domingo, 27 de agosto de 2017

Várias Maçãs no Cu

O muso pornô dos anos 80, Ken Ricker

Era 1998. Eu tinha então 24 anos e era virgem, pois nunca tinha tido uma relação adulta consensual. Usava longos cabelos à moda "grunge" e era um garoto bonito mas tímido, apagado - apesar da imensa energia sexual reprimida por todos aqueles anos. Sem amigos, sem dinheiro, vivendo no interior de SP no seio duma família tradicional e cheia de preconceitos. Os tempos eram bem mais complicados que hoje. Era absolutamente inconcebível ver um casal homossexual de mãos dadas ou trocando afagos em público e a mídia praticamente só não nos invisibilizava quando era para tratar do perigo que representávamos no contexto da AIDS, um terror presente no imaginário do mundo todo já havia quase duas décadas. A internet engatinhava e eu sequer tinha um computador. Só me restava um contato esporádico com revistas pornográficas gays, que eu preferia furtar a ter que encarar o jornaleiro (apesar de me martirizar depois por arrependimento). Havia alguns títulos nacionais, todos de péssima qualidade, como a tosca Homostory, publicação baratinha que aparecia na minha cidade. Quando eu ia para a capital sozinho, encontrava as cobiçadas (e caras) revistas gringas: Playgirl, Playguy, Showcase, Mandate, Unzipped, Blueboy, Honcho, Macho, Torso. Uma vez, em viagem de família, estávamos todos numa grande livraria de um shopping e eu tive a capacidade de furtar uma Blueboy com um loiro vestido de boxer na capa. Não tenho certeza se na época já existia sistema de alarme, e fico imaginando se eu tivesse sido pego na frente dos meus pais, que constrangimento terrível teria sido. Mas minha revista favorita, com resenhas dos filmes pornôs dos grandes estúdios americanos, fartamente ilustrada com fotos de boa resolução e muitos homens lindos, chamava Adam Gay Video XXX Showcase. Era um delírio quando tinha uma comigo, tanto de tesão, quanto de medo de que alguém a descobrisse. Eu descartava as páginas que não me interessavam e dobrava a revista em quatro para guardar dentro da cueca, encaixada no púbis. Conforme enjoava das fotos, ia descartando as páginas na privada, previamente picadas e amolecidas com água (não sem algumas vezes entupir o encanamento). Lembro de uma vez que contei onze orgasmos num período de 24 horas. Depois que fui pego roubando uma Honcho numa pequena livraria duma cidadezinha vizinha e a proprietária me passou uma descompostura daquelas (que ouvi de cabeça baixa), aprendi que se quisesse uma revista teria que assumir a compra e o custo.
Apesar dessa sanha por sexo, tinha uma visão bastante romantizada sobre como (e com quem) deveria ser a minha primeira experiência sexual. Achava inclusive que eu seria outra pessoa, muito diferente depois disso. Eu era no fundo um grande ingênuo, tinha 24 anos e a experiência de um menino de 12.  Muito solitário, preso a uma autoimagem burra de bom-moço-de-família, todo travado e sem o apoio de ninguém. Hoje sei que me roubaram um desenvolvimento emocional sadio, a possibilidade de ter um namoradinho na escola ou dar uns amassos numa baladinha onde eu não corresse o risco de apanhar por isso. Roubaram o primeiro beijo, a primeira transa, conversas francas em família, enfim, a possibilidade de ser eu mesmo em sociedade por não me sentir capaz de enfrentar todas as terríveis prováveis consequências. Talvez a face mais cruel do preconceito seja a negação de existências, o que destrói qualquer possibilidade de autoestima e proporciona situações de abuso como vivi em casa por toda a minha adolescência e que repercutem até hoje na minha vida. Se não houvesse preconceito, meu irmão provavelmente teria experimentado sexo com os amigos dele em vez de abusar de mim. E se mesmo assim tentasse, se não houvesse preconceito eu teria tido voz pra pedir ajuda da minha família e interromper aquele pesadelo que arrastei por quase dez anos e que por muito pouco não me levou ao suicídio.  Sente-se que as coisas estão mudando aos poucos e torço muito pelas gerações futuras. Pois bem, lá um dia nessa época, li uma reportagem de jornal sobre os cinemas pornô de SP. Fiquei pasmo (e maravilhado) por saber que os caras se pegavam lá dentro. Nos classificados do mesmo jornal encontrei um anúncio de um cinema gay na rua Aurora. Aquilo virou uma obsessão. Fui até lá várias vezes antes de criar coragem para entrar na espelunca. Na minha fantasia, eu seria descoberto por conhecidos e a minha vida desmoronaria (hoje me parece comovente eu considerar então que havia algo ainda por ser desmoronado naquele tipo de vida que eu levava). Lembro da primeira vez que entrei e olhei para a tela onde garotões pelados, agigantados pela projeção, faziam sexo diante dos meus olhos. Parecia um sonho, me emocionei de verdade ao ver aquilo em movimento pela primeira vez na vida. Entre outros títulos, passava The Other Side of Aspen IV, da Falcon Studios, com direito a uma orgia com uns 10 caras, incluindo o muso Ken Rycker, e algumas coisas que chegaram a me chocar, como fisting e um cara que enfiava várias maçãs (além de um extintor de incêndio) no cu de um magrinho com máscara de vinil. Andei pelo cinema, que tinha várias salas e banheiros onde rolava de tudo, mas eu tinha muito medo. Da AIDS, de ser "desmascarado", de ser  rejeitado, de intimidade, de sentir prazer. Frequentei por dois anos até conseguir me aproximar de um carinha e ter meu primeiro contato sexual, com 26 anos. Era um rapaz jovem, agradável mas não exatamente bonito. Magrinho, de estatura baixa, pele clara, cabelos cacheados e sotaque nordestino. Era tímido com eu. No fundo da sala de projeção tinha uma salinha escura. Estávamos encostados na parede e eu me aproximei dele aos poucos. Foi torturante encostar no corpo dele com receio de que me rejeitasse. Lembro que ele usava um perfume excessivamente forte. Trocamos uma ideia, rolou um beijo e fomos para o banheiro. Não houve penetração, só oral. Lembro perfeitamente como me pareceu extraordinário lamber um cu de homem, que era a minha maior fantasia. Ele foi carinhoso e, apesar da impessoalidade da situação, felizmente acabou sendo uma recordação honesta de um primeiro beijo, uma primeira transa - deixando a idealização de lado, consegue-se encontrar beleza no possível. Esse cinema bombava na época e apareciam vários caras bonitos que fui experimentando nos anos seguintes. Um menino lindo e inexpressivo (provavelmente drogado) que batia ponto por lá; um cara lindo, de sorriso largo e pau gigante que fiquei chupando por horas até convencê-lo a me beijar e chupar também; a primeira gozada na boca, de surpresa; um musculoso bonito de gateados olhos verdes (Marcelo o nome dele, por quem tive uma paixãozinha) que se acabava dando pra qualquer um que chegasse junto, sem camisinha mesmo, na frente de todo mundo; o cara feio de voz sexy e muita lábia e pegada; um casal bem fofo e gostosinho, primeira vez com dois caras; o jornalista gato que foi o primeiro que eu comi na vida; o loirinho pai de família que se juntou comigo e mais dois num banheiro pra fazer de tudo... Muitas histórias. Nesse tempo era muito comum nesses ambientes caras casados que levavam uma vida dupla. Hoje, felizmente, isso é quase incomum. Depois o cine Aurora foi reformado, ficou um espaço péssimo, pequeno e com frequentadores raros e nada apetecíveis. Existe até hoje, mas eu nunca entraria ali novamente. No começo dos anos 2000 passei a frequentar o espaçoso Cine República, uma ruína pestilenta que se tornou point do Centrão. Depois também virou um lixo, mas tive muitos encontros inesquecíveis ali. Na época eu considerava sauna a coisa mais degradante do mundo,  onde eu só encontraria homens horríveis, velhos, depravados e doentes. Os cinemas eram o que eu conhecia e aceitava como a única chance de viver minimamente minha sexualidade. Uma vez encontrei no República um advogado super bonito de Santa Catarina. Era noivo lá e estava em SP a trabalho. Loiro, olhos azuis, um puta corpo. Fomos pro banheiro. Não beijava, não chupava (considerava uma traição à noiva), mas, depois que chupei o cu dele, topou dar pra mim. Disse que nunca tinha ficado com um cara antes e que era muito estranho estar diante de mim sem roupa. Me tocava com curiosidade e algum desconforto "o cara tem mais pêlo e músculo que eu! Nao tô acostumado!" Não tínhamos camisinha. Me vesti e fui buscar uma no bar do andar superior, só que estavam em falta. Pensei em sair pedindo pra outros caras, mas fiquei com vergonha. Foi uma frustração e tanto. Ele disse algo como "deixa, é porque não era pra eu fazer coisa errada", depois pediu pra me ver gozar. Mas de todas as histórias que rolaram ali, a mais freqüente nas minhas lembranças foi a de um cara com mais de dois metros de altura, tipo de árabe, moreno, forte, barbudo, vestido como jogador de basquete e de boné. Não era bonito, mas achei bem atraente logo que o vi. Parecia nem me notar, mas entrou numa das apertadas cabines do banheiro e me chamou com um movimento de cabeça. Tímido, me aproximei. Fechou a porta e me tocou gentilmente, enchendo de elogios e beijando com surpreendente delicadeza. Pediu pra ver a minha bunda. Nessa época eu detestava a ideia de ser penetrado e já esclareci esse ponto. Virei e ele desceu minha calça jeans. Apalpou meus glúteos com as mãos gigantes enquanto sussurrava no meu ouvido. Tirou o pau gigantesco pra fora e o pôs dentro da cava da minha cueca, roçando minha bunda. Depois desnudou minha bunda e ficou louco por ela. Implorou pra me comer. "Cara, que bunda é essa?!" Tentou agachar pra me fazer um cunete, mas ele era muito grande e o banheiro muito pequeno. Eu o chupei um pouco, mas como me disse que ele não chupava de jeito nenhum, parei e me recusei também. Ele ainda insistia pra me comer "deixa eu pôr só a cabecinha, por favor!". Como não topei, pediu pra eu subir no vaso sanitário pra ele poder lamber meu cu. Me ajudou a subir, sempre bastante cuidadoso. Quando me viu naquela posição, ficou visivelmente encantado. "Que que é isso! Que coisa linda, meu" Ele abria minha bunda, alisava os pêlos, massageava meu cu. Puxei a cabeça do gigante contra mim. Eu, sempre tão tímido, sendo admirado daquela forma, me transformei. Abria e empinava a bunda rebolando na cara dele, dizia: "Vai, mete a língua inteira em mim, fode esse cuzinho com a língua", "Vem, esfrega essa cara toda no meu cu, quero sentir sua barba", "Morde essa bunda! Tá gostando?", "Chupa os pêlos desse cu de macho", "Arregaça essa bunda e chupa". Eu empurrava meu pau latejante na direção da cara e o pescoço dele, que o ignorava solenemente. E não cansava nunca da minha bunda. A cada ordem minha, obedecia e ficava mais excitado. Isso demorou bastante, era como se eu o ofertas se o tesouro mais extraordinário do  mundo. Pra minha surpresa, na hora que ele disse "Vô gozá", imediatamente pegou o meu pau, deu uma lambidinha e gozou como louco, o que quase me desequilibrou e derrubou dentro da privada imunda daquele cinema.






quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Um Jato Quente No Meu Rosto





Imagens do post com o meu modelo preferido do momento: Pablo Oliveira

Parecia uma tarde comum no Hotel 269. Estava encostado na brilhante parede vermelha da área de intersecção dos corredores centrais do primeiro andar. Esta história já tem algum tempo, certamente mais de dois anos, mas quero deixar o registro por ter sido uma das mais intensas experiências da minha vida. Estava encostado ali, meio desanimado, esperando que algo acontecesse. E tinha esse homem diante de mim. Não conseguia decidir se ele me atraía ou não. E ele também me parecia indeciso sobre me abordar. Tinha formas atraentes: alto, magro, ombros e costas largos. Os cabelos castanhos eram finos, de comprimento médio e a pele pálida. O rosto também tinha linhas elegantes, eu reconhecia sua beleza, mas também uma impressão de abatimento, o que o fazia parecer até mais velho (devia ter cerca de 30, 35 anos). Aproximou-se, finalmente. Enquanto falava, ia me tocando com bastante suavidade. Entreabriu minha toalha e segurou meu pau. "Que gostoso", sorriu. Era um homem educado e decidido. Ao menos para quem já estava se excitando, como eu, aquele despudor com meu corpo não pareceu ofensivo. Também pus a mão por dentro da sua toalha e seu pau era grande e bom de tocar. "Quer vir até o meu quarto?", sugeriu. Era bem ali ao lado de onde estávamos. Entrei, um pouco nervoso, inseguro, sem saber se devia ter ido. Pendurei minha toalha num gancho e me deitei na cama estreita e branca, com a cabeça abaixo da luminária, para auxiliar a minha visão. Preciso da ilusão de controle para me sentir confortável. Ele também ficou completamente nu. Era um corpo bonito, mas eu não tinha vontade alguma de tocá-lo. Me olhava com muita atenção. Debruçou-se sobre mim, ainda com os pés no chão, e, beijando meu corpo docemente, chegou ao meu pau e me chupou. Era foda o contato da sua boca: calor, umidade, pressão, movimentos - o paraíso. Exalava gentileza e carinho, me fazia sentir desejado e acolhido. Segurou meu pau e passou a beijar minha virilha, abocanhava cada uma e lambia de uma forma que eu nunca havia sentido. Minha respiração foi ficando intensa, ritmada. Lambeu meu saco, minhas bolas e o períneo. A cada área desbravada, a mesma sensação de surpresa e prazer. Juntou então minhas pernas e as dobrou de lado, como em posição fetal, deitou-se ao meu lado com a cara enfiada no meio da minha bunda. Seu corpo quente e macio encaixado ao meu. Tudo que ele fazia parecia ter um conhecimento profundo do meu corpo. E dos prazeres que eu ignorava. Sua língua penetrava em mim, seu rosto deslizava por toda a minha bunda, e eu não esboçava qualquer reação externa. Ficou por muito tempo assim, lambendo, chupando o meu cu. Depois virou meu corpo, massageou as pernas e abocanhou meus pés. Outra vez a mesma sensação de estar entregue a um homem que sabia mais do que eu próprio sobre o meu corpo. E o mais excitante era perceber quanto prazer ele tinha em se servir do meu corpo daquela maneira tão desprendida. Passou muito tempo explorando cada milímetro sem que a magia se quebrasse por um segundo sequer. Passava do pau pro cu, do pé pro mamilo, da axila pro umbigo, da virilha pro joelho, das costas pro períneo, da nuca para a boca. Ele me beijou os lábios e eu não quis beijá-lo de fato. Sempre que me lembro dessa história, culpo-me pela passividade, por não retribuir o que ele me dava com tanto gosto, empenho e sabedoria. Eu só ficava deitado ridiculamente, como um pachá. Essas "preliminares" duraram bastante tempo, duas horas talvez, sempre em silêncio, e sem que eu sentisse qualquer pressão para agir desta ou daquela forma - ele parecia aceitar a minha imobilidade. Meu egoismo, eu diria. Creio que eu tenha entrado num estado muito próximo da hipnose. Continuava deitado de costas e seu pênis intumescido roçou então meu ânus e o penetrou com parte da cabeça. Geralmente, tenho dificuldade em ser penetrado. Tanto por acanhamento, como por restrição física mesmo, falta de capacidade de relaxamento e distensão. Ele me olhava nos olhos e naquele momento era o homem mais lindo do mundo. Eu o desejava profundamente. Como raramente sou penetrado, quase nunca faço a higiene própria para essa finalidade. Lembro que fiquei um pouco preocupado com isso. Pegou uma camisinha e lubrificante. Pedi que fosse com cuidado, mas era desnecessária a preocupação: foi tão natural a penetração, tão orgânica e precisa, que seu pau grande encaixou-se perfeitamente e, para minha surpresa, não havia desconforto, não havia acanhamento, nada de dor. Ele se movia e ondas de prazer percorriam todo o meu corpo e a minha mente; tudo junto, tudo confuso e misturado. Eu não tinha mais controle algum, abandonei-me. E desconhecia absolutamente que fosse possível que essa intensidade de prazer pudesse se dar no meu cu, no meu reto sendo massageado e logo bombeado freneticamente, sobretudo pela rola grande e grossa de um completo desconhecido. Jamais tinha sentido algo parecido, era quase enlouquecedor. Acho que a posição de frente tenha sido importante também por facilitar o atrito do pau com a próstata. Eu sequer conseguia me reconhecer em tal nível de prazer, nem nos gritos alucinados que a minha voz produzia sem qualquer possibilidade de censura. Beijou minha boca então. Foi o ápice quando retribuí ao seu beijo, eu queria ficar ali, beijando e sendo fodido para o resto da vida. Ou morrer ali, sem me desprender jamais daquele momento. Mal tocou meu pau e gozei. Não foi qualquer gozo. Foi o mais desconcertante e imenso orgasmo que já experimentei. Um grito rascante, meu coração batendo forte, a pele arrepiada, meu ventre e peito inundados de porra, um jato quente no meu rosto, todo meu corpo pulsando de energia e vida, se debatendo loucamente. Nunca senti nada parecido, antes ou depois disso, e talvez não venha a se repetir. Não tenho capacidade de descrever aquele momento, mas nunca vou esquecer dessa sensação. Ele também gozou em seguida e me pareceu extraordinário conseguir sentir claramente seu esperma encher a camisinha dentro de mim. Eu estava zonzo, sabia que era o fim e não queria. Ainda preocupado com algum acidente, pedi que tirasse com cuidado. Segurei a camisinha, puxei e joguei na lixeira. Agora eu estava outra vez inseguro com a possibilidade de estar sujo ou algo assim, embora não houvesse qualquer indício. Queria muito falar com aquele cara, precisava agradecer por aquelas horas que ele me proporcionou, e, obviamente, queria revê-lo. Beijei sua boca e disse que ia tomar um banho rápido e logo voltaria. Em minutos encontrei o quarto aberto e vazio. Fiquei desconcertado, arrasado. O que teria acontecido? Desci e o encontrei secando os cabelos no espelho do corredor. Fingimos não nos conhecermos. Muitas vezes voltei ali achando que fosse reencontra-lo.