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sábado, 7 de julho de 2012

Aquela Cara de Cafajeste


   Ansioso, cansado e com um cara na cabeça - foi como cheguei à sauna, por volta das 17h30 duma fria segunda feira. O tal cara é a maior roubada dos últimos tempos - paixão platônica, fadada à platonice eterna - mas não me parece fácil livrar-me desse fantasma. Só de pensar nele, sinto-me estrangular. E o coração disparado. Mesmo agora, enquanto escrevo, a sensação de aperto na garganta me intriga.

   A primeira impressão do "casting" daquela tarde foi desoladora. Entretanto, com paciência, sempre tem aparecido alguém interessante. Quando passo por longos períodos frequentando esses lugares, o sexo vai perdendo grande parte do encanto e, consequentemente, do sentido. Torna-se automático, superficial, depois obsessivo e, finalmente, uma obrigação a ser cumprida.

   O tempo ia passando e naquele dia só apareceu um cara que era realmente bonito: cara de bom moço, um tipo de beleza não muito chamativa, a qual talvez faltasse agressividade, força. Era um homem suave. E inteiro bonito. Eu o perdia de vista facilmente. Muitas vezes o confundi com um garoto de altura e cabelo parecidos. De passagem pelo banheiro do primeiro andar, vi o bonitão parado, conversando com um sujeito - este musculoso e muito tatuado, ostentava uma indisfarçável cara de cafajeste. Foi este último quem mexeu comigo. Passou a mão na minha bunda e soltou uma cantada surrada, preguiçooosa. Eu estava tão concentrado no outro cara, que nem percebi que já conhecia o tal cafajeste - era o Chico, com quem fiquei da vez anterior que havia estado ali. Ri da brincadeira (que se apagou da minha memória rapidamente) e segui reto.

   Um pouco mais tarde, descendo as escadas, cruzei com o bonitão apagado, outra vez acompanhado. Mas desta vez nos olhamos e foi ele quem  falou comigo:

   -Já está descendo?

   -É, ia descendo... - eu disse, dando meia volta.

   -Ainda não é hora de descer! - disse, rindo. O menino que subia conversando com ele, desapareceu nesse instante (ao menos da minha percepção). Subimos ao corredor do primeiro andar. Eu estava flutuando:

   - Qual é o seu nome?

   -Cauã e o seu?

   -Yuri. Quantos anos você tem?

   -Trinta e dois. O meu amigo que gostou de você, né? - disse, apontando.

   Era o Chico que passava por nós (só então o reconheci). "O meu amigo que gostou de você", essa frase ainda ecoava desconfortavelmente na minha cabeça. E se mostrava um péssimo sinal.

   -Vieram juntos? - perguntei.

   -Não, a gente se conheceu aqui. É Victoria's Secret?

   -O que?!

   -Esse hidratante, é Victoria's Secret?,

   -Não... e nem é hidratante... eu não uso - perdi-me sem compreender porque ele falou com tanta certeza que eu usava um hidratante - Tomei banho aqui mesmo... Ou talvez seja o perfume que passei de manhã.

   O Roger apareceu no corredor, passou por nós, me cumprimentando.

   -Seu amigo?

   -É, um conhecido.

   -Se conheceram aqui também?

   -Não, já nos conhecíamos de outros lugares. (pausa - eu o olhava diretamente nos olhos, fascinado por sua beleza austera e elegante) Você é um homem muito bonito - eu disse finalmente,  tocando-lhe o ombro. Ele também me tocou levemente:

   -Obrigado! Bom, vou dar uma volta. A gente se fala... - e saiu com uma piscada de olho.

   Fiquei estático e pensativo por alguns momentos naquele corredor escuro. A luminosidade da porta do grande banheiro chegava até mim, bem como as sombras frenéticas de seus usuários. Era um daqueles momentos em que o tempo fica em suspenso. Despertei quando um garoto me abordou. Foi muito simpático, mas não era definitivamente o tipo de homem que me atrai. Moleque (23 anos), negro de pele clara. Não que fosse horroroso, mas não tinha nada que me interessasse. Em alguns minutos, o Roger veio juntar-se a nós, propondo um ménage e aproveitando pra se esfregar em mim. O nome do garoto é Gabriel, de Salvador. Quando a atenção do Roger voltou-se para o menino, eu me mandei. O carinha veio atrás de mim:

   -Espera! - vinha arfante - Aquele lá é tarado, né? Eu gostei muito de você... Veja aqui - disse, puxando minha mão para o seu pau.

   Notei que estava duro e era gigantesco. Tocá-lo me deixou de pau duro também - e isso me surpreendeu. Ele me puxou para uma cabine, me chupou e beijou. Por mais que fosse super simpático, cheiroso, que me chupasse gostoso e tivesse um pau lindo, eu só pensava em sair dali. Mas ele inventou de pegar um quarto para ficar comigo.

   -Não, bobagem, está bom aqui...

   -Eu quero no quarto! Você merece um quarto.

   -Não, deixa quieto...

  Me puxou pelas escadas e não sossegou enquanto não trocou o seu armário por um quarto. Conversamos um pouco, mais sobre suas atividades profissionais. Na cama, eu o beijava pensando no meu rolinho platônico:

   -Que beijo! Você é uma delícia... Quer me comer?

   -Não... Não estou a fim

   -Por que não?

   -Estou cansado. Vou dar uma volta.

   -Dá seu numero pra mim?

   -Anota... (fiz a burrada de dar o número certo)

   -Se você vai embora, eu vou pro hotel. Não tem mais nada pra fazer aqui. Não quero te ver com outros caras.

   Eu me sinto mal de ficar com alguém só pra ser simpático, de sucumbir a alguém insistente (dramático, no caso), e também de interromper uma transa. Tenho a impressão de ser incapaz de aprender a respeitar meus limites.

   O Chico passava pelo corredor vazio, e parou quando me viu. É um corpo tão lindo! Ele não é tão alto quanto eu me lembrava, talvez 1,85m. E seu rosto é mais pra feio. Parece uma década mais velho do que diz ser e, não sei por quê, não me parece confiável. Aquela carinha de cafajeste. Mas me atrai muito. É másculo, gostoso, simpático, sedutor. Eu me aproximei e entramos num hallzinho escuro. Nos beijamos. O contato com ele me deixa sempre instantaneamente excitado. Virou-se de costas e pediu em sua voz grave e rouca:

   -Chupa o meu cu.

   Deslizei a boca por suas costas, pelo cóccix, pelos glúteos. Reconheci o cuzinho com a ponta da língua. Ele o mantinha, como da outra vez, sempre tenso.

   -Relaxa, deixa eu meter a língua em você.

   -Vamos pro banheiro - sussurrou.

   Me puxava pela mão. Roger e Cauã conversavam e viram quando entramos num dos chuveiros reservados, com porta. Demoramos ali dentro. Nos chupamos de cabo a rabo (literalmente) e eu fodi aquela bunda gostosa outra vez. Ele tinha trazido um envelope de lubrificante, mas mesmo assim foi difícil de penetrar.

   -Fica de quatro pra mim?

  -Aqui vai ser difícil, hein? - disse avaliando o chão, com evidente repulsa.

   Gozei dentro dele e foi muito forte, cheguei a ficar zonzo, com o coração disparado, latejando na garganta, a respiração ofegante - até pensei que fosse ter um troço. Antes de tirar o pau de dentro, esperei que ele gozasse também. Minha camisinha estava cheia, dei-lhe um nó e deixei num canto. Tomamos uma ducha, banhei seu corpo minuciosamente. Como na semana anterior, depois da transa, ele deitou num banco da sauna seca e ficou quieto, aéreo, parecendo amuado. Mais um pouco e fui sentar ao lado da sua cabeça, acariciando seu peito.

   -E aí garotão, aprontando muito? - perguntou como se não me conhecesse.

   -Um pouquinho...

   -Já gozou?

   -Já. Dentro de você.

   -Foi? (pausa) Sabe fazer massagem?

   -Me diga você...

   Ele se virou de bruços e o massageei. Pediu que me concentrasse no ombro esquerdo, sobre o qual teria dormido de mau jeito. Abaixei um pouco a sua toalha e lambi seu cóccix, a lombar. Só de pensar naquela bunda, meu pau fica duro. Deitei sobre seu dorso por alguns minutos e me despedi:

   -Está muito quente aqui.

   O bartender era o moicano gato. Sorriu pra mim quando notou que eu seguia um rapaz bonitinho que passou pelo bar em direção aos armários. Era bem jeitosinho até e o reencontrei lá em cima, no labirinto. Olhava pra mim, sempre esperando que eu me aproximasse. Boa altura, bom corpo, rosto agradável, jovem. Entrou numa cabine sem portas e o segui. Nos tocamos, nos beijamos, mas não rolava, não encaixava. Seu toque era mole, displicente, medroso. A pele, o beijo, o cheiro - nada me seduzia. Deixei-o só, e quando o reencontrava no claro, era outra vez fisgado pela sua beleza comum, pelo seu olhar indefeso. Sempre parado sob um foco de luz, sempre solitário.

   Nos corredores, reapareceu o Chico e me puxou. Estava conversando com um cara que me apresentou como sendo seu primo. É o mesmo grandalhão mortiço também presente na semana anterior, que o Cássio disse ter pau pequeno. Outro corpo lindo e rosto relativamente feio (exceto pelos claríssimos olhos verdes). Tem cara de caipira e seu nome me lembro ser Juliano.

   -Primo, este é o meu marido, conhece?

   -Você casou, primo?

   -Tá aqui, meu marido.

   Pelo que entendi, são de Santa Catarina e moram juntos num apartamento ali perto da sauna. O Chico começou a me beijar e o outro fez-se de horrorizado. Virou-se de costas para nós, com as mãos postas, pedindo a Deus que nos salvasse e iluminasse nosso caminho de perdição. Mais um pouco e ele se foi, ainda rindo, o rosto ruborizado - parecia um pouco envergonhado de verdade.  É decepcionante a ingenuidade que pode esconder um monte de músculos. Chico queria mais massagem. Virou de costas no meio do corredor vazio e abaixou a toalha. Eu o massageei e lambi sua bunda. Entramos numa cabine sem porta, parcamente iluminada, e continuamos nossa "massagem". Não sei estar ao seu lado sem lamber aquela bunda, simplesmente não sei! Agora ele teve uma iluminação repentina:

   -Lembrei de você, da semana passada.

   Falou minha profissão, minha cidade natal, minha idade. Também queria o meu telefone. Descemos e fiquei surpreso por ele saber qual era o meu armário. Disse que me viu chegar. Anotei seu numero na agenda do meu celular e ele se foi. Olhava pra trás e baixava a toalha, mostrando a bunda que eu tanto havia exaltado, como quem dissesse: "Olha o que tem aqui, me liga". Eu ria como otário, hipnotizado por aquele corpo Michelangeliano. Tá na cara que se trata de um sacana, mas dá vontade de revê-lo. Mais tarde, reparei em dois garotos bonitinhos, estavam sempre juntos, conversavam bastante, riam. O de corpo mais bonito, encontrei na sauna seca e sentei-me a sua frente. Pouco depois, veio o Chico e sentou do meu lado, olhando pro guri também, ignorando a minha presença. Parecia uma disputa. Não contente, foi sentar ao lado do garoto, e como este continuava olhando pra mim, cruzou as pernas e pôs-se a olhar em minha direção também. Eu não entendia o que se passava. Não sei se ele estava interessado no garoto, se em mim, se queria disputar o carinha comigo, ou se era só birra, pra atrapalhar o meu rolê. Olhava na minha direção como para um objeto, sem expressão que se comunicasse comigo. Aquilo ia me irritando num crescente desgovernado.

   Desci pro bar e sentei numa poltrona. Já era outro bartender, o único sem graça que vi ali. Um tipo bastante espalhafatoso se aproximou, conversando alto com o atendente, com carregado sotaque nordestino:

   -Opa, que já tem bofe bom por aqui!
 
   Vinha em minha direção e parecia referir-se a mim. Chegou pondo a mão, e só falava merda. Era um homem de uns 50 anos, horroroso, vulgar e sem um pingo de educação. Talvez estivesse drogado. Levantei-me sem palavra, bufando de ódio. Voltei ao primeiro andar e me aproximei dos dois garotos que andavam juntos. Quem sabe? Eu topava os dois! Aquele demônio nordestino teve a mesma ideia e chegou pegando no mais magro dos garotos. Acabou virando uma briga horrorosa, gritaria, troca de palavras nada polidas. "Pronto, acabou a noite", pensei. Dei um tempinho para descer, acuado num dos cantos do labirinto. Não gosto de briga, de confusão gratuita. E o garoto veio pra perto de mim. Usava uma cueca preta e trazia a toalha na mão. Era bem definidinho de corpo, moreno, bonitinho. Entramos numa cabine e nos fechamos. Seu nome é Dagoberto, de Porto Alegre, 23 anos. Está temporariamente em SP e pretende mudar-se pra cá. Nosso entrosamento foi muito bom, fluido. Seu beijo era delicioso, seu cheiro envolvente. Tinha um pau grande, uncut, cujo prepúcio me impressionou pelo tamanho e maciez. Funcionava perfeitamente, expondo a glande inteira, mas quando fechado, mesmo com o pênis totalmente ereto, sobrava muita pele na ponta. Era muito gostoso de chupar.

   -Você curte o que? - perguntou.

   -Sou mais ativo, e você?

   -Também.

   -Mas você dá?

   -Difícil, mas vamos tentar... (pausa) Eu quero.

   Comi, e nem foi muito difícil. Fodi bastante e tirei, cansado. Ele queria me comer agora. Até tentei. Ele pôs a camisinha, lubrificamos bastante com saliva, mas não consegui. Nada, nada...

   -Goza no meu pau? - pediu.

   -Como?

   -Goza no meu pau!

   E foi assim, tocamos uma punheta juntos, gozei sobre o pau dele e em seguida ele também gozou. Depois do banho, nos despedimos friamente, com um aperto de mão.

sábado, 23 de junho de 2012

Curte Levar uns Tapinhas?



   Voltei à sauna, como voltarei muitas mais vezes. Ao Chilli Peppers, aos anônimos bem apessoados, ao paradoxal sexo sem intimidade. Não queria escrever sobre esta tarde - mas escrevo - para fins terapêuticos. Ou por falta do que fazer. Era uma outra segunda-feira e estava um pouco mais vazio que da vez passada. Mas, logo que entrei, vi um corpo bonito na sauna seca. Parecia jovem, tinha uma gigantesca tatuagem, um  escamoso dragão negro que rastejava por seus peitos, ombros e costas. Estava sozinho, imóvel, sentado de cabeça baixa - me olhava pelo canto do olho, sem desviar a cabeça. Olhamo-nos longamente, até que um senhor entrou e o rapaz saiu. Pouco depois, nos reencontramos no térreo - ele completamente nu, se enxugava. Corpo musculoso e liso, de belas proporções e um pau respeitável. Era mestiço com olhos orientais, não tão jovem quanto tinha me parecido na sauna - se não me engano, disse ter 31 anos. Me olhava fixamente, com expressão séria. Saí à piscina por um instante e na volta o segui à sauna a vapor. Agora sentados lado a lado, sozinhos na sauna - e não havia atitude alguma no cara. Muitas vezes olhava para baixo. O rosto não era feio, mas também não daria para dizer que era um homem bonito. Ainda assim, sentia-me muito atraído pela sua figura. Cheguei a apalpar sua coxa e... nada. Apenas tocou seus genitais por alguns segundos. Eu sabia que ele queria que eu me chegasse com mais audácia. Não tenho muita paciência com quem não sabe responder às minhas investidas (quase sempre tímidas). E o vapor já me incomodava os olhos, a respiração. Subi ao labirinto, àquela hora bem fraquinho de personagens interessantes. Parei no único ponto iluminado dos corredores, onde há um aparador, sobre o qual ficam dispostos alguns flyers e um globo de vidro contendo uma infinidade de preservativos. Pus dois envelopes de camisinha presos à minha cintura, na toalha. E lá vinha o japonês, desfilando o corpão pelos corredores. Parecia outra pessoa agora, mais relaxado, confiante. Parou na minha frente e me beijou. Um beijo sutil, delicado, fresco. Minutos depois, estávamos outra vez na sauna seca, agora sozinhos. Ele se acomodou no tablado, meio deitado, meio sentado, e abriu a toalha, oferecendo seu sexo. Seu nome é Diógenes. Queria ir além:


        -Quer dar pra mim?

   -Cara, raramente eu dou... Seu pau é grande, acho que nem rola...

   -Eu quero muito essa bundinha. Dá pra mim? Aqui mesmo! Dá?

   -Aqui?! Nem fodendo!

   -Deixa, vai!

   Enrolei um pouco e o levei para uma das cabines escuras. Entreabriu a porta, queria luz para me assistir chupar seu pau. Fiz com que se virasse de costas pra mim e lambi a bunda musculosa que ele tanto havia regulado na sauna. Acabou me convencendo a tentar. Passei a camisinha pra ele, que foi paciente com a penetração difícil. E mesmo depois de acomodado, não suporto a dor quando a penetração é mais profunda. Não sei qual órgão que o pau do cara pressiona, que me dói demais, é uma sensação esquisita, aflitiva. Mas, no todo, foi divertido. Principalmente quando ele tirava o pau todinho de dentro de mim e voltava até a metade, repetidamente. Tenho como propósito me tornar cada vez mais flexível, foder e ser fodido, como deve ser. Como deve ser... Além das dificuldades físicas, tenho vários outros bloqueios com relação a ser penetrado. Bloqueios com relação a muitas coisas, no sexo e na vida. Deixar-se penetrar, sobretudo no ânus, é um ato de entrega, confiança. Como fantasia, acho muito excitante, mas na real não funciona bem assim. Talvez um dia... Eu gozei e ele também queria:

   -Onde quer que eu goze?

   -No meu peito.
   
   Lambi a porra amarga, como de fumante. Durante o banho, ele foi muito simpático e atencioso. E logo se mandou, alegando um compromisso.

   Já tinha visto ali um cara que eu conhecia de vista, da The Week, e principalmente da 269, onde ele me perseguia e, embora seja muito bonitão, nunca rolou nada. É negro, de cabeça raspada, físico muito bonito. Fazia muito tempo que eu não via esse cara, e ele me pareceu ainda mais gostoso do que eu me lembrava. Chegou junto, com desfaçatez:

    -E aí, bonitão?

   -Opa, tudo bem?

 -Certinho... Vamos pro meu quarto?

   Acabou que fui, né... A gente se beijou e deitei na cama. Ele se ajoelhou na minha frente e começou a vestir a camisinha. Fiquei atônito! Eu tinha acabado de dar, e nunca me passou pela cabeça dar mais de uma vez no mesmo dia, muito menos pra dois caras diferentes. Tocou o celular dele, que pediu desculpas, mas atendeu. Ia vestindo a camisinha, se masturbando, olhando pra mim e conversando com seu cliente. Eu passava meu pé direito pelo seu pau, pelas bolas, pelo períneo. Falava com uma voz bonita, sempre muito másculo e cara-de-pau. Às vezes dava a impressão de estar xavecando o cliente:

   -Sei que seus sócios estão pressionando e que desta vez não vou conseguir te atender a tempo. Mas, olha, estou com água na boca pra fechar um negócio com você.

   Quando desligou, esclareci:

   -Como é seu nome?

   -Patrick.

   -Patrick? Então, Patrick... eu não dou... só muito raramente. Acho que nem vai rolar, entendeu?

   -Sério, cara? Mas vamos tentar! Prometo que vai ser gostoso.

   -Ah... você não curte dar?

   -Tenho cara de quem dá?

   -Tem. Eu acho.

   Sempre achei que ele quisesse me dar. Mas isso é tão difícil de se prever só pelas aparências... O cara ficou indignado com a minha resposta:

   -Tenho cara de passivo?! Porra!!

   -Ah, sei lá...

  -Deixa eu meter gostoso em você? Prometo fazer com muito cuidado, com carinho.

   Meteu. De frente, com minhas pernas pro alto. Doeu bem menos pra entrar que com o outro, mas continuou doendo bastante quando ia fundo. O cara queria bombar, mas não consegui. Pedi pra tirar e ele queria me ver de quatro. Eu não estava excitado, mas assenti. E ele meteu de novo. De quatro foi menos traumático, mas consegui deixar pouco tempo - eu queria sair dali. Disse ter 45 anos, o que me pareceu impressionante: aparenta 35, no máximo. O pau continuava rijo como rocha, o que ele atribuiu à excitação causada por mim.

   -Sei que, pra um ativo, é difícil dar, mas obrigado pela sua gentileza.

   Gentileza... Depois me elogiou, disse que comigo "teria até um caso". Era educado, mas dá um impressão de frieza e egoísmo. Veio a última proposta:

   -Curte a três também?

   -Depende.

   -Estou com um amigo aí. Cara bonito. Só que o pau dele... é o dobro do meu!

   -Eu não vou dar mais por hoje. Ele dá para a gente?

   -Dá. Depois a gente se fala.

   Tomei mais um banho. Me sentia nervoso e precisava comer alguém. Estava parado perto da sala de vídeo (que continua horrorosa), um lugar meio escuro, quando apareceu um sujeito alto, forte, bem na minha frente. Já chegou me alisando e beijando. Pensei que fosse um outro cara em quem eu já havia reparado, também alto e forte ("Some day he'll come along/The man I love/And he'll be big and strong/The man I love..." - Ira Gershwin), tatuado, super bonitão. Mas não era ele, e só descobri isso a caminho do seu quarto. Este parecia chinês, mas falava com carregado sotaque espanhol. Depois soube que é colombiano, Jorge, 28 anos, médico. Feio de rosto, desinteressante de corpo e chatonildo de conversar. Além de ter uns trejeitos de tia suburbana, revirando as mãos e soltando risinhos irritantes. Foi desolador entrar no quarto sabendo que teria de fingir simpatia por alguns minutos. Eu já não estava nos meus melhores dias, e o cara só puxava assuntos que me punham mais pra baixo. E me dava lição de moral! E falava como se entendesse da minha vida melhor que eu! E tentou traçar novas diretrizes para que eu as seguisse! Tudo isso em menos de vinte minutos. Uma pessoa bem sucedida que prega que para vencer, basta ser esforçado, honesto e paciente. E tudo se arranja. Um bosta. Um bosta completo.

   Quando finalmente consegui terminar a conversa (e extrair um diagnóstico de depressão de um dermatologista), ele perguntou, com ares de namoradinha adolescente:

   -Afinal, você nunca me disse: do que você gosta na cama?

   -Sou ativo. Mas hoje já dei pra dois caras - respondi tão friamente como se dissesse que tomei dois copos de água mineral.

    -Credo!

   Claro que a titia ficou horrorizada, porque ainda pensava que ia dar pra mim. Tomei um banho quente e deitei na sauna seca. Fiquei um tempo ali, quietinho, me reorganizando e tentando decidir se ficava ou iria embora. Estava indo olhar as horas no meu celular quando trombei com o Cássio, que tinha conhecido na semana anterior:

   -Olha ele! - gritou.

   Me pareceu bem menos atraente do que eu me lembrava, mas ainda assim, um corpinho bem gostoso. Pelo jeito, ele tem ido quase diariamente à sauna depois de fechar sua loja. Tinha um cara grandão sentado no bar. Bonito até, apesar do excesso de músculos. Parecia um tanto anti-social e com uma perene inexpressividade cadavérica. Masturbava-se por baixo da toalha, sentado na poltrona e de olho no vídeo, com o rosto imóvel, imbecilizado. Levantou-se e cumprimentou o Cássio com a mínima animação a que se permitia. Também bateu no meu ombro amigavelmente e dirigiu-se ao primeiro andar. Cássio disse que o grandão o persegue na balada e que ele ainda não tinha tentado nada porque um amigo o alertou de que o cara tem pau pequeno.
    Vi mais alguns caras interessantes aparecerem. E o funcionário da sauna que eu pegava na 269, me deu umas olhadas bastante curiosas. Percebi que ele se enfiava nuns becos desertos quando me via, imaginei que quisesse que eu me aproximasse. Ele subiu e fui atrás. Estava vistoriando a limpeza de um dos quartos e eu parei bem na porta. Claro que ele não pode fazer nada com um cliente ali (como também não podia na 269). Sorri e ele me media de alto a baixo. Saiu, quase me encoxando, e prosseguiu a vistoria nos outros quartos recém desocupados. Permaneci ali, na frente daquele quarto, quando um cara que já tinha mexido comigo (mais especificamente com o meu mamilo), me abordou. Alto pra caralho! Tatuado pra caralho! Gostoso pra caralho! Chico, tem 29 anos e mora ali perto do Largo do Arouche. Me arrastou pro banheiro, o mesmo que todo mundo disputa no primeiro andar. Tem um rosto interessante, exótico, sem ser exatamente bonito. O corpo é maravilhoso, atlético, ombros e costas largos, músculos na medida certa, definição invejável, tatuagens lindas pelo corpo todo. Pau delicioso também, graúdo, clarinho, macio, cheiroso. Enquanto o chupava, desci às bolas e ao períneo, quando percebi um certo frenesi. Girei seu corpo com a bunda pra mim e lambi. Ele delirava. Me puxou. Sentou no vaso sanitário e ergueu as pernas pro alto.

     -Vem me lamber assim, quero ver você.

   Era um cuzinho delicioso, que ele mantinha sempre tenso e apertado. Quando pedi que relaxasse, alargou-se um pouco, tornando a superfície mais acessível e formando um biquinho suculento.

    -Você gosta de dar? - perguntei.

   -Gosto, gosto de tudo. E você?

   -Geralmente prefiro comer. Quer dar pra mim?

   -Gosta de foder cara grande? Tem essa fantasia?

   -Gosto. Se for você, eu gosto.

   Coloquei-o sobre o vaso, com a bunda pra cima e meti. A altura dele me atrapalhava naquela posição (tenho 1,79m). Pedi que dobrasse as pernas um pouco e ele preferiu sentar no meu pau. Sentei no vaso e ele veio por cima, virado de frente pra mim.

   -Puta cuzinho gostoso!

  -Gostoso é você - disse me estapeando levemente o rosto - curte levar uns tapinhas?

   Eu estava chocado:

   -Essa realmente não é uma das minhas fantasias. Você gosta de bater, é?

   -Gosto, de leve. Mas só se você gostasse. Se não gosta, não tem graça.

   -E de levar uns tapas, você gosta?

   -Não!

   Eu detesto que me batam ou sejam muito dominadores comigo. Quando o cara pede, até pode ser divertido bater sem machucar, de brincadeira. Com esse papo todo, ele parou de se movimentar e meu pau amoleceu. Mas continuamos conversando naquela posição por longos minutos. Depois ainda meti outra vez na posição inicial.

   -Você veio aqui pra levar nessa bundinha gostosa, não foi?

   -Foi...

   Ele respondeu meio a contragosto, pelo que pude perceber. A animação do rapaz foi se esmorecendo, ele foi ficando esquisito. Ele também custa a gozar e eu pedi que gozasse na minha boca.

   -Quer leitinho na boca?

   Foi a minha vez de responder contrariado:

   -Quero...

   Acho tão vulgar essa história de leitinho... Gozou e eu cuspi, apesar de ter gosto agradável. Gozei me masturbando enquanto lambia seu pau que ia amolecendo. Tomamos banho e ele deitou na sauna seca, sozinho e um tanto macambúzio. Depois o vi indo embora com um cara bonitão, pareciam ter vindo juntos.

   Tinha mais dois caras bonitos na casa. Lindos na verdade. O primeiro que eu vi era gringo na certa. Altão, branquelo, pele lisa, físico bonito, rosto de cinema. Gostava de se exibir sem roupa na sauna, mas ninguém podia chegar perto. Parecia antipático e nem insisti. O outro era moleque, aparentava uns 22 anos. Clarinho, cabelo cacheado, castanho claro, corpo bem definido e musculoso, bundinha redonda e arrebitada. É parecidíssimo com um garoto que eu conheço, por quem nutro uma paixonite platônica há alguns meses. O rosto delicado e marcante que parece desenhado a bico de pena, cada traço nanometricamente apurado. Um moço lindo da cabeça aos pés. Num dos ombros e bíceps trazia uma tatuagem bem fechada que lhe caia muito bem, contrastando com a elegância de Semideus. Mantinha o olhar aberto a todos os presentes, mas não o vi se aproximar de ninguém. Por diversas vezes estivemos próximos e ele parecia indeciso. Numa dessas vezes, resolvi segui-lo. Fomos parar atrás do labirinto, na passagem para o cinema, onde ele parou e encostou na parede. Tocou meu peito desajeitadamente. Parecia tímido ou incerto do que fazia por ali. Eu o abracei, beijei a pele macia, segurei a bunda e ele se foi, com um sussurro:  "seu gostoso"

   Foi uma frustração incompatível com meu humor naquele dia. Tomei um suco no bar e fui me vestir. Esse último carinha estava no armário exatamente acima do meu. Vestia-se com uma roupa bonita, de fino acabamento. Pedi licença para pegar minhas coisas e ele afastou as suas da frente. Abaixou as calças, pra passar a camisa por dentro, e saltaram aos meus olhos a bundinha e a "mala", de perfil, discretamente cobertas pela cueca de brancura imaculada. As mãos de príncipe, másculas e elegantes, reabotoaram as calças lentamente e depois ajeitaram os cabelos cacheados diante do espelho. Foi-se antes de mim, em seu caminhar macio e firme, de quem sabe não pertencer àquele universo paralelo.