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domingo, 27 de maio de 2012

Baba nas Coxas


   Quinta-feira à tarde, fui conhecer o Chilli Pepper Single Hotel. Dependendo do horário, não me sinto muito à vontade no centrão. Além da feiura e degradação, dá medo: fui assaltado ali perto há alguns anos e fiquei meio traumatizado. Três demônios me espancaram por um mero celular. Foi difícil encontrar o tal hotel e, ao chegar, fui informado de que ele fechou, uma semana após a inauguração, para finalizar a obra. Que fazer? For Friends salva!

   Fazia quase um mês que eu não entrava ali. No chuveiro, ao meu lado, tinha um belo homem. Um belo de um velho, na verdade. Em geral não sinto atração por caras mais velhos que eu, mas era um puta corpão, cabelo farto completamente branco, cortado curtinho, rosto muito jovem, pele bronzeada. Só dava pra ver que tinha idade por causa do cabelo. Talvez nem fosse tão velho mesmo, mas o cabelo era branco, branco, branco. Fiquei com vontade de pegar, tive chances (diversas vezes ele se insinuou e, ainda por luxo, sabia ser sexy o coroa!) mas as desperdicei. Provavelmente por puro preconceito.

   Também de passagem pelo chuveiro, olhei um garoto que se lavava. Reparei mais no pau dele, bonito de doer. Um cara branquinho, sem pêlos, usava uma barbinha curta. Não tinha nada de mais (exceto o pau) mas é o tipo de cara de que gosto. Na sauna tinha outro cara com as mesmas características, eu os confundia toda hora. O outro era até mais bonitão, mas foi o primeiro que veio sentar ao meu lado na sala de vídeo. Ali, à meia luz, me pareceu bem bonito de rosto. Chama Renato, 23 anos, DJ. Além de DJ tem uma outra profissão que eu esqueci completamente. Ficamos no sofá conversando e nos pegando por mais de uma hora. Todo ele cheiroso, macio. E aquele pau. Tenho um amigo que não entende quando eu digo que fulano tem um pau bonito: "Mas bonito por quê? Pau não é tudo igual?". E é viado quem me fala um absurdo desses! Pois o pau desse Renato é lindo, lindíssimo. Chego a ficar emocionado quando encontro um destes. Sem cinismo, me emociono mesmo. Além disso, é um menino super querido, me enchia de carinhos e elogios. Quando um magricelo veio sentar ao nosso lado, sugeri que fôssemos para o banheiro.

   Na cabine a iluminação é bem melhor e fiquei um tanto decepcionado com o resto dele (o pau é sempre a exceção). Um tanto fora de forma para a sua idade, cabelo desleixado, meio falho. Não era bonito definitivamente. Mas tinha aquela joia no meio das pernas. E era fofo, muito fofo. Às vezes acontece de o tesão do outro nos contagiar. Pediu algumas vezes que eu encostasse na parede para olhar pra mim:

   -Puta que o pariu, como você é gostoso! Nem sei o que fazer com você...

   Eu me sentia bonito mesmo, tinha tomado sol e acabado de cortar o cabelo. Fizemos basicamente sexo oral. Fiz menção de meter na sua bundinha, mas não fui adiante. E quando ele me imitou, cheguei a considerar receber aquele pinto lindo dentro de mim. Reconsiderei pelas dimensões bem além dos meus mais entusiasmados arroubos de "passividade". Mas não me fartava nunca dele na minha boca. Não se tratava de apenas mais um órgão genital masculino. Tamanho, formas, textura, cores, cheiro, gosto - uma festa! Imodestíssima! Se ele tivesse um corpo mais bem cuidado e raspasse aquele cabelo feioso, seria um partidão. Continuei chupando, mesmo quando ele anunciou que estava para gozar.

   -Onde você quer que eu goze?

   -Em mim.

   -Pode gozar na sua cara?

   Gozou na minha boca, no meu colo. Eu cuspi e continuei chupando até que murchasse. Tão lindo, tão lindo...

   Depois do banho, de passagem pelo vestiário, vi um cara bonito se vestindo. Senti uma pontada no coração por ter ficado tanto tempo com o Renato e deixado aquele homem me escapar. Ele me olhou também, com evidente interesse. Nos cruzamos e depois de alguns passos, voltei. Estava agora secando os cabelos no hall embaixo da escadaria. Nos olhamos novamente e eu prossegui, como se espera do idiota que sou. Já ia subindo as escadas, quando ele me chamou.

   -Hei, tudo bem?

   Voltei:

   -Já está indo embora? - perguntei.

   -Já, tenho que ir. Por que?

   -Que pena...

   -É, uma pena... também acho.

   Me beijou. O secador ligado esquentou minha orelha direita. Seu nome é Caio, 31 anos, matogrossense, moreno, por volta de 1,80m, rosto muito interessante, de traços latinos e um corpo absurdo. Mesmo já estando completamente vestido, era impossível não perceber que seu corpo era um assombro. Disse que precisava passar em casa antes da aula de inglês. Contou que trabalha numa marca de moda, patrocinadora de um grande evento internacional, e que vive na estrada por conta disso. Bastante desenvolto com as palavras, dava a impressão de engrandecer tudo, mais por imaginação, que por malícia.  Talvez até por alguma insegurança. Falou muito sobre a empresa, usando aqueles jargões afetados e sobre sua frustrada carreira de cantor em alguns programas televisivos. Falou algumas abobrinhas sobre canto, mas entoou de brincadeira uma frase musical com voz muito bonita e segura. Contou do período em que morou em Buenos Aires e do namorado argentino com quem morava - um relacionamento tumultuado, cheio de brigas e desentendimentos. Disse ter fechado uma venda milionária naquela manhã e recebido uma tarde de folga do chefe. Tinha chegado perto das 14h e estava cansado da sauna. Vários dados desencontrados sobre suas conquistas profissionais confirmaram a impressão inicial de ser um mentiroso compulsivo. Trocamos Facebook e nos despedimos com outro acalorado beijo. As fotos do seu perfil são um pouco bregas e seu rosto não é muito fotogênico, mas o corpo é tudo aquilo que eu imaginei. E um pouco mais.

   Tinha um garoto inconveniente; onde quer que eu fosse, lá ele estava, e seus olhos arregalados, querendo relar em mim, passar a mão. Baixinho, moreno, cabeça raspada, tinha um corpo bem bonzinho, mas o rosto era sem qualquer atrativo. E era chato pra caralho. Eu tinha visto um gostosão e tentava chegar perto, lá no lado escuro (sem um ponto de luz naquela noite). Era um coroa meio bombado (uns quarenta e poucos anos), corpo bonito, rosto interessante, apesar do nariz imenso. Pois o baixinho se colocou na minha frente, entre mim e o cara, e continuava me intimando. Por coincidência, outro carinha se pôs ao seu lado, se insinuando pra mim também - não sei se estavam juntos. Fiquei até lisonjeado com aquela dupla demonstração de interesse, mas não dei corda. O baixinho pegou em mim e veio se encostando. Afastei sua mão e saí. Me sinto mal nessas situações, fico chateado e não deveria. Quem toma liberdades dessa maneira, está se sujeitando a uma negativa brusca. O coroa tinha desaparecido e eu voltei para o claro. Encontrei o Roger (para variar) e conversamos um pouco. O coroa passou por nós e o Roger pôs defeito e disse que ele nunca fica com ninguém na sauna. Me passou a cantada de sempre e comentamos bunda de um garoto que tinha passado. Ele foi lá tentar a sorte e voltei para o escuro, atrás do coroa.

   Foi fácil, o encontrei logo e ele mordeu a isca prontamente. Era um tanto limitado, não queria beijar na boca, nem que eu tocasse na sua bunda. Quando consegui lamber seu cuzinho, já tinha um monte de gente em volta perturbando. Fomos para o reservado e finalmente nos beijamos. Eu não ia dar, ele também não, decidimos parar por ali. Mas foi bem enfático ao se despedir:

   -Se mudar de ideia, estou aí por dez minutos ainda. Queria muito te comer, hein!

   Saí dali e encostei numa parede ao lado, ainda de pau duro. Passou um moleque que eu já tinha visto no andar de baixo, e parou numa porta, olhando pra mim. Eu queria mesmo que alguém me chupasse e fui lá. Parei diante dele e nem precisei pedir. Agachou e me deu um bom trato. Depois começou a ficar nojento, ele salivava muito, escorria pelas minhas pernas. Foi me dando uma tremenda aflição mas não sabia como pará-lo, dizer que não queria mais. Estava torcendo pra que um de nós gozasse, quando apareceu um loiro do meu lado, completamente nu. Era um corpo bonito, dava para perceber que sua pele era lisa e macia. Eu o atraí para perto e pus o menino para chupar os dois paus ao mesmo tempo, enquanto eu explorava a nova bundinha do pedaço. Era deliciosa. Ele gemia e soltava algumas palavras ininteligíveis, com uma voz muito grave. Fiquei atrás dele, pus a camisinha e comi. Ali mesmo, no meio da sala escura. Não tinha ninguém por perto, só o outro cara que continuava ajoelhado no chão, chupando o pau do loiro. Foi um pouco difícil a penetração, ele era bem apertado. Vi o Felipe subindo as escadas enquanto eu fodia o cara. Isso me tirou um pouco a atenção do que estava fazendo. Acho o Felipe um bonitão e um cara bacana. Queria conhecê-lo melhor, mas não vai rolar, ele me evita agora. O loiro gozou antes de mim, pra variar.

   Tomei outro banho, me livrei daquela baba nas coxas. Eu queria gozar, precisava gozar. A sauna estava quase vazia. No vestiário vi um cara chegando. Era óbvio que era estrangeiro e tinha um rosto lindo. Alto, magro, bronzeado, cabelo loiro cinzento cortado bem rente e olhos de um azul transparente. Começou a se despir e eu subi para o primeiro andar. Sentei na sala de vídeo e em alguns minutos ele apareceu por lá também. De onde eu estava sentado, vi o Felipe sair de um dos quartos com alguém. Seu corpo de nadador me excita muito, especialmente a bunda, pequena e escultural. O rapaz veio sentar ao meu lado. Foi muito rápido e direto. Seu sorriso era deslumbrante, tentador. Parisiense, seu nome é Loic (eu nunca tinha ouvido esse nome da vida e só compreendi quando o soletrou), 31 anos. É bancário e tirou um ano sabático para dar a volta ao mundo. O Brasil é sua última parada, onde fica por cinco semanas -  havia chegado na manhã daquele dia. Nos comunicamos em inglês, que ele fala muito bem, com pouquíssimo sotaque; e eu, que geralmente me comunico bem em inglês, me atrapalhei várias vezes durante nosso papo. Nos beijamos ali no sofá e ele me chamou para irmos para um quarto. Ele não sabia que tinha de alugá-los para pegar a chave. Fomos para uma cabine do banheiro mesmo. O corpo dele não é tão bonito, bem magro e alto (1,93m), só as pernas são bem torneadas. E o pau é enorme. Estava com uma marquinha de sunga, o corpo todo meio avermelhado de sol e a bunda bem branca. Nos chupamos e fodi violentamente seu buraquinho cor-de-rosa. Depois do banho ele queria fumar. Foi buscar o cigarro no armário e fomos para o jardim externo. Falou um pouco do seu itinerário e contou alguns acontecimentos. Nada tão interessante como se esperaria de quem passou um ano viajando por lugares tão diferentes. Deu mais ênfase aos homens - disse que Cuba e Argentina são os melhores lugares do mundo pra pegar homem bonito. Tem ouvido dizer que os homens brasileiros são os mais sexy do mundo mas que têm pau pequeno. Como eu fui o seu primeiro brasileiro, ficou mais aliviado quanto às nossas medidas. Eu disse que quando soube que ele era francês, também tinha ficado apreensivo, pensando que ele poderia ser meio sujinho. Apesar de fumante, era muito cheiroso. Pediu algumas informações de lugares onde ir em SP e pareceu bastante bem informado, inclusive sobre nomes de ruas e bairros.

   Um garoto veio sentar com a gente e puxou conversa, queria saber de onde nós éramos. Seu nome é Douglas e é muito simpático. Tem 23 anos, gaúcho, morando em SP há poucos meses. Tem um tipo bom, mas não é atraente pra mim. Loic foi dar uma sapeada na sauna mas, não encontrando nada interessante, voltou a sentar no jardim. Resolvi ir embora e ele disse que iria junto. Fomos conversando até o metrô. Descobrimos que tínhamos visitado a mesma exposição no MASP (quase no mesmo horário), cortado o cabelo no Retrô e almoçado no Athenas. MEDO. Combinamos de nos encontrarmos no final de semana para uma balada que acabou não dando certo (desta vez por minha culpa).

segunda-feira, 26 de março de 2012

Era o Colby Keller Quem Me Dava Tesão



   Foi o primeiro cara em quem reparei nessa tarde, e o único que realmente me atraiu. Ele estava sentado no escuro da sala de vídeo dos fundos. Passei por ele e pensei em sentar ao seu lado, mas fiquei sem jeito. Olhava pra quem passasse por ali com certa dureza; inclusive pra mim. Percebi sua beleza mesmo no escuro. O cabelo raspado, os brincos, seu nariz reto e bem feito. Bastante jovem, não muito alto, físico bonito, bem natural. No claro, surpreendeu por ser ainda mais belo do que eu havia suposto. Tinha pequenas sardas nos ombros e costas, olhos claros, uma tatuagem. Olhava muito para mim, mas eu não entendia o por quê. E fugia sempre que eu me aproximasse, eu não entendia nada.

   Pelo alto da escada caracol, vi um cara passar em direção ao bar. Parecia simpático, corpo legal, tipo interessante. Sorridente, cumprimentava todos que passassem pela sua frente. Ele tinha subido e entrou na sauna. Não sem antes se voltar para mim, como que me convidando a entrar também. Sentei ao seu lado. Estava descontrolada a sauna e o calor era infernal. Ainda lá dentro nos tocamos. Eu o chamei para irmos à cabine do banheiro, ali ao lado. Seu nome é Pedro, 35 anos. Corpo suave e com tudo em cima, apesar de mantê-lo apenas com 20 minutos de corrida, duas vezes por semana, segundo me disse. Como era bom beijar sua boca! Esse prazer estendia-se ao resto do corpo, que beijei milimetricamente. Uma bundinha digna de nota. Perguntei se ele gostava de dar (já estava com o pau em posição):

   -Até gosto, mas hoje não estou a fim.

   Resolvemos tomar alguma coisa no bar. Pedi um suco de uva, que estava delicioso; ele, uma cerveja. Sentamos no sofá do bar.

   -Você disse que fazia anos que não entrava aqui. Por que resolveu vir hoje? - perguntei.

   -Isso é engraçado. No caminho eu vinha pensando nisso e quase desisti. Nem sei dizer... É tão fácil achar alguém pra transar por aí... Quer dizer, não estou dizendo que seja fácil pra mim... Mas até tem dois caras, os dois lindos, me rondando, querendo sair comigo. Um deles mandou uma mensagem hoje cedo.

   -E você não quis por que?

   -Ah cara, estou meio esquisito ultimamente, meio que me resguardando um pouco. (pausa) Eu conhecei um cara, me apaixonei, mas não deu certo. Saímos só duas vezes. Não que a gente tenha transado. Não transamos. Mas me apaixonei. Daí descobri umas coisas sobre ele. (pausa) Ele é soropositivo, HIV.

   -Putz...

   -É. Descobri por acaso. Daí não consegui mais, é complicado.
 
   -Complicado mesmo. Mas você descobriu como?

   -Vieram me contar. Numa festa na casa duma amiga. Eu ia entrando no banheiro, daí veio um cara que eu nem conheço direito, me disse: "Hey, você tá transando com fulano? Ele tem AIDS! Mó furada, cara!"
 
   Continuou:

   -Perdi o chão. Já tava apaixonado, né? Foda. Não consigo mais sair com ninguém. Estou desabafando contigo, me desculpe - disse sorrindo tristemente

   -Mas você conversou com ele sobre isso?

   -Conversamos, fui na casa dele na mesma hora. Liguei e mandei esperar. "Ah, mas agora não posso, vou sair". Mandei esperar, falei que tinha que ser naquela hora, que ele me devia uma satisfação. É um puta cara perfeito: lindo, viajado, divertido, bem sucedido, conhece todo mundo. Meus amigos e tudo. Pra ver como nada disso tem valor...

   -Pior que é... O cara tem tudo e você já não quer mais nada com ele.

   -Cheguei e só perguntei: "você tem alguma coisa pra me falar?" Ele disse "tenho" e caiu no choro, encolhido no chão. Me fez muito mal tudo isso. Ainda me faz. Eu nem sabia direito como que era a AIDS, daí que fui pesquisar tudo na internet, falei com meu amigo que é médico. Depois fiquei sabendo da vida dele em Paris. Me contaram que ele era o maior putão em Paris, transava com todo mundo, desesperadamente.

   -É... Mas se for o caso, dá pra levar numa boa, tomando as precauções óbvias. Isso aconteceu com um amigo meu, ele era super novinho na época, 19 anos. Tinha um namorado lindo, uma graça mesmo, ator, bem mais velho. Contou que era HIV positivo assintomático. Contou no MSN, acredita? Foi foda, mas levaram por um tempo ainda a relação.

   -O foda é ele não ter me contado, perdi completamente a confiança, sabe?

   -Ah, mas imagine que é uma coisa difícil pro cara também. Vocês mal se conheciam. Como ele descobriu?

   -Teve uma crise, logo que chegou em São Paulo. Daí fizeram uma serie de exames e foi assim que ele descobriu. Faz pouco tempo. Não sei como eu me deixei envolver dessa forma, saímos duas vezes só. Não quero saber de ninguém agora. Você costuma sair pela noite? Nunca te vi por aí.

   -Eu tenho a impressão de já ter visto você. Ultimamente, saio muito pouco. Você vai aonde?

   -Conhece a Lions? Sempre lá.

   -Legal. Nunca fui, mas já ouvi falar.

   -É ótimo. Depois te passo meu celular, vamos combinar uma noite.

   -Vou pouco por falta de companhia. Sou meio antissocial.

   -Ah, pra sair tem que ser com amigos. Sozinho é horrível. Cara, vou entrar na sauna de novo, vamos lá?

   -Vou dar um tempo aqui. Me baixou a pressão aquele calor todo.

   Era mentira. O garoto de cabeça raspada passou por nós, me encarando, e eu queria tentar novamente.

   -Vamos lá no vestiário, vou te dar meu celular.

   Passou o numero e mandei uma mensagem sucinta pra que ele ficasse com o meu número também. Fui procurar o garoto e nada, ele desaparecia por longos períodos. Eu pensava que tinha ido embora, mas lá pelas tantas reaparecia. Me olhava, dava a entender que estava a fim, mas não queria nada. Lá no escuro apareceu um baixinho. Cabeça quase raspada também, loiro, bem claro, um puta corpo. Sob a toalha, seu pau parecia imenso, ereto, colocado de lado. Tentava escondê-lo com uma das mãos. Conversava bastante com um cara de barba, até interessante, que tinha chegado em mim de forma abrupta, o que me fez descartá-lo. Um pouco mais tarde reencontrei o baixinho no chuveiro. O corpo era fenomenal e o pau, idem.  O rosto não era bonito, mas gracioso, simpático. Fiquei de pau duro e notei que ele se interessou. Voltamos a nos encontrar no escuro e desta vez era fácil perceber que ele estava atento aos meus passos. Veio perto, numa saleta escura, encostou na parede ao meu lado. O beijo foi ótimo, a pegada que eu esperava. Virou-se de costas pra mim, arranquei sua toalha e me agachei ali mesmo. Lambi aquela bundinha musculosa e macia, cheirando a sabonete. Fomos pro banheiro. Guilherme é o seu nome, 25 anos. Adorava sentir minha língua dentro dele. Trocamos sexo oral e ele me lambeu a bunda como há muito não lambiam. Me encheu de tesão a sua língua, que fazia os movimentos certos, com a pressão certa, uma doidera!

   -Posso pôr a camisinha? - perguntei.

   -Põe. Mas vai com cuidado, faz tempo que eu não dou.

   -Pode deixar.

   Quando estava tudo pronto, encostei as costas na parede e sugeri:

   -Olha, vai pondo você mesmo. Vem sentando no meu pau.

   Assim foi feito. Nem senti quando estava tudo dentro. Comecei os movimentos lentamente. Quando senti que estava confortável pra ele e comecei a bombar, eu já estava louco de tesão. Fui decepcionantemente rápido, talvez menos de três minutos.

   -Já gozou?!

   -Pô, já... Desculpa.

   Ele tirou meu pau, removeu a camisinha e olhou o conteúdo. Sorriu pra mim. Lambeu a porra do meu pau e me beijou a boca.

   -Quer dar pra mim agora? - sussurrou.

   -Nossa cara, seu pau é gigante!

   -Vamos tentar?

   -Não rola, sério mesmo. Você quer gozar?

   -Ah, eu sei que vou demorar... deixa quieto.

   No banho encontrei o Roger. Queria saber se tinha alguém interessante na sauna. Comentei sobre o garoto de cabeça raspada. "Bonitinho mas bem metidinho", eu disse. "Ah, eu também faço a linha metidinho agora!", ele retrucou. Descemos e ficamos conversando nas espreguiçadeiras. Sobre dieta, malhação, saunas e homens - sempre o mesmo papo. Ele é simpático, gente boa. Mas só chupa de camisinha, não dá nem que fosse para o George Clooney. Ficamos analisando os caras que passavam e realmente só o de cabeça raspada, o metidinho, era bonito. Me convidou para fazer sauna com ele e eu não quis. Por um dos corredores, topei com o Alexandre, o mesmo cara de óculos com quem fiquei na última vez que tinha estado na sauna. Fui cumprimentá-lo:

   -E aí!

   -E aí.

   -Não lembra de mim?

   -Lembro sim... Tudo bem?

  Tive a impressão de que ele não se lembrou de imediato. Eu estava sem barba agora, o tórax depilado, talvez tenha me achado diferente. Dei um tapinha no seu peito e o deixei com uma piscada de olho. Depois ele se lembrou com certeza, me cumprimentou várias vezes sorrindo. Parecia meio cansado, abatido, talvez deprimido. O vi dormindo numa poltrona da sala principal. Eu bem queria que ele me chupasse outra vez, divinamente como havia duas semanas. Logo o vi se vestindo, ia embora. Quase fui lá falar com ele, não tinha ninguém de interessante que não fosse o-garoto-bonito-que-não-queria-nada-comigo. Mas fiquei com vergonha e ele se foi. O Roger estava se vestindo também. Estava bonito de terno. Subi para a sala de vídeo e esperei alguém aparecer.

   Eu só queria gozar com alguém me chupando. O garoto de cabeça raspada apareceu e encostou bem perto de mim. Mal o notei, um cara magrinho chegou do lado dele e em menos de um segundo desapareceram juntos. Sentei no sofá e apareceu um coroa. Já o tinha visto antes, várias vezes no dark. Feio de rosto, corpo razoável, à base de anabolizantes. Usava uma corrente no pescoço com duas daquelas plaquetas de identificação que se usam no exército. Tirei o pau pra fora e ele veio sentar ao meu lado. Me chupou, mas quando entrava alguém na sala, ele interrompia. O filme na tela era excitante, eu queria muito me concentrar na cena enquanto ele me chupava (muito bem, diga-se). Era uma cena com o Colby Keller, que eu acho delicioso, e um outro que eu nunca tinha visto. Era bonitão também e beijava o Colby Keller, chupava o pau do Colby Keller, as bolas do Colby Keller, a bunda do Colby Keller, dava pro Colby Keller, lambia a porra do Colby Keller. E o pessoal vinha assistir o coroa chupar o meu pau, modesto em relação ao do Colby Keller. Rondavam nosso sofá, sentavam ao lado, e só homens que me pareciam horrorosos. O coroa feioso parecia um príncipe, se comparado a eles. Eu não queria ir pro banheiro com um cara que não me atraía; era o Colby Keller quem me dava tesão. Mas veio um pançudo sentar do meu lado e tentou pegar no meu pau. Dei um peteleco na sua mão gorda e ele voltou a insistir. O coroa me chamou pro banheiro e tive de aceitar.

   Foi constrangedor inicialmente. Eu mantinha meus olhos fechados. Ele agachou e me chupou. Continuei sem me relacionar com ele, só segurava seus cabelos macios, meus olhos sempre fechados, rosto voltado pro teto. Não gosto de sexo assim, acho triste, grosseiro. Mas consegui gozar. Gozei na boca do cara e ele curtiu, não parecia se sentir usado por mim; eu que fiquei com essa sensação. Despediu-se risonho e mudo. No banho encontrei o Felipe. Me chamou: "oi, rapaz". Eu tinha fingido não tê-lo notado, visto que ignorou o último torpedo que mandei. Falamos rapidamente e ele mergulhou nas profundezas do dark.

   Desci para ir embora. Chovia forte e sentei para esperar um pouco. Pedro veio falar comigo, já estava indo embora:

   -Vai ficar aí?

   -Sei lá. Seu carro está perto?

   -Tá aí na rua do lado.

   -Vai passar perto de alguma estação de metrô?

   -Hum, não... Mas eu subo e te deixo ali, sem problema. Vou passar no supermercado mesmo.

   No caminho ele despejou banalidades acerca da própria rotina e me deixou uma quadra antes da entrada da estação do metro. Muito obrigado.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Verde-Uva


   Gostei de ir à For Friends numa sexta-feira (sexta-feira 13, aliás), sei que voltarei mais vezes. Não estava superlotada, nem vazia. Tento entender por que fui, por que volto. Será tão pouco o que busco nesses lugares? Suprir uma carência, a necessidade de sexo e contato superficial com gente nova? Infelizmente, os desconhecidos da sauna quase nunca se permitem aprofundar algum tipo de relação que não a sexual e imediata, e isso só aprofunda o meu vazio. Não falo unicamente de uma possibilidade de envolvimento amoroso, mas de alguma coisa que vá além do corpo, de um instante de tesão. E constato que sou também apenas mais um "desconhecido da sauna", mais um homem disponível apenas para o sexo - feito de fraquezas, preconceitos, feridas mal cicatrizadas, culpa, covardia, egoismo, superficialidade e muita conversa mole. Que, como tantos outros, se ilude numa fantasiosa busca por um amor, um companheiro, que provavelmente nem teria espaço na minha vida. Com todos esse background e vestígios duma gripe recente, cheguei por volta das 17h.

   Demorou até que me aproximasse de alguém, mas já tinha visto pelo menos dois caras muito interessantes. O primeiro deles estava num sofá da primeira sala de vídeo da ala escura da casa. Mesmo no escuro, meu "detector de gringos" disparou. Tenho uma atração irracional por estrangeiros - meu antigo analista sugeriu uma vez que eu os procurava por serem quase sempre inacessíveis, de convivência improvável para além de uma transa. De onde eu estava, via o rapaz de perfil, sentado no sofá de vinil vermelho, com um rapazinho deitado em seu colo. A luz do telão realçava o desenho impressionante de seu perfil. Um homem grande, jovem, de pele clara, cabelos castanhos em corte militar, levemente úmidos e arrepiados. A relação entre seu nariz e o queixo era o que tornava seu perfil tão magnético e majestoso. Projetavam-se ambos para a frente e, em menor escala, para o alto; em harmonia rara de proporções desafiadoras. A luz azulada incidia por toda a ossatura de seu rosto de forma a corroborar com essa fascinante arquitetura facial. A grande beleza exerce sobre mim, ao menos num primeiro momento, duas forças antagônicas muito claras e simétricas: encanto e timidez. Ele pouco olhava para mim, mas já ali notei algum interesse de sua parte. Encontrei-o mais tarde num corredor, e me olhou com frieza. Segui-o ainda à sauna a vapor e foi igualmente distante. Passei a ignorá-lo.

   Saí dali. Sabia que o outro bonitão estava na sala ao lado e fui procurá-lo. Parecia tímido. Grandalhão, também jovem, loiro escuro, de barba, olhos verdes, corpo sólido, bronzeado - um tipo muito bonito e agradável. Havia mais uns 5 caras por perto. Sentei de frente pra ele, na bancada oposta. A distância e o vapor em meus olhos dificultavam a visão. Eu o olhava fixamente - sou bom fisionomista e em pouco tempo, pela silhueta, estava certo de que o encontrara. Ele me olhava também, com a cabeça inclinada. Vagou espaço ao seu lado e, ainda inseguro, fui. Esboçou um aceno com a cabeça, mas vieram sentar perto e ele levantou. Fomos nos apresentar no hall de entrada da sauna..

   -Tudo bem?

   -E aí! Como é seu nome?

   -Yuri e o seu?

   -John, prazer. Primeira vez que aqui?

   -Não, já conhecia. E você?

   -Primeira. Você é daqui mesmo?

   -Sou sim. Você é de onde?

   -Do Rio.

   -Passeando?

   -É. Escuta, como funciona aqui?

   -O que?

   -Não tem um lugar onde a gente possa ficar mais à vontade?

   -Tem... vem aqui.

   Eu pensei em levá-lo à salinha de leitura ali perto, mas ele queria um lugar ainda mais privativo. Entramos na sala do saco de pancadas. Toquei seu peito musculoso, em que distinguiam-se pelos e algumas sardas.

   -Quantos anos você tem? - perguntei.

   -28 e você?

   -38, faço em março.

   -É mesmo? Não parece ter 10 anos a mais que eu...

   Parecia preocupado com o ambiente:

   -Mas não tem um lugar mais tranquilo aqui, onde não passe gente? - ele tinha uma voz suave e grave, com pouco sotaque carioca. Educadíssimo, gentil em todas as atitudes, "moço de família".

   -Tem os quartos, quer rachar um? - eu não tinha ideia do preço de um quarto ali, mas achei que ele valia a pena.

   -Mas tem que pagar? Não tem um lugar assim, mais escuro?

   -Lá em cima tem umas cabines...

   -Cabines, como?

   -É tipo um banheiro - informei, meio sem jeito. Devia ser a primeira vez na vida que ele entrava numa sauna gay. Pensei que ele pudesse achar tudo muito "baixo" ou desconfortável.

   -Ah, então vamos lá! - disse vivamente.

   Subimos. Já na cabine, pendurei a toalha na porta. Ele estava sem saber por onde começar. Tirou a toalha também e me apalpou:

   -Porra, seu pau é grosso, cara!

   Tudo nele me dava a impressão de alguém numa nova experiencia, se desafiando - e isso me excita muito. Seu sorriso era lindo e doce; seu olhar, curioso:

   -Você curte o que? - quis saber.

   -Geralmente sou ativo, e você?

   -Só fui passivo uma vez na vida. Mas seu pau é muito grande.

   Meu pau não é nada descomunal. Sentou no vaso sanitário e me chupou com delicadeza, por um longo tempo. Eu tinha a impressão de que ele queria me fazer gozar, e a ideia de ejacular na sua barba era tentadora. Eu o ergui, nos beijamos e abaixei para chupá-lo também. Era um pau comum, em comprimento, forma, calibre. De seu púbis exalava um odor quase desagradável, porém muito sutil. Ele estava o tempo todo para gozar: segurava minha cabeça e pedia para esperar. Voltou a me chupar, sentado no vaso como antes. Lambeu meu saco e o períneo. Ia descendo em direção ao ânus e eu levantei a perna direita, apoiando o pé na parede do fundo da cabine (eu estava encostado na porta). Lambia com delicadeza mas boa pressão. Passou minha perna direita sobre sua cabeça e virou meu corpo, com a bunda pra ele. Abria minhas nádegas e lambia com intensidade. Sua barba macia fazia uma fricção gostosa na minha pele. Abri a bunda para ajudá-lo, e quando tirei as mãos, puxou-as para trás e as posicionou como antes. Estava concentrado:

   -Fica assim! Puta tesão, cara!

   Eu já pensava em fazer o mesmo com ele. Comecei pelo pau e quando ele ameaçou gozar, virei seu corpo de costas para mim. Era um corpo grande, forte. Naturalmente bonito, não do tipo "bombado". Tinha pêlos alourados pelas nádegas e mais concentrados no centro. A pele avermelhada, corada de sol, destacava a marca de sunga, branquinha, branquinha. A pele clara e macia da bunda ia ficando mais escura quanto se aproximava do ânus. Por trás, estava bastante limpo e sem odores estranhos. Quando eu enfiava a língua, ele puxava minha cabeça contra si e gemia. Me demorei bastante. Passei meu pau entre suas nádegas e perguntei:

   -Quer tentar?

   -Não rola, cara. Eu não aguento.

   -Tenho camisinha aqui, lubrifico, faço bem devagar, sem forçar. Se você pedir, eu paro.

   Ele virou-se, rindo.

   -Eu até queria, mas hoje não dá.

   Nos beijamos. Perguntei se ele queria gozar.

   -Quero.

   -Quer gozar na minha boca?

   -Você deixa? - perguntou fascinado.

   Abaixei para chupá-lo mais. Eu não sei direito por que fiz a proposta, não estava com vontade. Mas foi assim, rápido. Cuspi o esperma no vaso e ele riu. Não lembro como nos despedimos. Tomei um banho, escovei os dentes e desci.

   O gringo andava pra todo lado procurando alguém. Parecia fazer um esforço pra não olhar pra mim. Mas rondava, parecendo tentado a me cumprimentar e sem saber como. Quase sempre homens muito bonitos têm este comportamento babaca: fingem-se aéreos, desligados, querem ser bajulados, conquistados com esforço e mérito. Passava perto, às vezes parecia decidido a me abordar, vinha em minha direção, todo seu corpo dirigido a mim, mas desistia. Pode ser medo de levar um "não"? Pode - e eu tenho um semblante fechado, sério. Mas... para um homem lindo (e ele era lindo, inabalavelmente lindo), com todos os "sins" iminentes, disponíveis... parece mais capricho, uma convenção, um jogo preestabelecido e que não me interessa aprender. Tenho preguiça.

   Gosto de relações diretas: Tô a fim de você, então te olho diretamente pra que você perceba isso e se decida/ Não tô a fim de você, então evito te olhar e não correspondo aos seus olhares, pra que você se toque e me dê paz. Talvez por timidez e insegurança eu evite ao máximo esses jogos de sedução; ou talvez eu simplesmente não tenha imaginação, e perca por isso grandes emoções... Mas duvido. Decidi continuar na minha estratégia reservada. Claro que já tinha uma penca de homens atrás dele, mas quase nenhum que ele pudesse preferir a mim. Um deles era interessante até, corpão, bom tipo, mas não bonito de rosto. Tinha acabado de entrar na sauna e ficava nos rondando, afoito e indeciso entre mim e o gringo. Naturalmente mais propenso a ele, mas eu seria um step honesto. E quanto mais "distraído" da beleza do gringo eu forjava estar, mais simpático este se mostrava a mim. Talvez, sem perceber, eu estivesse fazendo o mesmo jogo besta que ele.

   Fui encontrá-lo na pequena sala de vídeo do andar superior iluminado, perto dos banheiros. Ele estava sentado de lado, quase de costas para a porta e me viu pelo canto do olho, notei. Tenho certeza de que esperava que eu me sentasse ali perto e eu estava prestes a ir. O outro cara, o que nos perseguia, se aproximou também e eu recuei. O gringo levantou um pouco irritado, mas ao passar por mim, fez um cumprimento inseguro, quase tímido, com um breve sorriso. Eu tremi na base! Os longos cílios de seus olhos verde-uva; a boca tensa e vermelha; os vestígios da barba recém raspada em seu queixo e maxilar quadrado; os dentes, seu porte, suas cores e texturas. Tanta beleza pros meus olhos, e visivelmente sem jeito por minha causa... Ou por causa do meu falso desdém... Entrou na sauna no fim do corredor e eu corri atrás. Já sem a menor possibilidade de manter qualquer dignidade e compostura, de chinelos e toalha na cintura, corri. Empurrei a porta e ele já vinha saindo. Nos olhamos nos olhos por um fração de segundos e eu, sem saber o que fazer, entrei. Ele também. Entrou de volta, atrás de mim - e por minha causa, pensei. Senti-me lisonjeado e aflito. Sentei na bancada azulejada de branco, e ele a um metro de mim, perto da porta. Havia mais gente ali dentro, na bancada oposta à nossa. Eu o olhava insistentemente e ele fixava os olhos no teto. Seria possível que fosse tímido assim? Nada em seus modos e postura o confirmava. Só com muita insistência veio a lançar olhares furtivos pro meu lado. Era hora de agir. Sentei ao seu lado. Ele não conseguia me encarar ainda, mas alisou desajeitadamente a minha coxa. Eu o toquei. Também bastante sem jeito. Não sabia como lidar com ele e bateu uma insegurança atroz. Minhas mãos no seu peito me pareceram as do garotinho que eu havia visto deitado ao seu colo e que me pareceram tão inexperientes. A posição dos nossos corpos, sentados lado a lado, contribuía para essa impressão de algo desconexo, atravancado. Seu rosto tão de perto, seus lábios ao alcance dos meus, parecia um sonho. Pensei que com a boca eu não decepcionaria. Nos beijamos. Era como beijar um príncipe encantado de conto de fadas. Acontece que eu morro de tesão em príncipe encantado. E eu já estava pendurado no pescoço cara, totalmente envolvido pelo beijo, quando subitamente empurrou meu peito, até com certa força, e voltou a encostar na parede e olhar pro teto, como se nada tivesse acontecido. Não sei descrever meu estado de confusão naquele momento. Não sabia pra onde olhar, o que fazer ou pensar. Rejeitado bruscamente, sem explicação. Levantei. Muito mais para evitar que ele se fosse antes de mim, que por vontade própria. Minha autoestima ficaria minimamente vingada. Mas ao notar que eu ia levantar, ergueu-se junto, num reflexo. Saí na frente e entrei embaixo do chuveiro bem na porta da sauna. Magoado, num estado de fragilização que me surpreendia. Era, afinal, um completo estranho. Ligou a ducha imediatamente ao lado da minha. Custei a encará-lo, mas notei a tatuagem na lateral da bunda: um pequeno cupido, muito bem desenhado. E notei ainda que seu pau estava completamente ereto, e que me olhava. Me apavorou a ideia de que meus olhos denunciassem meus sentimentos. Eu, uma autêntica besta, poderia facilmente chorar naquele momento. Esfriei a ducha completamente e enfiei a cabeça debaixo dela. Funcionou como eu esperava: dei uma sacudida, me recompuz. Só então pude encará-lo mais tranquilamente. Ele agia com perfeita naturalidade, me olhava e olhava muito para a parede também. Tinha um sorriso sutil nos lábios:

   -Do you speak english?

   -Yes... Where are you from?

   -U.S.A., Massachusetts.

   -Ok.

   -And you?

   -I live near here. What's your name?

   -Jason, and yours?

   -Yuri.

   Eu encostei na parede para observá-lo enquanto se enxugava, ainda abismado com sua incomum beleza, seu porte, uma espécie de "aura" terrivelmente sedutora. Com certeza minha cara era de paspalho:

   -What?! - intimou.

   -Man, you're incredibly handsome!

   -Thanks! you too - disse, num sorriso vaidoso.

   -Come here.

   -Where? - perguntou no caminho.

   Escolhi uma cabine do banheiro e a indiquei com a cabeça. Ele pareceu surpreso, como se fosse uma ideia super original:

   -This, I've never done before.

   Fechei a porta. Agora ele era meu. Por alguns momentos ao menos. Um pequeno vitrô trazia ainda para dentro da cabine um pouco de luz solar. Seu rosto, sob essa luz, faiscava encanto e saúde. Não perguntei sua idade, mas devia ter seus 26 anos apenas. Voz grave e sexy. Ali reparei que era só um pouco mais alto que eu (aparentava, por sua compleição física, ser muito mais). Ombros e costas largos; quadris estreitos; bundinha empinada, pequena; pernas longas e fortes; poucos pêlos - quase nenhum no tronco. Ainda me causavam forte impressão os traços do seu rosto, a pele de louça e sobretudo o queixo e o nariz. O queixo, de perfil, arredondava-se numa projeção admiravelmente masculina e atrevida; o nariz, elegantíssimo, alongado, de dorso levemente côncavo.  Como se resultasse da mistura de um galã de filme hollywoodiano e um retrato pintado em outros tempos. Segurei seu queixo de perfil para olhá-lo melhor. Parecia se divertir com o modo como eu o estudava milimetricamente. Me beijou a boca. Ele era muito masculino nas maneiras e eu queria saber o que ele toparia. Enquanto nos beijávamos, explorei sua bunda tranquilamente com as mãos. Gosto de beijos que começam intensos e depois podem-se alternar as dinâmicas. Para minha surpresa, ele me interrompeu outra vez. Agora com a explicação:

   -Less tongue!

   Realmente, eu adoro vasculhar a boca alheia com minha língua. Adoro! Muita gente gosta disso em meu beijo, mas ele se incomodou; me informou e eu me adaptei. Prático, very american. Era gostoso beijá-lo calmamente também. Seus olhos tinham um quê de frieza. Me contou que tinha vindo para o réveillon no Rio e, resumindo, pra galinhar "with you, guys".

   O pau era bem clarinho, rosado, mais pra fino, não muito grande também. Bonitinho, macio. Eu o chupei mas foi se tornando uma ação mecânica. Já percebia que o meu pau estava perdendo a ereção e eu não estava mais tão excitado - provavelmente por insegurança, pois ele não me deixava muito à vontade. Pedi que se virasse de costas. A bunda era tudo que se pode sonhar. Pequena, branca, lisa, macia, firme. O buraquinho era minúsculo, cor-de-rosa vivo, rodeado de parcos e finíssimos pêlos acastanhados. Se pudesse admirá-lo antes que ele se impacientasse, teria me detido por horas. Ao lambê-lo, retomei o estado de excitação inicial. Talvez por estar longe de seus olhos que me intimidavam. E a visão de seu corpo viril naquela posição vulnerável era perturbadora. Empurrava minha cabeça com a bunda, me fazendo encostar na parede. Arqueando o corpo, ele alcançou meu pau e me chupou enquanto eu continuava com o cuzinho na boca. Não sei quanto tempo durou esta ação, eu estava em êxtase, e só parei por não suportar a tensão das minhas coxas, quase em câimbras.

   -Let me fuck you?

   -No, not today.

   -Please, I've got a condon here.

   É, ninguém queria dar pra mim naquela sexta-feira 13....

   Nos beijamos e ele me chupou mais. Pude ver seu rosto cinematográfico engolir meu pau. Desde antes de nos aproximarmos, eu notei que ele olhava o relógio constantemente:

   -I've gotta leave soon...

   -When?

   -About 15 minutes.

   -Do you wanna cum? Cum in my mouth.

   -Do you want it?, ele parecia surpreso.

   A mesma velha história. Falta de imaginação minha. E desapego, visto que não era meu desejo consciente em nenhum dos dois casos. Talvez por perceber que nenhuma das duas transas terminaria em penetração, eu quis coroar ambas com um final "memorável". Voltei a chupá-lo e inseri um dedo em seu ânus. Ele se masturbava, dizendo algumas frases levemente vulgares, que chegaram a me deixar um pouco encabulado. Pus dois dedos dentro dele e fazia movimentos contínuos e lentos. Ele suava, tinha o rosto avermelhado. Gozou. Tinha a consistência de um gel fluido, meio pegajoso. Além da boca, atingiu meu rosto e o peito. Fiquei enjoado e cuspi. Ele riu comentando o quanto eu estava lambuzado. Percebi que sentia uma certa aversão pelo próprio sêmen e partiu friamente, deixando apenas um tapinha seco no meu ombro. Sequei-me com papel e depois pedi ao atendente uma nova escova de dentes e outro envelope de creme dental.

   Sentei para descansar um pouco, devia ser por volta das 19h. O enjoo passou completamente, visto que pedi uma torta de frango na lanchonete. Um cara passou por mim, em direção ao lado escuro da casa. Já o tinha visto apenas de perfil e me pareceu bonitão e algo familiar: moreno, aproximadamente 40 anos, corpo de nadador - alto, longilíneo, de costas largas, bem definido, sem pêlos. Escovei os dentes de novo e subi atrás dele, sem pensar muito. O andar escuro estava completamente apagado nessa noite. Parei diante do vídeo, encostado na parede. Em dois minutos ele estava ao meu lado. Realmente era um homem atraente, pode-se dizer bonito: rosto largo, queixo bem feito, sobrancelhas grossas. Foi um momento estranho aquele primeiro em que nos olhamos sob a luz vaporosa do televisor. Persistia a ideia de já tê-lo visto antes, mas não era o que me importava agora. Houve uma troca real e funda em nossos olhares. Eu não o olhava ou me deixava olhar simplesmente - era outro lance. Havia calma, embora me sentisse atraído. Como se meu olhar fosse tão fundo que o ultrapassasse. Era algo como olhar num espelho que refletisse, não minha aparência física, mas a vida como um todo, e o mundo e a humanidade - com toda a sua contradição, miséria e beleza. Mas era um momento sereno, um troço pequeno que percebi (ou que teria criado?) e em que me permiti embarcar. Nos tocamos com suavidade e, a despeito da transcendência de segundos antes, não deixei de ponderar sobre seu hálito, apenas aceitável. Houve o beijo e ele me convidou pra irmos para um quarto. Chama-se Felipe. No caminho, comentei como ele me parecia familiar, e ele disse sentir a mesma coisa.

   No quarto, nossa interação foi bastante intensa. Estava muito abafado lá dentro, até que eu encontrasse o ventilador. Nos excitamos de todas as formas possíveis, exceto penetração. Pedi que ele se virasse na cama e o lambi com muito tesão. Tem uma bunda fantástica, pequena, muito máscula. Perguntei:

   -Você gosta de dar?

   -Hum... não. Mas estava quase reconsiderando essa possibilidade. A sua língua é uma loucura!

   -Quer tentar?

   Não houve acordo. Ainda pedi que ele ficasse de quatro na cama (precisava ver aquela bunda de quatro), brincamos bastante, mas não rolou. Gozamos nos masturbando, eu por cima dele, sentado sobre suas coxas. Ele gozou primeiro e depois eu - na sua barriga, no peito, na cama. Eu custo a gozar mas quando vem, é pra valer. Deitamos lado a lado na cama estreita. Conversamos por mais de uma hora. Falamos do quarto, descobri que é barato pra alugar, cobrado por hora de utilização. Eu estava com dor de cabeça, provavelmente resquício da gripe. Reafirmei que o conhecia, mas não lembrava de onde e ele disse que já tínhamos nos visto ali mesmo.

    -Será possível que eu não lembre de você daqui?

   Ele tem 41 anos, paulistano. Abandonou há seis meses a antiga profissão, bastante tradicional e estressante, por um emprego numa importante e problemática instituição cultural da cidade. Me pareceu muito boa pessoa, simpático, calmo, delicado. É bonito mas, apesar de nosso sexo ter sido ótimo, não tem um sex appeal muito evidente. Ele tinha um jantar marcado (pelo que entendi, com um cara). Tomamos banho juntos e ele foi se vestir. Pediu o número do meu celular e, não sei porque, pensou que eu tinha de sair da sauna junto com ele. Não saí. Disse que ia esperar a dor de cabeça melhorar. Ainda tinha fôlego pra mais sexo. Fui olhar a sauna, tinha ficado fechado no quarto por muito tempo. Só um cara interessante: alto, cabeça raspada, rosto muito bonito, olhos bem azuis, argola na orelha, corpão sarado, todo tatuado. Fiquei bem curioso mas ele partiu logo em seguida. Eu tinha uma viagem e saí logo também. Na noite seguinte, o Felipe me mandou uma mensagem no celular pra que eu ficasse com seu numero e avisasse quando estivesse de volta a SP. Me deu um estalo de que ele poderia ser um dos caras que encontrei no dia descrito no primeiro post do blog, um que tinha olhar carente e mau hálito. Nunca mais nos falamos.