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sábado, 3 de dezembro de 2011

Panturrilhas Poderosas


   E eu estava realmente ansioso para voltar à sauna nos últimos dias e sem conseguir tempo para isso (saudade da 269, que funcionava 24h!). Depois duma noite mal dormida, sentia-me fisicamente cansado, um pouco tenso - não exatamente excitado. Desci na estação Ana Rosa, parei no meio do caminho e me perguntei se era isso mesmo o que eu estava querendo: sexo anônimo? Não soube responder - que eu nunca sei. Mas fui. Tinha tempo e fui. Ia ver um show ali perto da For Friends às 21 h, resolvi chegar cedo, por volta das 15h15min.

   Logo de cara reparei, feliz, num cara que eu já conhecia da 269, um comissário alemão. Tínhamos ficado e conversado rapidamente, lembrava que ele voava eventualmente para SP e passava 2 ou 3 noites por aqui.  Fazia tempo isso, alguns anos, e com certeza ele não lembraria de mim. Às vezes vejo perfis dele numa dessas redes sociais, porém nunca mais havíamos nos falado. Um pouco mais gordo agora do que eu me lembrava do nosso primeiro encontro, mas continuava uma gostosura: cabelos castanhos claros, muito lisos e finos, de comprimento médio; pele clara, olhos verdes escuros, lábios carnudos de um vermelho vivo; calculo que 1,70 m de altura; fortinho, bunda fan-tás-ti-ca. Desta vez ele estava com o peito e a barriga sem depilar. O rosto é suave e tem alguma coisa de infantil. Não sei dizer o quê, talvez a expressão incomumente franca. Eu lembrava da nossa transa ter sido boa.  Reconheci logo que o vi passar, simpático - me abriu um largo sorriso e entrou na sauna úmida. Contive o impulso de correr atrás dele, provavelmente por insegurança.

   Tinha bastante gente na sauna para uma quarta-feira. Quase nada que me chamasse a atenção a essa hora. Dei uma rodada e avistei alguns outros conhecidos. Dentre eles, lá em cima, perto da sala de vídeo, um cara de barba com quem já tinha ficado recentemente. Agora sei que ele chama Flávio. Estatura mediana, aparenta mais de 40 anos (soube depois que tem 37, a minha idade), algumas tatuagens mal calculadas, pés esquisitos, mas dá pra dizer que tem um rosto muito bonito. Desta vez o achei menos em forma. Reparei que tinha cortado os cabelos também. Nos cumprimentamos com breves acenos e semi-sorrisos. Desci e entrei na sauna em busca do alemão. Para mim, tínhamos alguma pendência a resolver. A sauna úmida do térreo é grande, tem duas salas. No meio da segunda sala, consegui reconhece-lo numa cena confusa. Sentados nas bancadas azulejadas que circundam o ambiente, quatro ou cinco homens assistiam, imersos na nuvem esbranquiçada e sufocante do vapor, ao encontro de três caras: também sentado numa das bancadas, o maior deles, já senhor, de aparência extremamente desagradável, com bochechas e olhos caídos, muito alto, gordo e peludo, com um corte nos cabelos grisalhos que fazia lembrar uma ovelha. Na outra ponta, um moreno magrinho, feioso também, mas com corpo razoável e um pau enorme. Entre eles, o alemãozinho. Beijava a boca do moreno e oferecia a bunda ao velho, que a massageava com uma das mãos, enquanto se masturbava com a outra. Passei por eles e sentei próximo. Apresar de tudo, meu pau ficou rijo. O velho me encarava, oferecendo seu pau cor de tijolo. Eu não queria olhar pra ele, mas a feiura, quando muito grande, atrai o olhar involuntariamente. O alemão deu um preservativo pro moreno, virou de costas pra ele e começou a engolir o pau do velho. Assombrado, tive de sair dali correndo. Fui tomar sol no jardinzinho que serve como área para fumantes. Uma meia hora depois, os três ainda estavam se pegando, no chuveiro, e depois novamente na sauna. Sinto uma espécie de decepção quando vejo um cara que me atrai pegar gente feia. Como se alguém me devesse explicação sobre quem meu padrão estético caretinha rejeita.

   O cara de barba me seguia, com passos ou olhares. Fui pro escuro, sentei na sala de vídeo lá de baixo, no fundo, mais iluminada que as outras por conta da grande tela. Ele veio atrás, passou por mim e subiu ao andar superior. Voltou em minutos e sentou no mesmo sofá que eu, um pouco afastado. Nos olhávamos. Tirei o pau, já duro, por uma fresta da toalha e ele veio pro meu lado. Beijo gostoso, suave. Me chamou pra ir com ele. Nesse momento o alemão passa por nós e sobe para o escuro. Quase fui atrás dele, mas seria muito grosseiro. Ê, vida dura... O barbudo ia na frente, como se estivesse sozinho. Parece que essa é a regra na sauna: ou você anda na frente ou atrás do cara com quem você está, nunca do seu lado. Quando chegamos à nossa cabine do banheiro do primeiro andar, a mesma que usamos da outra vez, ele se mostrou mais delicado que no nosso primeiro encontro. Notei também que não usava mais a aliança dourada. Agachou pra chupar meu pau. Não o senti ansioso pra me comer como da outra vez. Ainda assim, virou meu corpo e lambeu minha bunda, desta vez com pressão agradável. Eu o levantei e virei de costas pra mim. Fiquei encochando o cara e percebi que ele estava à vontade. Pus meu pau ali e, como ele continuava tranquilo, forcei um pouco. Fui entrando, deslizando milímetros. Senti que estava decidido a dar pra mim, vesti a camisinha que havia posto sobre a mureta do banheiro, lubrifiquei com saliva e voltei a meter. Ele pediu pra parar um pouco, pra ir com calma, mas até que não foi difícil. E depois que se acostumou, fodi com força. Geralmente tenho dificuldade pra gozar na penetração, mas rolou até o fim.

   -Dois a dois. Da próxima vez eu desempato - disse, provavelmente se referindo aos nossos dois encontros. Mas não entendi a conta: da primeira vez ninguém comeu, ninguém deu. Dessa vez eu o comi. Não seria 1X0? Por que 2X2? Eu não entendi mesmo... Talvez fosse sobre outra coisa qualquer que fosse evidente apenas para ele.

   Tirei a camisinha, joguei no lixo e ele se limpou.

   -Vamos tomar uma ducha, sugeri.

   -Com voce, eu namoraria - disse, meditativo.

   Esse cara tem essa mania de me lançar essas frases de efeito. Fiquei sem saber o que responder. Sorri simplesmente. Conversamos mais um pouco durante o banho. Parece ser um cara legal.

   Acabado o banho, me passou seu contato do MSN e nos separamos. Quando desci, tinha um ator famoso na sauna. Um  ator de alto nível, aliás. Nunca o achei atraente, mas também nunca suspeitei que ele tivesse um corpo tão gostoso. Não sou muito de ver TV e sempre o tive como um homem pequeno, magricelo. Já o tinha visto no teatro, muitos anos atrás, e realmente estes anos fizeram muito bem a ele. Parecia impaciente, andava pra lá e pra cá, medindo todo mundo de forma ostensiva.

    Fui atrás do alemão, que continuava dando sopa lá em cima, no escuro. A aproximação foi simples e rápida. Como sempre, em poucos minutos fomos juntos para o banheiro claro do andar superior lá da frente. Ele é todo gostosinho, supersimpático, olhar doce, sorriso adorável. A bunda parece um sonho, mas poucos minutos depois da penetração, eu falhei. Tinha gozado fazia pouco tempo e acho que estava um pouco tenso. Ficamos ainda um tempão ali, trocando carinhos. Ele foi muito fofo, nos beijamos muito e conversamos um pouco. Bem pouco, que ele não é de muito papo, nem eu. Tentamos a penetração mais uma vez, mas não ia rolar, logo eu perdia a ereção. De qualquer forma foi agradável, ele tem uma das peles mais macias em que já toquei e disfarçava tão bem que nem parecia estar decepcionado com a minha brochada. Tão bem que nem eu fiquei chateado. Não lembro direito, mas acho que o nome dele é Frederick.

   Ainda tive mais um encontro nessa noite. Lá pelas tantas apareceu um cara bem interessante, um tipo nada comum nesses lugares. Alto, corpo magro mas musculoso, moreno, com alguns pelos, barba curtinha bem escura, jeito de moleque, másculo. Me lembrou o gostosinho do Bento Ribeiro da MTV. Logo que o vi, me interessei; ele também. Nos cruzamos algumas vezes até que eu recuperasse o fôlego. Ficamos sentados na mesma sala durante um tempo, a uma distância de uns 7 metros. Cumprimentou o ator e o Flávio, conversaram um pouco. Eu o observava, curioso. Mais tarde eu vinha saindo da parte escura, pela milésima vez, onde não encontrei nada que prestasse, e nos cruzamos, bem na saída; eu saindo, ele entrando. Passamos um pelo outro, nos olhando, ambos nos viramos para trás. Dei meia volta, fui atrás dele. Subimos pro andar superior, ele na frente, eu atrás. Entrou numa das salas e encostou na parede. Parei na sua frente e nos beijamos. Tentamos usar o banheiro daquela área mesmo, mas estava com um cheiro bem desagradável.

   Corta. Já estamos no banheiro iluminado, limpinho e espaçoso. Já estamos sem nossas toalhas e nos pegamos furiosamente. Ele gostava de uma pegada mais pesada. Não parecia passivo, mas logo vi que ia rolar. Seu corpo era muito bonito, definido, pernas musculosas, panturrilhas poderosas, redondas. Um cara muito charmoso, desencanadão. E beijava bem. O pau não era grande, mas bonito, a cabecinha era uma perfeição, parecia até de plástico, de tão lisinha. A gente se chupou bastante e depois pus a camisinha e fodi gostoso. Delirava quando eu usava força, quando o mordia. E adorou quando segurei firme sua cintura. Agarrou minhas mãos e ficou rebolando no meu pau de uma forma muito máscula e excitante. Gozei de novo, dentro dele. Tomamos um banho e descemos para conversar perto do jardim. Chama Heitor, tem 40 anos e aparenta bem menos. O jeito desencanado escondia um rapaz bastante vaidoso, que adora falar de si. Ainda assim, simpático. Conversamos bastante, temos interesses em comum. É artista, professor na USP, empresário. Casado com um cara, moram numa chácara fora de São Paulo. De que é casado, eu já havia suspeitado pela conversa, comprovei depois pelo Facebook. Conversamos por mais de uma hora, e rimos bastante. Apareceu um cara muito bonitão, passava por nós, de olho em mim, sedutor. Eu já estava pensando em dispensar o Heitor, mas não tinha como. Fui ver as horas, eu tinha compromisso naquela noite ainda, e ele também.

   -Quase oito já! Daqui a pouco tenho de ir, vou ver um show aqui perto.

   -De quem?

   -Tânia Maria. Cantora e pianista brasileira que mora na França há muitos anos.

   -Sei, da turma do jazz... - disse com certa ironia.

   -É! Um grande talento...

   -Dá tempo de dar mais uma subidinha com voce, hein!?

   Eu não estava mais animado, talvez por já estar de olho no outro carinha que chegou, mas concordei. Fomos ao armário dele pegar outra camisinha e ali meu pau já estava durão, saltando da toalha e me deixando sem graça perante os funcionários da casa. Subimos e foi ótimo outra vez. Sem fazer nada, ele me excitava. Gozei com loucura. Estávamos nos recompondo quando encostei a perna na lixeira e senti umidade. Tinha uma camisinha pendurada na boca da lixeira, cheia de porra, e encostou em mim.  

   -Que nojo, preciso lavar isto rápido.

   Ele ria, sádico.

   Corri para a ducha, saía pouca água mas consegui me lavar. Quando ele chegou, já não saia mais água dos chuveiros. Havia gente reclamando com um funcionário que tentava explicar. Eu não entendo lhufas de hidráulica, portanto nem sei reproduzir suas desculpas.  O Heitor ficou puto e foi tentar tomar banho lá embaixo - também em vão. Resolveu ir embora. Despediu-se friamente:

   -Foi um prazerzão.

   -Um prazer duplo. Mútuo, tentei melhorar.

   Mesmo tendo acabado de gozar, fui correndo procurar o bonitão que tantas vezes havia passado olhando e sorrindo pra mim enquanto eu conversava com o Heitor. Eu ainda tinha uma meia hora disponível e dava pelo menos pra falar com ele, quiçá dar uns beijos.

   Mal comecei a andar, ouvi uma voz atrás de mim:

   -E aí rapaz.

   Ouvi baixinho, repetidas vezes, até me voltar. Era o próprio. Fui até ele e nos cumprimentamos. Era bonito realmente: alto, forte, pele clara sem pêlos, cabelos escuros, sorriso e nariz lindos. Marcelo. Ou melhor: Marrrcéaalu.

   -Carioca? - perguntei.

   -Tão rápido?!

   -Sou bom nisso.

   Disse estar na cidade apenas aquele dia, para uma conferência, se não me engano.

   Em poucos minutos se despediu.

   -Vou dar uma volta ae.

   Então tá, né... Não sei o que o decepcionou tanto. Dei mais um beijinho no comissário alemão, que ainda estava lá em cima, na batalha, e fui-me embora, que o show ia começar.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Língua no Cérebro


    Sauna For Friends, Vila Mariana. Meu alvo havia passado rumo ao lado escuro da casa (não tão escuro nesse horário). Subi as escadas e fui encontrá-lo numa das salas: cerca de oito homens em roda, uns sentados, outros deitados e alguns em pé, se masturbando e se olhando. Como só ele era bonitão, me senti meio constrangido e logo deixei a sala. Voltei em seguida e parei do lado de fora, de onde podia vê-lo facilmente e me sentir mais protegido dos outros olhares. Não demorou muito para vir até mim - passou perto e sorriu, desajeitado. Foi para a sala do fundo e o segui, lentamente. Com simplicidade me segurou e beijou meus lábios delicadamente. Fico apreensivo com esta velocidade, mas foi bom, estava limpo, cheiroso. Ficamos ali um tempinho, mas a claridade e os intrometidos que já nos rodeavam começaram a incomodar. Não lembro qual dos dois sugeriu pra irmos pro outro lado da casa, acho até que fui eu.

   Quando passamos para o claro, notei que seus pés eram meio esquisitos. Eu realmente tenho um problema com pés, mas não dava pra escolher muito àquela hora, preferi evitar olha-los diretamente. Aproximadamente 40 anos, em boa forma, estatura mediana, clarinho, poucos pelos bem distribuídos, traços elegantes, barba linda. Tinha algumas tatuagens que contrastavam desfavoravelmente com toda a sua aparência. A das costas (logo abaixo da nuca) era horrorosa, toda em azul, confusa. Tinha um leão, tenho quase certeza de que vi um pavão também. No peito tinha outra grande - tribal, tosca. Ele me guiou pra a cabine dum banheiro, ambiente mais iluminado e reservado. Havia água pelo chão. Penduramos nossas toalhas na porta e nos beijamos. Nos apresentamos mas esqueci completamente o nome dele. Era bonito nu. Gostosinho, macio. Lembro dos mamilos pequenos e claros, quase cor de salmão. Quando engoli seu sexo fiquei alarmado por sentir na língua algumas protuberâncias. Pensei que fosse alguma doença, verrugas, sei lá! Reparando melhor, vi que eram cicatrizes de uma circuncisão, talvez tardia. Ele me chupou também, e bem gostoso. Eu sou louco por barba e não posso resistir ao impulso de bater com meu pau na cara dum barbudo. No começo ele pareceu não entender, mas depois entrou na onda.

   Seu comportamento alternava-se entre doce e levemente grosso ou vulgar; vulgaridade e grossura que pareciam aprendidas, postiças. Enquanto me chupava, notei a aliança dourada na mão esquerda que acariciava meu peito - dourado, aliança, casamento: tudo tão cafona. Me perguntei se ele era casado realmente, se com uma mulher, e qual seria o significado disso tudo, pra ele, pra o/a cônjuge e até pra mim. Fiquei confuso. Um pouco de pena, outros tantos de culpa, raiva, tédio e, admito, até tesão. Não deu pra pensar muito porque ele me virou de costas e enfiou a cara na minha bunda. Geralmente eu gosto muito, claro: língua é bom em qualquer parte do corpo, deve ser bom até no cérebro. Mas ele era meio afoito, sem noção. Essa é a parte mais delicada pra mim, tem que saber fazer pra eu curtir. E não tava muito boa a sensação, só deixei continuar porque ele estava muito excitado. Se exagerava na força, eu oferecia o pau mas ele sempre me virava novamente, com certeza pensando que estava mandando bem. Até que, inevitavelmente, veio tentar me comer. Pôs a camisinha todo crente e se colocou na posição. Era um pau relativamente grande, e eu não estava com a mínima vontade. Acho que na vida toda só dei umas 10 vezes, é como um evento anual (sem trocadilho, por favor). A boca dele já tinha incomodado, o pau doeu e nem chegou a entrar nada, mas ele ficou insistindo. Eu parava, chupava ele, lambi a bundinha dele também, nos beijávamos... juro que me esforcei para distraí-lo, mas ele sempre voltava à fixação de meter. Cansei.

     -Cara, vou tomar um banho, beleza?

   Ele pareceu desapontado. Eu também estava e não tinha nem vontade de conversar.

   A essa altura já tinha mais gente na sauna. Sentei pra ver um vídeo pornô. Tinha um ator lindo, também de barba, mas um senhor veio sentar do meu lado e ficava se masturbando, olhando pra mim. Eu via com o canto do olho, tentando me concentrar no filme, mas ele insistia, queria chamar atenção e logo fugi.

   Depois das 18:30h que começou a ficar mais animado. Cheguei cedo, por volta das 15:00h e estava muito fraco. O barbudo supostamente casado ficou lá até tarde da noite também e sempre que nos cruzávamos, sorria pra mim, todo galanteador. Até pensei em tentar novamente, mas pra quê?

   Nesse dia, pelo que lembro agora, com todos os caras com quem fiquei, houve aproximação lá no escuro. O próximo foi um loiro. Não o tinha visto no claro, surgiu do nada e nos interessamos um pelo outro imediatamente. Com o horário de verão ainda havia claridade e dava pra ter uma boa noção da sua figura: pele muito clara, nariz comprido, expressivos pequenos olhos escuros, aproximadamente 1,80m, corpo definido, gostosinho, naturalmente sem pelos. Não era nenhuma beleza, mas me agradava. Parecia um rato branco (ah, tá...), mas me agradava! Pedro, o nome dele. Me levou para o pequeno banheiro ali no escuro mesmo. Ele estava molhado de um banho recente (imaginei que acabara de entrar na sauna).

   - Que boca boa, eu disse.

   Boa de beijar, ótima pra me chupar. Elogiou muito o meu pau e ficava chupando até suas pernas não resistirem à posição agachado. Então levantava e me beijava. Eu não estava com vontade de chupar, só queria que continuasse me chupando e beijando. Perguntou se eu queria buscar uma camisinha. Não respondi. Parecia adivinhar o que me daria mais prazer - lambia deliciosamente meus mamilos, minhas axilas, meu pescoço. Me chupou até me fazer gozar. Perguntei se ele queria gozar também: "-Lógico." Foi rápido que ele se masturbou e quase tombou quando atingiu o orgasmo. Nesse tempo eu fiquei me sentindo egoísta com o cara, eu quase não tinha feito nada, só o beijei e me deixei chupar. Pensando melhor, a gente não se conhecia, estávamos ali por algum prazer apenas: ele queria me chupar e chupou; eu não queria chupar e não chupei. Não queria ir pegar a camisinha para penetrar e não fui. Tava tudo certo. Excesso de autocobrança, ou simplesmente porque foi gostoso e ele parecia uma pessoa simples e afável, pelo jeito e as parcas palavras que trocamos ali. Ele próprio não parecia insatisfeito. Nos despedimos e fomos tomar banho separados. Ele entrou no banheiro de baixo e eu subi. Diante dos chuveiros tem uma vidraça que dá para o jardim maior da casa. Através do vidro embaçado pelo vapor, fiquei observando as árvores. A For Friends tem 35 anos, era o que informava um banner na escadaria, e imagino que as árvores tenham bem mais que isso, algumas são enormes, ultrapassam o telhado do antigo sobrado.

   Deitei na espreguiçadeira da piscina e fiquei observando o movimento. Às vezes dava uma volta, olhava quem chegava. O Pedro passava e acenava com a cabeça, com um meio-sorriso cúmplice. Eu desejei que ele viesse sentar do meu lado. Fui falar com ele no bar. Contou que era de São Paulo mas mora em Minas faz muitos anos. Tinha vindo fazer um curso patrocinado pela empresa em que trabalha. Tem 37 anos como eu e aparenta bem menos. Contou que a família mora aqui mas ele nem avisou que viria, pois era muito fora de mão de onde estava hospedado (perto do curso). Curiosamente ele comentou depois que um irmão dele mora na Vila Mariana, há poucas quadras da sauna. Perguntei se ele morava só e disse que sim. Eu ri pela forma vacilante como havia respondido e o deixei sem graça. Eu disse que de certa forma é positivo não saber mentir. Perguntei se era com um namorado que ele morava e ele confirmou, claro. Chamei pra sentar comigo numa salinha mais reservada que tem ao lado do bar. Nos beijamos e ficamos ali uns 20 minutos, batendo papo e trocando carinhos. A camisinha caiu da minha toalha, no sofá. Ele a recolheu e me chamou pra subir para um banheiro, numa ala que eu quase nunca uso, mais espaçoso e iluminado por uma luz bem azulada que ficava linda na sua pele muito branca e sardenta. Eu estava bem mais à vontade com ele e comecei a chupar, o pau era bonitinho, não muito grande, com bastante sobra de prepúcio na ponta. Consegui colocar toda a cabeça do meu pau dentro do prepúcio dele. Quando voltei a chupar pensei que ele tivesse gozado ou urinado, tinha muita secreção de sabor salgado, me assustei um pouco até entender.

   -Meu pau baba muito - balbuciou, meio envergonhado, meio contrariado.

   Ele me chupou mais e mais, sabia como fazer. Lambeu minhas bolas e foi descendo com a língua para a minha bunda. Me virou e lambeu gostoso, sem comparação com o modo grosseiro do outro cara. Eu o levantei, virei contra a parede e deslizei o pau por sua bunda enquanto beijava e mordia a nuca. Ele se arrepiava todo e virava a cabeça pra trás:

    -Roça a barba no meu pescoço!

   Pus a camisinha e continuamos. Quando começou a entrar, ele pôs a mão no meu quadril e pediu pra esperar:

   -Deixa eu me acostumar com ele.

   Eu fazia pequenos movimentos de retração e voltava a enfiar, cada vez uns milímetros a mais, até sentir que podia ir com tudo. Gosto de segurar firme na cintura com as duas mãos, me dá uma sensação de domínio. Fazia tempo que eu não fodia com muita força, não é todo mundo que gosta e geralmente prefiro mais suave. E foi ótimo! Não demorei muito a gozar e ele pediu pra eu ficar dentro até ele chegar lá também. No fim, estávamos zonzos, suados, os corações acelerados, respirações ofegantes. Encostei na parede e o puxei e abracei com força. Rimos de nada.

   Fui tomar banho lá em cima mesmo e ele veio junto. Só tinha uma ducha disponível e ele ficou de fora esperando. Desci e ele foi tomar seu banho. Ficou um clima meio esquisito, eu nunca sei se o cara com quem acabei de transar quer continuar do meu lado ou se quer procurar outro cara. Sentei numa poltrona lá embaixo, perto do jardim e poucos minutos depois ele veio sentar comigo, reclamando que eu havia sumido. Fala tão baixo quanto eu. Conversamos mais sobre a sua viagem, sobre o curso e tentei perguntar mais sobre o namorado, mas ele parecia reticente. Como reparou que eu estava olhando pra dois garotos que tinham acabado de entrar, sugeriu:

   - Se eu estiver atrapalhando alguma coisa, me avisa...

   Fiz média:

   -Não! Agora só preciso de um descanso!

   Rimos. A conversa ia morrendo e ele decidiu fazer uma sauna para relaxar.

   Eu já estava querendo ir embora mas sempre fica a vontade de encontrar mais alguém. Não sei exatamente o que é essa compulsão que me prende por tantas horas na sauna. Se é desejo, carência, vaidade, querer aproveitar por não ser todo dia que eu tomo a decisão de ir para a sauna ou simplesmente falta de opções mais excitantes. Um dos dois garotos que eu já tinha notado, despertou minha curiosidade: parecia muito jovem, castanho, perfil bonito, queixo forte, nariz reto, corpo muito interessante também, lembrava muito meu inquilino, numa versão melhorada. Reparei que eles falavam de mim. O outro era bem baixo e magro, clarinho, de bigode e cavanhaque, cabelo curto - nada atraente para mim. Cheguei a ir ao armário pra me vestir, mas resolvi subir e procurar o garoto. Ele tinha ido pro escuro. Estava sentado num sofá de frente para o vídeo, imóvel, pernas esculturais abertas. Alguns caras passavam e mexiam com ele, que continuava impassível. Aquele primeiro cara com quem fiquei, o de barba, passou por mim e falou alguma coisa que não entendi. Eu o puxei pelo braço e perguntei o que era:

   -Voce é o homem mais bonito da noite.

   Eu ri. Pelo gracejo e pela obviedade da cantada, tão desnecessária. Ele riu também e soltou mais uma:

   -Casa comigo?

   Talvez vício de homem que leva uma vida "hétero", acostumado a cantar pobres mulheres com clichês desse nível. A indignidade mundana. Meu riso virou careta malcriada. Passei perto do garoto que estava no sofá, ele acompanhou meus passos virando a cabeça. Me aproximei, quase encostado no seu braço que pendia do sofá. Tinha as pernas bem mais desenvolvidas que o tronco. Alisou minha coxa e me olhou nos olhos. Dei a volta e sentei junto. Conversamos um pouco. Coincidentemente também chamava Pedro, 26 anos, primeira vez na sauna. Tinha um sorriso lindíssimo, iluminado. Um longo beijo e ele me chupou, ali mesmo. Disse que o amigo estava na sala ao lado, acompanhado. A gente ficou se pegando no sofá e era muito gostoso - apesar dos curiosos que sempre tentam passar a mão ou ficam ali do lado, esmolando atenção. Fomos para uma sala mais escura que estava vazia, semiocultos por uma parede. Depois de algum tempo um carinha realmente lindo entrou, parou na nossa frente, encostou numa parede com pernas e braços cruzados. Parecia nervoso, agitado. Um pouco menos de 1,80 de altura, jovem, ombros largos. O corpo bem definido sobressaia por estar molhado e no contra-luz da TV. O rosto era muito bonito, fresco, olhos claros, nariz perfeito, feições de menino, em traços rápidos e certeiros. Veio até nós e disse alguma coisa nada a ver, como:

   -E ai, pessoal - e saiu rápido, antes que respondêssemos.

   Rimos e continuamos o beijo. Mais um tempinho e o garoto estava de volta. Eu o queria perto, mas queria ter certeza de que o Pedro aprovaria. Como ele também o olhava, eu acenei. E ele veio, agitado ainda, pulsante. De vez em quando um cara me arrebata em segundos, pela simples presença, ou por deixar escapar algo de imensamente humano e vivo. Cabelos pingando, corpo que desafiava minhas mãos. Pegava na gente também mas não se detinha muito. Parecia inexperiente. Molhado, e cheirando a sabonete. Toquei seu sexo, e ele segurou o meu e o do Pedro juntos, por alguns segundos. Sempre interrompia brevemente cada ação que iniciava. Os dois começaram a se beijar e eu fiquei atrás do garoto, abraçando os dois e bolinando a bundinha firme e tensa. Os infelizes de sempre chegaram para estragar tudo, e o moleque saiu correndo. Nós descemos também, empolgados. Vimos que tinha ido tomar banho de novo. O Pedro encontrou o amigo no meio do caminho e paramos para conversar. Era uma figura engraçada, muito simpática. Contou que tinha ficado com um cara que dizia ser espanhol mas falava como um português. O garoto voltou do banho, passou por nós, cumprimentando e falou qualquer coisa de ininteligível. Parecia fazer um esforço para se comunicar, passar a ideia de alguém descolado, porém faltava-lhe traquejo. Pedro e eu nos entreolhamos, sorrindo. O amigo dele percebeu o clima e perguntou:

   -Voces três estavam juntos? Ué, vamos a quatro: quem nunca?!

    Mais um penetra...

   O carinha passou por nós mais uma vez, fez o mesmo cumprimento gauche e entrou na sauna seca. Ao mesmo tempo em que era desajeitado, tinha muita altivez. Largamos o baixinho e fomos atrás dele. Logo que entrei, senti meus olhos arderem muito e começarem a lacrimejar. O nariz também ardia, acho que tinham derramado todo o pinho na sauna. Estava sentado, lindo, sozinho. Sorriu e falou mais alguma bobagem. Senti um pouco de pena dele, queria muito me aproximar, conversar, saber quem ele era e como tinha chegado ali. Reclamei daquela ardência e eles concordaram:

   -Tá estranho, né?

   Eu saí e o Pedro veio também, tínhamos certeza de que o garoto viria junto, mas não veio. Passei o resto da noite esperando que ele reaparecesse. Acho que por algum tempo, sempre que voltar lá, vou esperar por isso. Provavelmente vi a mim mesmo, alguns anos atrás, naquele menino. Não tão bonito, ainda mais inibido; mas provavelmente tão solitário e canhestro quanto ele. Essa segunda etapa com o Pedro foi gostosa. Deitei num sofá na sala de vídeo com ele por cima, estava tudo tranquilo, quase vazio, só no chamego. Eu fazia cafuné, ele pegava no meu pau, acariciava meu peito. Ficamos conversando. Me contou que vinha de outro estado, era bailarino, tinha estudado no Bolshoi e, apesar da pouca idade, dançado em grandes salas. Era um rapaz bem bonito e agradável. Fez algumas perguntas e atestou que eu não gosto muito de falar de mim. Conversamos um pouco sobre o outro garoto, que o tinha impressionado também. Ele o definiu como "arisco". Contou sobre sua roommate, sua trajetória até chegar a São Paulo, sua família. Seu amigo baixinho entrou quando ele segurava meu pau e fingiu um susto. Saiu da sala mas voltou em segundos, dizendo que se o Pedro fosse demorar, ele iria embora sozinho. Resolveram sair. Nos despedimos. Eu estava ansioso para procurar o outro carinha. Pensei em trocar telefone com o Pedro e achei que ele pensou a mesma coisa, mas foi uma despedida meio esquisita, acabou assim. Eles desceram pela escada que dá para o vestiário, e eu pela outra, que dá para a sala do jardim. Andei pela sauna toda e o carinha já tinha vazado. Ia embora mas fui encontrar o Pedro sentado ainda, esperando pelo amigo que estava no banho. Ficou um clima estranho, não sabíamos o que dizer. Ele me chamou a atenção para a TV, um ginasta nos Jogos Pan-Americanos, competindo numa prova de solo. Eu não conseguia prestar atenção, só pensava em ir embora. Levantou-se e se aproximou da TV. Seu amigo juntou-se a nós e ficamos assistindo. Aquilo foi me irritando, mas não sabia como sair, os dois de costas pra mim... Enfim me despedi friamente e fui me vestir. Vieram logo atrás. Me vesti rápido e ainda pisquei um olho para o Pedro na saída.

   Fiquei sete horas lá dentro. Saí cansado e um pouco triste.