignificante. Cheguei a pensar que fosse um outro cara, mas em segundos inflou-se, e agora me surpreendia por ser bem maior e mais bonito do que tinha me parecido antes, na sala de vídeo. Masturbava-se empurrando o pau para baixo, apontando para os próprios joelhos. As veias corriam grossas por seus braços viris, chegando ao dorso das mãos. Bonitas mãos de dedos largos e movimentos instigantes; acarinhavam, protegida pela pele clara e elástica do prepúcio, a glande avermelhada e lustrosa. Os pelos púbicos cortados rente, faziam um sombreado de desenho atordoante. Segurei firme. Ele verificou que não tinha ninguém se aproximando e, só então, segurou o meu também. Eu me sentia hipnotizado, precisava dele, do corpo, do pau. Nos beijamos e ele forçou minha cabeça pra baixo. Nada menos cortês! Apareceu gente pra espiar e ele saiu.

   Quando desci, reparei em dois outros caras: um mais aloirado, alto, rosto muito bonito, cheinho de corpo mas bem gostoso; o outro era garoto, estatura mediana, magro mas com tudo no lugar certinho; uma cara linda também. O primeiro me ignorou até que eu enjoasse de segui-lo. Andava com um celular, apesar de ser proibido dentro de qualquer estabelecimento desse tipo. Já garotinho fazia a linha sonso: como se não soubesse onde estava, nem porque - como se estivesse ali por acaso. Entrou na sauna do andar superior e fui atrás. Sentou ao lado de um gorducho e eu ao seu lado. Mas o vapor saía bem de onde encostei a perna e não suportei ficar ali por muito tempo, estava me queimando. Da outra vez em que o encontrei na sauna, sentei bem ao seu lado e ele fingia que não me via, olhava pro teto, brincando com o próprio pau. Quando toquei seu peito, fingiu um susto. Assim fica puxado! Mas achei que valia a pena encarar toda essa dissimulação. O chamei pro banheiro e ele veio. Era muito bonito, lembra muito um dos professores da minha academia. Chama Victor, 26 anos (aparenta 20). O pau era fino e não muito grande, na bunda tinha gosto de lubrificante. Não beijava e não queria conversar - quase não fazia nada, comportamento que só confirmava a impressão inicial que tive, seu jeitinho de menino mimado, metidinho, autocentrado. Um intrometido sem noção pendurou-se na cabine contígua para nos espiar. Apareceu sua cabeça lá em cima e eu pedi que nos deixasse em paz. Claro que isso cortou o clima. Clima que poderia ter se estabelecido, supostamente - porque não havia quase nada.

   -Vou tomar uma ducha.

   Depois disso, Victor me cumprimentava efusivamente toda vez em que nos cruzassemos. Logo foi embora.  Voltei ao dark e o moreno Diego estava na mesma sala em que estivemos juntos, agora com o loiro bonito do celular. Este estava de quatro na cama e o Diego por trás, de pé, batia na sua bunda com o pau e a palma da mão. Quando apareci, ele parou tudo e ficou olhando pra mim. Eu não sabia se o incomodava, ou se ele queria que me juntasse a eles. Nos olhavamos nos olhos, mas a pouca luz me impedia de discernir sua expressão. Seu corpo me impressionava muito ainda. O loiro continuava impassível, esperava com a bunda redonda pra cima. Entrou atrás de mim um velho esquisito, bem bagaceiro, e foi pra perto deles. O Diego simplesmente abandonou o cara naquela posição e se mandou com sua toalha na mão. Eu desci também e fui para a sauna seca. Estava vazia. Mal sentei no tablado, o Diego entrou e sentou bem perto de mim, um degrau acima. Masturbava-se e tocou meu rosto com delicadeza. Talvez tenha entendido que forçando não ia rolar. Senti na boca seu pau macio. Lembro que tentei levantar suas pernas pra lamber o cuzinho dele, mas não deixou. Ali, sob uma luz bem mais clara, era bonito seu rosto de garoto. Tudo nele me despertava desejo. Levantou-se e foi até a porta verificar se tinha alguém do lado de fora. Voltou, abaixou e me chupou.

   -Cara, vamos subir pro banheiro? - sugeri.

   -Vamos lá.

   Eu sabia que ele não ia me dar, tão pouco eu pensava em dar pra ele, mas ali no reservado, deixou que eu lambesse sua bunda todinha, e me chupou o pau com propriedade. Seu beijo era delicioso.

   Eu estava agachado:

   -Assim eu gozo...

   -Quer gozar?

   -Vem aqui - disse, me erguendo - Olha pra mim, que eu já to gozando.

   Olhei pro seu pau, esperando a ejaculação, mas ele puxou meu queixo, queria que eu olhasse sua expressão:

   -Olha pra mim, to gozando.

   Não vi nada de especial em sua face, mas achei lindo aquilo de ele querer compartilhar o seu prazer, seu gozo. E ele gozou bastante.

   Fui pegar um sabonete pra tomar outro banho e percebi que o cara do armário ao lado do meu tinha um comportamento estranho. Cheguei a voltar pra verificar se tinha trancado a fechadura. Passando pelo banheiro da piscina, outro cara me interessou. Rosto conhecido, não lembrava de onde. Bem alto (1,96m), magro, ombros e costas largos, loiro escuro, rosto marcante, muito bonito. Voltando ao dark, o encontrei. Ele estava sozinho numa das salas e eu parei no batente da porta. Fez que ia passar lentamente, olhando pra mim. Parou ali, no outro batente, colado a mim, o largo peitoral me enchia os olhos. Nos tocamos e houve o beijo. Bom pra caralho. Ele me chamou pro banheiro. No caminho, lembrei que já havíamos ficado, ali mesmo na FF, alguns meses atrás. Nosso primeiro encontro tinha sido muito bom. Pelo menos até a penetração, quando houve um "acidente". Digamos que ele não tinha feito o "dever de casa", não tinha se preparado pra ser penetrado. Eu não lido nada bem com esse tipo de situação. Mas claro que devia ter sido realmente um acidente e isso não se repetiria. Ou não?

   Além de ser um homem muito bonito e charmoso, tem um pau fantástico e gosta de sacanagem. Seu nome é Fernando, 43 anos, chef de cozinha e professor universitário. Trocamos sexo oral e eu quis meter. Eu estava ansioso. Estávamos em pé e ele é muito mais alto que eu. A posição em que ficava pra que eu pudesse come-lo, forçava seus quadríceps e ele tinha de levantar algumas vezes para descansar. Só relaxei depois que ele gozou. Perguntei se podia continuar até gozar e ele assentiu. Relaxado, agora eu podia curtir aqueles momentos e minha excitação só crescia. Massageava suas costas largas e musculosas, a cintura, a nuca. Puxava sua cabeça pro lado e beijava sua boca. Pude, então, desfrutar inteiramente da sua companhia, da sua beleza. E gozei loucamente. Precavido, tirei a camisinha e joguei sem olhar, sem respirar... fomos tomar um banho.

   Já era noite e apareceu um cara muito bonito na sauna. Jovem, boa altura, corpo inacreditavelmente perfeito, uma argola na orelha, cara bonitinha. Não me deu bola. Deitei numa espreguiçadeira da piscina e notei outro cara que passava por ali muitas vezes. Não exatamente bonito, um pouco fora de forma, um visual um pouco "desarrumado" demais, mas ainda assim me atraiu muito. Loiro, olhos bem verdes, usava óculos, estatura mediana, barba por fazer, pelos no tórax. Másculo, sério, quase carrancudo. Entrou na sala do saco de pancadas e eu fui lá. Andei em sua direção sem qualquer constrangimento e ao alcança-lo nos tocamos com simplicidade. Cheirava bem, hálito irrepreensível, pele macia. Há um tipo de maca de massagem nessa sala e eu me sentei nela. Ele me fez um dos melhores boquetes que já recebi na vida. Demorou-se, curtia meu cacete, fazia com tanto prazer que me senti lisonjeado.

   Um cara que me persegue todas as vezes que vou à sauna, parou perto, bem ao nosso lado, e alisou o peito do cara que me chupava. Olhava pra mim e eu o evitava. Saiu em seguida. O Fernando fez a mesma coisa, parou no mesmo lugar e pôs o pauzão pra fora. Eu o masturbei. Ele sugeriu que fôssemos os três para um quarto. Enquanto o Fernando pedia a chave na recepção, nós subimos. O carinha de óculos chama Alexandre, tem um sotaque que eu não distingui de onde e parecia um pouco tímido inicialmente. Nos beijamos no hall de distribuição dos quartos. Confessei que preferia ficar só com ele.

   Três homens nus num quarto estranho
   Três paus duros
   Três corpos úmidos e tensos
   Três bocas, seis mãos
   Três almas solitárias unidas por um desejo

   O clássico beijo triplo. Claro que o Alexandre era a novidade ali, e quem recebia a maior parte das nossas atenções. Fernando ajoelhou e chupou nosso paus. Reparei que o Alexandre tinha um pau bem grande e até mais grosso que o do Fernando. Era fascinante ver nossos paus juntos, engolidos por um homem tão bonito. A luz do quarto era bacana, criava um clima agradável e íntimo. Fernando ora engolia ambos os paus, ora chupava cada um isoladamente, com visível volúpia. Era delicado o beijo entre mim e o Alexandre, suave. Depois foi minha vez de chupar os dois ao mesmo tempo. Sentei na cama. Essa é um prática que me excita muito em fantasia ou num filme erótico, mas nas poucas vezes que me aconteceu realizar, não tinha curtido de verdade. Desta vez foi uma delícia! Os dois paus combinavam, eram lindos, grandes, cheirosos. Seus donos também eram atraentes, o clima era muito sedutor. Me dava tesão sentir o gosto de cada um, esfrega-los um no outro, abocanhar as duas cabeçonas ao mesmo tempo. Posso dizer que foi a realização de uma fantasia. E me refestelei. Subi na cama, em pé, e ofereci meu pau pra que eles chupassem juntos. Não sei dizer o que era melhor: a sensação de duas bocas me engolindo ou a visão de dois homens disputando meu pau. Eles se beijavam e chupavam meu pau com tesão e carinho.

   Deitei na cama. Simultaneamente, Fernando me beijava a boca e o Alexandre me chupava. Percebi que ele não chupou o Fernando nenhuma vez. Eles estavam muito excitados, e eu também. Agora o Alexandre estava comendo o Fernando que me beijava. Quis ver a penetração por trás: ângulo de filme pornô. É uma loucura olhar tão de perto e ao vivo um pau gigante dentro duma bunda, todos os sentidos se aguçam diante dum ato tão íntimo e pouco presenciado. Você ouve a fricção dos corpos, sente o calor, a textura das peles.

   -Safado, foi olhar por trás ele comendo meu cu!

   -É bonito, vocês são lindos...

   -Quero vocês dois dentro de mim agora, topa?

   -Deita lá, disse Alexandre.

   Eu deitei, pus a camisinha, lubrificante e o Alexandre continuava ordenando com surpreendente vigor:

   -Senta no pau dele.

   O Fernando sentou, virado de frente pra mim, deixando a bunda exposta pro Alexandre meter. Ficou muuuito apertado! Eram dois paus grossos dentro do cara, um deles, exageradamente grosso. O meu pau escapou depois de algum tempo e o Alexandre continuou fodendo, em cima de mim. Fernando urrava. Pararam tudo de repente:

   -Opa... deu um problema aqui (pausa) Ih, merda!

   As duas camisinhas foram removidas e jogadas longe. Eu continuei deitado como um imbecil, tentando disfarçar minha náusea. Não lido nada bem com essa situação. 

   A despeito do incidente, o Alexandre estava excitado ainda e achou que eu ia dar pra ele.

   -Ah, eu não curto, cara. E seu pau é muito grande. Você não gosta de dar?

   -Muito pouco.

   Ergueu minhas pernas e pôs o pau na minha bunda. Ficou tentando ,mas era impossível. Eu estava disposto a continuar na brincadeira, sabendo que nada aconteceria. Ele me olhava nos olhos bem de perto, com expressão séria (tinha tirado os óculos). Tentou meter e uma dor aguda e terrível me tomou.

    -Calma ae, cara!

   Afastei-o pelo abdome. Os três em suspense esperávamos a dor acalmar. Fernando assistia a tudo de perto, ajoelhado no chão ao lado da cama.
 
   -Põe a camisinha então, pedi.

   Ele pôs e o Fernando nos lubrificou. Chegou a entrar alguns milímetros, mas doía demais. Finalmente compreendeu que não ia rolar e gozou se masturbando com um dedo dentro de mim. Gozei também. Eu só pensava em tomar um banho e ir pra casa.

   -Tesão você comendo ele - disse Fernando com sorriso de garoto diante de um brinquedo novo.

   Descemos e nos trocamos. Fernando saiu primeiro, sem se despedir. Eu terminei de me vestir, peguei minhas coisas e dei um beijo na cabeça do Alexandre que, sentado num banco, calçava seus tênis. Na recepção minha conta estava R$80,00 mais cara. Alguém usou o número da minha chave para encher a cara de vodca no bar. Certeza de que foi o cara que estava rondando meu armário. O Alexandre me deu uma força pra convencer o cara da recepção de que não tinha sido eu. Ele ligou pro bar, deu um esporro no atendente e confiou na minha palavra com muita educação. Esperei um pouco o Alexandre acertar sua conta, mas estava demorando, e me despedi com uma piscada de olho. Garoava.

quinta-feira, 1 de março de 2012

"Cosas Feas"


   Eram 17h30min duma sexta-feira e havia caído uma chuva muito forte pouco antes de eu entrar na For Friends. Garoava ainda. O dia, de intenso calor e sol, terminava com o céu cor de chumbo e uma atmosfera esquisitíssima. Eu vinha cansado, carregando a bagagem para uma viagem de fim de semana e precisava relaxar. Não era animadora a primeira impressão que tive da frequência da sauna naquela noite, apesar de contar com aproximadamente cem homens.

   Felizmente essa impressão desfez-se em poucos minutos, quando passou por mim um garoto muito bonito. Era baixo, moreno, pêlos no peito, sem excesso de músculos, rosto lindo, barba por fazer, cabelo curto com uma franja de lado; um visual ao mesmo tempo masculino e suave. Passou por mim, reparou no meu interesse e desceu. Desci atrás mas ele parecia se esquivar. Esperei. Reafirmei meu interesse com olhares até ter certeza de que ele tinha entendido. Imaginei que estivesse entrando naquela hora também e queria ter uma ideia melhor das suas outras opções.

   É estranho como se identifica um estrangeiro instantaneamente. Pelo tipo físico, ele podia ser facilmente confundido com um brasileiro, mas sempre tem algo que mostra, ainda que inconscientemente, quem vem de outras terras. Mesmo num ambiente em que todos estão "vestidos" apenas com a mesma indefectível toalha branca. É o olhar, o andar; sutilezas assim. Infelizmente não tenho consciência alguma delas, não sei adjetiva-las e diferenciar objetivamente o andar brasileiro, o olhar estrangeiro; mas quase sempre acerto.

   Agora ele estava na saleta de vídeo do andar superior, perto dos banheiros. Então me sentei a sua frente. Na tela, a cena era altamente excitante, com três atores bem bonitões e realmente entregues. O rapaz parecia titubeante, olhava pra mim sem saber se devia ou como se aproximar. É apavorante pensar em quanto o ser humano tem um comportamento linear, repetitivo e padronizado: sempre que se está nessa situação, basta tirar o pau pra fora que o cara vem imediatamente sentar do seu lado.

   Tive de me acostumar (e demorou um tanto) com o seu hálito de jejum prolongado, mas de resto estava todo cheiroso e limpo. Chama Javier, espanhol, 26 anos, engenheiro, trabalhando em Itaipu há 5 meses. Muito simpático e charmoso, nosso contato foi muito agradável. Ficamos ali no sofá por mais de uma hora, nus, nos pegando sem preocupação com quem passava ou sentava ao nosso lado para olhar de perto e tentar interagir. O único que foi mais ousado sentou por trás de nós e ficou alisando a minha bunda. Percebi o quanto o Javier tinha se excitado com aquilo, e, apesar de me sentir um pouco aflito inicialmente, deixei rolar. Eu estava por cima do Javier, que abria minha bunda e o cara apalpava. Era um homem absolutamente comum, sem nenhum atrativo, mas não era feio. No começo, seu dedo no meu ânus incomodava, mesmo que ele não o tenha forçado para dentro (sensação que eu detesto quase sempre), mas quando ele puxava meu pau pra trás e me masturbava, era muito excitante, eu ficava a ponto de gozar. A cada vez que voltava ao ânus, vinha mais ansioso, usando cada vez mais os dedos. Nas vezes em que tentou de fato introduzir um dedo, eu o impedi, puxando sua mão. Ele sacou que podia continuar, mas só ali por fora. Eu também entendi que ele havia entendido, e relaxei. Tinha a sensação de que ele estava com três dedos, simulando um pênis que me roçava o ânus. Minha vontade era de que ele me lambesse a bunda. Seus três dedos não eram invasivos e depois de um tempo a sensação era extraordinária - acho que eu poderia gozar sem estímulo genital - e cheguei a desejar que ele fosse mais além. Alguns homens entraram na sala e foram se enfileirando na parede de frente pro sofá em que estávamos - o que cortou o clima, obviamente. O cara saiu e quando os outros vieram mais perto, chamei o Javier pro banheiro. Mas o clima já havia se perdido quase completamente entre nós. Fazia um calor terrível ali dentro e quase não aconteceu nada. O chamei pra uma ducha. Eu gostava da sua companhia mas queria dar uma volta, e ele não desgrudava. Ficamos ali no corredor do banheiro, nos beijando e conversando mais um pouco.

   Meu amigo Roger, que sempre encontro nas saunas da vida, passou por nós e me cumprimentou brevemente. E apareceu um carinha. Digo, "o" carinha. Desses em que eu ponho os olhos e fico perdido. Pele bem clara e com poucos pelos, 1,80m, corpo bem desenvolvido, farto, ombros largos. Tinha até um pouco de gordura em alguns pontos, o que o tornava ainda mais tentador. Rosto sério e delicado, de expressivos olhos escuros, queixo másculo, cabelos de comprimento médio. De perfil, o nariz era um pouco maior que a média, de dorso muito reto. Tinha um jeitinho petulante e parou na nossa frente, encostado na parede oposta. Mesmo eu estando acompanhado, não conseguia desgrudar os olhos dele. O Javier percebeu e olhou pra tás:

   -É lindo, não?, perguntou.

   Eu respondi com uma torção de boca, que queria dizer: "Porra, se é!!"

   O carinha entrou numa cabine do banheiro com um careca musculoso e saiu em menos de três minutos. Eu queria ir atrás dele, não sabia como sair dali. O Javier agora parecia estranho, eu não entendia o que ele queria. Não sabia se ele queria se livrar de mim ou se tinha percebido que eu queria me livrar dele.

   -Quer dar uma volta? - perguntei.

   -Você quer?

   -Vamos... Vou olhar meu celular lá no armário.

   -Mas você não vai querer ficar mais comigo?

   -Vamos, depois...

   (Ele falava em espanhol, ou "portunhol" mas não sei transcrever as falas por não dominar o idioma)

   Eu estava quase arrependido da proposta, ele parecia desapontado. Nos separamos assim. Por outro lado, foi um alívio, eu só pensava em procurar o outro carinha que tinha aparecido. Vi que ele entrou na sauna lá de baixo e fui atrás. Encontrei-o sentado na segunda sala. Joguei minha toalha na bancada e fui me refrescar na ducha, bem ao seu lado. Tinha pouca gente ali dentro. Sentei próximo dele sobre minha toalha e nos olhamos. Meu pau ficou duro e ele reparou. Sorriu e sentei mais perto, bem ao seu lado. Ele segurou meu pau e tirou o dele pra fora, pela fresta da toalha. Era pequeno e não estava ereto. Eu beijava sua nuca e alisava seu peito, a barriga. Minha ansiedade era crescente, e me sentia inseguro, sem saber como lidar com ele ainda. Pensei em beijar sua boca. Foi quando ele levantou e saiu, com um tapinha seco em minha coxa.

   Não é agradável a sensação de ser desprezado assim. Alguns minutos depois, passei pelo bar e ele estava bebendo alguma coisa numa mesinha próxima do corredor. Olhou pra mim com um sorriso cúmplice. Fui apenas educado, passei por ele e cumprimentei. "Caralho, que homem bonito!", pensei ainda. Nos cruzamos algumas vezes, ele me olhava sempre com o mesmo sorriso, cujo significado eu desconhecia. Mais tarde ele estava sentado numa poltrona da grande sala de vídeo, com uma lata na mão, chupando o canudinho. Eu estava apenas de passagem e nem quis retribuir seus olhares e o mesmo sorriso enigmático (agora com um canudo entre os lábios). Depois disso ele virou o rosto pra mim todas as vezes em que nos encontramos. Sentei pra conversar com o Roger na sala principal. O belo veio sentar na outra mesa, e falávamos sobre ele. O Roger tinha visto a gente se pegando na sauna e contei como terminou. Todo cara que eu acho gato, ele faz questão de apontar milhões de defeitos, muitas vezes inventados. Dizia deste que era afeminadíssimo e nem tão bonito quanto eu afirmava. Que eu o achava lindo apenas por ele ter me desprezado. Referia-se a ele como "o seu muso". Depois mudou de tática, começou a dizer que eu estava abatido, que tinha emagrecido, que devia ser por isso que levei o toco. Não faltou o momento "recordar é viver": ficou lembrando das vezes em que ficamos, que foi muito bom, e blablablá, blablablá. Perguntou do Javier e chegou a sugerir que ficássemos com ele.

   Fui circular e reencontrei o Javier, conversamos mais um pouco.

   -O que esteve fazendo por aí?, perguntou.

   -Nada... nada mesmo. E você?

   -Cosas feas.

   Eu ri do jeito dele. Beijei seus lábios e ele me olhou como quem dissesse: "Agora perdeu, mané". Não disse isso, nem nada parecido, mas sua respiração e olhar tinham essa intenção. Estava esquisito o clima entre nós, o que era uma pena. Culpa minha, da minha instabilidade, da minha imensa dificuldade de estabelecer mínimos laços. Divido a culpa com aquele demoniozinho delicioso que apareceu e me enfeitiçou. Perguntei se tinha perfil no Facebook. Me disse seu nome completo, de sobrenome pomposo, contou como era sua foto do perfil, diante de um mapa da América do Sul. Entrou na sauna.

   Apareceu um outro garoto interessante, altão, rosto bem bonito, cabelos cacheados. Me desprezou solenemente: perseguia o mesmo bonitão que me tinha virado a cabeça. Este já estava vestido e circulava pela área dos armários. O garoto alto ia atrás, feito bobo, de pau duro (imenso) sob a toalha. O outro se fazia de desentendido, mas continuava por ali, ensebando, fingindo que secava os cabelos, que procurava alguma coisa... nunca entendi muito esse tipo de personalidade - ou de desvio de personalidade. Quem tem atrativos (físicos ou quaisquer outros) e se vale deles, não para desfrutar da companhia dos atraídos, mas para mantê-los a distância, numa posição diminuída, suplicante, apreensiva.  Não há beleza que não se apequene diante desse tipo de manipulação doente.

   Eu não tinha gozado nenhuma vez e me recusei à derrota de me masturbar sozinho no banheiro antes de ir embora. O Javier estava parado perto do vestiário, parecia desanimado olhando a televisão. Fui conversar com ele mais um pouco. Ele tem um nariz absolutamente perfeito, me lembrou muito o do modelo Bernardo Velasco. De rosto, ele parece muito com esse modelo. Apertei a ponta do seu nariz, disse o quanto o achava lindo e nos beijamos mais uma vez. Ele me convidou pra ir à The Society com ele naquela noite, mas eu ia viajar. Perguntei de novo seu nome completo pra adicioná-lo no Facebook e ele achou absurdo que eu tivesse esquecido. Não sei por que, já que depois não aceitou minha solicitação de amizade, nem respondeu à mensagem bobinha que eu lhe havia deixado.

   Esperei que ele se fosse e saí também. Irritado por não ter gozado e por ter desperdiçado o espanholzinho. Na rodoviária, enquanto esperava a hora do meu ônibus, percebi uma movimentação estranha no banheiro. Minha hipocrisia burguesa sempre achou muito inadequado fazer pegação em banheiro público, como um desesperado. E era exatamente assim que eu me sentia. E tinha um japonês, um mestiço, bem bonito: corpão bombado, dourado de sol, rosto interessante, e ainda tinha um pau grande. Levantou a camiseta justa pra mostrar seu abdome - realmente irrepreensível. Eu quase gozei no mictório. Ele saiu. Ficou sentado na porta do banheiro uns 10 minutos, com a mochila nas costas. Eu o olhava de longe. Voltou ao banheiro e eu também - lado a lado no mictório novamente. Saquei bem a arquitetura do banheiro e o jeitão aéreo do homem que fazia a "limpeza" do local. Convidei (com olhar profundo e uma guinada de cabeça) o japa pra entrar numa cabine do banheiro comigo, lá nos fundos. Praticamente só tinha viado ali, ninguém com criança... estava tranquilo. Ele veio atrás. Entrei numa cabine, fechei a tampa do vaso, pendurei minha bagagem num gancho e deixei a porta entreaberta. O japa parecia muito nervoso, passava pra lá e pra cá, sem coragem de entrar. Um caipira se ofereceu pra entrar no lugar dele e o espantei com um chacoalhar de mão. Finalmente o japonês veio! Assustado, sussurrando que não tinha tempo, que seu ônibus estava para partir. Eu arriei suas calças. O pau apontava pro teto, macio, moreno. Passou o pau no meu rosto e o chupei. Ele se vestiu rápido, riso tenso, dizia que não podia perder a passagem. Segurou no meu pau, estourando sob a calça, com um olhar malicioso, safado. Piscou um olho e virou-se pra sair. O puxei pelo cós do jeans justo e antes que ele saísse, dei um apertão na bunda
   Foi rápido e um tanto frustrado esse encontro, mas posso dizer que me excitou mais que muitas idas à sauna. Pela tensão e adrenalina na veia, mas é claro que é impraticável ter esse tipo de encontro mais vezes. Só fui gozar no banheiro da casa da minha tia - mais para aliviar a dor no saco, que por tesão - mas lembrei muito do japonês bonitão nessa hora. Retornando a São Paulo, passei no banheiro da rodoviária, claro. E foi uma grande decepção, claro.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

"Sexo Anal no Primeiro Encontro!"


    Nesta abafada tarde de terça-feira, tive um encontro adiado por muitos anos. Um encontro com um homem, um belo jovem. Não, não foi um encontro sexual. Um estranho que de certa forma já era íntimo meu, com quem me comuniquei a distância por quase uma década. Foram anos de apoio, aprendizado, amizade divertida, curiosidade mórbida, confidências abismais. Seguiram-se idealizações (infalivelmente vãs), manipulação mútua, desencanto. E o véu do ciúme pairou frente aos meus olhos. Restou uma profunda mágoa, mal disfarçada em insistentes alfinetadas. Todos os componentes de uma paixão; tão comezinha quanto epicamente devastadora. Paixão esta que passei a negar, justamente com a desculpa da distância física: nunca tínhamos estado frente a frente, portanto não sabíamos realmente quem éramos - como me apaixonar por quem não conheço, nunca vi? Posso me apaixonar pela ideia que formo de alguém, por sua voz, suas fotos, suas palavras, sua historia de vida? E, por outro lado, alguém pode afirmar sem leviandade que conhece uma pessoa completamente só porque se relacionam de perto? Quantas surpresas guarda uma pobre alma...

   Nos últimos anos nosso contato foi-se tornando cada vez mais esparso (confesso que quase exclusivamente por birra minha), ainda que sua presença sempre estivesse de alguma forma acorrentada a mim, como tudo o que fica mal resolvido. Ele tem vindo a São Paulo frequentemente e me procurou algumas vezes, sempre de maneira incerta, escorregadia. Tinha de ser só agora, tantos anos depois. Fui encontrá-lo num shopping da zona oeste, perto de onde estava hospedado. Ele, que estava perto, chegou meia hora atrasado. Fiquei muito surpreso com o quanto foi tranquilo e fluido nosso papo depois de um longo hiato. Amadurecemos. Mesmo eu, doze anos mais velho que ele. O que não nos impediu de termos fingido cumplicidade e confiança durante cinco horas. Almoçamos, lembramos de velhos casos, daqueles dois que éramos há quase uma década, diversos mas ainda contidos nos de hoje. Ambos confusos e sem rumo, sempre.

   Muito ficou por dizer. A dureza da realidade é cortante e comove. Nada pode ser mais extraordinário que estar de frente para um ser humano, e aberto para compreende-lo em suas falhas, temores e vaidades: tudo que lhe escapa e conseguimos garimpar. O tempo purifica o olhar. Como é bela e doce a juventude. Como é egoísta e piegas o jovem.

   Quando fui embora, pedi que o taxista desviasse do caminho e saltei na For Friends às 20h15min. Era tarde (a sauna fecha as 23h) e ainda estava bombando (para uma terça feira comum). Minha meta era simplória: dar uma rapidinha e voltar pra casa. Logo que entrei, dois caras me chamaram a atenção. Conversavam em espanhol debaixo do chuveiro. O coroa não era exatamente bonito, mas muito interessante, corpo gostoso, pauzão. O outro era bem novo e uma graça: branquinho, cabelo escuro de comprimento médio, bigode e cavanhaque curtos, corpinho tentador, olhar esperto. Fiquei por ali, vendo os dois terminarem o banho. Estava claro que tinham acabado de transar. O coroa se despediu com um beijo nos lábios e saiu primeiro. Passou por mim de cabeça baixa. Um homem gordo parou do meu lado para admirar o garoto. Ele saiu nu, se enxugava caminhando lentamente. Cada nádega fazia um movimento independente, quicante, a cada passo que ele dava: elevava-se tensa e redonda, depois desabava macia, mal o pé deixasse o chão, e voltava a subir, como uma onda. Passou sem me olhar também. Desci e, ao passar pro lado escuro da casa, vi, pelo espelho ao lado da porta, que ele vinha atrás de mim e me media de alto a baixo com evidente interesse. Fui direto pro fundo, a ultima sala de vídeo antes da escadaria. O sofá estava fora do lugar, tinham-no arrastado pra trás, pro lado oposto ao telão. Sentei e ele veio pro meu lado. Sorriu pra mim, cumprimentando. Cheguei mais perto. Eu ainda não sabia qual dos dois era o estrangeiro, pra mim ambos tinham cara de argentino. Mas era o outro, o coroa. O moleque chama Ricardo, 26 anos, mineiro residente em SP há 3 anos.

   -Você entrou agora? - perguntou.

   -Faz pouco.

   -Ah, tá... Não tinha te visto ainda. 

   Sorria e me beijou. O encaixe entre bocas, quando funciona, é determinante pra tudo mais funcionar, e este era um dos mais perfeitos que já experimentei. Tantas sutilezas envolvidas num ato como o beijo: o tamanho da boca, a viscosidade e quantidade da saliva, os odores e movimentos, a disposição dos dentes e a textura da língua, a legitimidade do desejo, a forma como mãos e braços nos envolvem e a própria energia da pessoa. Tudo vem num mesmo bloco sensorial, e todos nós sabemos exatamente porque um beijo funciona ou não. Nesse menino tudo era tão gostoso! Mas, pra variar, um velho barrigudo começou a passar a mão na minha cabeça, por trás do sofá.

   -Vamos sair daqui, por favor.

   -Vem cá.

   Me levou pra um lugar mais vazio, mas ainda aberto.

   -Ah, vamos pro banheiro?

   -Tá, vamos sim. É lá em cima?

   Ele nunca tinha usado aquelas cabines com a luz azulada. Aliás, acho que nessa noite nem tinha luz azul alguma, não lembro. Tudo que ele fazia de bom no beijo, não se reproduzia no sexo oral. Uma pena. E quando eu o chupava, não tinha uma ereção muito consistente, apesar do desejo que expressava com aparente sinceridade. Pensando melhor agora, ele provavelmente tinha acabado de transar com o coroa, devia ter gozado com ele havia alguns minutos. Mas nada disso importava, porque o beijo era sensacional e ele era um docinho. Minha excitação era extrema:

   -Que puta corpo que você tem, cara!

   -Ah, sei! Eu, né?!.

   -Sério, meu! É exatamente o tipo de corpo que me deixa maluco! Curte dar?

   -Até curto... mas hoje não. E tu?

   -Quase nunca.

   -É... também quem tem um pau destes, tem que usar, né?

   Eu o virei e enfiei a cara naquela bundinha arrebitada, a que bonitos pelos castanhos conferiam muita masculinidade. Acho muito atraente quando o rosto e corpo são meio contrastantes assim, carinha de garoto e corpo masculino, com músculos bem desenvolvidos, pelos. O cuzinho era tão gostoso quanto a boca, macio de lamber, me absorvia, quase me beijava. Meti a língua nele, que se contorcia com o rosto contra os azulejos da parede. Pôs um pé sobre o vaso sanitário para me facilitar o acesso.

   -Pô, agora me deu vontade, também quero - disse quando eu terminei. Me virou de costas:

   -Caralho, como você é gostoso!

   Às vezes me sinto meio inibido nesse posição. Me lambeu com apetite e foi muito gostoso, ali sua boca funcionava tão bem quanto no beijo. Voltamos a nos beijar, eu o pegava com energia. E ele estava na mesma sintonia. Foi por isso que estranhei quando disse que ia "dar uma volta". Pra mim foi uma interrupção abrupta demais. Mas ele continuou me beijando e elogiando sem parar:

   -Se você tem mesmo 38 anos, continue assim!

   Eu correspondia aos seus beijos, mas aquela historia de "dar uma volta" ficou chata e eu não sabia como prosseguir:

   -Bom, você vai querer parar mesmo?

   -Vamos dar uma parada, né?

   Continuava me beijando. Eu peguei minha toalha - estava irritado, frustrado e confuso.

   -Bom, então vamos lá.

   Depois disso, o vi entrando na sauna com um senhor. Horroroso, diga-se (e não por despeito).

   Ainda tinha o coroa que falava espanhol; e nada mais, só gente feia. Ele fazia questão de não me olhar na cara toda vez que passava do meu lado mas, assim como não tinha mais ninguém pra mim, pensei que não tivesse pra ele também. Sentei pra ler um pouco. Adoro as chamadas de capa da Men's Health, que resolvem a vida de 99% do homens por módicos 10 reais:

"Perca a Pança a Jato!"
"Ombros Largos em 1 Mês!"
"Dicas Quentes Para Faturar seu Primeiro Milhão!"
"Turbine seu Guarda Roupa Gastando Pouco"
"Sexo Anal no Primeiro Encontro!" (porrãn, algum privilégio pros gays...)

   O coroa passava por mim, tinha um corpo bem gostoso, rosto charmoso. Parecia estar mancando um pouco pra andar. Entrou no banheiro com outro coroa, este bem forte, tatuado. Não era meu tipo, mas eu tinha me apressado em pensar que eu fosse sua única alternativa. Saíram logo. A probabilidade de alguém que valesse a pena entrar na sauna agora, quase 21h, era mínima e realmente não se cumpriu. Tinha dois garotinhos que até são bem bonitinhos, ambos magrinhos e de cabeça raspada, estão sempre lá e me dando mole. São um pouco tímidos, mas às vezes assoviam pra mim e morrem de rir. O problema é que têm uma pegada muito "menininha", que não me atrai geralmente. Fui dar mais uma geral no escuro e o coroa já estava lá, assistindo vídeo de pé. Parei perto dele, insinuante. Tentei ser insinuante ao menos... Meu pau ficou duro e ele percebeu. Me olhou e saiu da sala. Saiu olhando pra mim, virando pescoço pra trás. O que é isso? Não sei... Não pode ser timidez. Deve ser inabilidade social. Não sei que porra impede a maioria dos caras de demonstrar interesse com clareza, mesmo no ambiente mais propício e descompromissado do mundo. A sauna gay é isso ou não? É, sim! Só tem homem, só tem viado, todos estão ali pra transar e ponto.

   Na volta ele estava sentado num sofá que tem no corredor, de pernas abertas, e me olhava. Passei reto - "Em Roma, faça como os romanos". Meu pau estava duro ainda. Ele veio atrás. Entramos numa sala em silêncio, mas tinha gente. Subi a escada caracol e a cada volta, o via se aproximar. Fui direto para a sala de vídeo, rezando para que estivesse vazia. Zero almas naquele andar inteirinho. Sentei no sofá, pus meu pau pra fora. Era questão de segundos, eu sabia. Ele veio como quem nada queria, olhava pro monitor fixamente. Quando desviou os olhos pra mim e me viu naquele estado, veio sentar do meu lado. Parecia um pouco tímido. Nos beijamos. Era um beijo estranho. Sua boca, sua dentição, eram normais de se ver, mas no beijo, pelo menos com relação à minha boca, eram muito estranhos. Parecia que sua arcada superior era estreita ou que ele era dentuço, tinha alguma coisa erradíssima ali. Dava essa sensação tátil no beijo, mas visualmente não tinha nada demais - super esquisito. Mas era cheiroso, macio. Entrou mais gente na sala e ele me chamou pro banheiro.

   O nome dele é Hector e, pelo sotaque, é argentino (como não falo quase nada de espanhol e não estava exatamente interessado em papo, evitei conversar e nem perguntei de onde era). Engraçado que lembro pouco do que aconteceu no banheiro até que eu finalmente o comesse. Ele era bastante másculo, e até eu cheguei a pensar que isso poderia ser sinal de que era só ativo. O pau dele era enorme, bem maior que o meu, e bonito, não circuncidado, do jeito que eu gosto; mas não o chupei, não tive vontade. Ele me chupou, e não lembro da sensação, se foi bom ou não. Tinha uma marca de sunga bem forte, o corpo bronzeado (era meio loiro e tinha olhos verdes) e a bunda bem branca e lisinha, o buraquinho cor de rosa. Eu sou doido por marca de sunga. Lambi muito sua bunda macia. Tinha um pouco de gosto de lubrificante, de preservativo. Fiquei muito excitado, como não ficava havia muito tempo. Mordia a pele branca da bunda, deixando marcas de um vermelho vivo. Eu estava pronto pra ir adiante quando me pediu com sotaque:

   -Camisinha.

   Estava difícil de colocar, parecia muito justa e não chegou a desenrolar até à base. Foi uma foda intensa, quase brutal. Eu sentia cada milimetro do seu esfincter, que ele dilatava e contraía, pressionando meu pau. O orgasmo foi simultâneo e muito forte. Eu urrava, sem a menor preocupação (e sou tímido geralmente pra esse tipo de demonstração, sobretudo em lugar público). Ao fim, estava como em transe e foi ele quem tirou meu pau de dentro, arrancou a camisinha e jogou fora. Agradeceu em português, sorrindo docemente:

   -Obrigado.

   É bonitinho isso, agradecer uma transa boa. Geralmente os gringos agradecem, já reparei. Faz sentido entre desconhecidos, mas eu não saberia agradecer alguém por ter transado comigo. Não é arrogância. Talvez falta de costume.

   Nunca fico tão pouco tempo na sauna. Em menos de duas horas fiz tudo o que tinha de fazer e saí dali me sentindo leve, reenergizado. Meu amiguinho da net mandou um SMS exatamente no instante em que pus meus pés na rua, queria saber se eu tinha chegado bem em casa...

domingo, 22 de janeiro de 2012

Verde-Uva


   Gostei de ir à For Friends numa sexta-feira (sexta-feira 13, aliás), sei que voltarei mais vezes. Não estava superlotada, nem vazia. Tento entender por que fui, por que volto. Será tão pouco o que busco nesses lugares? Suprir uma carência, a necessidade de sexo e contato superficial com gente nova? Infelizmente, os desconhecidos da sauna quase nunca se permitem aprofundar algum tipo de relação que não a sexual e imediata, e isso só aprofunda o meu vazio. Não falo unicamente de uma possibilidade de envolvimento amoroso, mas de alguma coisa que vá além do corpo, de um instante de tesão. E constato que sou também apenas mais um "desconhecido da sauna", mais um homem disponível apenas para o sexo - feito de fraquezas, preconceitos, feridas mal cicatrizadas, culpa, covardia, egoismo, superficialidade e muita conversa mole. Que, como tantos outros, se ilude numa fantasiosa busca por um amor, um companheiro, que provavelmente nem teria espaço na minha vida. Com todos esse background e vestígios duma gripe recente, cheguei por volta das 17h.

   Demorou até que me aproximasse de alguém, mas já tinha visto pelo menos dois caras muito interessantes. O primeiro deles estava num sofá da primeira sala de vídeo da ala escura da casa. Mesmo no escuro, meu "detector de gringos" disparou. Tenho uma atração irracional por estrangeiros - meu antigo analista sugeriu uma vez que eu os procurava por serem quase sempre inacessíveis, de convivência improvável para além de uma transa. De onde eu estava, via o rapaz de perfil, sentado no sofá de vinil vermelho, com um rapazinho deitado em seu colo. A luz do telão realçava o desenho impressionante de seu perfil. Um homem grande, jovem, de pele clara, cabelos castanhos em corte militar, levemente úmidos e arrepiados. A relação entre seu nariz e o queixo era o que tornava seu perfil tão magnético e majestoso. Projetavam-se ambos para a frente e, em menor escala, para o alto; em harmonia rara de proporções desafiadoras. A luz azulada incidia por toda a ossatura de seu rosto de forma a corroborar com essa fascinante arquitetura facial. A grande beleza exerce sobre mim, ao menos num primeiro momento, duas forças antagônicas muito claras e simétricas: encanto e timidez. Ele pouco olhava para mim, mas já ali notei algum interesse de sua parte. Encontrei-o mais tarde num corredor, e me olhou com frieza. Segui-o ainda à sauna a vapor e foi igualmente distante. Passei a ignorá-lo.

   Saí dali. Sabia que o outro bonitão estava na sala ao lado e fui procurá-lo. Parecia tímido. Grandalhão, também jovem, loiro escuro, de barba, olhos verdes, corpo sólido, bronzeado - um tipo muito bonito e agradável. Havia mais uns 5 caras por perto. Sentei de frente pra ele, na bancada oposta. A distância e o vapor em meus olhos dificultavam a visão. Eu o olhava fixamente - sou bom fisionomista e em pouco tempo, pela silhueta, estava certo de que o encontrara. Ele me olhava também, com a cabeça inclinada. Vagou espaço ao seu lado e, ainda inseguro, fui. Esboçou um aceno com a cabeça, mas vieram sentar perto e ele levantou. Fomos nos apresentar no hall de entrada da sauna..

   -Tudo bem?

   -E aí! Como é seu nome?

   -Yuri e o seu?

   -John, prazer. Primeira vez que aqui?

   -Não, já conhecia. E você?

   -Primeira. Você é daqui mesmo?

   -Sou sim. Você é de onde?

   -Do Rio.

   -Passeando?

   -É. Escuta, como funciona aqui?

   -O que?

   -Não tem um lugar onde a gente possa ficar mais à vontade?

   -Tem... vem aqui.

   Eu pensei em levá-lo à salinha de leitura ali perto, mas ele queria um lugar ainda mais privativo. Entramos na sala do saco de pancadas. Toquei seu peito musculoso, em que distinguiam-se pelos e algumas sardas.

   -Quantos anos você tem? - perguntei.

   -28 e você?

   -38, faço em março.

   -É mesmo? Não parece ter 10 anos a mais que eu...

   Parecia preocupado com o ambiente:

   -Mas não tem um lugar mais tranquilo aqui, onde não passe gente? - ele tinha uma voz suave e grave, com pouco sotaque carioca. Educadíssimo, gentil em todas as atitudes, "moço de família".

   -Tem os quartos, quer rachar um? - eu não tinha ideia do preço de um quarto ali, mas achei que ele valia a pena.

   -Mas tem que pagar? Não tem um lugar assim, mais escuro?

   -Lá em cima tem umas cabines...

   -Cabines, como?

   -É tipo um banheiro - informei, meio sem jeito. Devia ser a primeira vez na vida que ele entrava numa sauna gay. Pensei que ele pudesse achar tudo muito "baixo" ou desconfortável.

   -Ah, então vamos lá! - disse vivamente.

   Subimos. Já na cabine, pendurei a toalha na porta. Ele estava sem saber por onde começar. Tirou a toalha também e me apalpou:

   -Porra, seu pau é grosso, cara!

   Tudo nele me dava a impressão de alguém numa nova experiencia, se desafiando - e isso me excita muito. Seu sorriso era lindo e doce; seu olhar, curioso:

   -Você curte o que? - quis saber.

   -Geralmente sou ativo, e você?

   -Só fui passivo uma vez na vida. Mas seu pau é muito grande.

   Meu pau não é nada descomunal. Sentou no vaso sanitário e me chupou com delicadeza, por um longo tempo. Eu tinha a impressão de que ele queria me fazer gozar, e a ideia de ejacular na sua barba era tentadora. Eu o ergui, nos beijamos e abaixei para chupá-lo também. Era um pau comum, em comprimento, forma, calibre. De seu púbis exalava um odor quase desagradável, porém muito sutil. Ele estava o tempo todo para gozar: segurava minha cabeça e pedia para esperar. Voltou a me chupar, sentado no vaso como antes. Lambeu meu saco e o períneo. Ia descendo em direção ao ânus e eu levantei a perna direita, apoiando o pé na parede do fundo da cabine (eu estava encostado na porta). Lambia com delicadeza mas boa pressão. Passou minha perna direita sobre sua cabeça e virou meu corpo, com a bunda pra ele. Abria minhas nádegas e lambia com intensidade. Sua barba macia fazia uma fricção gostosa na minha pele. Abri a bunda para ajudá-lo, e quando tirei as mãos, puxou-as para trás e as posicionou como antes. Estava concentrado:

   -Fica assim! Puta tesão, cara!

   Eu já pensava em fazer o mesmo com ele. Comecei pelo pau e quando ele ameaçou gozar, virei seu corpo de costas para mim. Era um corpo grande, forte. Naturalmente bonito, não do tipo "bombado". Tinha pêlos alourados pelas nádegas e mais concentrados no centro. A pele avermelhada, corada de sol, destacava a marca de sunga, branquinha, branquinha. A pele clara e macia da bunda ia ficando mais escura quanto se aproximava do ânus. Por trás, estava bastante limpo e sem odores estranhos. Quando eu enfiava a língua, ele puxava minha cabeça contra si e gemia. Me demorei bastante. Passei meu pau entre suas nádegas e perguntei:

   -Quer tentar?

   -Não rola, cara. Eu não aguento.

   -Tenho camisinha aqui, lubrifico, faço bem devagar, sem forçar. Se você pedir, eu paro.

   Ele virou-se, rindo.

   -Eu até queria, mas hoje não dá.

   Nos beijamos. Perguntei se ele queria gozar.

   -Quero.

   -Quer gozar na minha boca?

   -Você deixa? - perguntou fascinado.

   Abaixei para chupá-lo mais. Eu não sei direito por que fiz a proposta, não estava com vontade. Mas foi assim, rápido. Cuspi o esperma no vaso e ele riu. Não lembro como nos despedimos. Tomei um banho, escovei os dentes e desci.

   O gringo andava pra todo lado procurando alguém. Parecia fazer um esforço pra não olhar pra mim. Mas rondava, parecendo tentado a me cumprimentar e sem saber como. Quase sempre homens muito bonitos têm este comportamento babaca: fingem-se aéreos, desligados, querem ser bajulados, conquistados com esforço e mérito. Passava perto, às vezes parecia decidido a me abordar, vinha em minha direção, todo seu corpo dirigido a mim, mas desistia. Pode ser medo de levar um "não"? Pode - e eu tenho um semblante fechado, sério. Mas... para um homem lindo (e ele era lindo, inabalavelmente lindo), com todos os "sins" iminentes, disponíveis... parece mais capricho, uma convenção, um jogo preestabelecido e que não me interessa aprender. Tenho preguiça.

   Gosto de relações diretas: Tô a fim de você, então te olho diretamente pra que você perceba isso e se decida/ Não tô a fim de você, então evito te olhar e não correspondo aos seus olhares, pra que você se toque e me dê paz. Talvez por timidez e insegurança eu evite ao máximo esses jogos de sedução; ou talvez eu simplesmente não tenha imaginação, e perca por isso grandes emoções... Mas duvido. Decidi continuar na minha estratégia reservada. Claro que já tinha uma penca de homens atrás dele, mas quase nenhum que ele pudesse preferir a mim. Um deles era interessante até, corpão, bom tipo, mas não bonito de rosto. Tinha acabado de entrar na sauna e ficava nos rondando, afoito e indeciso entre mim e o gringo. Naturalmente mais propenso a ele, mas eu seria um step honesto. E quanto mais "distraído" da beleza do gringo eu forjava estar, mais simpático este se mostrava a mim. Talvez, sem perceber, eu estivesse fazendo o mesmo jogo besta que ele.

   Fui encontrá-lo na pequena sala de vídeo do andar superior iluminado, perto dos banheiros. Ele estava sentado de lado, quase de costas para a porta e me viu pelo canto do olho, notei. Tenho certeza de que esperava que eu me sentasse ali perto e eu estava prestes a ir. O outro cara, o que nos perseguia, se aproximou também e eu recuei. O gringo levantou um pouco irritado, mas ao passar por mim, fez um cumprimento inseguro, quase tímido, com um breve sorriso. Eu tremi na base! Os longos cílios de seus olhos verde-uva; a boca tensa e vermelha; os vestígios da barba recém raspada em seu queixo e maxilar quadrado; os dentes, seu porte, suas cores e texturas. Tanta beleza pros meus olhos, e visivelmente sem jeito por minha causa... Ou por causa do meu falso desdém... Entrou na sauna no fim do corredor e eu corri atrás. Já sem a menor possibilidade de manter qualquer dignidade e compostura, de chinelos e toalha na cintura, corri. Empurrei a porta e ele já vinha saindo. Nos olhamos nos olhos por um fração de segundos e eu, sem saber o que fazer, entrei. Ele também. Entrou de volta, atrás de mim - e por minha causa, pensei. Senti-me lisonjeado e aflito. Sentei na bancada azulejada de branco, e ele a um metro de mim, perto da porta. Havia mais gente ali dentro, na bancada oposta à nossa. Eu o olhava insistentemente e ele fixava os olhos no teto. Seria possível que fosse tímido assim? Nada em seus modos e postura o confirmava. Só com muita insistência veio a lançar olhares furtivos pro meu lado. Era hora de agir. Sentei ao seu lado. Ele não conseguia me encarar ainda, mas alisou desajeitadamente a minha coxa. Eu o toquei. Também bastante sem jeito. Não sabia como lidar com ele e bateu uma insegurança atroz. Minhas mãos no seu peito me pareceram as do garotinho que eu havia visto deitado ao seu colo e que me pareceram tão inexperientes. A posição dos nossos corpos, sentados lado a lado, contribuía para essa impressão de algo desconexo, atravancado. Seu rosto tão de perto, seus lábios ao alcance dos meus, parecia um sonho. Pensei que com a boca eu não decepcionaria. Nos beijamos. Era como beijar um príncipe encantado de conto de fadas. Acontece que eu morro de tesão em príncipe encantado. E eu já estava pendurado no pescoço cara, totalmente envolvido pelo beijo, quando subitamente empurrou meu peito, até com certa força, e voltou a encostar na parede e olhar pro teto, como se nada tivesse acontecido. Não sei descrever meu estado de confusão naquele momento. Não sabia pra onde olhar, o que fazer ou pensar. Rejeitado bruscamente, sem explicação. Levantei. Muito mais para evitar que ele se fosse antes de mim, que por vontade própria. Minha autoestima ficaria minimamente vingada. Mas ao notar que eu ia levantar, ergueu-se junto, num reflexo. Saí na frente e entrei embaixo do chuveiro bem na porta da sauna. Magoado, num estado de fragilização que me surpreendia. Era, afinal, um completo estranho. Ligou a ducha imediatamente ao lado da minha. Custei a encará-lo, mas notei a tatuagem na lateral da bunda: um pequeno cupido, muito bem desenhado. E notei ainda que seu pau estava completamente ereto, e que me olhava. Me apavorou a ideia de que meus olhos denunciassem meus sentimentos. Eu, uma autêntica besta, poderia facilmente chorar naquele momento. Esfriei a ducha completamente e enfiei a cabeça debaixo dela. Funcionou como eu esperava: dei uma sacudida, me recompuz. Só então pude encará-lo mais tranquilamente. Ele agia com perfeita naturalidade, me olhava e olhava muito para a parede também. Tinha um sorriso sutil nos lábios:

   -Do you speak english?

   -Yes... Where are you from?

   -U.S.A., Massachusetts.

   -Ok.

   -And you?

   -I live near here. What's your name?

   -Jason, and yours?

   -Yuri.

   Eu encostei na parede para observá-lo enquanto se enxugava, ainda abismado com sua incomum beleza, seu porte, uma espécie de "aura" terrivelmente sedutora. Com certeza minha cara era de paspalho:

   -What?! - intimou.

   -Man, you're incredibly handsome!

   -Thanks! you too - disse, num sorriso vaidoso.

   -Come here.

   -Where? - perguntou no caminho.

   Escolhi uma cabine do banheiro e a indiquei com a cabeça. Ele pareceu surpreso, como se fosse uma ideia super original:

   -This, I've never done before.

   Fechei a porta. Agora ele era meu. Por alguns momentos ao menos. Um pequeno vitrô trazia ainda para dentro da cabine um pouco de luz solar. Seu rosto, sob essa luz, faiscava encanto e saúde. Não perguntei sua idade, mas devia ter seus 26 anos apenas. Voz grave e sexy. Ali reparei que era só um pouco mais alto que eu (aparentava, por sua compleição física, ser muito mais). Ombros e costas largos; quadris estreitos; bundinha empinada, pequena; pernas longas e fortes; poucos pêlos - quase nenhum no tronco. Ainda me causavam forte impressão os traços do seu rosto, a pele de louça e sobretudo o queixo e o nariz. O queixo, de perfil, arredondava-se numa projeção admiravelmente masculina e atrevida; o nariz, elegantíssimo, alongado, de dorso levemente côncavo.  Como se resultasse da mistura de um galã de filme hollywoodiano e um retrato pintado em outros tempos. Segurei seu queixo de perfil para olhá-lo melhor. Parecia se divertir com o modo como eu o estudava milimetricamente. Me beijou a boca. Ele era muito masculino nas maneiras e eu queria saber o que ele toparia. Enquanto nos beijávamos, explorei sua bunda tranquilamente com as mãos. Gosto de beijos que começam intensos e depois podem-se alternar as dinâmicas. Para minha surpresa, ele me interrompeu outra vez. Agora com a explicação:

   -Less tongue!

   Realmente, eu adoro vasculhar a boca alheia com minha língua. Adoro! Muita gente gosta disso em meu beijo, mas ele se incomodou; me informou e eu me adaptei. Prático, very american. Era gostoso beijá-lo calmamente também. Seus olhos tinham um quê de frieza. Me contou que tinha vindo para o réveillon no Rio e, resumindo, pra galinhar "with you, guys".

   O pau era bem clarinho, rosado, mais pra fino, não muito grande também. Bonitinho, macio. Eu o chupei mas foi se tornando uma ação mecânica. Já percebia que o meu pau estava perdendo a ereção e eu não estava mais tão excitado - provavelmente por insegurança, pois ele não me deixava muito à vontade. Pedi que se virasse de costas. A bunda era tudo que se pode sonhar. Pequena, branca, lisa, macia, firme. O buraquinho era minúsculo, cor-de-rosa vivo, rodeado de parcos e finíssimos pêlos acastanhados. Se pudesse admirá-lo antes que ele se impacientasse, teria me detido por horas. Ao lambê-lo, retomei o estado de excitação inicial. Talvez por estar longe de seus olhos que me intimidavam. E a visão de seu corpo viril naquela posição vulnerável era perturbadora. Empurrava minha cabeça com a bunda, me fazendo encostar na parede. Arqueando o corpo, ele alcançou meu pau e me chupou enquanto eu continuava com o cuzinho na boca. Não sei quanto tempo durou esta ação, eu estava em êxtase, e só parei por não suportar a tensão das minhas coxas, quase em câimbras.

   -Let me fuck you?

   -No, not today.

   -Please, I've got a condon here.

   É, ninguém queria dar pra mim naquela sexta-feira 13....

   Nos beijamos e ele me chupou mais. Pude ver seu rosto cinematográfico engolir meu pau. Desde antes de nos aproximarmos, eu notei que ele olhava o relógio constantemente:

   -I've gotta leave soon...

   -When?

   -About 15 minutes.

   -Do you wanna cum? Cum in my mouth.

   -Do you want it?, ele parecia surpreso.

   A mesma velha história. Falta de imaginação minha. E desapego, visto que não era meu desejo consciente em nenhum dos dois casos. Talvez por perceber que nenhuma das duas transas terminaria em penetração, eu quis coroar ambas com um final "memorável". Voltei a chupá-lo e inseri um dedo em seu ânus. Ele se masturbava, dizendo algumas frases levemente vulgares, que chegaram a me deixar um pouco encabulado. Pus dois dedos dentro dele e fazia movimentos contínuos e lentos. Ele suava, tinha o rosto avermelhado. Gozou. Tinha a consistência de um gel fluido, meio pegajoso. Além da boca, atingiu meu rosto e o peito. Fiquei enjoado e cuspi. Ele riu comentando o quanto eu estava lambuzado. Percebi que sentia uma certa aversão pelo próprio sêmen e partiu friamente, deixando apenas um tapinha seco no meu ombro. Sequei-me com papel e depois pedi ao atendente uma nova escova de dentes e outro envelope de creme dental.

   Sentei para descansar um pouco, devia ser por volta das 19h. O enjoo passou completamente, visto que pedi uma torta de frango na lanchonete. Um cara passou por mim, em direção ao lado escuro da casa. Já o tinha visto apenas de perfil e me pareceu bonitão e algo familiar: moreno, aproximadamente 40 anos, corpo de nadador - alto, longilíneo, de costas largas, bem definido, sem pêlos. Escovei os dentes de novo e subi atrás dele, sem pensar muito. O andar escuro estava completamente apagado nessa noite. Parei diante do vídeo, encostado na parede. Em dois minutos ele estava ao meu lado. Realmente era um homem atraente, pode-se dizer bonito: rosto largo, queixo bem feito, sobrancelhas grossas. Foi um momento estranho aquele primeiro em que nos olhamos sob a luz vaporosa do televisor. Persistia a ideia de já tê-lo visto antes, mas não era o que me importava agora. Houve uma troca real e funda em nossos olhares. Eu não o olhava ou me deixava olhar simplesmente - era outro lance. Havia calma, embora me sentisse atraído. Como se meu olhar fosse tão fundo que o ultrapassasse. Era algo como olhar num espelho que refletisse, não minha aparência física, mas a vida como um todo, e o mundo e a humanidade - com toda a sua contradição, miséria e beleza. Mas era um momento sereno, um troço pequeno que percebi (ou que teria criado?) e em que me permiti embarcar. Nos tocamos com suavidade e, a despeito da transcendência de segundos antes, não deixei de ponderar sobre seu hálito, apenas aceitável. Houve o beijo e ele me convidou pra irmos para um quarto. Chama-se Felipe. No caminho, comentei como ele me parecia familiar, e ele disse sentir a mesma coisa.

   No quarto, nossa interação foi bastante intensa. Estava muito abafado lá dentro, até que eu encontrasse o ventilador. Nos excitamos de todas as formas possíveis, exceto penetração. Pedi que ele se virasse na cama e o lambi com muito tesão. Tem uma bunda fantástica, pequena, muito máscula. Perguntei:

   -Você gosta de dar?

   -Hum... não. Mas estava quase reconsiderando essa possibilidade. A sua língua é uma loucura!

   -Quer tentar?

   Não houve acordo. Ainda pedi que ele ficasse de quatro na cama (precisava ver aquela bunda de quatro), brincamos bastante, mas não rolou. Gozamos nos masturbando, eu por cima dele, sentado sobre suas coxas. Ele gozou primeiro e depois eu - na sua barriga, no peito, na cama. Eu custo a gozar mas quando vem, é pra valer. Deitamos lado a lado na cama estreita. Conversamos por mais de uma hora. Falamos do quarto, descobri que é barato pra alugar, cobrado por hora de utilização. Eu estava com dor de cabeça, provavelmente resquício da gripe. Reafirmei que o conhecia, mas não lembrava de onde e ele disse que já tínhamos nos visto ali mesmo.

    -Será possível que eu não lembre de você daqui?

   Ele tem 41 anos, paulistano. Abandonou há seis meses a antiga profissão, bastante tradicional e estressante, por um emprego numa importante e problemática instituição cultural da cidade. Me pareceu muito boa pessoa, simpático, calmo, delicado. É bonito mas, apesar de nosso sexo ter sido ótimo, não tem um sex appeal muito evidente. Ele tinha um jantar marcado (pelo que entendi, com um cara). Tomamos banho juntos e ele foi se vestir. Pediu o número do meu celular e, não sei porque, pensou que eu tinha de sair da sauna junto com ele. Não saí. Disse que ia esperar a dor de cabeça melhorar. Ainda tinha fôlego pra mais sexo. Fui olhar a sauna, tinha ficado fechado no quarto por muito tempo. Só um cara interessante: alto, cabeça raspada, rosto muito bonito, olhos bem azuis, argola na orelha, corpão sarado, todo tatuado. Fiquei bem curioso mas ele partiu logo em seguida. Eu tinha uma viagem e saí logo também. Na noite seguinte, o Felipe me mandou uma mensagem no celular pra que eu ficasse com seu numero e avisasse quando estivesse de volta a SP. Me deu um estalo de que ele poderia ser um dos caras que encontrei no dia descrito no primeiro post do blog, um que tinha olhar carente e mau hálito. Nunca mais nos falamos.