sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Fidelização de Cliente


Atravessei a avenida Brigadeiro Luis Antonio ao avistar, na porta de um prédio mal cuidado, o número que me haviam informado. Uma senhora de cabelos tingidos e óculos escuros segurava a porta para uma moça sair. Pois não. Tenho hora marcada, é agora às três. É no número um? Ih não sei... Mas deve ser sim, disse em tom malicioso. É só subir a escada, primeira porta à esquerda.

Sentia-me nervoso, muito ansioso. Massagem tântrica. O site explica um pouco os princípios da técnica indiana e diz não haver sexo nas sessões; apesar da nudez, toque genital, orgasmos. Pelo whatsapp me informaram que o próprio massagista também fica nú durante a sessão. O site conta com fotos de vários profissionais, dois realmente bonitos, mas foi um deles que me chamou muito a atenção. Ao tocar a campainha estava temeroso por quem abriria a porta. Foto engana, sabe-se. Nunca tinha passado por algo assim. Nunca, por exemplo, contratei um garoto de programa por foto, pela internet. Aliás, só havia pago por sexo quatro vezes na vida. É bem verdade que quatro não é exatamente pouco para quem sempre consegue sexo fácil.

A primeira vez foi quando descobri um bordel de garotos que funcionava na praça Roosevelt, anos atrás, comecinho do século 21. Era definitivamente uma espelunca, mas sempre que passava por lá via garotos interessantes e fiquei tentado. Tinha tido poucas experiências sexuais até então. Ainda mais duro que hoje, juntei a grana e fui. Posto diante de uma mesinha redonda numa sala improvisadíssima, recebia os garotos que vinham um a um se apresentar e negociar. Os que eram bonitos não queriam ser passivos, sequer aceitavam receber uma lambida no rego ou fazer oral. Não me admira que não tenham prosperado. Escolhi um garoto magrinho, muito bonito de rosto e um tanto arrogante. Pareceu-me triste. Contou histórias sobre a sua vida, algumas muito claramente fantasiosas. Ele não deu pra mim e também não aguentei o pau dele.

Na segunda vez, fui abordado na rua da Consolação por um rapaz com quem estava, na minha ingenuidade, flertando. Garotão bonito, moreno, tipo de malandro, perfumado e cheio de lábia. Aproximou-se, ofereceu seus serviços, cobrou míseros 20 reais na época e advertiu: mas meu pau é pequeno. Era tarde da noite, ali próximo à Roosevelt também, quando a região era bem deteriorada, sem movimento àquela hora, e acabamos nos pegando na rua mesmo. Chupei atrás de uma caçamba de uma construção. Outros tempos. Eu me arriscava por ingenuidade, completamente sem noção.

As outras duas vezes foram na Thermas Lagoa, na Vila Mariana, sauna frequentada por michês. O primeiro foi um gato atlético e bronzeado, com brilhantes cabelos na altura dos ombros. Fomos para um quarto e foi a terceira vez na vida que eu dei a bunda. Na semana seguinte, por coincidência, o encontrei no metrô e conversamos - ele me chamou para ir à sua casa. Recusei porque estava indo a uma festa, mas me arrependi depois. Ele era bonito, carinhoso e a festa foi horrorosa. Por fim, na mesma sauna, um cara magro e baixinho, de rosto bonito e pau descomunal que vi tomando banho. Se bem me lembro, disse que tinha 27 centímetros. Era lindo de morrer aquele pinto. Branquinho, uncut, grosso. Só faltava mesmo levantar... Dá pra entender: encher aquela monstruosidade de sangue poderia levar o menino a óbito. Negociei para lamber a bunda dele e foi muito difícil fazê-lo concordar. Fiquei chupando o pau meia bomba numa cabine do banheiro e quando toquei o cu, tive um choque. Acredito que ele tinha hemorróidas. Era muito estranho ao toque, pareciam bolhas de carne. Eu imediatamente achei que fosse uma DST e brochei.

Mas, voltando. Nas fotos, o massagista era belíssimo. Um homão de nome e aparência árabes, de pele bem clara toda tatuada, barba e cabelos muito negros e olhos azuis translúcidos. Parecia alto e bastante musculoso (a única coisa que me desagradou um pouco - prefiro caras mais magros). Mais que apenas bonito, nessas fotos ele tinha algo que me interessou profundamente. Virava e mexia eu me lembrava dele e entrava no site para olhar as fotos. Não sei se a barba serrada dava um peso à sua imagem, um ar sério, que me passava segurança. Ou o olhar profundo e misterioso. É raro e excitante alguém bonito revelar algo humano, uma vida por trás da aparência. Já fazia um tempo que estava ensaiando para experimentar a massagem tântrica. Encontrei um centro especializado que me pareceu muito mais sério, conversei diretamente com alguns dos massagistas, alguns bem bonitos também, mas foi esse, do centro terapêutico que me pareceu de araque, mais calcado em prostituição disfarçada, que me instigou. Da próxima vez vou procurar um terapeuta carioca super atencioso (e gatinho) do outro site pra sacar a diferença (se é que ela de fato existe). 

Tenho percebido ultimamente que desenvolvi minha sexualidade de forma muito superficial, muito focada nos genitais, na bunda, em fetiches, em ver vídeos pornô (e pulando partes para chegar logo ao ponto). Sempre muito focado, como todo ocidental, em cumprir aquele ritual babaca de beijo/oral/penetração, em querer atingir o orgasmo e, se possível, logo se livrar do parceiro e partir em busca do próximo. O sexo pode e deve ser muito mais que isso, não se pode nivelar algo tão rico e importante à essa miséria sensorial e afetiva. Pelo que entendo, a massagem tântrica é uma forma de explorar o seu corpo inteiro para ser capaz de perceber sensações intensas e novas de prazer. E também de estabelecer uma relação interpessoal num outro nível, menos ansioso e egoísta. Vinha adiando por pão durice. Ironicamente, quando estou mais quebrado em minhas finanças, resolvi começar.

Todos os medos e inseguranças me tomavam quando toquei a campainha. Sentia o coração disparado e aquela vergonha de que o rapaz percebesse. Tinha medo de achá-lo tosco e ter que passar 90 minutos sendo massageado, com ele pelado em cima de mim e ainda pagar 300 paus ao final.

Logo abriu a porta e disse meu nome sorrindo. À primeira vista, e naquela situação, era um dos homens mais interessantes que eu me lembrava de ter visto na vida. Bastante alto, esguio com ombros e costas largas, braços fortes. Nada do mastodonte que imaginei pelas fotos, felizmente. Sorriso encantador, aquele mesmo olhar. A barba estava mais longa que nas fotos, negra e extremamente fechada, contrastando com a pele muito clara, algo rosada. Todo vestido de negro, elegante e simpático. O ambiente era agradável, bem arrumado, e fui ficando mais confiante. Na verdade, enquanto caminhava atrás dele, eu ria exultante. Levou-me ao quarto e conversamos brevemente.

O recinto tem aproximadamente 12 m², dos quais um futon bem espaçoso, coberto com toalha descartável, ocupa a maior parte. Decoração clean em estilo indiano concentrada na parede oposta à da porta de entrada (se bem me lembro, ocultando uma janela para evitar a claridade excessiva). Um lustre de palha pende do teto desenhando arabescos por todo o ambiente. Ao lado da porta, no chão, um pequeno aparelho de som tocava uma música indiana de acento pop enquanto emitia luzes de todas as cores.

Sentei numa poltrona encurralada no canto ao lado do som e ele me ofereceu água. Voltou com um copo envolto em guardanapo de papel, desculpando-se por não haver água gelada. Eu entendi, provavelmente fruto da minha insegurança, que tinha dito que minhas mãos estavam geladas.  Ele sorriu com a confusão. Era educado, gentil. Talvez excessivamente. Mas olhava firmemente nos meus olhos e isso me hipnotiza. Falava com delicadeza, timbre bem grave e fala relaxada, de garotão.

Saiu do quarto pedindo que me despisse e me deitasse. Fiquei ali, nú, perdido no imenso futon, em expectativa, sem saber o que fazer ou que posição assumir. Achei meu pau minúsculo, como quando estamos constrangidos. Voltou em alguns minutos, conversando calmamente e despindo-se. Tinha grandes tatuagens negras pelas costas, peito e braços. Belo corpo. Aproximava-se do futon, já completamente nú, deslumbrante, pedindo que eu me virasse de bruços. Seu pau e bolas balançavam pesados ao jogo dos quadris.

Alisou-me levemente as pernas e estendeu-se sobre meu corpo, cobrindo-o com delicadeza, vindo roçar a barba na minha nuca enquanto perguntava se havia algum toque a evitar ou alguma parte do meu corpo à qual eu queria que ele desse maior atenção. Ali eu já confirmei que não seria exatamente uma sessão de massagem. Ou não só isso. Ou que a massagem nem era a principal atração.

Iniciou propriamente a massagem com uma técnica muito suave, com as pontas dos dedos, que eles chamam de feelings, concentrando-se primeiro nos membros inferiores. Massageou um pouco minhas costas também, com mais pressão, sobretudo em alguns pontos. Voltou à parte inferior e com maior vigor. A música me irritava um pouco. Eu devia ter pedido para desligar ou abaixar o volume, mas fiquei com vergonha. Música geralmente me absorve muita atenção, seja ela qual for. Voltava a deitar-se sobre mim, com cuidado para não fazer peso, apoiando um dos lados do próprio corpo no futon. Não pude resistir e acariciei suas pernas, timidamente. Cheirava e beijava minhas costas e pressionava o quadril contra o meu. Sentou-se ao meu lado e massageou minha bunda com mais atenção. Era muito excitante quando seus dedos deslizavam pelo meu anus. Suas mãos grandes tinham uma certa aspereza nas palmas que atritava minha pele. Percebi que ele estava sentado com os genitais muito próximos da minha mão direita. Como não havia qualquer acordo com relação a sexo, fico constrangido de tocá-lo, mas entendi que ele estava construído um ambiente propício. Venci o medo (de quem sofreu abuso sexual e sabe o quanto essa dor é destrutiva) e o toquei. A princípio, sem jeito, canhestramente. Depois fui me adaptando à posição e logo ele estava de pau duro. Brinquei com as bolas e afaguei o períneo. Quando foi sentar do meu lado esquerdo, dei um jeito de alcançar o seu cuzinho. Minha mão estava lubrificada com o óleo que espalhava pelo meu corpo e o toque foi agradável, dava pra sentir que ele relaxava o anus e se excitava. Confirmei segurando no seu pau, que estava bem duro outra vez. Depois fez uma carícia muito delicada me percorrendo o corpo todo com a barba, desde os pés até a nuca. O chumaço de pêlos era surpreendentemente eficaz para estimular minha pele. Eu já estava bem excitado quando pediu que me deitasse de costas. Por um lado, foi uma pena que ele não tenha dado continuidade à massagem na parte da frente do meu corpo. Começou uma etapa de sedução mais propriamente e atacou meu pau. Não sei se é assim que são orientados ou se a minha excitação o levou àquilo. Certamente eu poderia ter relaxado mais e termos tido um tempo para criar uma aproximação mais natural, mais cumplicidade, intimidade. Deslizava o corpo sobre o meu e me beijou a boca docemente. Era muito excitante beijar o emaranhado da sua barba. Mantinha os olhos sempre conectados aos meus. Olhos claros e expressivos. "Com seus olhinhos infantis/Como os olhos de um bandido". Sem experiência nesse universo, sou um patinho perfeito para acreditar em quase tudo. Ou confundir as coisas. Sim, eu estava achando que ele estava me curtindo de verdade. Mesmo levando em conta minha intuição e capacidade de observação privilegiadas, reconheço que posso, e devo, ter me enganado. Fidelização de cliente. Eu continuava deitado de costas. Depois dos longos beijos, foi erguendo o corpo e o oferecendo aos meu lábios. Eu beijava o pescoço, os mamilos, os pelos do peito, axilas, ventre, umbigo. Chegamos à inevitável exploração da virilha e dos genitais. Era tudo bonito, limpo, de aparência saudável. Deslizei sob ele e alcancei o cu. Ficou então sentado na minha cara e quando meti a língua, gemeu com prazer que parecia genuíno.

Há alguns anos tenho tido problemas sexuais. Falta de libido, ereções inconsistentes, às vezes ejaculação precoce etc Fiz exames, terapias por anos seguidos e nada resolve. Eventualmente, quando o parceiro me atrai particularmente ou quando a situação me excita a imaginação, tudo rola sem problema algum, mesmo sem viagra. Ultimamente estou ligando os pontos. Hoje, por exemplo, não tomei e não houve falha. Relaxei, fiquei à vontade e rolou tudo lindamente. Foi a massagem? Foi o fato de estar com alguém profissionalmente, tão empenhado em me agradar que não precisei acionar minhas inseguranças com tanto afinco? Foi a atração que esse rapaz me despertou? Ou as fantasias sobre quem ele seria que eu já formulava desde a visão das fotos? Um pouco de tudo isso. Ele me chupou e foi delicioso. Depois, sentou no meu pau e começou a botar pra dentro. Sempre me olhando profundamente nos olhos. Veio me beijar outra vez, agora com mais volúpia. Eu disse baixo:

Como você é lindo.

Colou o ouvido na minha boca e pediu pra repetir, não tinha entendido. Suas orelhas me davam um puta tesão, não sei explicar exatamente o porquê. 

Você que é uma delícia, Yuri. Vou pegar uma camisinha. 

Estava no bolso da calça que havia pendurado num gancho de parede. Voltou, montou em meu peito e ofereceu o pau. Virei-o de quatro sobre mim. O cuzinho na minha boca e ele chupando o meu pau. Tateando, eu sentia a sua pele toda arrepiada, e dizia:

Puta que pariu, que tesão essa língua, cara

Nessa posição eu podia vê-lo muito bem. Tão lindo o buraquinho, pequeno, cor-de-rosa. Abria a bunda com as mãos e metia a língua. Depois, um dedo. Dois dedos entraram fundo, procurando sua próstata. Sentou no meu pau outra vez, a camisinha abandonada no futon, agora de costas pra mim. Meteu tudo e cavalgou. Ainda se virava pra me olhar nos olhos. Virou de frente depois de um tempo e continuou cavalgando. Vez ou outra eu ouvia gente se mexendo no corredor do apartamento. Há outros quartos e devia ter outros garotos, outros clientes ali. Mal toquei no pau dele e: Não, assim eu gozo. E veio abundante. Ficou com raiva de ter gozado, jogou a cabeça pra trás, desapontado. Provavelmente porque assim ficaria mais difícil outro programa naquele dia, outra grana. Puxei rapidamente pelo pau e deixei gozar na minha boca. Delícia de porra. Deu vontade de engolir tudo, mas cuspi no meu peito. Empenhou-se então em me fazer gozar me masturbando. Perguntou se podia e meteu um dedo em mim. Eu sentei e o beijei enquanto isso. Ele já não estava mais excitado, claro. Pedi que metesse a língua na minha boca e assim gozei. Levou-me ao banheiro e tomei um banho. Fiquei um tanto chateado por ter feito sexo sem camisinha, mas sai dali flutuando de felicidade.




















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