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sábado, 7 de julho de 2012

Aquela Cara de Cafajeste


   Ansioso, cansado e com um cara na cabeça - foi como cheguei à sauna, por volta das 17h30 duma fria segunda feira. O tal cara é a maior roubada dos últimos tempos - paixão platônica, fadada à platonice eterna - mas não me parece fácil livrar-me desse fantasma. Só de pensar nele, sinto-me estrangular. E o coração disparado. Mesmo agora, enquanto escrevo, a sensação de aperto na garganta me intriga.

   A primeira impressão do "casting" daquela tarde foi desoladora. Entretanto, com paciência, sempre tem aparecido alguém interessante. Quando passo por longos períodos frequentando esses lugares, o sexo vai perdendo grande parte do encanto e, consequentemente, do sentido. Torna-se automático, superficial, depois obsessivo e, finalmente, uma obrigação a ser cumprida.

   O tempo ia passando e naquele dia só apareceu um cara que era realmente bonito: cara de bom moço, um tipo de beleza não muito chamativa, a qual talvez faltasse agressividade, força. Era um homem suave. E inteiro bonito. Eu o perdia de vista facilmente. Muitas vezes o confundi com um garoto de altura e cabelo parecidos. De passagem pelo banheiro do primeiro andar, vi o bonitão parado, conversando com um sujeito - este musculoso e muito tatuado, ostentava uma indisfarçável cara de cafajeste. Foi este último quem mexeu comigo. Passou a mão na minha bunda e soltou uma cantada surrada, preguiçooosa. Eu estava tão concentrado no outro cara, que nem percebi que já conhecia o tal cafajeste - era o Chico, com quem fiquei da vez anterior que havia estado ali. Ri da brincadeira (que se apagou da minha memória rapidamente) e segui reto.

   Um pouco mais tarde, descendo as escadas, cruzei com o bonitão apagado, outra vez acompanhado. Mas desta vez nos olhamos e foi ele quem  falou comigo:

   -Já está descendo?

   -É, ia descendo... - eu disse, dando meia volta.

   -Ainda não é hora de descer! - disse, rindo. O menino que subia conversando com ele, desapareceu nesse instante (ao menos da minha percepção). Subimos ao corredor do primeiro andar. Eu estava flutuando:

   - Qual é o seu nome?

   -Cauã e o seu?

   -Yuri. Quantos anos você tem?

   -Trinta e dois. O meu amigo que gostou de você, né? - disse, apontando.

   Era o Chico que passava por nós (só então o reconheci). "O meu amigo que gostou de você", essa frase ainda ecoava desconfortavelmente na minha cabeça. E se mostrava um péssimo sinal.

   -Vieram juntos? - perguntei.

   -Não, a gente se conheceu aqui. É Victoria's Secret?

   -O que?!

   -Esse hidratante, é Victoria's Secret?,

   -Não... e nem é hidratante... eu não uso - perdi-me sem compreender porque ele falou com tanta certeza que eu usava um hidratante - Tomei banho aqui mesmo... Ou talvez seja o perfume que passei de manhã.

   O Roger apareceu no corredor, passou por nós, me cumprimentando.

   -Seu amigo?

   -É, um conhecido.

   -Se conheceram aqui também?

   -Não, já nos conhecíamos de outros lugares. (pausa - eu o olhava diretamente nos olhos, fascinado por sua beleza austera e elegante) Você é um homem muito bonito - eu disse finalmente,  tocando-lhe o ombro. Ele também me tocou levemente:

   -Obrigado! Bom, vou dar uma volta. A gente se fala... - e saiu com uma piscada de olho.

   Fiquei estático e pensativo por alguns momentos naquele corredor escuro. A luminosidade da porta do grande banheiro chegava até mim, bem como as sombras frenéticas de seus usuários. Era um daqueles momentos em que o tempo fica em suspenso. Despertei quando um garoto me abordou. Foi muito simpático, mas não era definitivamente o tipo de homem que me atrai. Moleque (23 anos), negro de pele clara. Não que fosse horroroso, mas não tinha nada que me interessasse. Em alguns minutos, o Roger veio juntar-se a nós, propondo um ménage e aproveitando pra se esfregar em mim. O nome do garoto é Gabriel, de Salvador. Quando a atenção do Roger voltou-se para o menino, eu me mandei. O carinha veio atrás de mim:

   -Espera! - vinha arfante - Aquele lá é tarado, né? Eu gostei muito de você... Veja aqui - disse, puxando minha mão para o seu pau.

   Notei que estava duro e era gigantesco. Tocá-lo me deixou de pau duro também - e isso me surpreendeu. Ele me puxou para uma cabine, me chupou e beijou. Por mais que fosse super simpático, cheiroso, que me chupasse gostoso e tivesse um pau lindo, eu só pensava em sair dali. Mas ele inventou de pegar um quarto para ficar comigo.

   -Não, bobagem, está bom aqui...

   -Eu quero no quarto! Você merece um quarto.

   -Não, deixa quieto...

  Me puxou pelas escadas e não sossegou enquanto não trocou o seu armário por um quarto. Conversamos um pouco, mais sobre suas atividades profissionais. Na cama, eu o beijava pensando no meu rolinho platônico:

   -Que beijo! Você é uma delícia... Quer me comer?

   -Não... Não estou a fim

   -Por que não?

   -Estou cansado. Vou dar uma volta.

   -Dá seu numero pra mim?

   -Anota... (fiz a burrada de dar o número certo)

   -Se você vai embora, eu vou pro hotel. Não tem mais nada pra fazer aqui. Não quero te ver com outros caras.

   Eu me sinto mal de ficar com alguém só pra ser simpático, de sucumbir a alguém insistente (dramático, no caso), e também de interromper uma transa. Tenho a impressão de ser incapaz de aprender a respeitar meus limites.

   O Chico passava pelo corredor vazio, e parou quando me viu. É um corpo tão lindo! Ele não é tão alto quanto eu me lembrava, talvez 1,85m. E seu rosto é mais pra feio. Parece uma década mais velho do que diz ser e, não sei por quê, não me parece confiável. Aquela carinha de cafajeste. Mas me atrai muito. É másculo, gostoso, simpático, sedutor. Eu me aproximei e entramos num hallzinho escuro. Nos beijamos. O contato com ele me deixa sempre instantaneamente excitado. Virou-se de costas e pediu em sua voz grave e rouca:

   -Chupa o meu cu.

   Deslizei a boca por suas costas, pelo cóccix, pelos glúteos. Reconheci o cuzinho com a ponta da língua. Ele o mantinha, como da outra vez, sempre tenso.

   -Relaxa, deixa eu meter a língua em você.

   -Vamos pro banheiro - sussurrou.

   Me puxava pela mão. Roger e Cauã conversavam e viram quando entramos num dos chuveiros reservados, com porta. Demoramos ali dentro. Nos chupamos de cabo a rabo (literalmente) e eu fodi aquela bunda gostosa outra vez. Ele tinha trazido um envelope de lubrificante, mas mesmo assim foi difícil de penetrar.

   -Fica de quatro pra mim?

  -Aqui vai ser difícil, hein? - disse avaliando o chão, com evidente repulsa.

   Gozei dentro dele e foi muito forte, cheguei a ficar zonzo, com o coração disparado, latejando na garganta, a respiração ofegante - até pensei que fosse ter um troço. Antes de tirar o pau de dentro, esperei que ele gozasse também. Minha camisinha estava cheia, dei-lhe um nó e deixei num canto. Tomamos uma ducha, banhei seu corpo minuciosamente. Como na semana anterior, depois da transa, ele deitou num banco da sauna seca e ficou quieto, aéreo, parecendo amuado. Mais um pouco e fui sentar ao lado da sua cabeça, acariciando seu peito.

   -E aí garotão, aprontando muito? - perguntou como se não me conhecesse.

   -Um pouquinho...

   -Já gozou?

   -Já. Dentro de você.

   -Foi? (pausa) Sabe fazer massagem?

   -Me diga você...

   Ele se virou de bruços e o massageei. Pediu que me concentrasse no ombro esquerdo, sobre o qual teria dormido de mau jeito. Abaixei um pouco a sua toalha e lambi seu cóccix, a lombar. Só de pensar naquela bunda, meu pau fica duro. Deitei sobre seu dorso por alguns minutos e me despedi:

   -Está muito quente aqui.

   O bartender era o moicano gato. Sorriu pra mim quando notou que eu seguia um rapaz bonitinho que passou pelo bar em direção aos armários. Era bem jeitosinho até e o reencontrei lá em cima, no labirinto. Olhava pra mim, sempre esperando que eu me aproximasse. Boa altura, bom corpo, rosto agradável, jovem. Entrou numa cabine sem portas e o segui. Nos tocamos, nos beijamos, mas não rolava, não encaixava. Seu toque era mole, displicente, medroso. A pele, o beijo, o cheiro - nada me seduzia. Deixei-o só, e quando o reencontrava no claro, era outra vez fisgado pela sua beleza comum, pelo seu olhar indefeso. Sempre parado sob um foco de luz, sempre solitário.

   Nos corredores, reapareceu o Chico e me puxou. Estava conversando com um cara que me apresentou como sendo seu primo. É o mesmo grandalhão mortiço também presente na semana anterior, que o Cássio disse ter pau pequeno. Outro corpo lindo e rosto relativamente feio (exceto pelos claríssimos olhos verdes). Tem cara de caipira e seu nome me lembro ser Juliano.

   -Primo, este é o meu marido, conhece?

   -Você casou, primo?

   -Tá aqui, meu marido.

   Pelo que entendi, são de Santa Catarina e moram juntos num apartamento ali perto da sauna. O Chico começou a me beijar e o outro fez-se de horrorizado. Virou-se de costas para nós, com as mãos postas, pedindo a Deus que nos salvasse e iluminasse nosso caminho de perdição. Mais um pouco e ele se foi, ainda rindo, o rosto ruborizado - parecia um pouco envergonhado de verdade.  É decepcionante a ingenuidade que pode esconder um monte de músculos. Chico queria mais massagem. Virou de costas no meio do corredor vazio e abaixou a toalha. Eu o massageei e lambi sua bunda. Entramos numa cabine sem porta, parcamente iluminada, e continuamos nossa "massagem". Não sei estar ao seu lado sem lamber aquela bunda, simplesmente não sei! Agora ele teve uma iluminação repentina:

   -Lembrei de você, da semana passada.

   Falou minha profissão, minha cidade natal, minha idade. Também queria o meu telefone. Descemos e fiquei surpreso por ele saber qual era o meu armário. Disse que me viu chegar. Anotei seu numero na agenda do meu celular e ele se foi. Olhava pra trás e baixava a toalha, mostrando a bunda que eu tanto havia exaltado, como quem dissesse: "Olha o que tem aqui, me liga". Eu ria como otário, hipnotizado por aquele corpo Michelangeliano. Tá na cara que se trata de um sacana, mas dá vontade de revê-lo. Mais tarde, reparei em dois garotos bonitinhos, estavam sempre juntos, conversavam bastante, riam. O de corpo mais bonito, encontrei na sauna seca e sentei-me a sua frente. Pouco depois, veio o Chico e sentou do meu lado, olhando pro guri também, ignorando a minha presença. Parecia uma disputa. Não contente, foi sentar ao lado do garoto, e como este continuava olhando pra mim, cruzou as pernas e pôs-se a olhar em minha direção também. Eu não entendia o que se passava. Não sei se ele estava interessado no garoto, se em mim, se queria disputar o carinha comigo, ou se era só birra, pra atrapalhar o meu rolê. Olhava na minha direção como para um objeto, sem expressão que se comunicasse comigo. Aquilo ia me irritando num crescente desgovernado.

   Desci pro bar e sentei numa poltrona. Já era outro bartender, o único sem graça que vi ali. Um tipo bastante espalhafatoso se aproximou, conversando alto com o atendente, com carregado sotaque nordestino:

   -Opa, que já tem bofe bom por aqui!
 
   Vinha em minha direção e parecia referir-se a mim. Chegou pondo a mão, e só falava merda. Era um homem de uns 50 anos, horroroso, vulgar e sem um pingo de educação. Talvez estivesse drogado. Levantei-me sem palavra, bufando de ódio. Voltei ao primeiro andar e me aproximei dos dois garotos que andavam juntos. Quem sabe? Eu topava os dois! Aquele demônio nordestino teve a mesma ideia e chegou pegando no mais magro dos garotos. Acabou virando uma briga horrorosa, gritaria, troca de palavras nada polidas. "Pronto, acabou a noite", pensei. Dei um tempinho para descer, acuado num dos cantos do labirinto. Não gosto de briga, de confusão gratuita. E o garoto veio pra perto de mim. Usava uma cueca preta e trazia a toalha na mão. Era bem definidinho de corpo, moreno, bonitinho. Entramos numa cabine e nos fechamos. Seu nome é Dagoberto, de Porto Alegre, 23 anos. Está temporariamente em SP e pretende mudar-se pra cá. Nosso entrosamento foi muito bom, fluido. Seu beijo era delicioso, seu cheiro envolvente. Tinha um pau grande, uncut, cujo prepúcio me impressionou pelo tamanho e maciez. Funcionava perfeitamente, expondo a glande inteira, mas quando fechado, mesmo com o pênis totalmente ereto, sobrava muita pele na ponta. Era muito gostoso de chupar.

   -Você curte o que? - perguntou.

   -Sou mais ativo, e você?

   -Também.

   -Mas você dá?

   -Difícil, mas vamos tentar... (pausa) Eu quero.

   Comi, e nem foi muito difícil. Fodi bastante e tirei, cansado. Ele queria me comer agora. Até tentei. Ele pôs a camisinha, lubrificamos bastante com saliva, mas não consegui. Nada, nada...

   -Goza no meu pau? - pediu.

   -Como?

   -Goza no meu pau!

   E foi assim, tocamos uma punheta juntos, gozei sobre o pau dele e em seguida ele também gozou. Depois do banho, nos despedimos friamente, com um aperto de mão.

domingo, 27 de maio de 2012

Baba nas Coxas


   Quinta-feira à tarde, fui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Dependendo do horário, não me sinto muito à vontade no centrão. Além da feiura e degradação, dá medo: fui assaltado ali perto há alguns anos e fiquei meio traumatizado. Três demônios me espancaram por um mero celular. Foi difícil encontrar o tal hotel e, ao chegar, fui informado de que ele fechou, uma semana após a inauguração, para finalizar a obra. Que fazer? For Friends salva!

   Fazia quase um mês que eu não entrava ali. No chuveiro, ao meu lado, tinha um belo homem. Um belo de um velho, na verdade. Em geral não sinto atração por caras mais velhos que eu, mas era um puta corpão, cabelo farto completamente branco, cortado curtinho, rosto muito jovem, pele bronzeada. Só dava pra ver que tinha idade por causa do cabelo. Talvez nem fosse tão velho mesmo, mas o cabelo era branco, branco, branco. Fiquei com vontade de pegar, tive chances (diversas vezes ele se insinuou e, ainda por luxo, sabia ser sexy o coroa!) mas as desperdicei. Provavelmente por puro preconceito.

   Também de passagem pelo chuveiro, olhei um garoto que se lavava. Reparei mais no pau dele, bonito de doer. Um cara branquinho, sem pêlos, usava uma barbinha curta. Não tinha nada de mais (exceto o pau) mas é o tipo de cara de que gosto. Na sauna tinha outro cara com as mesmas características, eu os confundia toda hora. O outro era até mais bonitão, mas foi o primeiro que veio sentar ao meu lado na sala de vídeo. Ali, à meia luz, me pareceu bem bonito de rosto. Chama Renato, 23 anos, DJ. Além de DJ tem uma outra profissão que eu esqueci completamente. Ficamos no sofá conversando e nos pegando por mais de uma hora. Todo ele cheiroso, macio. E aquele pau. Tenho um amigo que não entende quando eu digo que fulano tem um pau bonito: "Mas bonito por quê? Pau não é tudo igual?". E é viado quem me fala um absurdo desses! Pois o pau desse Renato é lindo, lindíssimo. Chego a ficar emocionado quando encontro um destes. Sem cinismo, me emociono mesmo. Além disso, é um menino super querido, me enchia de carinhos e elogios. Quando um magricelo veio sentar ao nosso lado, sugeri que fôssemos para o banheiro.

   Na cabine a iluminação é bem melhor e fiquei um tanto decepcionado com o resto dele (o pau é sempre a exceção). Um tanto fora de forma para a sua idade, cabelo desleixado, meio falho. Não era bonito definitivamente. Mas tinha aquela joia no meio das pernas. E era fofo, muito fofo. Às vezes acontece de o tesão do outro nos contagiar. Pediu algumas vezes que eu encostasse na parede para olhar pra mim:

   -Puta que o pariu, como você é gostoso! Nem sei o que fazer com você...

   Eu me sentia bonito mesmo, tinha tomado sol e acabado de cortar o cabelo. Fizemos basicamente sexo oral. Fiz menção de meter na sua bundinha, mas não fui adiante. E quando ele me imitou, cheguei a considerar receber aquele pinto lindo dentro de mim. Reconsiderei pelas dimensões bem além dos meus mais entusiasmados arroubos de "passividade". Mas não me fartava nunca dele na minha boca. Não se tratava de apenas mais um órgão genital masculino. Tamanho, formas, textura, cores, cheiro, gosto - uma festa! Imodestíssima! Se ele tivesse um corpo mais bem cuidado e raspasse aquele cabelo feioso, seria um partidão. Continuei chupando, mesmo quando ele anunciou que estava para gozar.

   -Onde você quer que eu goze?

   -Em mim.

   -Pode gozar na sua cara?

   Gozou na minha boca, no meu colo. Eu cuspi e continuei chupando até que murchasse. Tão lindo, tão lindo...

   Depois do banho, de passagem pelo vestiário, vi um cara bonito se vestindo. Senti uma pontada no coração por ter ficado tanto tempo com o Renato e deixado aquele homem me escapar. Ele me olhou também, com evidente interesse. Nos cruzamos e depois de alguns passos, voltei. Estava agora secando os cabelos no hall embaixo da escadaria. Nos olhamos novamente e eu prossegui, como se espera do idiota que sou. Já ia subindo as escadas, quando ele me chamou.

   -Hei, tudo bem?

   Voltei:

   -Já está indo embora? - perguntei.

   -Já, tenho que ir. Por que?

   -Que pena...

   -É, uma pena... também acho.

   Me beijou. O secador ligado esquentou minha orelha direita. Seu nome é Caio, 31 anos, matogrossense, moreno, por volta de 1,80m, rosto muito interessante, de traços latinos e um corpo absurdo. Mesmo já estando completamente vestido, era impossível não perceber que seu corpo era um assombro. Disse que precisava passar em casa antes da aula de inglês. Contou que trabalha numa marca de moda, patrocinadora de um grande evento internacional, e que vive na estrada por conta disso. Bastante desenvolto com as palavras, dava a impressão de engrandecer tudo, mais por imaginação, que por malícia.  Talvez até por alguma insegurança. Falou muito sobre a empresa, usando aqueles jargões afetados e sobre sua frustrada carreira de cantor em alguns programas televisivos. Falou algumas abobrinhas sobre canto, mas entoou de brincadeira uma frase musical com voz muito bonita e segura. Contou do período em que morou em Buenos Aires e do namorado argentino com quem morava - um relacionamento tumultuado, cheio de brigas e desentendimentos. Disse ter fechado uma venda milionária naquela manhã e recebido uma tarde de folga do chefe. Tinha chegado perto das 14h e estava cansado da sauna. Vários dados desencontrados sobre suas conquistas profissionais confirmaram a impressão inicial de ser um mentiroso compulsivo. Trocamos Facebook e nos despedimos com outro acalorado beijo. As fotos do seu perfil são um pouco bregas e seu rosto não é muito fotogênico, mas o corpo é tudo aquilo que eu imaginei. E um pouco mais.

   Tinha um garoto inconveniente; onde quer que eu fosse, lá ele estava, e seus olhos arregalados, querendo relar em mim, passar a mão. Baixinho, moreno, cabeça raspada, tinha um corpo bem bonzinho, mas o rosto era sem qualquer atrativo. E era chato pra caralho. Eu tinha visto um gostosão e tentava chegar perto, lá no lado escuro (sem um ponto de luz naquela noite). Era um coroa meio bombado (uns quarenta e poucos anos), corpo bonito, rosto interessante, apesar do nariz imenso. Pois o baixinho se colocou na minha frente, entre mim e o cara, e continuava me intimando. Por coincidência, outro carinha se pôs ao seu lado, se insinuando pra mim também - não sei se estavam juntos. Fiquei até lisonjeado com aquela dupla demonstração de interesse, mas não dei corda. O baixinho pegou em mim e veio se encostando. Afastei sua mão e saí. Me sinto mal nessas situações, fico chateado e não deveria. Quem toma liberdades dessa maneira, está se sujeitando a uma negativa brusca. O coroa tinha desaparecido e eu voltei para o claro. Encontrei o Roger (para variar) e conversamos um pouco. O coroa passou por nós e o Roger pôs defeito e disse que ele nunca fica com ninguém na sauna. Me passou a cantada de sempre e comentamos bunda de um garoto que tinha passado. Ele foi lá tentar a sorte e voltei para o escuro, atrás do coroa.

   Foi fácil, o encontrei logo e ele mordeu a isca prontamente. Era um tanto limitado, não queria beijar na boca, nem que eu tocasse na sua bunda. Quando consegui lamber seu cuzinho, já tinha um monte de gente em volta perturbando. Fomos para o reservado e finalmente nos beijamos. Eu não ia dar, ele também não, decidimos parar por ali. Mas foi bem enfático ao se despedir:

   -Se mudar de ideia, estou aí por dez minutos ainda. Queria muito te comer, hein!

   Saí dali e encostei numa parede ao lado, ainda de pau duro. Passou um moleque que eu já tinha visto no andar de baixo, e parou numa porta, olhando pra mim. Eu queria mesmo que alguém me chupasse e fui lá. Parei diante dele e nem precisei pedir. Agachou e me deu um bom trato. Depois começou a ficar nojento, ele salivava muito, escorria pelas minhas pernas. Foi me dando uma tremenda aflição mas não sabia como pará-lo, dizer que não queria mais. Estava torcendo pra que um de nós gozasse, quando apareceu um loiro do meu lado, completamente nu. Era um corpo bonito, dava para perceber que sua pele era lisa e macia. Eu o atraí para perto e pus o menino para chupar os dois paus ao mesmo tempo, enquanto eu explorava a nova bundinha do pedaço. Era deliciosa. Ele gemia e soltava algumas palavras ininteligíveis, com uma voz muito grave. Fiquei atrás dele, pus a camisinha e comi. Ali mesmo, no meio da sala escura. Não tinha ninguém por perto, só o outro cara que continuava ajoelhado no chão, chupando o pau do loiro. Foi um pouco difícil a penetração, ele era bem apertado. Vi o Felipe subindo as escadas enquanto eu fodia o cara. Isso me tirou um pouco a atenção do que estava fazendo. Acho o Felipe um bonitão e um cara bacana. Queria conhecê-lo melhor, mas não vai rolar, ele me evita agora. O loiro gozou antes de mim, pra variar.

   Tomei outro banho, me livrei daquela baba nas coxas. Eu queria gozar, precisava gozar. A sauna estava quase vazia. No vestiário vi um cara chegando. Era óbvio que era estrangeiro e tinha um rosto lindo. Alto, magro, bronzeado, cabelo loiro cinzento cortado bem rente e olhos de um azul transparente. Começou a se despir e eu subi para o primeiro andar. Sentei na sala de vídeo e em alguns minutos ele apareceu por lá também. De onde eu estava sentado, vi o Felipe sair de um dos quartos com alguém. Seu corpo de nadador me excita muito, especialmente a bunda, pequena e escultural. O rapaz veio sentar ao meu lado. Foi muito rápido e direto. Seu sorriso era deslumbrante, tentador. Parisiense, seu nome é Loic (eu nunca tinha ouvido esse nome da vida e só compreendi quando o soletrou), 31 anos. É bancário e tirou um ano sabático para dar a volta ao mundo. O Brasil é sua última parada, onde fica por cinco semanas -  havia chegado na manhã daquele dia. Nos comunicamos em inglês, que ele fala muito bem, com pouquíssimo sotaque; e eu, que geralmente me comunico bem em inglês, me atrapalhei várias vezes durante nosso papo. Nos beijamos ali no sofá e ele me chamou para irmos para um quarto. Ele não sabia que tinha de alugá-los para pegar a chave. Fomos para uma cabine do banheiro mesmo. O corpo dele não é tão bonito, bem magro e alto (1,93m), só as pernas são bem torneadas. E o pau é enorme. Estava com uma marquinha de sunga, o corpo todo meio avermelhado de sol e a bunda bem branca. Nos chupamos e fodi violentamente seu buraquinho cor-de-rosa. Depois do banho ele queria fumar. Foi buscar o cigarro no armário e fomos para o jardim externo. Falou um pouco do seu itinerário e contou alguns acontecimentos. Nada tão interessante como se esperaria de quem passou um ano viajando por lugares tão diferentes. Deu mais ênfase aos homens - disse que Cuba e Argentina são os melhores lugares do mundo pra pegar homem bonito. Tem ouvido dizer que os homens brasileiros são os mais sexy do mundo mas que têm pau pequeno. Como eu fui o seu primeiro brasileiro, ficou mais aliviado quanto às nossas medidas. Eu disse que quando soube que ele era francês, também tinha ficado apreensivo, pensando que ele poderia ser meio sujinho. Apesar de fumante, era muito cheiroso. Pediu algumas informações de lugares onde ir em SP e pareceu bastante bem informado, inclusive sobre nomes de ruas e bairros.

   Um garoto veio sentar com a gente e puxou conversa, queria saber de onde nós éramos. Seu nome é Douglas e é muito simpático. Tem 23 anos, gaúcho, morando em SP há poucos meses. Tem um tipo bom, mas não é atraente pra mim. Loic foi dar uma sapeada na sauna mas, não encontrando nada interessante, voltou a sentar no jardim. Resolvi ir embora e ele disse que iria junto. Fomos conversando até o metrô. Descobrimos que tínhamos visitado a mesma exposição no MASP (quase no mesmo horário), cortado o cabelo no Retrô e almoçado no Athenas. MEDO. Combinamos de nos encontrarmos no final de semana para uma balada que acabou não dando certo (desta vez por minha culpa).

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Papai Noel e o Saco de Pancada


   Parece que os mais bonitos já não gostam de mim...
   Será que emagreci demais? Uma dor no ombro me tirou forçadamente da academia e minha massa muscular, também em razão de uma dieta alimentar, tem definhado nos últimos quatro meses: perdi 8 quilos, quase 4 cm em cada bíceps, e um pouco mais de 5 cm de peitoral. Mas no computo geral, me sinto bem: também perdi 8 cm na cintura!
   Estou ficando velho? No fim do mês completei 38 anos... Os quarenta chegando apavoram. Mais uma vez só tinha um único cara muuuito bonito na sauna e, outra vez, este não quis nada comigo. Não que eu tivesse insistido, acho que fiquei um pouco intimidado.
   O vi primeiro no jardim, área de fumantes, pouco depois de ter chegado à sauna. Nem cheguei a sair ao jardim nessa primeira vez, o vi apenas pelo vidro da porta do jardim, que o refletia ao sol, sentado numa poltrona, fumando elegantemente enquanto conversava. Garotão alto, corpo dourado de sol, musculatura definida no abdômen, peitoral bem desenvolvido, cavanhaque aloirado, expressivos olhos verdes, boca vermelha, sorriso magnético. Trazia no rosto alguma coisa que me sugeria a criança que havia sido um dia. Tudo isso eu vi pela vidraça que o forte sol transformava quase num espelho. Não pude sair, não me sentia preparado para "enfrentar" tamanha beleza às três da tarde duma quinta-feira que já havia começado conturbada. Rodeei aquela porta, esperando que ele entrasse ou que uma súbita coragem me empurrasse pra fora. Só dentro da sauna seca fui vê-lo mais de perto. Parei logo ao lado da porta e ele estava na outra extremidade da sala, deitado na bancada - conversava ainda. Entendi do papo que ele trancou a faculdade e abandonou São Paulo por não aguentar o ritmo da cidade. Tentou o Rio e instalou-se numa cidade menor, que o situa entre SP, RJ e BH (quando entrei, ele já tinha dito o nome da cidade). O outro, mais maduro mas bem bonitão, morava em Belém - PA, e estava aqui participando duma feira. Fui ao dark. Já havia notado um rapaz andando pela sauna, que me abordava agora:
 
   -E aí.

   -Beleza?

   -O que manda?

   -Acabei de chegar. Está aí faz tempo?

   -Um tempinho já.

   -Prazer, Yuri.

   -Rodrigo.

   Eu sentei e ele ao meu lado. Tem 32 anos (disse que eu pareço mais novo que ele, no que concordo), é médico, mora em Higienópolis. Quis me beijar mas eu não estava com vontade ("minha boca tá machucada" - foi minha desculpa improvisada). Começou a me masturbar até que veio a fatídica pergunta:

   -Curte o que?

   -Sou só ativo. E você?

   -Também... (pausa) É, os dois ativos... acho que nem rola nada hoje, hein? Tô atrasadão já, tenho que estar no hospital em uma hora.

   Continuou me masturbando. Lambia o meu braço que envolvia seu pescoço e abocanhou meu dedão. Fui aproximando a mão do meu pau e ele me chupou. Gozou em fortes contrações.

   -Tesão, cara!

   Levantou e partiu friamente. Saí ao jardim e dei de cara com o garoto bonito. Continuava conversando e parou por um momento quando me viu. Eu também congelei, vidrado nos seus olhos, encabulado com a sua reação. Dei meia volta e deixei o jardim. Me dá uma imensa raiva de mim mesmo quando assumo esse papel de otário, de fraco! Fui sentar numa poltrona perto da jacuzzi. Alguns minutos depois ele passou por mim, entrou na sauna. Voltou rápido e entrou na jacuzzi, então vazia. Sem a toalha era ainda mais belo, uma perfeição de homem. Quando me preparava pra a aproximação, um velhote entrou na jacuzzi com ele. E mais outro, logo em seguida. O garoto desistiu da jacuzzi, foi à sauna a vapor e eu sentei ao seu lado. Tentei  estabelecer contato visual, mas não permitiu. Saí dali com a promessa de não voltar a tentar nada com ele. Vá lá: exceto se ele me procurasse.

   Apareceu um coroa que me pareceu interessante. Passou com uma long neck na mão, rumo ao dark. Cabeça completamente raspada, físico bom, alto. Não era bonito, mas tinha alguma coisa que me atraiu. Na boa: tinha uma bunda bem gostosa. Subi também e fui encontrá-lo encostado na janela de uma das salas escuras. Sentei num sofá e esperei. Olhava pra ele apenas. Aproximou-se e parou na minha frente. Nos tocamos. Pele sadia, cheirosa, limpa. Chupei seu pau e o virei de costas. Pedi que ficasse de quatro na cama e lambi a bunda que me havia despertado o desejo. Virou-se e perguntou, com voz decepcionante:

   -Quer dar pra mim?

   Era uma voz frágil, infantilizada. Apesar da minha negativa, pegou a camisinha que eu trazia e pôs no próprio pau, insinuando que eu me sentasse nele. Peguei minha toalha e desci, sem nem me despedir. No caminho de volta, topei com o Roger. Quase todas as vezes que vou à sauna, encontro com ele, mas sempre diz que não frequenta saunas regularmente. Uma vez, na 269, o vi entrando numa cabine com dois caras. Na semana seguinte ele me disse que nunca tinha ficado com dois caras ao mesmo tempo. Talvez ele me veja como um santinho inocente e fique sem jeito. Ele já tinha visto o cara bonito, que também o tinha esnobado, preferindo (segundo ele) um carinha gordo e feio. Eles passaram por nós, rumo ao vestiário:

   -Pô, você acha esse menino gordo e feio? - perguntei.

   -É, até que agora que você falou, não é mesmo... é bonitinho.

   Pediu que eu cheirasse o seu antebraço. Estava cheiroso realmente. "Agora sente como está macio". Minha expressão devia pairar entre o desânimo e a interrogação polida. "É óleo. Passei dentro da sauna, penetra na pele, fica uma delícia. Vamos lá, passamos um no outro". Fui. Nos massageamos com o tal óleo, cheguei a me excitar, mas com ele não rola nada. Não gosta de dar, não chupa. Não vou ficar chupando um cara que não retribui. Talvez seja bobagem minha, falta de espírito aventureiro, mas o óleo na pele me incomoda profundamente, passei o resto da noite tentando tirar seus resquícios do corpo. Imaginei alguém me tocando e sentindo minha pele engordurada, com aspecto de sujeira. Tentei me aproximar do garotinho bonito que o Roger tinha dito que era feio e gordo. Era baixinho, corpo apenas ok, mas o rosto era lindo, com uma barbinha rala. Também ficou cheio de rodeios e acabei desistindo.

   Apareceu um cara no corredor, se insinuava pra mim. Não é absolutamente o tipo de que me atrai, mas dava bem pra encarar. Maurício, 26 anos, alto, moreno, forte, de características árabes, usava aparelho nos dentes. Detesto cara de aparelho. É tão broxante num adulto. E quase sempre causa um cheiro desagradável. Não era o caso, felizmente. Aproximou-se com naturalidade, muito direto - ponto pra ele. Me convidou para entrar com ele num dos quartos que haviam deixado aberto naquela noite. Aceitei. Ele ia fechando a porta quando parou um instante e falou alguma coisa com alguém do lado de fora. Pensei que fosse algum dos funcionários da sauna avisando que teríamos de pagar pra usar o quarto, mas ele fez um gesto, convidando para que entrassem. Entrou um sujeito estranhamente parecido com o próprio Maurício. Fiquei confuso:

 Seriam primos, irmãos?Gêmeos? Estavam juntos? Que porra era aquela?!

   Era apenas coincidência e provavelmente nem os dois tenham se apercebido da semelhança. O outro tinha uma barriga bem mais pronunciada, o que me desgostou imediatamente. Achei desagradável que ele tivesse convidado alguém sem me consultar. Quase pedi que ele pusesse o cara pra fora, mas ele já estava me chupando, o que sempre amolece meu coraçãozinho... O outro olhava e veio segurar a base do meu pau. Maurício puxou a toalha do seu sósia, revelando um belo cacete. Pôs a bunda no meu pau enquanto chupava o outro. Era bonito seu corpo naquela posição, uma bunda bem gostosa. Eu ia passando o pau e começou a entrar. Um pouco reticente, meti e comecei a foder, sem camisinha mesmo (minha camisinha tinha ficado com o careca otário que falava como criança). O sósia barrigudinho se manifestou:

   -Dá a minha camisinha pra ele, disse apontando suas coisas sobre a cama - a toalha, a chave do armário e o preservativo.

   Vesti a camisinha e o Maurício já estava deitado de costas na cama, chupando o pau do cara. Ergui suas pernas e meti. O peso de seu corpo afundava o colchão, dificultando o meu "trabalho". Abracei suas pernas e elevei-as até quase seu peito, ficando cara-a-cara. Ele me ofereceu o pau do cara, bateu com ele na minha boca. Tinha uma textura e forma deliciosas e, apesar de grande e grosso, encaixava na minha boca muito prazeirosamente. O cheiro era muito bom também, excitante. Nenhum perfume (ou óleo pegajoso) jamais terá cheiro mais excitante que o de uma pele saudável e limpa. Claro que há diferenças de pele para pele, e nos sentimos atraídos pelo cheiro de uma pessoa e não de outra por vários motivos (muitos deles até inconscientes). Esse rapaz tinha um cheiro que me fez gozar instantaneamente. Deixei os dois sozinhos e fui tomar um banho. Pedi ao atendente simpático mais camisinha e ele me deu dois envelopes.

   Voltei a procurar mais alguém e não via nada que me interessasse. Entrei na sala do saco de pancada, que estava vazia. Só o saco, pendurado no meio da sala. Quase sempre eu dou minhas pancadinhas nele e achei aquele um momento muito oportuno, em que estava um pouco irritado. "Um soco bem forte! Quero balançar ao máximo esse saco com um único soco", eu pensei. Tomei posição, pensei no meu ombro machucado, respirei fundo e mandei ver: um soco perfeito - reto, rápido e potente - bem no centro do saco. No exato momento do soco, percebi alguém entrando por trás. Já seria suficientemente ridículo um homem de toalha e chinelos, numa sauna gay, treinando boxe. E se o saco voar com o soco e desmoronar no chão com um grande estrondo, deixando esse homem com olhos arregalados e cara de panaca? Havia um senhor barbudo, muito alto e gordo parado à porta. O sorriso escarnecedor era indisfarçavel em seus lábios. O saco jazia no fundo da sala, torto, debruçado aos pés duma mesinha de canto. O cabo de aço que o sustentava ainda balançava do teto. Fui olhar de perto e vi que já estava bem gasto, precisava ser trocado, o que me tranquilizou. Felizmente, Papai Noel já tinha partido quando me voltei. Mal saí da sala, um outro senhor veio me abordar com sotaque italiano. Pelo cabelo e cavanhaque completamente brancos, supõe-se ter bastante idade. Via-se pelo rosto que deve ter sido um belo homem. Segurou meu braço firmemente:

   -Posso ir lá em cima com você?

   -Dá licença? - eu disse apontando meu braço.

   -Vamos lá em cima comigo?

   -Não vou subir.

   -Por favor...

   Esse tipo de súplica me mortifica. Por pena, angústia e, sobretudo, raiva. Raiva não tanto dele, quanto da vida como ela é. Aquele homem tinha algo de trágico no olhos, algo de desesperador. Infelizmente eu estava muito ocupado procurando o enésimo corpinho descartável, para poder dar alguma atenção e conversar com o infeliz por alguns instantes. Penso muito no quanto quero morrer antes de envelhecer. Sei que não saberei lidar com a incapacidade de despertar desejo sexual. Não tenho ou terei filhos e netos; talvez sequer sobrinhos. Só o sexo poderia salvar minha vida se não puder continuar trabalhando até morrer. Oxalá eu tenha muito dinheiro pra pagar por belos garotões, pois as chances de morrer cedo são exíguas na minha família. Sei o quanto parece vácuo e pobre esse prenúncio que me faço. E sei como o futuro, coisa que não existe, sempre nos aparece achatado, empobrecido, justamente por não existir. E o mundo muda, e nós mudamos. Felizmente.

   Reencontrei o Maurício, e vinha cheio de amor pra dar:

   -Vamos lá para aquele quarto de novo?

   Eu topei. Sua ideia fixa agora era me comer, chegou a pôr a camisinha, mas expliquei que não queria.

   -Deita na cama então, vou sentar no seu pau.

   Pus a camisinha e ele sentou. Comandou tudo até que meu pau escapasse de dentro. Pedi:

   -Fica de quatro pra mim?

   -Quer de quatro, quer?

   Fodi até gozar.

   -Chega de me comer por hoje, garotão.

   Tinha ainda um cara com corpo muito bonito, rosto até interessante, porém com uma pele feia, bem marcada quando vista de perto. Me olhava e ficava de pau duro, mas virava a cara. Fico de saco cheio de gente assim, gosto de gente direta. Tomamos banho lado a lado, ambos de pau duro. Ele me examinava o corpo com atenção, mas nunca me olhava nos olhos. Disfarçava e olhava pro outro lado. Talvez quisesse esconder as marcas do rosto (o que não me ocorreu no momento). Na ducha do meu lado direito entrou outro cara. Na mesma hora em que o vi, sabia que já conhecia, mas estava em dúvida se era quem eu estava pensando. Um cara bonito que estava na sauna no dia 10/11/2011, quando apresentava um detestável bronzeado artificial, cabelos descoloridos, amarelados e um mau hálito tenebroso. Desta vez tinha um tom de pele bonito e natural, cabelos grisalhos bem curtos e hálito normal. Também ficou de pau duro e, como eu o olhava maliciosamente, segurou meu pau e sorriu. Eu o convidei:

   -Tem um quarto aberto ali. Vamos lá?

   Ele apenas sorria, pensativo.

   -Chega aí! - insisti.

   Não faço o gênero cafajeste, mas minha expressão e voz eram típicas nessa frase.

   O quarto estava uma bagunça, culpa minha e do Maurício. Tinha camisinha e seus envelopes, papel pra todo lado. Nos beijamos. Nem sombra daquela inhaca que me apavorou há mais de três meses. Seu nome é Mauro, gaúcho, 42 anos, arquiteto. Tem vindo a SP com frequência para acompanhar obras em Alphaville. Eu tinha certeza de que ele ia querer me comer. Da primeira vez me deixou a impressão de ser ativo. Trocamos sexo oral, ali em pé, perto da porta e fomos para a cama, pra um 69. Botei o cara de franguinho assado e pedi a camisinha que ele trazia presa no elástico da chave, no bíceps direito. Enquanto o comia, lambi seus bonitos pés.

   -Fica de quatro pra mim? - me repeti.

   -Quer me pegar de quatro? - quase refez a fala do Maurício.

   -Quero muito!

   Eu tinha pensado nele de quatro com os joelhos na cama, mas ele pôs os pés no chão e debruçou o tronco sobre a cama. Conforme eu o fodia, a cada estocada, a cama deslizava no chão e fomos parar do outro lado do quarto, contra a parede. Ele gozou, gotejava no chão fartamente. Tirei o pau e a camisinha e nos abraçamos.

   -Fica comigo, quero gozar.

   Toquei uma punheta enquanto nos beijávamos. Tomamos banho conversando e trocamos celular. Pra quê, mesmo?

segunda-feira, 26 de março de 2012

Era o Colby Keller Quem Me Dava Tesão



   Foi o primeiro cara em quem reparei nessa tarde, e o único que realmente me atraiu. Ele estava sentado no escuro da sala de vídeo dos fundos. Passei por ele e pensei em sentar ao seu lado, mas fiquei sem jeito. Olhava pra quem passasse por ali com certa dureza; inclusive pra mim. Percebi sua beleza mesmo no escuro. O cabelo raspado, os brincos, seu nariz reto e bem feito. Bastante jovem, não muito alto, físico bonito, bem natural. No claro, surpreendeu por ser ainda mais belo do que eu havia suposto. Tinha pequenas sardas nos ombros e costas, olhos claros, uma tatuagem. Olhava muito para mim, mas eu não entendia o por quê. E fugia sempre que eu me aproximasse, eu não entendia nada.

   Pelo alto da escada caracol, vi um cara passar em direção ao bar. Parecia simpático, corpo legal, tipo interessante. Sorridente, cumprimentava todos que passassem pela sua frente. Ele tinha subido e entrou na sauna. Não sem antes se voltar para mim, como que me convidando a entrar também. Sentei ao seu lado. Estava descontrolada a sauna e o calor era infernal. Ainda lá dentro nos tocamos. Eu o chamei para irmos à cabine do banheiro, ali ao lado. Seu nome é Pedro, 35 anos. Corpo suave e com tudo em cima, apesar de mantê-lo apenas com 20 minutos de corrida, duas vezes por semana, segundo me disse. Como era bom beijar sua boca! Esse prazer estendia-se ao resto do corpo, que beijei milimetricamente. Uma bundinha digna de nota. Perguntei se ele gostava de dar (já estava com o pau em posição):

   -Até gosto, mas hoje não estou a fim.

   Resolvemos tomar alguma coisa no bar. Pedi um suco de uva, que estava delicioso; ele, uma cerveja. Sentamos no sofá do bar.

   -Você disse que fazia anos que não entrava aqui. Por que resolveu vir hoje? - perguntei.

   -Isso é engraçado. No caminho eu vinha pensando nisso e quase desisti. Nem sei dizer... É tão fácil achar alguém pra transar por aí... Quer dizer, não estou dizendo que seja fácil pra mim... Mas até tem dois caras, os dois lindos, me rondando, querendo sair comigo. Um deles mandou uma mensagem hoje cedo.

   -E você não quis por que?

   -Ah cara, estou meio esquisito ultimamente, meio que me resguardando um pouco. (pausa) Eu conhecei um cara, me apaixonei, mas não deu certo. Saímos só duas vezes. Não que a gente tenha transado. Não transamos. Mas me apaixonei. Daí descobri umas coisas sobre ele. (pausa) Ele é soropositivo, HIV.

   -Putz...

   -É. Descobri por acaso. Daí não consegui mais, é complicado.
 
   -Complicado mesmo. Mas você descobriu como?

   -Vieram me contar. Numa festa na casa duma amiga. Eu ia entrando no banheiro, daí veio um cara que eu nem conheço direito, me disse: "Hey, você tá transando com fulano? Ele tem AIDS! Mó furada, cara!"
 
   Continuou:

   -Perdi o chão. Já tava apaixonado, né? Foda. Não consigo mais sair com ninguém. Estou desabafando contigo, me desculpe - disse sorrindo tristemente

   -Mas você conversou com ele sobre isso?

   -Conversamos, fui na casa dele na mesma hora. Liguei e mandei esperar. "Ah, mas agora não posso, vou sair". Mandei esperar, falei que tinha que ser naquela hora, que ele me devia uma satisfação. É um puta cara perfeito: lindo, viajado, divertido, bem sucedido, conhece todo mundo. Meus amigos e tudo. Pra ver como nada disso tem valor...

   -Pior que é... O cara tem tudo e você já não quer mais nada com ele.

   -Cheguei e só perguntei: "você tem alguma coisa pra me falar?" Ele disse "tenho" e caiu no choro, encolhido no chão. Me fez muito mal tudo isso. Ainda me faz. Eu nem sabia direito como que era a AIDS, daí que fui pesquisar tudo na internet, falei com meu amigo que é médico. Depois fiquei sabendo da vida dele em Paris. Me contaram que ele era o maior putão em Paris, transava com todo mundo, desesperadamente.

   -É... Mas se for o caso, dá pra levar numa boa, tomando as precauções óbvias. Isso aconteceu com um amigo meu, ele era super novinho na época, 19 anos. Tinha um namorado lindo, uma graça mesmo, ator, bem mais velho. Contou que era HIV positivo assintomático. Contou no MSN, acredita? Foi foda, mas levaram por um tempo ainda a relação.

   -O foda é ele não ter me contado, perdi completamente a confiança, sabe?

   -Ah, mas imagine que é uma coisa difícil pro cara também. Vocês mal se conheciam. Como ele descobriu?

   -Teve uma crise, logo que chegou em São Paulo. Daí fizeram uma serie de exames e foi assim que ele descobriu. Faz pouco tempo. Não sei como eu me deixei envolver dessa forma, saímos duas vezes só. Não quero saber de ninguém agora. Você costuma sair pela noite? Nunca te vi por aí.

   -Eu tenho a impressão de já ter visto você. Ultimamente, saio muito pouco. Você vai aonde?

   -Conhece a Lions? Sempre lá.

   -Legal. Nunca fui, mas já ouvi falar.

   -É ótimo. Depois te passo meu celular, vamos combinar uma noite.

   -Vou pouco por falta de companhia. Sou meio antissocial.

   -Ah, pra sair tem que ser com amigos. Sozinho é horrível. Cara, vou entrar na sauna de novo, vamos lá?

   -Vou dar um tempo aqui. Me baixou a pressão aquele calor todo.

   Era mentira. O garoto de cabeça raspada passou por nós, me encarando, e eu queria tentar novamente.

   -Vamos lá no vestiário, vou te dar meu celular.

   Passou o numero e mandei uma mensagem sucinta pra que ele ficasse com o meu número também. Fui procurar o garoto e nada, ele desaparecia por longos períodos. Eu pensava que tinha ido embora, mas lá pelas tantas reaparecia. Me olhava, dava a entender que estava a fim, mas não queria nada. Lá no escuro apareceu um baixinho. Cabeça quase raspada também, loiro, bem claro, um puta corpo. Sob a toalha, seu pau parecia imenso, ereto, colocado de lado. Tentava escondê-lo com uma das mãos. Conversava bastante com um cara de barba, até interessante, que tinha chegado em mim de forma abrupta, o que me fez descartá-lo. Um pouco mais tarde reencontrei o baixinho no chuveiro. O corpo era fenomenal e o pau, idem.  O rosto não era bonito, mas gracioso, simpático. Fiquei de pau duro e notei que ele se interessou. Voltamos a nos encontrar no escuro e desta vez era fácil perceber que ele estava atento aos meus passos. Veio perto, numa saleta escura, encostou na parede ao meu lado. O beijo foi ótimo, a pegada que eu esperava. Virou-se de costas pra mim, arranquei sua toalha e me agachei ali mesmo. Lambi aquela bundinha musculosa e macia, cheirando a sabonete. Fomos pro banheiro. Guilherme é o seu nome, 25 anos. Adorava sentir minha língua dentro dele. Trocamos sexo oral e ele me lambeu a bunda como há muito não lambiam. Me encheu de tesão a sua língua, que fazia os movimentos certos, com a pressão certa, uma doidera!

   -Posso pôr a camisinha? - perguntei.

   -Põe. Mas vai com cuidado, faz tempo que eu não dou.

   -Pode deixar.

   Quando estava tudo pronto, encostei as costas na parede e sugeri:

   -Olha, vai pondo você mesmo. Vem sentando no meu pau.

   Assim foi feito. Nem senti quando estava tudo dentro. Comecei os movimentos lentamente. Quando senti que estava confortável pra ele e comecei a bombar, eu já estava louco de tesão. Fui decepcionantemente rápido, talvez menos de três minutos.

   -Já gozou?!

   -Pô, já... Desculpa.

   Ele tirou meu pau, removeu a camisinha e olhou o conteúdo. Sorriu pra mim. Lambeu a porra do meu pau e me beijou a boca.

   -Quer dar pra mim agora? - sussurrou.

   -Nossa cara, seu pau é gigante!

   -Vamos tentar?

   -Não rola, sério mesmo. Você quer gozar?

   -Ah, eu sei que vou demorar... deixa quieto.

   No banho encontrei o Roger. Queria saber se tinha alguém interessante na sauna. Comentei sobre o garoto de cabeça raspada. "Bonitinho mas bem metidinho", eu disse. "Ah, eu também faço a linha metidinho agora!", ele retrucou. Descemos e ficamos conversando nas espreguiçadeiras. Sobre dieta, malhação, saunas e homens - sempre o mesmo papo. Ele é simpático, gente boa. Mas só chupa de camisinha, não dá nem que fosse para o George Clooney. Ficamos analisando os caras que passavam e realmente só o de cabeça raspada, o metidinho, era bonito. Me convidou para fazer sauna com ele e eu não quis. Por um dos corredores, topei com o Alexandre, o mesmo cara de óculos com quem fiquei na última vez que tinha estado na sauna. Fui cumprimentá-lo:

   -E aí!

   -E aí.

   -Não lembra de mim?

   -Lembro sim... Tudo bem?

  Tive a impressão de que ele não se lembrou de imediato. Eu estava sem barba agora, o tórax depilado, talvez tenha me achado diferente. Dei um tapinha no seu peito e o deixei com uma piscada de olho. Depois ele se lembrou com certeza, me cumprimentou várias vezes sorrindo. Parecia meio cansado, abatido, talvez deprimido. O vi dormindo numa poltrona da sala principal. Eu bem queria que ele me chupasse outra vez, divinamente como havia duas semanas. Logo o vi se vestindo, ia embora. Quase fui lá falar com ele, não tinha ninguém de interessante que não fosse o-garoto-bonito-que-não-queria-nada-comigo. Mas fiquei com vergonha e ele se foi. O Roger estava se vestindo também. Estava bonito de terno. Subi para a sala de vídeo e esperei alguém aparecer.

   Eu só queria gozar com alguém me chupando. O garoto de cabeça raspada apareceu e encostou bem perto de mim. Mal o notei, um cara magrinho chegou do lado dele e em menos de um segundo desapareceram juntos. Sentei no sofá e apareceu um coroa. Já o tinha visto antes, várias vezes no dark. Feio de rosto, corpo razoável, à base de anabolizantes. Usava uma corrente no pescoço com duas daquelas plaquetas de identificação que se usam no exército. Tirei o pau pra fora e ele veio sentar ao meu lado. Me chupou, mas quando entrava alguém na sala, ele interrompia. O filme na tela era excitante, eu queria muito me concentrar na cena enquanto ele me chupava (muito bem, diga-se). Era uma cena com o Colby Keller, que eu acho delicioso, e um outro que eu nunca tinha visto. Era bonitão também e beijava o Colby Keller, chupava o pau do Colby Keller, as bolas do Colby Keller, a bunda do Colby Keller, dava pro Colby Keller, lambia a porra do Colby Keller. E o pessoal vinha assistir o coroa chupar o meu pau, modesto em relação ao do Colby Keller. Rondavam nosso sofá, sentavam ao lado, e só homens que me pareciam horrorosos. O coroa feioso parecia um príncipe, se comparado a eles. Eu não queria ir pro banheiro com um cara que não me atraía; era o Colby Keller quem me dava tesão. Mas veio um pançudo sentar do meu lado e tentou pegar no meu pau. Dei um peteleco na sua mão gorda e ele voltou a insistir. O coroa me chamou pro banheiro e tive de aceitar.

   Foi constrangedor inicialmente. Eu mantinha meus olhos fechados. Ele agachou e me chupou. Continuei sem me relacionar com ele, só segurava seus cabelos macios, meus olhos sempre fechados, rosto voltado pro teto. Não gosto de sexo assim, acho triste, grosseiro. Mas consegui gozar. Gozei na boca do cara e ele curtiu, não parecia se sentir usado por mim; eu que fiquei com essa sensação. Despediu-se risonho e mudo. No banho encontrei o Felipe. Me chamou: "oi, rapaz". Eu tinha fingido não tê-lo notado, visto que ignorou o último torpedo que mandei. Falamos rapidamente e ele mergulhou nas profundezas do dark.

   Desci para ir embora. Chovia forte e sentei para esperar um pouco. Pedro veio falar comigo, já estava indo embora:

   -Vai ficar aí?

   -Sei lá. Seu carro está perto?

   -Tá aí na rua do lado.

   -Vai passar perto de alguma estação de metrô?

   -Hum, não... Mas eu subo e te deixo ali, sem problema. Vou passar no supermercado mesmo.

   No caminho ele despejou banalidades acerca da própria rotina e me deixou uma quadra antes da entrada da estação do metro. Muito obrigado.

quinta-feira, 1 de março de 2012

"Cosas Feas"


   Eram 17h30min duma sexta-feira e havia caído uma chuva muito forte pouco antes de eu entrar na For Friends. Garoava ainda. O dia, de intenso calor e sol, terminava com o céu cor de chumbo e uma atmosfera esquisitíssima. Eu vinha cansado, carregando a bagagem para uma viagem de fim de semana e precisava relaxar. Não era animadora a primeira impressão que tive da frequência da sauna naquela noite, apesar de contar com aproximadamente cem homens.

   Felizmente essa impressão desfez-se em poucos minutos, quando passou por mim um garoto muito bonito. Era baixo, moreno, pêlos no peito, sem excesso de músculos, rosto lindo, barba por fazer, cabelo curto com uma franja de lado; um visual ao mesmo tempo masculino e suave. Passou por mim, reparou no meu interesse e desceu. Desci atrás mas ele parecia se esquivar. Esperei. Reafirmei meu interesse com olhares até ter certeza de que ele tinha entendido. Imaginei que estivesse entrando naquela hora também e queria ter uma ideia melhor das suas outras opções.

   É estranho como se identifica um estrangeiro instantaneamente. Pelo tipo físico, ele podia ser facilmente confundido com um brasileiro, mas sempre tem algo que mostra, ainda que inconscientemente, quem vem de outras terras. Mesmo num ambiente em que todos estão "vestidos" apenas com a mesma indefectível toalha branca. É o olhar, o andar; sutilezas assim. Infelizmente não tenho consciência alguma delas, não sei adjetiva-las e diferenciar objetivamente o andar brasileiro, o olhar estrangeiro; mas quase sempre acerto.

   Agora ele estava na saleta de vídeo do andar superior, perto dos banheiros. Então me sentei a sua frente. Na tela, a cena era altamente excitante, com três atores bem bonitões e realmente entregues. O rapaz parecia titubeante, olhava pra mim sem saber se devia ou como se aproximar. É apavorante pensar em quanto o ser humano tem um comportamento linear, repetitivo e padronizado: sempre que se está nessa situação, basta tirar o pau pra fora que o cara vem imediatamente sentar do seu lado.

   Tive de me acostumar (e demorou um tanto) com o seu hálito de jejum prolongado, mas de resto estava todo cheiroso e limpo. Chama Javier, espanhol, 26 anos, engenheiro, trabalhando em Itaipu há 5 meses. Muito simpático e charmoso, nosso contato foi muito agradável. Ficamos ali no sofá por mais de uma hora, nus, nos pegando sem preocupação com quem passava ou sentava ao nosso lado para olhar de perto e tentar interagir. O único que foi mais ousado sentou por trás de nós e ficou alisando a minha bunda. Percebi o quanto o Javier tinha se excitado com aquilo, e, apesar de me sentir um pouco aflito inicialmente, deixei rolar. Eu estava por cima do Javier, que abria minha bunda e o cara apalpava. Era um homem absolutamente comum, sem nenhum atrativo, mas não era feio. No começo, seu dedo no meu ânus incomodava, mesmo que ele não o tenha forçado para dentro (sensação que eu detesto quase sempre), mas quando ele puxava meu pau pra trás e me masturbava, era muito excitante, eu ficava a ponto de gozar. A cada vez que voltava ao ânus, vinha mais ansioso, usando cada vez mais os dedos. Nas vezes em que tentou de fato introduzir um dedo, eu o impedi, puxando sua mão. Ele sacou que podia continuar, mas só ali por fora. Eu também entendi que ele havia entendido, e relaxei. Tinha a sensação de que ele estava com três dedos, simulando um pênis que me roçava o ânus. Minha vontade era de que ele me lambesse a bunda. Seus três dedos não eram invasivos e depois de um tempo a sensação era extraordinária - acho que eu poderia gozar sem estímulo genital - e cheguei a desejar que ele fosse mais além. Alguns homens entraram na sala e foram se enfileirando na parede de frente pro sofá em que estávamos - o que cortou o clima, obviamente. O cara saiu e quando os outros vieram mais perto, chamei o Javier pro banheiro. Mas o clima já havia se perdido quase completamente entre nós. Fazia um calor terrível ali dentro e quase não aconteceu nada. O chamei pra uma ducha. Eu gostava da sua companhia mas queria dar uma volta, e ele não desgrudava. Ficamos ali no corredor do banheiro, nos beijando e conversando mais um pouco.

   Meu amigo Roger, que sempre encontro nas saunas da vida, passou por nós e me cumprimentou brevemente. E apareceu um carinha. Digo, "o" carinha. Desses em que eu ponho os olhos e fico perdido. Pele bem clara e com poucos pelos, 1,80m, corpo bem desenvolvido, farto, ombros largos. Tinha até um pouco de gordura em alguns pontos, o que o tornava ainda mais tentador. Rosto sério e delicado, de expressivos olhos escuros, queixo másculo, cabelos de comprimento médio. De perfil, o nariz era um pouco maior que a média, de dorso muito reto. Tinha um jeitinho petulante e parou na nossa frente, encostado na parede oposta. Mesmo eu estando acompanhado, não conseguia desgrudar os olhos dele. O Javier percebeu e olhou pra tás:

   -É lindo, não?, perguntou.

   Eu respondi com uma torção de boca, que queria dizer: "Porra, se é!!"

   O carinha entrou numa cabine do banheiro com um careca musculoso e saiu em menos de três minutos. Eu queria ir atrás dele, não sabia como sair dali. O Javier agora parecia estranho, eu não entendia o que ele queria. Não sabia se ele queria se livrar de mim ou se tinha percebido que eu queria me livrar dele.

   -Quer dar uma volta? - perguntei.

   -Você quer?

   -Vamos... Vou olhar meu celular lá no armário.

   -Mas você não vai querer ficar mais comigo?

   -Vamos, depois...

   (Ele falava em espanhol, ou "portunhol" mas não sei transcrever as falas por não dominar o idioma)

   Eu estava quase arrependido da proposta, ele parecia desapontado. Nos separamos assim. Por outro lado, foi um alívio, eu só pensava em procurar o outro carinha que tinha aparecido. Vi que ele entrou na sauna lá de baixo e fui atrás. Encontrei-o sentado na segunda sala. Joguei minha toalha na bancada e fui me refrescar na ducha, bem ao seu lado. Tinha pouca gente ali dentro. Sentei próximo dele sobre minha toalha e nos olhamos. Meu pau ficou duro e ele reparou. Sorriu e sentei mais perto, bem ao seu lado. Ele segurou meu pau e tirou o dele pra fora, pela fresta da toalha. Era pequeno e não estava ereto. Eu beijava sua nuca e alisava seu peito, a barriga. Minha ansiedade era crescente, e me sentia inseguro, sem saber como lidar com ele ainda. Pensei em beijar sua boca. Foi quando ele levantou e saiu, com um tapinha seco em minha coxa.

   Não é agradável a sensação de ser desprezado assim. Alguns minutos depois, passei pelo bar e ele estava bebendo alguma coisa numa mesinha próxima do corredor. Olhou pra mim com um sorriso cúmplice. Fui apenas educado, passei por ele e cumprimentei. "Caralho, que homem bonito!", pensei ainda. Nos cruzamos algumas vezes, ele me olhava sempre com o mesmo sorriso, cujo significado eu desconhecia. Mais tarde ele estava sentado numa poltrona da grande sala de vídeo, com uma lata na mão, chupando o canudinho. Eu estava apenas de passagem e nem quis retribuir seus olhares e o mesmo sorriso enigmático (agora com um canudo entre os lábios). Depois disso ele virou o rosto pra mim todas as vezes em que nos encontramos. Sentei pra conversar com o Roger na sala principal. O belo veio sentar na outra mesa, e falávamos sobre ele. O Roger tinha visto a gente se pegando na sauna e contei como terminou. Todo cara que eu acho gato, ele faz questão de apontar milhões de defeitos, muitas vezes inventados. Dizia deste que era afeminadíssimo e nem tão bonito quanto eu afirmava. Que eu o achava lindo apenas por ele ter me desprezado. Referia-se a ele como "o seu muso". Depois mudou de tática, começou a dizer que eu estava abatido, que tinha emagrecido, que devia ser por isso que levei o toco. Não faltou o momento "recordar é viver": ficou lembrando das vezes em que ficamos, que foi muito bom, e blablablá, blablablá. Perguntou do Javier e chegou a sugerir que ficássemos com ele.

   Fui circular e reencontrei o Javier, conversamos mais um pouco.

   -O que esteve fazendo por aí?, perguntou.

   -Nada... nada mesmo. E você?

   -Cosas feas.

   Eu ri do jeito dele. Beijei seus lábios e ele me olhou como quem dissesse: "Agora perdeu, mané". Não disse isso, nem nada parecido, mas sua respiração e olhar tinham essa intenção. Estava esquisito o clima entre nós, o que era uma pena. Culpa minha, da minha instabilidade, da minha imensa dificuldade de estabelecer mínimos laços. Divido a culpa com aquele demoniozinho delicioso que apareceu e me enfeitiçou. Perguntei se tinha perfil no Facebook. Me disse seu nome completo, de sobrenome pomposo, contou como era sua foto do perfil, diante de um mapa da América do Sul. Entrou na sauna.

   Apareceu um outro garoto interessante, altão, rosto bem bonito, cabelos cacheados. Me desprezou solenemente: perseguia o mesmo bonitão que me tinha virado a cabeça. Este já estava vestido e circulava pela área dos armários. O garoto alto ia atrás, feito bobo, de pau duro (imenso) sob a toalha. O outro se fazia de desentendido, mas continuava por ali, ensebando, fingindo que secava os cabelos, que procurava alguma coisa... nunca entendi muito esse tipo de personalidade - ou de desvio de personalidade. Quem tem atrativos (físicos ou quaisquer outros) e se vale deles, não para desfrutar da companhia dos atraídos, mas para mantê-los a distância, numa posição diminuída, suplicante, apreensiva.  Não há beleza que não se apequene diante desse tipo de manipulação doente.

   Eu não tinha gozado nenhuma vez e me recusei à derrota de me masturbar sozinho no banheiro antes de ir embora. O Javier estava parado perto do vestiário, parecia desanimado olhando a televisão. Fui conversar com ele mais um pouco. Ele tem um nariz absolutamente perfeito, me lembrou muito o do modelo Bernardo Velasco. De rosto, ele parece muito com esse modelo. Apertei a ponta do seu nariz, disse o quanto o achava lindo e nos beijamos mais uma vez. Ele me convidou pra ir à The Society com ele naquela noite, mas eu ia viajar. Perguntei de novo seu nome completo pra adicioná-lo no Facebook e ele achou absurdo que eu tivesse esquecido. Não sei por que, já que depois não aceitou minha solicitação de amizade, nem respondeu à mensagem bobinha que eu lhe havia deixado.

   Esperei que ele se fosse e saí também. Irritado por não ter gozado e por ter desperdiçado o espanholzinho. Na rodoviária, enquanto esperava a hora do meu ônibus, percebi uma movimentação estranha no banheiro. Minha hipocrisia burguesa sempre achou muito inadequado fazer pegação em banheiro público, como um desesperado. E era exatamente assim que eu me sentia. E tinha um japonês, um mestiço, bem bonito: corpão bombado, dourado de sol, rosto interessante, e ainda tinha um pau grande. Levantou a camiseta justa pra mostrar seu abdome - realmente irrepreensível. Eu quase gozei no mictório. Ele saiu. Ficou sentado na porta do banheiro uns 10 minutos, com a mochila nas costas. Eu o olhava de longe. Voltou ao banheiro e eu também - lado a lado no mictório novamente. Saquei bem a arquitetura do banheiro e o jeitão aéreo do homem que fazia a "limpeza" do local. Convidei (com olhar profundo e uma guinada de cabeça) o japa pra entrar numa cabine do banheiro comigo, lá nos fundos. Praticamente só tinha viado ali, ninguém com criança... estava tranquilo. Ele veio atrás. Entrei numa cabine, fechei a tampa do vaso, pendurei minha bagagem num gancho e deixei a porta entreaberta. O japa parecia muito nervoso, passava pra lá e pra cá, sem coragem de entrar. Um caipira se ofereceu pra entrar no lugar dele e o espantei com um chacoalhar de mão. Finalmente o japonês veio! Assustado, sussurrando que não tinha tempo, que seu ônibus estava para partir. Eu arriei suas calças. O pau apontava pro teto, macio, moreno. Passou o pau no meu rosto e o chupei. Ele se vestiu rápido, riso tenso, dizia que não podia perder a passagem. Segurou no meu pau, estourando sob a calça, com um olhar malicioso, safado. Piscou um olho e virou-se pra sair. O puxei pelo cós do jeans justo e antes que ele saísse, dei um apertão na bunda
   Foi rápido e um tanto frustrado esse encontro, mas posso dizer que me excitou mais que muitas idas à sauna. Pela tensão e adrenalina na veia, mas é claro que é impraticável ter esse tipo de encontro mais vezes. Só fui gozar no banheiro da casa da minha tia - mais para aliviar a dor no saco, que por tesão - mas lembrei muito do japonês bonitão nessa hora. Retornando a São Paulo, passei no banheiro da rodoviária, claro. E foi uma grande decepção, claro.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Palco de Boate


   Apesar de haver na cidade uma nova sauna de aparente bom nível que ainda não conheço - Splash 720 -, voltei à For Friends na última quarta. Me pergunto por que a FF não abre 24h? E por que fazerem uma sauna 24h tão fora de mão, nas proximidades da The Week?

   Tempo de ferias: achei que estaria um cemitério, mas até que estava bem movimentado. Ninguém absolutamente lindo, mas eu estava cheio de tesão. No dia anterior havia me masturbado 5 vezes - precisava de sexo com urgência.

   Entrei por volta das 15h. Enquanto tirava minha roupa, um garoto veio mexer no armário do lado do meu. Já o tinha visto ali outras vezes - pele clara corada de sol, rosto bonito, olhos verdes, estatura mediana, magrinho. Dois senões: uma barriguinha proeminente e excesso de pelos no tórax (ele não deve sequer imaginar como ficaria melhor se estivessem aparados, mas é apenas a minha opinião). E ainda um outro senão: coxinha elevado à enésima potência - parecia o tipo mais certinho, careta e bobo de homem. O armário dele era bem próximo do meu, só que no alto. Eu estava sentado num banco ajeitando minhas coisas. Ele veio olhar o celular e seus pé invadiram meu campo de visão. Bem tratados e belos; bastante masculinos, apesar de delicados. Ele me olhava de soslaio. Barba bem feita, cabelos penteados para trás. Suas feições elegantes me remetem aos anos 50. Subiu as escadas; eu também. Estou com medo dos últimos degraus, tem algum problema no madeiramento, recoberto por borracha.

   Fui ao banheiro, depois escovei os dentes e tomei um banho. Enquanto me banhava, o garoto passou algumas vezes por ali, me olhando. Uma ereção exibicionista me deixou um pouco encabulado. O ambiente parecia bastante tranquilo naquela tarde. Sequei-me e fui à sala de vídeo daquele mesmo andar. Deitei no sofá e fiquei assistindo sozinho a uma cena de orgia, com alguns atores muito gostosos. Vez ou outra entrava alguém na sala - um senhor veio inclusive sentar no mesmo sofá em que eu estava. Ignorei-os até que aquele primeiro rapaz viesse. Não custou a vir e sentar ao meu lado. Nem a estarmos nos masturbando, esparramados no sofá. Nem a nos beijarmos. O nome dele é Alberto, me encarava com olhar doce e bondoso. Seu beijo era uma delícia e usava um perfume delicioso. O rosto, visto de perto, era ainda mais bonito. Não era feminino, mas desprovido de vigor, virilidade ou apelo sexual. Estava quase arrependido. Felizmente foi breve:

   -Eu tenho voo marcado pra hoje.

   -Vai pra onde?

   -Natal.

   -Você é de lá?

   -Não, daqui mesmo. Ferias.

   -Legal.

 -Não tenho mais tempo. Queria tanto ficar mais com você. Muito mesmo.

 -Eu também queria... Que pena... Mas boa viagem!

   Eu já estava bem mais interessado num cara que estava parado na porta, olhando fixamente pro meu pau. Tipo de estrangeiro, cabelos curtos de um loiro avermelhado, sem um pelo no corpo de boas formas, com um interessante grafismo negro tatuado no braço direito. Rosto atraente: olhos azuis muito claros, sobrancelhas bem desenhadas nariz pequeno, de traço reto, seco, lábios delicados cor de rosa pálido, queixo quadrado com uma grande buraco encavado no centro, coberto de curtíssimos pelos avermelhados. Sua clareza - de pele, olhos e cabelos - imprimiria uma ideia de suavidade excessiva, e o tornaria apagado não tivesse traços bonitos, corpo másculo e a tatuagem. Tinha um olhar esperto, expressivo. E desapareceu! Quando dei por mim já não estava mais na porta. Resolvi dar uma caminhada pela sauna. Tinha alguns caras interessantes, mas o gringo tatuado era quem mais me chamava a atenção. Fui encontrá-lo na parte mais escura da casa, no sofá da outra sala de vídeo. Passei por ele, nos olhamos. Subi ao primeiro andar, certo de que ele viria atrás. Não veio. Fiquei desapontado - nesse tipo de situação, tendo a me julgar irresistível. Quando se está disponível dessa forma, num lugar repleto de homens nus sedentos por sexo e atenção, à vista e ao alcance de todos, e o próprio corpo e sexo parecem ser tudo o que se tem a oferecer, a tendencia natural é precisar sentir-se irresistível.

   Desci e agora ele estava sozinho na sala, ainda sentado. Parei perto e bastou um olhar para estarmos lado a lado no sofá. A luz do telão desenhava sua pele em movimentos ligeiros e quebrados. Abri minha toalha e ele me chupou. Eu imaginava se era mesmo estrangeiro e que língua falaria. Sua pele toda deslizava acetinada, suave, fresca, mas o beijo era canhestro. Não posso compreender como um homem daquele tamanho pode supor que beijar seja estatelar a boca e estirar a língua. Esse era seu beijo: boca aberta e língua em riste. Tentei manobrar seu beijo, adequá-lo ao meu. Juro que cogitei a ideia de explicar como se beija. Pretensão minha? Ele merecia aprender. Seus parceiros futuros mereciam. Iam-se aglomerando homens a nossa volta; mantinham uma certa distância, felizmente. A maioria ficava atrás duma grade, menos de dois metros atrás do sofá onde estávamos. Não me sinto à vontade fazendo sexo em público. Melhor dizendo: não me sinto particularmente excitado com essa situação. Me incomoda, mas, caso não haja tanta proximidade e gente não autorizada pegando em mim, não impossibilita. Ficamos ali uns 20 minutos, nos beijamos muito (apesar dos pesares), fizemos sexo oral - uma pegação nervosa! O pau dele era muito bonito, grande, uncut; as bolas grandes num saco macio, de pele fina e solta. Todo ele muito branco. Ergui suas pernas e lambi a bunda. Ao contrário do que fazia com a boca, deixava o buraquinho absolutamente apertado o tempo todo. Fiquei em pé diante do sofá e ele me chupou de novo. Senti-me um pouco intimidado de estar ali, como num palco de boate num show de sexo explícito, com uma platéia até que bem numerosa - devia haver entre dez a quinze caras formando um semi círculo atrás do sofá. Acredito que o gringo nem tinha ideia dessa platéia. Eu estava encabulado mas excitado também. Ou ingenuamente orgulhoso do interesse que nossa transa e nossos corpos despertavam.

   Eu já não tinha certeza se o cara era estrangeiro, e não havíamos trocado palavra alguma até agora!

   -Vamos lá pra cima?, convidei.

   Não entendi sua resposta, mas ele começou a calçar o chinelo. Subi, ali para a parte escura mesmo, e ele me seguiu. Dirigi-me à última sala, vazia, que tem uma cama oculta por uma parede.

   -Qual seu nome?

   -Sorry, I can't speak Portuguese... - balbuciou, sem jeito.

   -I asked what's your name...

   -Alex, and yours?

   -Yuri. Where are you from?

   -Russia.

   -Nice... come here.

   (Traduzindo a ideia do diálogo, descobri que ele se chama Alex e é Russo)

   Nos beijamos em pé. Em poucos minutos já havia muita gente a nossa volta, provavelmente parte do mesmo grupo que nos assistia no piso inferior. Eu não estava com vontade de levá-lo ao banheiro, queria tê-lo ali, na cama. Estendi minha toalha nela e sem que combinássemos, ele ficou do jeito que eu imaginei: de quatro. É uma cama estreita, de uns 50 cm de largura, encostada na parede. Ele estava atravessado na cama, com o corpo apoiado na parede. O sol iluminava suficientemente a saleta, duma luz calma, acinzentada, filtrada pela janela veneziana de alumínio. Posso dizer que foi emocionante vê-lo nessa posição. Ele continuava contraindo o ânus mas minha língua soube encontrar várias brechas para entrar, e forçou algumas vezes também. Ele se continha para não gritar quando isso acontecia, deixando escapar um gemido longo e grosso. Sentia sua pele arrepiar-se. Mantinha o pau empurrado para trás, na minha direção, e minha boca sempre voltava a ele. Abria seu cuzinho com os dedos e sorvia a maciez do esfíncter rosado. Lá pelas tantas, no exato momento em que abocanhei a cabeça do seu pau, recebi um jato de porra na boca. Fiquei surpreso e decepcionado, sonhava em comer aquela bunda tão apetitosa. Deixei que acabasse de gozar na minha boca. Pensei em engolir, minha boca estava cheia, e tinha um gosto bom, consistência fluida. Resolvi cuspir no chão. Ele levantou, me beijou:

   -Do you wanna cum?

   -Not here...

   -Not here!, ele sorriu, Ok, thanks, it was great!

   Com "not here" eu quis dizer que queria gozar, sim. E com ele; mas não ali, com os bisbilhoteiros em volta. Assim nos separamos. Fui tomar um banho e escovar os dentes de novo. Dei um tempo perto da entrada, queria ver quem chegava. De interessante só um jovem magrinho, de barba. Não era bonito, mas um tipo simpático. Investi algumas vezes e fui solenemente ignorado. Subi outra vez ao escuro. Tinha um cara bonito sentado num sofá, sendo chupado por outro cara. Sei que o conheço, mas não lembro quem é. Figura longilínea, de ombros largos, cabelos castanhos claros, rosto bonito. Mal dava atenção ao cara que o chupava, mas olhou pra mim sorrindo. Voltei ali mais tarde e ele estava só, no mesmo lugar. Passei por ele e entrei na última sala, a mesma em que estive com o russo. Quando voltei, o vi inclinado no sofá, me procurando. Passei direto. Ele veio atrás e sentou num sofá da outra sala, ainda me olhando. Sentei ao lado dele, que prontamente veio me chupar. Novamente houve aglomeração na sala.

   Desta vez porém, alguém veio mais perto, do meu lado, e me encarava. Já o tinha visto antes também. É um coroa, não sei calcular sua idade: muito forte, provavelmente por uso de anabolizantes, mas de aparência distinta. Corpo largo e muito bonito. Tatuagens no braço e do lado do tronco. Rosto bem conservado e agradável, transparecia dignidade. O rapaz que me chupava, parou, ficou sentado, talvez avaliando quem estava na sala. O coroa entreabriu a toalha e exibiu seu pau, masturbando-se em pé, a um palmo de mim. Eu puxei o rapaz, oferecendo os dois paus. Ele não titubeou. Daquele ângulo, eu não conseguia vê-lo em ação. Um tempo mais e voltou a chupar meu pau apenas. Masturbei o coroa: pau avantajado, glande graúda, vermelha, como uma ameixa. O rapaz voltou a chupar os dois ao mesmo tempo. Era uma boa sensação, me desliguei da turba em volta. Alcancei as duas bundas, cada uma numa das mãos. Quando tateei os dois buraquinhos, o coroa desviou minha mão. Concentrei-me na bundinha do rapaz. Ele parecia limpo, mas eu estava receoso ainda. Fui chegando com o corpo pro seu lado, meu dedo já penetrava seu ânus. Mais de perto, pude ter certeza de que ele estava bastante limpo. Eu estava com o rosto próximo da sua bunda, mordiscando sua lombar, meu polegar seco inserido desconfortavelmente em seu ânus, e ele e o coroa dividiam-se chupando meu pau. Eu tentava massagear sua próstata, mas não sei direito como reconhecê-la. De repente levantou-se num salto e começou a ejacular desesperadamente. Os jatos saíam longos e fartos. O coroa levantou-se e saiu. O rapaz sentou do meu lado, com aparência cansada, relaxando, olhos fechados, cabeça no meu ombro:

   -Cara, que tesão! Não aguentei.

   Geralmente eu custo muito a gozar e isso pode ser um transtorno quando se faz sexo com homens - quase sempre rapidinhos. Talvez uma mulher pudesse se valer dessa minha capacidade. Talvez uma mulher soubesse valorizar muitas coisas que passam despercebidas para a maioria dos homens. Talvez não; provavelmente eu nunca venha a descobrir.

   Mais um banho. Eu não sabia se me masturbava sozinho e ia embora pra casa. Atravessava um corredor quando ouvi por trás de mim uma voz familiar:

   -Ai, como eu estou magro!

   Era o Roger, um velho amigo de saunas. Já ficamos algumas vezes. Várias vezes. Ele era muito bonitão, embarangou, agora voltou a emagrecer e malhar, e está bem de novo. Mais velho, mas bem. É muito gente boa, mas meio pegajoso. Acha que eu tenho que conversar horas com ele, que eu tenho que ficar com ele, que eu tenho que dar pra ele. Ele é estritamente ativo e sequer chupa sem camisinha. Ainda é fumante e tem um pau grande que eu jamais suportaria. Enfim, não rola. Conversamos rapidamente, ele queria informações sobre quem estava na sauna que eu já havia testado. Voltou a comentar que eu emagreci, parecia querer elogios.

   -É, dei uma enxugada nos últimos meses. Você também!

   -E estou ficando mais forte, ó!, fez uma pose de halterofilista.

   Rimos. Estávamos no corredor de entrada da sauna. Ele foi fumar lá no fundo e um dos atendentes da sauna veio falar comigo, esbaforido:

   -O senhor fala inglês?

   -Sim.

   -Logo vi. Pode ajudar aqui?

   -O que é?

   -A gente não entende o que o cliente quer...

   Era o Alex, já vestido para ir embora. Ergueu os braços para os céus, rindo aliviado, quando me viu. Tinha um cartão do hotel em que estava hospedado e queria apenas um táxi que o levasse até lá. A recepcionista estava ali no meio do vestiário, pensava que o cartão (escrito em português, diga-se) era dum ponto de táxi muito distante que ele queria chamar. Eu me senti ridículo, seminu, com uma toalha na cintura, falando com 3 pessoas vestidas (dentre elas, uma senhora). Enquanto ela providenciava o táxi, conversamos mais um pouco. Tem 30 anos, vinha de Londres e seu destino era o Rio, para o Réveillon, onde seus amigos o aguardavam. Seu voo tinha conexão em SP e ele teve de dormir uma noite aqui. Partiria naquela noite pra o Rio. Falou sobre a dificuldade de encontrar quem se comunicasse em inglês no Brasil e imaginava que no Rio fosse ainda pior. Eu disse que pela quantidade de turistas que visitam a cidade, provavelmente seria mais fácil, mas não sei como funciona na realidade. Tem um inglês perfeito, com um bonito e discreto sotaque. Perguntou sobre a The Week, pediu dicas para uma noite de sexta feira que passariam em SP na próxima semana. Disse que gostou de me encontrar naquela tarde:

   -You're horny, disse acarinhando meu rosto.

   Eu estava pensando na possibilidade de ele me convidar a ir pro hotel com ele, ainda sonhava em foder aquela bundinha. Chegou o táxi e ele se foi.

   Entrei na sauna seca. Só o coroa tatuado estava lá dentro, sentado de frente para a porta. Entrei e fiquei ali, ao seu lado. Bastou nos olharmos para ambos termos os paus duros. Nos beijamos e, subindo um degrau na bancada de madeira em que ele sentava, ofereci meu pau pra ele chupar. Aquela sauna é muito quente, em poucos minutos estou derretendo.

   -Vamos subir?, ele sugeriu.

   -Vamos. Mas antes, vem aqui.

   Tomamos uma ducha fresca juntos, ele me virou para a parede e me encoxou suavemente. Fiquei encabulado mais uma vez.

   Subimos e entramos numa cabine do banheiro. Geralmente evito caras mais velhos que eu, sempre preferi mais novos ou da minha idade. No claro, ele era ainda mais atraente. E muito carinhoso. Estava com um hálito meio estranho, mas aceitável. Nos beijamos bastante, ele me chupou de novo. Eu quis chupá-lo também. Era um pau bonito, bom de chupar. Em poucos minutos, dois ou três, ele parou, com ar suspenso, sorrindo, não sem alguma raiva de si próprio:

   -Vou gozar.

   Me deu um banho de porra morna. Escorria pelo meu tronco, gotejou nos meus pés. Ainda voltei a chupa-lo. Achei que tivesse terminado, mas ele me levantou e abraçou:

   -Que pena... Me desculpe. Estava tão gostoso.

   Nos beijamos muito ainda, ficamos bastante tempo ali.

   -Quantos anos você tem?, perguntou.

   -37 e você?

   -Muitos. Você parece ser bem mais jovem.

   -Mas muitos, quantos?

   -Muitos.

   -Não vai falar?, eu ri, quase indignado.

   -Não gosto.

   -E seu nome?

   -João.

   Contou que era português, mas morava em SP há bastante tempo - o suficiente para perder quase totalmente o sotaque. Funcionário público estadual. Talvez aposentado, presumi.

   -Como você mantém a forma?, perguntou passando as mãos na minha bunda.

   -Academia. Meu trabalho também ajuda um pouco. E você?

   -Academia também.

   -MUUUITA academia, né?

   Ele riu. Eu estava curioso pra saber sua idade, mas respeitei sua vaidade. Seu corpo me impressionava:

   -Gosto muito dos teus braços, destas veias grossas.

   -E eu gosto de te abraçar.

   Ele era um querido. Ambos fizemos sexo oral novamente, ele retomou a ereção. Pedi que ele se virasse de costas pra mim e ele se recusou.

   -Não gosto.

   -Só quero te olhar!

   -Não gosto!

   Que véio difícil!

   -Vamos tomar um banho?, ele disse.

   Acabou assim, cada um pro seu lado. Tinha chegado um carinha que parecia atraente: físico bonito, magro, definido, inteiro tatuado, cheio de piercings e alargadores: fetiches pra todos os gostos. Ficou no bar conversando com um gordinho a tarde toda. Também vi um cara que pareceu muito bonito à primeira vista, mas depois vi que não era. Ele me seguia por onde eu fosse. E vi ainda, sentado numa mesa, conversando com um japonês (bonitinho também), um carinha adorável. Ele falava espanhol e o sotaque parecia argentino. Falava pelos cotovelos, aliás, e com muita ênfase, dessas pessoas que têm um enorme prazer em falar. Bem baixinho, corpo apenas OK, cara de menino, avermelhado de sol, com uma barbinha bem curta e enormes olhos claros com longos cílios. Era um rosto lindo e cativante. Sentei perto e não conseguia desgrudar os olhos dele, que não me viu sequer, tão ansiosamente conversava. Estava sentado do outro lado da sala o João, comendo um lanche - me olhava fixamente mas não entendi o que queria. Apenas o cumprimentei com um aceno de cabeça.

   -Com licença?

   Sentou do meu lado o cara que pensei que fosse bonito mas não era. Tem o tipo de homem de que gosto: claro, cabelos castanhos, boa altura etc. Mas não é bonito. Principalmente pelo corpo meio fora de forma e o queixo um pouco exagerado. No entanto, é simpático e um tipo de homem fino. Conversamos um pouco. Chama Rodolfo. Eu precisava gozar pra ir embora, não esperaria o papo do argentino com o japonês terminar. Ele perguntou por quê eu olhava tanto para aqueles dois. Não respondi. Comentei que a noite estava esfriando, ele concordou. A janela do jardim estava aberta e entrava um vento frio. O chamei pra subirmos.

   Entramos numa cabine. Foi um início meio frio, não fazia muito sentido para mim. Talvez nem pra ele. Mas tocá-lo era muito reconfortante.

   -Nossa, que cabelo macio você tem!

    Realmente, parecia seda pura. Cabelos lisos, finos, castanhos, abundantes. Foram o cabelo e a pele macia que me despertaram o tesão. E sua forma de se entregar. Ele me lambia inteiro com intensidade, volúpia. Sua boca percorria meu corpo, morna, voraz. Pela nuca, axilas, peito, umbigo, virilha. Me chupou gostoso e lambeu minha bunda. Segurou meu pé direito e lambeu cada dedo, depois enfiou todos os dedos na boca. Ia passando a língua entre meus dedos. É uma sensação muito estranha, estranhamente excitante. Uma boca é um ambiente muito diverso do que estamos acostumados a sentir com nossos pés. Tinha um namorado que me fazia isso e me deixava louco - foi exatamente a mesma sensação. Ele tinha mamilos bastante incomuns: vermelhos, as auréolas pequenas e os bicos grandes, do tamanho de um grão de milho, ou até maiores. Só de olha-los, via-se o quanto eram sensíveis. Quando os lambia ele perdia o controle. O virei de costas e passei meu pau entre as nádegas. Botei no lugar e fui entrando, lentamente, sem proteção. Quando vi que rolava, tirei e pus a camisinha. Depois de um tempo dentro, ele começou a sentir dor, pediu pra esperar. Esperamos, olhos nos olhos. Voltei a foder com força, eu queria gozar dentro, mas ele não suportou tempo suficiente. Tirou e eu me masturbei até gozar. Ejaculei no azulejo branco; ele parecia fascinado, espiando de perto meu pau, sorrindo com olhar infantil. Perguntei se ele queria gozar também:

   -Agora não. Valeu.

   Eram 20h. Fui embora sem querer saber se a conversa do argentino havia enfim cessado.