domingo, 16 de agosto de 2015

Você Sabe Guardar Segredo?



    Quarta feira, 12/08/2015.

    Moro no interior e tinha passado o dia trabalhando em SP. Fui pegar o ônibus de volta pra casa no Terminal Rodoviário Tietê às 21h30. Meu celular estava com a bateria quase zerada, então fiquei dando carga numa tomada próxima da plataforma de embarque até bem perto do horário do ônibus partir. Entreguei a passagem ao motorista e observei dois PM's conversando ao lado da porta. Um deles era bem bonitinho. No estado de SP, policiais militares fardados podem usar ônibus intermunicipais sem pagar quando há poltronas vagas, portanto sempre tem algum esperando.
A minha poltrona era a última à esquerda, na janela, e estava bem vazio o ônibus, sobretudo na parte de trás. Eu sempre prefiro a última poltrona da esquerda, janela, a de número 45. É mais tranquilo no fundão para dormir ou mexer no celular sem ninguém bisbilhotar. Também porque algumas (raríssimas, é verdade) vezes, se aparecer alguém interessante e disposto, rola alguma pegação. Os policiais também sempre vão para as últimas poltronas - sempre entendi isso como uma forma de prestar alguma segurança durante a viagem, pela melhor visibilidade do veículo inteiro.

     O policial bonitinho entrou sozinho e também se dirigiu para o fundo, conforme o esperado. Era um rapaz jovem, talvez 25, 26 anos. Aproximadamente 1,75m, moreno, de corpo magro mas com musculatura bem desenvolvida nas costas e ombros, cabelo cortado rente, barba feita, rosto  fechado, de beleza comum, com brilhantes olhos negros. Fez menção de sentar-se ao meu lado, mas havia muitos assentos vagos ali no fundo, quase todos, e optou pela última poltrona do lado direito. Pôs a mochila na poltrona da janela e sentou na do corredor. Mal colocou o cinto de segurança, olhou para o lado e mudou para a penúltima poltrona do lado esquerdo, na frente da minha. Como antes, pôs a mochila na da janela e sentou na do corredor. Tendo reclinado completamente a poltrona em que havia sentado (o que me fez recolher a perna direita, antes esparramada para o lado) e não a da sua mochila, ficou um vão razoavelmente grande entre nós dois.

     Eu percebia alguma intenção nebulosa nas suas atitudes, que parecia dirigir-se a mim. Pensei que talvez quisesse senta-ser ao meu lado para vigiar o ônibus inteiro. Essas pessoas vivem tão condicionadas a se defender, que ter alguém por trás (ui!) pode ser desconfortável, imagino. Era nisso que eu pensava para negar a tendência de me considerar sexualmente irresistível para todo sujeito que me atrai. Sempre que ele me olhava, por mais rápido que fosse (e ele realmente só passava os olhos por mim), eu pressentia faíscas de desejo atiradas de seus olhos. Mas era muito mais crível relacionar essa intuição a um devaneio incitado pelo meu próprio desejo. Para mim, representava um grande risco entender algo errado e me dar muito mal. Por que razão um PM fardado iria se arriscar numa situação como aquela? De que maneira poderíamos nos abordar? Sem chance, claro. Só num roteiro fajuto de filminho pornô essas coisas acontecem. Relaxei e cheguei a adormecer por alguns minutos. 

     Sempre senti tesão por homens fardados: militares, policiais, bombeiros, marinheiros, seguranças do metrô e afins. Geralmente associam-se essas fantasias nas mulheres ao desejo de proteção por um herói viril. Está certo que o policial, principalmente no Brasil (e ainda mais se da Policia Militar), já não tem essa aura de heroísmo há muito tempo e, ao invés de suscitar sensação de proteção, mete medo. Em mim, acho que o que excita é justamente render a autoridade, despertar desejos "proibidos", reprimidos. A grande restrição (como sempre, carregadíssima de hipocrisia) dessas corporações (como tudo que for relacionado ao universo masculino em nossa cultura) à homossexualidade incita esse desejo de dominação. Lembro de uma vez em que estava num circular, eu era bem garoto, uns 19 anos na época, e um policial distraidíssimo ficou encostando a bunda na minha mão. Dei um jeito de botar o dedo bem no meio do cuzinho dele. Olhei pro lado e um rapaz sentado mais atrás observava tudo, lívido de nervoso.

     Mas, retomando: acordei do cochilo e continuei checando meu celular, que àquela hora já continha dezenas de notificações de mensagens não lidas. Algumas do Tinder, Grindr e Hornet voltaram a me excitar e levei a mão ao pau para contê-lo. Na mesma hora o policial virou-se pra guardar na mochila o cap que havia tirado da cabeça (ou seria um pretexto?), olhou pra mim e abaixou os olhos rapidamente para o meu quadril. Foi um lance muito rápido, coisa de fração de segundos, mas aquele olhar ficou fotografado na minha mente. Isto já me parecia bem mais indicativo. OK, eu estava de pau duro. Mas ali, no escuro, isso provavelmente era imperceptível para quem não estivesse à procura de um pau duro. Observando sua postura, respiração, movimentos com as mãos, percebia-o mais tenso agora. Eu sentia medo. Tenho tendência (preconceituosa sim, com licença) de achar que policiais são quase psicopatas, sentem-se no direito de apagar qualquer um a troco de nada e a impunidade é sabidamente recorrente nesses casos. Obviamente existe um recorte racial muito delimitado nessas questões, mas todo um enredo já passavam pela minha cabeça, que incluía o meu corpo se do encontrado num rio distante - mas, ainda assim, aquilo estava me excitando. Tenho observado que muitas vezes gosto de me arriscar. Fazer sexo em lugares públicos tem sido minha maior fonte de prazer nos últimos tempos. Meu pau já estava pra estourar e comecei a massageá-lo, espremendo-o sobre a calça com o descarado intuito de chamar atenção. O cara virou levemente o rosto para a esquerda e me parecia tentar um melhor campo de visão. Quando elevou o braço esquerdo e jogou a mão para trás do banco, gelei. Depois, observei um gestual bastante erótico, apesar de discreto, naquela mão. Como se simulasse por um segundo segurar algo, ou esboçar uma carícia, relaxando em seguida. Fiquei muito confuso. Ele estava se insinuando para mim? A mão não era exatamente bela e me pareceu delicada para um garotão como aquele, mas estava tão próxima dos meus olhos que eu quase podia cheirá-la. Juro que passou pela minha mente tocá-la, mas desisti. Menos por medo que por vergonha.

     Como saber se era coisa da minha cabeça ou se o PM fardado ia me dar moral mesmo? Analisando com mais frieza, ponderei que, estando no último assento de um ônibus quase vazio, de noite, na penumbra, todo homem tem o direito de, no mínimo, coçar o saco. Muitas vezes, em viagens noturnas, observei passageiros pegando nos próprios órgãos sexuais, alguns até por dentro da calça, e sem que houvesse alguma intenção sexual imediata nisso. Pronto: decidi que eu poderia brincar com o meu pau excitado sem dar grandes motivos pro cara se ofender. Se não gostasse, eu perceberia. Mas se gostasse, também. Ele, que continuava com a mão para trás, deu um jeito de pôr o rosto virado sobre o braço que estava erguido, e agora eu já tinha quase certeza de que ele tava me manjando. Não sei quanto tempo durou aquilo. Ele, imóvel, não deixava os olhos à minha vista, mas não tinha porque estar tanto tempo na mesma posição desconfortável e com o rosto virado pro meu lado. Podia estar dormindo, mas a posição me parecia tensa demais. Abri as pernas e deslizei o quadril pela poltrona na direção do seu rosto. Segurava o pau sobre a calça e apertava com força, marcando bem as suas formas. O braço dele, que antes estava para trás, agora apontava para o alto (numa posição bem esquisita, diga-se), e eu supus que ele teve o ímpeto de agir, mas parou o movimento no meio, e estava se contendo pra não agarrar o meu pau. Depois de um tempo, comecei a levantar um pouco o corpo e me esgueirar pra perto da janela pra tentar ver os seus olhos. Se estivessem abertos e olhando pra mim, eu passava para a próxima fase. Demorou, mas por um segundo, numa curva, eu vi. Uma réstia de luz dum posto de gasolina da estrada iluminou seu olho esquerdo que olhava fixamente para onde eu mais queria, agora sem dúvida alguma. Eu já estava quase em transe e, ainda que temeroso, abri o zíper e botei o pau pra fora. Era uma mistura de medo e tesão, que se alimentavam mutuamente. O altíssimo nível de tesão incitava o medo de estar fazendo uma maluquice inconsequente. E o medo do próprio ato desnorteado, e daquela "autoridade policial", das suas possíveis reações, de estar num lugar com dezenas de pessoas estranhas; tudo me enchia de mais tesão ainda.


   

    Ele foi surpreendentemente decidido: verificou as poltronas mais à frente, certificando-se de que ninguém estava nos vigiando, passou o braço liso e musculoso pela fresta entre as poltronas e alcançou minha rola, que pulsava tão loucamente quanto meu coração. A mão macia e quente me masturbou por alguns segundos até que, num sussurro, eu o chamasse pra vir para a poltrona de trás, puxando pelo braço. Fez uma expressão de descrédito, mas me atendeu. Acomodou-se prontamente ao meu lado e jogou a mochila aos próprios pés. Eu não tenho nenhum conhecido próximo que seja da polícia e nunca havia me aproximado tanto de uma farda cinzenta. Um distintivo no ombro me informou "Polícia Militar". O tecido encorpado, o corte estruturado da veste e alguns acessórios pendurados no cinturão, não identificáveis por mim pela falta de intimidade com esse universo, foram as primeiras e marcantes impressões. Tenho pavor de armas e imaginei se ele trazia uma no cinturão. Algumas fotos de homens armados me excitam bastante, provavelmente por ser um símbolo fálico bastante óbvio, mas acho armas detestáveis tanto o próprio objeto quanto o culto que suscita em personalidades pelas quais nutro desprezo. No Tinder, por exemplo, se o cara tiver qualquer foto com arma, mesmo que seja de brinquedo, de paintball, dou um X convicto. Ele segurava meu pau com força e me olhava nos olhos com expressão séria, de senho levemente franzido. Tanto o desejo quanto o seu desconforto com a posição que assumia eram bastante visíveis. Buscou os meus lábios. Um beijo delicado duma boca vasta e molhada. Minha língua a invadia, vasculhando sem censura.

    Curvou-se afoito e engoliu o meu sexo. Eu friccionava as pontas dos dedos no couro cabeludo quase raspado e acariciava o corpo fardado, de costas largas e ombros maciços. Naquele momento, mal podia acreditar (e ainda agora me parece extraordinário) que uma autoridade policial em serviço me fizesse sexo oral num local público. Talvez seja ingenuidade minha, ou até perversão, mas esse era o componente que me deslumbrava. Fosse outro homem tão bonitão quanto, ou ele próprio à paisana, ainda seria ótimo, mas provavelmente eu me esqueceria muito em breve dessa aventura. Depois de me chupar longamente e de outro beijo intenso (de quem já enfiou o pé na jaca e não tem mais nada a perder), ele também botou o pau pra fora e se masturbava olhando para mim. Era grande, maior que o meu, com a base bem grossa. Tinha cheiro delicado, limpo. Gosto, textura e formas também agradáveis. Apesar disso, fiquei mais desconfortável chupando que sendo chupado. Posso arriscar dizer que eu quase gostaria de ser flagrado com o policial chupando meu pau, mas que seria muito constrangedor o contrário. Mentalidade imbecil que estigmatiza práticas e papéis sexuais. Coisas a aprender... E ele quis me chupar ainda mais, muito mais. 

     Lá pelas tantas, um senhor levantou no meio do ônibus e veio usar o banheiro que fica atrás, ao nosso lado. Foi um tremendo constrangimento. Pareceu até que o senhor ficou desconfiado. Mas nem assim o meu pau amoleceu. Logo que o coroa voltou ao seu assento, tirei pra fora outra vez e ele me chupou mais um pouco. Nessa posição, eu via a arma presa ao lado direito do seu quadril. Deu um gelinho, mas enfiei a mão por baixo do colete à prova de bala e acariciei seu peitoral liso, seu mamilo. Tentei botar a mão por dentro da calça, apalpar a bunda, mas ele não deixou. Explicou a recusa balbuciando algo que não compreendi. Abri meu cinto, toda a calça e a desci até às coxas. Ele me lambeu as bolas e acariciou meu cu com as pontas dos dedos. Engolia o meu pau inteiro com nítida satisfação e punhetava a base frenéticamente, pedindo porra. Murmurei em seu ouvido: "tô quase gozando". Eu esperava que continuasse até o fim, mas achei por bem avisar, educadinho que sou. Ele parou, cuspiu no chão, e me senti um idiota. Devia ter enchido sua boca de leite de pica.

     Já estávamos quase na entrada da cidade e ele disse:
     -Guarda isso aí, já é loucura já
     Sorri cinicamente e me recompus. Fiquei pensando se teria a oportunidade de revê-lo. Perguntei:
     -Você mora aqui?
     -Moro
    Disse mais alguma coisa que não consegui entender. Durante e após o sexo, fala-se baixo, como se tudo fosse segredo. Ficamos em silencio até perto da rodoviária, quando ele perguntou (num tom que me pareceu levemente ameaçador):
     -Você sabe guardar segredo, cara?
     -Sim, claro... Não sou de sair falando nada por aí...
     -Meu, eu sou comprometido! Não quero que...
     -Não, pode ficar tranquilo!
     Fiquei um tanto desestabilizado, sem saber o que dizer ou pensar naquele momento.
     -Você também é daqui?
     -Sou

    Fez então algumas perguntas: nome, profissão, bairro. Fiquei cismando, pensando que deveria ter dado informações falsas. Antes de se levantar, ele me cumprimentou dando a mão e eu deixei escapar um ridículo "vai na paz". O que eu queria era que ele não se sentisse intimidado e, principalmente, não quisesse me intimidar também. Vi que entrou num carro prata que tinha ido buscá-lo. Fiquei imaginando quem seria essa pessoa com quem ele tem um "compromisso", se é uma moça ou um cara. Mais algumas vezes nos encontramos nesse ônibus, mas o acaso não refez todas as condições para outra aventura.