Mostrando postagens com marcador Nathan. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Nathan. Mostrar todas as postagens

domingo, 17 de junho de 2012

"As Piriguetes"


   Uma segunda-feira gélida e chuvosa em Higienópolis. Ainda eram 16h quando liguei ao Chilli Pepper Single Hotel para sondar sobre a frequência naquela tarde e informaram que havia 5 homens na casa. Duas semanas antes, a essa hora, não havia vivalma (exceto eu e os pedreiros) e mais tarde tinha ficado bem divertido... resolvi arriscar - também por ter acontecido a parada gay na véspera. Cheguei às 16h40 e já tinha bastante gente. Melhor, tinha muitos homens bonitos - parecia a boa e velha 269 renascida. A própria casa estava funcionando um pouco melhor. O aquecimento por exemplo. Já os chuveiros, jacuzzi e piscina... frios. Os chuveiros até esquentam, mas até que se consiga regular a temperatura, já acabou o banho. Logo que cheguei, tomei banho ao lado de um carinha muito bonitinho. Só tomamos banho juntos - apesar de ambos termos ficado de pau duro. Depois soube que o nome dele é Beto.

   Quando subi à sauna seca, sentei de frente pra um rapaz bonitão. Um homem grande, loiro, de pele muito branca, e olhos verdes. Corpo bonito, rosto idem. Daquele tipo de homem em quem se percebe a educação na postura, no modo de falar, andar, sentar, em como cruza as pernas ou apóia os pés no chão, até na respiração. Eu reparo. Assim com reparei que ele, por baixo de toda a educação, me olhava com muito interesse.

   Eu também fiquei interessado, mas quando vejo muito homem junto, perco o foco e o bom senso, e caio na velha cilada armada pela vaidade: estou sempre à caça "do melhor", "do mais bonito", "do mais disputado". Comportamento pueril e perverso, típico de viciado, para quem não há satisfação possível. Nessa noite eu fiquei por seis horas ali dentro e ficaria muitas mais. O loiro veio atrás de mim. Eu tinha acabado de chegar,  e ainda estava assimilando o tanto de gostosos presentes. Encostei numa parede justamente para olhar pra um cara que parou a poucos metros e me encarava. Era um corpo extraordinário, de capa de revista, também encostado na parede oposta. Me parecia uma visão: alto, bronzeado, atlético, abdome definido, peitoral inchado, estourando. O corpo molhado reluzia naquele corredor. Toda a sua postura e atitude eram bastante arrogantes. O elegante loiro me havia seguido e parou com o corpo quase colado ao meu, insinuante. Mas eu não desgrudava os olhos do outro. Por absoluta idiotice, era neste que eu considerava "certo" investir. Claro que não fiquei indiferente ao loiro, que, além de distinto, era um homem muito bonito. E estava ali, absolutamente entregue. Na  minha menor deixa, veio me beijar. Sabia beijar, era cheiroso, atraente - mas não exatamente sexy. Pelo menos não à primeira vista. E eu o beijava ainda de olho no outro cara, que parecia hipnotizado pelo nosso beijo e algumas vezes fez menção de se aproximar. Mas quem se baseia exageradamente na própria atratividade física, teme ser esnobado. O loiro percebeu a situação. Eu queria  muito que o moreno se juntasse a nós. Chegou a ensaiar uns passos em nossa direção quando viu que o loiro me puxava para uma cabine, mas não veio.

   Nos fechamos na cabine escura e vazia. Claro que eles querem alugar os quartos, portanto não há cuidado algum com as cabines. Não há iluminação, lugar onde sentar, onde guardar suas coisas, sequer um gancho para pendurar as toalhas. Mas pelo que vi, os quartos comuns também deixam a desejar: são cubículos onde mal cabe a cama. O espaço que resta é só para ter como abrir a porta. E mais nada. Ah, sim: tem luz. Pra que chamar de hotel? O "quarto" não tem banheiro, não tem armário, você não pode deixar seus pertences lá e sair à cidade. São centenas de quartos e, pensando que tinha apenas uns 10 alugados naquela noite, me parece um desperdício de espaço. Mas voltemos à cabinezinha. Foi bom, viu? O moço era um gostoso. Chama André, 31 anos, paranaense, mora no Maranhão, onde leciona direito. A transa começou com muito carinho, mas depois que eu meti, ele perdeu a compostura e a coisa ficou quentíssima. Gostava que eu fosse um pouco rude com ele. Às vezes gosto desse papel. Fodi bastante mas não consegui gozar. Ele gozou. Senti nitidamente suas convulsões quase estrangularem o meu pau. Ainda nos beijamos e o chupei outra vez, já flácido e úmido de sêmen fresco.

   Fomos tomar banho juntos mas seu chuveiro não esquentava e ele foi procurar no outro banheiro. Aquele grandalhão moreno parou em frente ao meu chuveiro. Era um puta homem, de virar a cabeça de qualquer um. Reconheci o corpo, a tatuagem, mas o rosto me surpreendeu visto de perto e na claridade do banheiro: bonito pra caralho, parecia um modelo internacional! Me olhava de alto a baixo e deu uma discreta guinada de cabeça, indicando para onde eu deveria ir. Caminhava lentamente sem olhar para trás, dirigindo-se ao escuro. Encostou na parede e eu já estava ali, ao seu lado, ao seu dispor. Era bem essa a sua postura, como se dispusesse de mim, como se me fizesse um favor. Pegou no meu pau, me beijou a boca. Mas nada estava acontecendo entre nós; ele me parecia frio, distante, ensimesmado. Não pude deixar de escapar um patético "Nossa!" quando segurei seu pau.

   -Que?

   -Não, seu pau... como é grosso, né?

   Já estava fadado ao fracasso nosso encontro. Mas aquele pau não deveria ser desprezado. Ao menos para incluir no meu curriculum vitae. O arrastei para outro canto. Agora funciona uma sala de vídeo, bem esquisita, diga-se. É uma sala relativamente grande, mas tem apenas duas ou três poltronas (daquelas reaproveitadas da 269). Ao invés de um telão, são seis ou oito telas agrupadas que exibem o mesmo filme simultaneamente. Não sei como funcionará quando passarem algo que preste naquilo, mas com um filme feio, cheio homem sem graça e luz estourada, estava uma merda. Puxei o grandalhão para uma saleta  à qual só se tem acesso por essa sala de vídeo. Da outra vez que estive lá, era uma sala azulejada de branco, que tinha me parecido uma cozinha. Agora é só uma dark room.

   -Puta cheiro de mijo! - eu disse

   É uma sala esquisita, ainda não entendi bem a planta. Estava com um cheiro forte de urina, como banheiro de boteco de beira de estrada. Realmente eu odeio gente porca. E olha que meu nariz estava super entupido. O melhor era resolver aquilo logo. O cara me encurralou na parede, me beijava e pegava na minha bunda. Fui deslizando minha boca pelo seu corpo e, com muita dificuldade, chupei o cara. Só tinha visto um pau tão grosso uma vez na vida. É desconfortável na boca. Imaginei se ele quisesse me comer. Como era um cara esquisitão, poderia ser uma péssima experiencia. Rodeei seu corpo e fui lamber a bunda. Ele me ergueu e disse que ia dar uma volta. Mesmo sendo uma loucura de bonito, não fez falta.

   Desci à sauna a vapor. Agora, a piscina foi inaugurada. É um espaço bonito, mas piscina gelada naquele frio... quem se habilita? Na sauna, sentadinho no fundo, o garoto bonito que tomou banho ao meu lado quando cheguei. Mais pra magro, mas o corpo é bem gostosinho, harmonioso. Boa altura, pele bronzeadíssima, com uma marca bem definida de sunga, a bundinha bem branca e carnuda. O rosto é lindo, de garoto. Já o tinha visto também na sauna seca, onde conversava com o amigo que veio com ele de Curitiba. Pelo sotaque, pensei que fosse mineiro. Falava de umas festas no Copacabana Palace que ele imagina seletíssima e  que pretende conhecer. Ali, na sauna a vapor, se reacomodou quando sentei perto. Tinha modos bastante másculos e até um pouco sisudos. Ajeitava a toalha para mostrar um pouco o corpo, mas não olhava para mim. Olhava tudo, menos pra mim. E só estávamos nós dois ali dentro (nem considero o tiozão gordo que boiava na jacuzzi iluminada). Apesar disso, era claro que queria que eu me aproximasse. Mas quanta inabilidade... O que fazer? Chegar "chegando", na xinxa? Não me sentia confiante pra isso. Botei o pau meio pra fora e fiquei brincando. Ele fez o mesmo, mas continuava olhando para o ar. Levantei, de pau bem duro (deixei que ele notasse) e fui sentar pra longe da jacuzzi, num nicho perto de um dos chuveiros, um cantinho mais reservado. Ele veio atrás e aí me senti em casa. Fui sentar ao seu lado e nos tocamos finalmente. Seu rosto é um amor: cheio, quadrado, nariz arrebitado, sorriso doce, olhos verdes interrogativos. Beto tem 28 anos. Mostrou-se bem disposto, animado. O pau era pequeno, a pele áspera, dava impressão de arrepio. Nos lambemos e chupamos, nos beijamos e foi só. Na verdade, ele tentou me comer e sem camisinha. Paramos por ali.

   Eu estava animado e cada vez apareciam mais caras diferentes e interessantes. Saindo do banho, ao passar pelo corredor, um cara me deu bola. Moreno, relativamente baixo, belo corpo, barba por fazer, rosto bonito, sexy. Eu ia passando e voltei. Ele também, e parou encostado na porta de um dos quartos. Ramon, se não me engano é nordestino, não lembro de onde, mas mora faz tempo em SP. Estuda radiologia, 33 anos. Era irresistível tocar seus peitos. Imensos, obviamente inchados pelo uso de anabolizantes, e apetitosos. Me encheu de perguntas e eu o beijei. Docemente.

   -Geralmente detesto cheiro de cigarro, mas este cheiro seu, está me matando de tesão.

   -Estou fedendo muito? - perguntou, rindo - É que acabei de fumar.

   De fato era um cheiro muito envolvente. Suave, eu sentia apenas o tabaco adocicado, um aroma extremamente masculino, que me fez lembrar de alguns homens que conheci pela vida. Tentamos uma das cabines, mas estávamos ambos insatisfeitos, principalmente com a falta de luz. Fomos para o banheiro.

   -Não acredito que você tem 38 anos... Você tá bem, hein!

   -Você que é um gostoso.

   -Gostoso é o seu pau. O meu não vai subir, que eu cheirei.

   -Cheirou?

   -Pó - riu.

   -Sei... quero que você me chupe, pedi.

   Ele chupou gostoso. Eu já sentia uma dor no abdome, precisava ejacular. Pus a camisinha e meti naquela bundinha. Demoro pra gozar geralmente, e isso me atrapalha. Ele cansou e tirou meu pau de dentro.

   -Você tomou Viagra? - perguntou.

   -Porque?

   -Seu pau não amolece!

   -Vai amolecer com um gostoso como você? Mas... tá, eu tomei mesmo.

   -Seu safado. Que sorriso lindo que você tem.

   -Você também. Você é todo bonito.

   Ficamos nessa rasgação de seda e não passou disso. Ele não conseguia fazer levantar o pau e eu não conseguia gozar - dois fracassados. Nos separamos, desci ao bar. O barman dessa noite era ainda mais gostoso que o da primeira. Lembrava um pouco o Tuca Andrada, porém bem mais jovem, bem mais magro, bem mais bonito. Alto, cabelo moicano, cavanhaque, charmoso, gestual sexy. Eu teria trocado qualquer cliente da sauna por ele. Teria trocado qualquer habitante de SP por ele naquela noite. O Beto também teria. Ficou boa parte da noite azarando o rapaz, que se portou com muito profissionalismo. Foi simpático, mas manteve a distância do cliente. Sobre o Beto, percebi que ele mais gosta de falar, só o via conversando, com vários caras diferentes. Quando estava subindo a escada outra vez, cruzei no meio dela com um funcionário da sauna, ex funcionário da 269, com quem eu transei algumas vezes. Pela forma como me olhou quando nos cruzamos, tive certeza de que ele se lembra de mim tão bem quanto eu dele. Continua gostosinho. Passei por ele e me voltei sorrindo. Ele é um puta safado, pegava quartos da sauna e se enfiava lá dentro comigo. Nem tenho certeza se ele é funcionário ou sócio. Lá em cima, passando pela região das cabines, vi uma que estava aberta, e dentro dela, um rapaz completamente nu, esperava. É escuro por ali, mas no corredorzinho tem luz, e reconheci o cara. É bonito, corpo lindo, forte, tatuado. Rosto interessante, bastante incomum, cabelos castanhos na altura dos ombros, levemente ondulados e um tanto armados. Um cara esquivo, de semblante fechado. Agora parecia tão desprotegido, olhando para o teto, sozinho. E nu. Fui chegando lentamente, ele me notou. Quando cheguei à porta da cabine, moveu-se para o fundo, para me dar espaço pra entrar. Fechei a porta e agora eram só o tato e o olfato nossas únicas possibilidades. Ele pouco se movia. Um corpo firme, bom de segurar, de apertar. E um cacete gigante. Eu o tocava e ele quase não respondia a nenhum estímulo. Apenas, às vezes, virava o rosto para beijar minha boca. Apalpei a bunda musculosa e percebi que ele estava lubrificado. Quando tentei afastá-lo da parede, para que virasse o corpo para mim, pegou sua toalha e saiu da cabine. Foi tão brusca a quebra de ação que me desestabilizou. Peguei minha toalha também e saí, como se nada houvesse acontecido. Ele estava parado no corredor iluminado. A impressão que dava, pelo modo como parava e me olhava, era de que tinha repensado e queria voltar. Mas cadê paciência? Pouco depois, no chuveiro, ele veio encostar o cacetão em mim, fazendo-se de descuidado. Talvez eu não tenha entendido que desde o início ele queria algo sim, mas com platéia. Preferi ignorar.

   Passei na sauna seca (ela tem duas saídas, funciona como um corredor, que liga o banheiro do primeiro andar à ala das cabines) e vi um garoto loiro sentado. Lindo, jovem. Depois cruzei com ele várias vezes nos corredores. Não conseguia perceber se ele me olhava com interesse ou por algum outro motivo. Mexia com alguns caras com bastante desenvoltura. Alto, ombros largos, cabelos bem claros com corte militar. Um molecote, mas cada vez que passava por ele, me sentia hipnotizado. Até que... olhou com mais firmeza, e voltou. Eu já o esperava. Esperava seu abraço, seu corpo molhado, seu beijo. Não houve papo algum: foi exemplarmente direto. O beijo que envolve; e se envolve. Logo segurou meu pau e eu já estava arfante de pensar em comer aquela bunda. Assim que alguém parou por ali para prestar atenção em nós, agachou e tirou meu pau pra fora. Percebi que ele gostava de se exibir naquela situação. Um coroa alto, de óculos, pôs o pau pra fora e ele chupou jundo do meu. O coroa queria me tocar e eu não me sentia à vontade. Não me atraia e eu queria o moleque só pra mim. Sem cortar o clima com o garoto, consegui afastar o coroa e os demais em nossa volta. Pus o menino de costas e lambi sua bunda, ali mesmo no corredor. É muito difícil de se ver uma bunda como aquela. Nem lembro de já ter visto outra igual. Uma bunda de estátua, mármore precisamente polido. O arrastei para uma cabine. Ali as cabines dão acesso para o labirinto, por uma abertura larga. Felizmente ninguém veio nos perturbar enquanto eu o fodia. Virei seu rosto para trás, seu beijo era delicioso.

   -Eu nunca vi uma bunda como a sua, que coisa linda...

   Ele gozou. Eu precisava gozar, era urgente. E nada! Mas que cuzinho delicioso, e que tesão eu sentia desprender-se do garoto. Manuel é o seu nome. E foi praticamente a única informação que trocamos: nossos nomes. Depois de ter gozado, ele veio me chupar, queria me fazer gozar. Custou, eu já ia ficando preocupado. Estava sempre no quase. Quase, quase, mas não concluía. Felizmente consegui. Ele conseguiu. Foi um gozo longo, farto, inteiro engolido pelo Manuel. Tomamos banho juntos, em silêncio. Eu queria continuar com ele, mas tornou-se um mal estar. Algumas vezes, quando o encontrei depois disso, tentei sorrir, esbocei um carinho, um olhar cúmplice. Não o sentia aberto para uma outra aproximação.

   Quem voltou foi o Ramon, e acompanhado. Já tinha reparado no Cássio, moço bonito, todo lisinho, clarinho, macio, corpo perfeito e cara de moleque. Eles se beijavam no corredor dos quartos e o Cássio interrompia pra falar de mim, me apontava, cochichavam, até que se aproximaram. Tinha um clima divertido entre eles.

   -Este é o meu amiguinho Cássio. Como é seu nome mesmo?

   -Yuri.

   -Yuri! Ele gostou de você. Não é bonito o Cássio?

   -Lindo, uma graça.

   -Pára! Assim eu fico mais deprimido. Se eu fosse lindo mesmo, não estaria na sauna.

   -O Cássio precisa dar pra alguém.

   -Estamos aí...

   -Ah não, vai! Não oferece no meu lugar! Você é bonito, mas não é assim também. O Ramon tá viajando.

   -Ele tá desiludido, Yuri. Veio ontem aqui, conheceu um cara...

   -Eu me envolvi emocionalmente.

   -Oh, tadinho.

   Os dois estavam meio drogados. Mexiam com todos os caras bonitões que apareciam. Um deles chamava Gustavo. Um corpo muito chamativo, uma tatuagem linda, gostosíssimo. Demos boas risadas. O Ramon fez o Cássio me mostrar a bundinha, que era linda. Ele tem 22 anos, baiano de Salvador. Mora em SP faz tempo, mas ainda tem um pouco de sotaque. Depois passaram o foco pro meu pau.

   -Olha isto, te disse que ele tem picão.

   -Olha, ele tem mesmo.

   -Eu te disse, eu dei pra ele já.

   Pegaram no meu pau, me beijaram, tudo no meio dum corredor, mas senti que não iria adiante. Resolvi descer, quase decidido a ir embora. No alto da escada, estava parado um dos caras com quem eles tinham mexido. Corpaço, um tipo bem interessante. Desci e olhei pra cima, ele também tinha virado e me olhava. Voltei e o abordei com rara cara-de-pau. Silvio, 30 anos, também baiano (de Vitória da Conquista), morando no Rio. Estava parado ali fazia tempo, observando, um pouco chocado com o esquema da casa.

   -É estranho isto aqui.

   -Estranho como?

   -Não sei... tudo. No nordeste é diferente um lugar como este.

   -Mas no Rio é igual, não é?

  -É. Deve ser, nunca fui. Namorei muitos anos, agora que estou solteiro.

   -E o que você estranha aqui?

   -Tudo. A arquitetura. No nordeste são casa luxuosas, elegantes. Aqui é tudo tão...

   -Frio?

   -Não sei.

   -Que perfume você está usando? Tem cheiro de pitangas...

   Ele parecia um pouco blasé, sempre encostado. Eu o beijava quando "as piriguetes" Ramon e Cássio interromperam. Mais um pouco e estavam comparando meu pau com o do Silvio (favoravelmente a ele, um pau delicioso). Os dois tanto fizeram que logo tinha uma roda em torno. Ramon convenceu o Cássio a dar pra mim e ele queria ali, no topo da escada. A mureta é baixa e tem um fosso altíssimo, fiquei com medo. Morro de medo de altura. Lembrei do judeu que morreu numa queda na 269. Cássio tirou a toalha, pus a camisinha e tentei meter, mas ele não deixava. Outro cara tentou também e eu fiquei nervoso com a irresponsabilidade dos caras diante daquele abismo. Eu tentava conter os corpos do Silvio e do Cássio com meu braço. Eles não paravam de fazer piada e rir, mexendo com todo mundo que aparecia. Uns caras nada a ver se aproximaram, um deles veio chupar meu pau. Silvio, Ramon e Cássio me deixaram ali, com os estranhos. Pouco depois, voltou apenas o Ramon, dizendo que um tal Gustavo tinha me achado lindo e queria me conhecer. Chamou o cara e ele ficou tímido, negou, disse que queria só conversar. Já estava na minha hora e o chamei para vir comigo. Me enfiei com ele num banheiro e tirei a toalha. Ele ficou chocado:

   -Não cara, só quero conversar. Você não deveria ser assim, ficar com esses meninos malucos. Você é um cara bonito, educado, tem que saber se valorizar.

   As piriguetes bateram na porta e foram entrando. Fingiram recato, disseram que não queriam incomodar. Gustavo disse que entrassem, que eu estava "me achando" demais, querendo seduzi-lo e ele estava se sentindo humilhado. Os dois saíram e conversei mais um pouco com o Gustavo. Parecia um bom menino e muito gostoso. Mas eu não teria tempo para tanta enrolação. Na saída, as piriguetes estavam no banheiro com o Sílvio. Este tentava mijar.

   -Quer que eu segure pra você? - perguntei.

   -Daí que eu não consigo mesmo!

   Dei um beijo na boca de cada um dos três e fui embora. Na próxima segunda, eu volto.